Novamente, não temos nenhuma mulher indicada ao Globo de Ouro na categoria direção. Isso não deveria mais nos espantar, já que estamos acostumadas a ver mulheres sendo deixadas de lado, entretanto ainda é espantoso perceber como estamos rumo à década de 20 e nossa situação não melhorou muito na indústria cinematográfica. Contudo, apesar da revolta, sentimos cada vez mais vontade de continuar com o nosso trabalho, consumir produções realizadas por mulheres e enaltecê-las. Embora nossa lista de melhores filmes do ano não seja composta apenas por mulheres, são elas que tomam as narrativas nas mãos. Desde uma rainha vivendo um triângulo de amor e de poder, passando pela invisibilidade da vida da mulher