Categorias: MÚSICA

Troféu Valkirias de Melhores do Ano: Música

O Troféu Valkirias de Melhores do Ano: Música vem reconhecer o poder da música em nossas vidas e como se mostrou fundamental para superarmos os desafios do ano que vem se encerrando. Um ano intenso que exigiu doses extras de força e motivação para seguir em frente e que não poderia ter sido embalado senão por nossas cantoras e bandas favoritas. A seleção dos melhores do ano reflete exatamente essa necessidade de preencher cada momento com sons que nos toquem e com letras que nos façam refletir, mas que também nos deixam com vontade de pular e cantar abraçada às amigas em um passeio de carro. A música tem o poder de nos fazer viajar em nossa própria mente, de nos conectar com os outros e de nos transformar em seres mais completos. Carregamos em nós a energia de cada nota, de cada verso e de cada melodia que ressoa em nossos ouvidos e corações. Nossa seleção mostra que podemos sempre trilhar esse caminho repleto de notas e acordes, sabendo que, através da música, somos capazes de enfrentar qualquer desafio e encontrar a beleza em cada momento.

1989 (Taylor’s Version), Taylor Swift 

Por Ana Luíza

1989 foi o álbum que redefiniu a carreira de Taylor Swift: não apenas por ser o seu primeiro álbum assumidamente pop, mas porque toda a sua narrativa pode ser dividida entre aquilo que aconteceu antes do lançamento de 1989 e tudo aquilo que veio depois. É, portanto, muito simbólico que, quase dez anos mais tarde, 1989 (Taylor’s Version) seja lançado, e que isso ocorra em um momento tão particular em sua carreira. Se em 2014 Swift já buscava observar a fama, o sucesso e as críticas de forma mais bem humorada, em 2023 sua abordagem também está diferente e, embora já não seja a mesma daquela garota de vinte e poucos anos, a impressão geral é a de uma mulher que está mais segura de si mesma.

Isso, naturalmente, se reflete em suas canções que, embora versem sobre um passado distante, não deixam de tocar em momentos chave de sua trajetória. Ainda que grandes mudanças não ocorram em comparação às faixas originais, a maior dramaticidade entregue em 1989 (Taylor’s Version) é suficiente para torná-lo uma das melhores regravações da cantora até o momento — reforçado pelas excelentes faixas (From The Vault), em particular “Say Don’t Go” e “Is It Over Now”.

as good as a reason, Paris Paloma

Por Ana Luíza

Nascida em Ashbourne, Derbyshire, Paris Paloma possui, até o momento, apenas EPs e coletâneas de singles, mas estes são suficientes para captar a essência de seu trabalho e quão poderoso ele é. Com canções centradas na experiência feminina, a cantora reflete sobre temas que vão desde trabalho e relacionamentos à religião, e os entrelaça a metáforas e mitologias, enriquecendo as imagens que evoca — estas, tão poéticas quanto atuais.

As good as a reason é uma pequena amostra do que Paloma pode fazer: com apenas três canções — dentre elas “labour”, que tornou-se viral no TikTok —, a coletânea traz letras potentes, que captam experiências sobre o olhar masculino e o patriarcado (“as good as a reason”), a servidão da mulher (“labour”) e as dinâmicas de poder em relacionamentos heteronormativos (“yeti”), narradas pela doce voz da cantora — um contraste perfeito para suas palavras. Um ótimo começo para quem deseja conhecer o seu trabalho e, eventualmente, aprofundar-se em sua narrativa.

AURORA, Daisy Jones & The Six

Por Ana Luíza

Álbum da banda fictícia Daisy Jones & The Six, AURORA é, também, trilha sonora da série homônima, que deu vida ao romance de Taylor Jenkins Reid, e capta com louvor a essência do pop rock dos anos 70. Com apenas 11 faixas, baseadas principalmente nas letras escritas por Reid (embora tenham sofrido algumas alterações, essas foram, principalmente, para melhor), o álbum também conta com a contribuição de compositores como Ali Tamposi e Marcus Mumford — este último, um dos responsáveis pela bela “Look At Us Now (Honeycomb)” — e reflete com perfeição o clima da narrativa, contando uma história em suas entrelinhas compreensível para quem leu o livro ou assistiu à série, mas cujo sentimento permanece mesmo com quem não teve acesso a nenhuma das outras obras.

Barbie: The Album, vários artistas

Por Bruna Scheifler

Barbie dominou a cultura pop em 2023 e teve um impacto significativo na música. Recuperando a tradição de grandes filmes, Barbie possui uma trilha sonora envolvente, condizente com a trama e deliciosamente pop. As músicas passeiam entre o brilho da vida da Barbie (Margot Robbie), os momentos de ação, o drama de Ken (Ryan Gosling) e a emoção de buscar sentido na vida. O álbum também transita entre ritmos, tendo momentos de rap e reggaeton, além de mergulhar no estilo musical na maravilhosa “I’m Just Ken”. Nomes como Lizzo, Dua Lipa, Nicki Minaj, Billie Eilish e Sam Smith, sob o comando de Mark Ronson produziram hits que ganharam vida além do filme, dominando o Spotify, TikTok e rádios. Não é à toa que a trilha sonora domina as nomeações para o Grammy, com quatro das cinco indicações.

Cabin Fever, Purple Kiss

Por Isadora

Cabin Fever é o 5º miniálbum do girl group Purple Kiss, gerido pela gravadora RBW e composto pelas jovens Na Goeun, Dosie, Ireh, Yuki, Chaein e Swan. O EP conta com seis faixas, das quais cinco têm a colaboração de ao menos uma integrante do grupo, seja na composição ou na produção das músicas.

Ao entrar nessa jornada febril, nos deparamos com uma atmosfera sedutora, arrepiante, versátil e repleta de frescor, que vai desde uma introdução com cantarolar fantasmagórico e sussurros misteriosos, “Intro: Save Me”, até uma balada acústica apaixonante, “So far so good”, passando por batidas de synth pop, “Autopilot”, vocais poderosos e raps cativantes.

É impossível não delirar de amor com as meninas do “Purki”, se embebedar de seu “Sweet Juice” (single do álbum), e apreciar cada quarto secreto no hotel mal-assombrado gerenciado por elas.

Chill Kill, Red Velvet

Por Julie

Quando se tem uma discografia tão excelente como a do Red Velvet, é difícil pensar em um único ponto alto. No entanto, o recém-lançado álbum Chill Kill prova ser, sem dúvidas, um dos melhores trabalhos do girlgroup coreano. Além da estonteante direção de arte, Chill Kill impressiona com faixas que destacam a versatilidade musical e do conceito do grupo.

O tom macabro do álbum é trabalhado em faixas como “Chill Kill”, “Knock Knock (Who’s There?)” e “Nightmare”, que evocam singles anteriores do Red Velvet como “Peek-A-Boo” e “Psycho”. As demais faixas do álbum seguem em estilos já aprimorados pelo grupo, como as tradicionais faixas R&B, sempre primorosas, como “Underwater”; as doces baladas românticas, como “Iced Coffee”, com harmonias perfeitas; e “Bulldozer”, que ressalta o lado mais experimental e criativo do Red Velvet.

Para saber mais: Para gostar de k-pop: álbuns para iniciantes;

Dance Fever (Complete Edition), Florence and the Machine

Por Thay

Florence Welch é um acontecimento, e isso não é surpresa para ninguém. Desde a primeira canção lançada nos idos de 2006, a cantora e compositora inglesa sempre soube mostrar a que veio e Dance Fever (Complete Edition) vem apenas para sacramentar sua posição na indústria da música. Com vocais potentes, arranjos que ora parecem uma ópera, e ora parecem uma oração, o álbum conta com dezoito canções que vão da melancolia à ansiedade e destas para uma grande festa, em um piscar de olhos. A versão Complete Edition trás as músicas lançadas no álbum de 2022 com o acréscimo de quatro canções, entre elas o single “Mermaids” e versões em poema de “King”, “My Love” e “Cassandra”.

Para saber mais: A catarse musical de Florence and the Machine; Dance Fever: transformando demônios em melodias; Intimista e vulnerável: High As Hope, Florence + The Machine

emails i can’t send fwd:, Sabrina Carpenter

Por Bruna Scheifler

O álbum emails i can’t send foi lançado por Sabrina Carpenter ainda em 2022, trazendo seu lado de uma história que há muito tempo havia fugido do seu controle. Nas treze músicas originais, Sabrina exprime toda sua raiva e decepção sobre seu relacionamento em composições delicadas e diretas ao mesmo tempo. Em tom confessional, Carpenter também fala sobre problemas familiares, mas não deixa de se divertir e de mostrar seu lado mais sexy.

Essa linha de raciocínio permanece nas quatro novas músicas presentes em emails i can’t send fwd:, lançado em 2023. Destaque para “opposite” e “feather”. Enquanto na primeira música Sabrina segue desabafando, desta vez de maneira mais distante e madura, em “feather” ela continua se divertindo. Graças à sua brilhante presença na abertura da The Eras Tour e a uma coreografia contagiante, a música viralizou e ganhou um clipe que conseguiu o feito de gerar polêmica na Igreja Católica. Os feitos de 2023 consolidam a longa trajetória de Sabrina e pavimentam um caminho ainda longo para essa promessa do pop.

Endless Summer Vacation, Miley Cyrus

Por Beatriz Romanello

Miley Cyrus é uma artista que está na mira da mídia há tanto tempo quanto está viva, sempre exposta, tendo que ouvir o que falam sobre sua família e seus relacionamentos. Na marca dos 30 anos, a artista lançou seu mais recente álbum, Endeless Summer Vacation, que mistura pop, rock e country — gênero já bem trabalhados em outros álbuns, não sendo grandes novidades para os fãs. O que muda o jogo aqui é como o álbum foi construído e a forma que Miley o apresenta. Permitindo ritmos mais experimentais e se deixando mais vulnerável nas letras, o álbum é uma confidencialidade da artista consigo mesma e mostrada a nós que, por sua vez, confidenciamos com nós mesmos.

A primeira faixa, “Flowers”, estourou logo no lançamento e o seu videoclipe foi visto, revisto, analisado e comentado por todas as terras da internet. Seu tom alegre e empoderado nos convida a conhecer uma mulher que já viveu seus melhores e piores momentos e que, agora, se vê no lugar de entendê-los para se conhecer. As faixas navegam, de forma melancólica, por memórias e desejos até a última faixa “Wonder Woman”, em que Miley, junto conosco, admite não conseguir sair desse posto de mulher que consegue tudo o que quer, até o momento que se vê sozinha para conseguir, enfim, chorar.

Para saber mais: A jornada anti-heroica de Miley Cyrus através do rock; Plastic Hearts, de Miley Cyrus: uma viagem ao rock’n’roll dos anos 80; Miley Cyrus contra o mundo

EXIST, EXO

Por Julie

EXIST, sétimo álbum de estúdio do EXO, traz a característica sonoridade do boygroup sino-coreano em uma roupagem mais madura, que reflete os 11 anos de carreira celebrados em 2023. Da sensual “Cream Soda”, carro-chefe do álbum, até a belíssima balada “Let Me In”, o grupo de k-pop apresenta um trabalho coeso, com nove faixas que se complementam perfeitamente e destacam os ponto fortes do grupo, com vocais, harmonias e produção impecáveis. A influência do hip-hop e R&B dos anos 90, uma das marcas registradas da discografia do EXO, brilha nas animadas “Regret It”, “Private Party” e “Love Fool” assim como na romântica “No Makeup”. Outro destaque é “Hear Me Out”, um dos singles do álbum e verdadeiro deleite para os ouvidos.

Para saber mais: We are One: Exo, k-pop e um novo refúgio em tempos difíceis; KAI: o artista, a marca e o movimento

Get Up (2nd EP), NewJeans

Por Julie

2023 foi, definitivamente, o ano do NewJeans. Se o sucesso imenso dos singles “Ditto”, lançado no fim de 2022, e “OMG”, de janeiro deste ano, parecia ser insuperável, as meninas de ouro do k-pop chegaram em julho com Get Up, seu segundo EP, para mostrar que ainda tinham mais cartas na manga.

Mesmo curto (no total, o EP de seis faixas tem 12 minutos), Get Up nos presenteia com o melhor do que o k-pop pode oferecer: música pop viciante com excelente produção, visuais incríveis e coreografias virais. Uma vez pressionado o play, prepare-se para ter “Super Shy” na ponta da língua, fazer dancinhas ao som de “ETA”, ficar encantado com “Cool With You” e nunca mais tirar da cabeça os repetidos tic-tac de “ASAP”. E ah, uma dica: não deixe de fazer sua imersão no Get Up assistindo os MVs das músicas. A experiência fica ainda melhor!

Guts, Olivia Rodrigo

Por Amanda Guimarães

Sem dúvidas, o inferno é uma garota adolescente e a música de Olivia Rodrigo funciona como uma ótima ilustração dessa frase. Em GUTS a cantora mostra que, talvez, ele não seja uma uma garota com quem você convive, mas você mesma. Neste disco, Olivia parece entender que não existem vítimas e vilões nas histórias que nós vivemos na juventude, mas sim gente confusa que acaba se colocando em posições desconfortáveis por estar tentando se encontrar, temas que aparecem em “vampire” e “bad idea, right?”. Essas faixas soam como um avanço na carreira da cantora porque ela não se esquiva da responsabilidade pelas suas escolhas: Olivia sabe que está seguindo por um caminho perigoso, mas quer trilhá-lo assim mesmo porque, afinal, não se vive somente de boas ideias. Nesse sentido, outra faixa que se destaca é “get him back”, dona de uma batida que nos leva diretamente para o trabalho de Beck nos anos 1990, em especial “Loser”.

Indo além das reflexões sobre as suas relações, Olivia Rodrigo também consegue mostrar mais maturidade ao olhar para si mesma e para as cobranças que enfrenta. Faixas como “teenage dream” e “pretty isn’t pretty” ilustram as inseguranças da cantora e, ao mesmo tempo, mostram que nenhuma mulher está livre de questionar cada detalhe da sua personalidade e aparência. Os dedos apontados estão aí para todas, a todo tempo, e navegar pela adolescência com o agravante da exposição midiática parece ser ainda mais torturante porque não são somente os adultos da sua vida dizendo coisas como “você é ótima para a sua idade”, sem entender que essa frase deveria contar apenas com as três primeiras palavras.

Assim, um dos maiores méritos de Olivia Rodrigo em GUTS é conseguir colocar esses temas em frases simples e diretas. Ao contrário do que alguns dos seus detratores costumam insinuar, isso não a torna uma compositora mediana, mas sim uma artista extremamente inteligente. Afinal, são essas características que a conectam com o seu público. Inclusive, desde “all-american bitch”, a faixa de abertura do álbum, ela deixa bem claro com quem está falando e de que posição está falando (“I know my age and I act like it”) e não se afasta dela nem por um minuto dos 39 do disco.

Para saber mais: SOUR de Olivia Rodrigo e a volta do clube dos corações partidos; SOUR, Olivia Rodrigo e a influência de Taylor Swift nos sentimentos da Geração Z

Mañana Será Bonito, Karol G

Por Rafaela

Mañana Será Bonito é o quarto álbum da cantora e compositora colombiana Karol G, que conta com 17 faixas. O álbum é tão gostoso de ouvir, é divertido e sensual. “Provenza” exala verão e praia, enquanto “X Si Volvemos”, onde Karol G se une a Romeo Santos, apresenta uma melodia mais sensual com uma batida incrível. Já em “TQG”, junto com Shakira, cantam sobre um romance que chegou ao fim. Verdade seja dita, me sinto uma grande gostosa quando escuto esse álbum.

Portas (Ao Vivo), Marisa Monte

Por Thay

Marisa Monte é uma artista singular. Com uma potencial vocal melodiosa e única, presença de palco inquestionável e um repertório que é a mais pura poesia, a cantora e compositora lançou no restinho de 2023 o seu álbum Portas (Ao Vivo) para coroar uma turnê impecável. As faixas passeiam pela vida Marisa Monte, com quase 40 anos de carreira, e podemos revisitar sucessos como “Ainda Bem” e “Ainda Lembro”, mas também nos embalar com composições mais recentes como “Calma” e “Você Não Liga”. Portas (Ao Vivo) ainda conta com versões de Marisa Monte para “Doce Vampiro”, sucesso de Rita Lee composto por ela em 1974, e “Lamento Sertanejo”, de Dominguinhos e Gilberto Gil escrita em 1973. Portas (Ao Vivo) é um presente para todos gravado durante a apresentação feita na Arena Jockey, no Rio de Janeiro. A turnê teve, até o momento, mais de 150 apresentações e passou por cerca de 80 cidades.

Portraits, Birdy

Por Thay

Birdy, nome artístico de Jasmine van den Bogaerde, lançou seu quinto álbum de estúdio em agosto desse ano e não poderia ter nos presenteado com coisa melhor. As onze canções de Portraits trazem ritmos dançantes dos anos 1980 aliados a versos poderosos e arranjos que somente a voz melódica da cantora são capazes de alcançar, nos deixando melancólicos e com vontade de pular na mesma medida. É curioso que Birdy, que foi alçada à fama após sua versão de “Skinny Love”, de Bon Iver, ter estourado no mundo todo em 2011, permaneça praticamente fora da super bolha do pop, ao lado de Carly Rae Jepsen, mas quem perde são as pessoas que deixam de ouvir canções como “Raincatcher” e “Battefield”. Com “Your Arms”, Birdy mostra que jamais deixará de nos entregar versos poderosos embalados por seu piano e vocal impecável. Portraits surpreende no que se refere aos arranjos, mas nos mostra que, para Birdy, cantar e compor ainda é preciso — e que sorte a nossa.

Raven, Kelela

Por Ana Azevedo

A sofisticação em pessoa, Kelela é, antes de tudo, uma intelectual. Inspirada por bell hooks, Kandis Williams e Shaadi Devereaux em seu segundo álbum, Raven mistura gêneros musicais como o R&B, música eletrônica, dance e ambience. Dessa mistura de elementos intelectuais e musicais sai um álbum com um frescor incomparável. É música para escutar sexta à noite, em boa companhia, depois de uma semana agitada. Mulheres cansadas merecem música de qualidade, e Kelela nos deu 15 faixas finíssimas. Agora é só aproveitar.

SOS, SZA

Por Bruna Scheifler

É difícil acreditar que SOS seja apenas o segundo álbum de SZA. Lançado em dezembro de 2022, o sucessor de Ctrl apresenta uma artista consistente, capaz de transitar entre gêneros e com uma composição corajosa, sem receio de apresentar seus pensamentos mais obscuros e sem pudores. O primeiro single, “Kill Bill”, tem o contraste de uma letra brutal com um R&B agradável, quase inocente. A música fez sucesso estrondoso e já entrou para o clube do bilhão do Spotify, estourando a bolha de SZA para um público muito maior. O álbum ainda apresenta um rap nostálgico em “Low” e “Conceited”, baladas românticas em “Snooze” e “Love Language” e as arrasadoras “Special” e “Nobody Gets Me”, isso sem falar no rock de “F2F”. O álbum conquistou nove indicações ao Grammy, estabelecendo  SZA como uma das artistas mais respeitadas da nossa geração. Ainda que seu nome ainda seja pouco reconhecido pelo grande público, SZA prova que é capaz de criar sucessos, sem deixar sua essência e a qualidade do seu trabalho para trás.

Super, Jão

Por Bruna Scheifler

Após o sucesso de Pirata, de uma turnê bem sucedida e de se estabelecer no pop nacional, Jão lançou seu quarto álbum sob grandes expectativas. Super encerra um ciclo de quatro álbuns: Lobos, Anti-herói e Pirata. Elementos desses primeiros álbuns continuam em Super, afinal, Jão é brega, triste e romântico, mas agora ele também está apaixonado, mais nostálgico e mais sexy. Super é um trabalho mais coeso e maduro, com um influência eletrônica mais discreta, além de também ser mais pop e seguro de si. Apesar de alguns pontos baixos entre as 14 músicas e de não ter alcançado o sucesso de “Idiota”, Jão entrega um álbum que agrada os fãs e consolida seu talento como compositor e artista pop brasileiro.

The Loveliest Time, Carly Rae Jepsen

Por Yuu

The Loveliest Time, o álbum mais recente de Carly Rae Jepsen, é verdadeiramente uma joia musical. Com uma mistura perfeita de pop cativante e letras adoráveis, o trabalho da nossa fada canadense é uma viagem mágica repleta de amor, ternura e música pop pra dançar e extravasar. Desde o primeiro acorde, Carly nos envolve em uma atmosfera doce e acolhedora onde cada faixa é como um abraço musical, envolvendo nossos corações em felicidade e positividade. A escrita de Carly é outro ponto forte neste álbum incrível, visto que suas letras são cheias de sensibilidade e encantamento, celebrando os momentos mais simples da vida e lembrando-nos que o amor pode ser encontrado em qualquer lugar.

Para saber mais: Carly Rae Jepsen: quando os sentimentos são os únicos fatos

The Record, boygenius

Por Thay

Denominado como um “supergrupo indie americano”, boygenius nasceu da amizade de três cantoras talentosas e cheias de ideias: Julien Baker, Phoebe Bridgers e Lucy Dacus. A estreia do grupo aconteceu em 2008 com o EP homônimo, mas foi somente depois de um longo hiatus que o trio retornou com um álbum completo, o The Record, de 2023. Ainda sem se levar muito a sério — o que, talvez, seja o trunfo do trio — boygenius já pousou para a revista Rolling Stone emulando uma capa do Nirvana e vende camisetas com logos inspirados em bandas de rock. Mas o que chama atenção, de fato, é a qualidade do som produzidos pelo grupo. Alguns jornalistas musicais dizem que as três fazem um som indie folk rock melancólico, e a melancolia, de fato, permeia as canções do grupo tanto em seu trabalho no boygenius em si, quanto em suas carreiras solo.

Vê-las no palco ou em entrevistas é sentir vontade de sentar na rodinha e transformar as conversas em amizade também. E amizade, e sintonia, é o fio condutor do trabalho de Baker, Bridgers e Dacus no boygenius, e isso aquece o coração. Ainda que as canções, sem dúvidas, falem de dúvidas, medos e da tal da melancolia, não deixa de ser confortável e identificável ser embalada pelas doze canções do álbum. “Not Strong Enough” é uma favorita dos fãs, mas gosto especialmente de “Satanist” e seu ode ao amor demais. Com vídeos dirigidos por Kristen Stewart e Hayley Williams entre suas maiores fãs, a vida do supergrupo tem tudo pra ser longa, por favor.

Para saber mais: O fim do mundo de Phoebe Bridgers

This Is Why, Paramore

Por Thay

Prestes a completar vinte anos de carreira, Paramore já passou por jornadas intensas, de altos e baixos, muitos dramas, finais e recomeços. Além de saída de outros, e retorno de alguns, uma coisa sempre foi constante para a banda: seu som furioso, dançante, cruel, animado e real, e com muita coisa pra falar. E não seria diferente com This Is Why, seu sexto álbum de estúdio lançado logo após a pandemia. A pandemia, inclusive, permeia o som e as letras da banda em diferentes momentos, sendo o mais óbvio dele em “The News”, a segunda canção do álbum, antecedida por “This Is Why”, a faixa-título, que fala dos motivos para não sair de casa, entre tantas outras questões que têm identificação imediata com que escuta as canções.

Mais maduros, honestos e entrosados do que nunca, Zac Farro, Hayley Williams e Taylor York não medem palavras em seu som, falando desde os medos mais íntimos, como a agorafobia gerada pelo confinamento, até a raiva, nostalgia e dissociação em um mundo que parece só mudar para pior. This Is Why, como um típico produto do seu tempo, e da pandemia, consegue ser brutalmente honesto e dolorido, mas não deixa de nos fazer querer pular e gritar as canções a plenos pulmões. “Running Out Of Time”, “Your First”, são perfeitas tanto na versão estúdio quanto no ao vivo, enquanto “Figure 8” e “Crave” nos fazem sentir uma miríade de sentimentos que só Paramore consegue colocar em melodia.

Para saber mais: This Is Why: o rock dançante de humor autodepreciativo do Paramore; Animado e cruel: After Laughter, Paramore; Petals for Armor: o jardim figurativo de Hayley Williams; Hayley Williams: a ascensão ou a queda do Paramore?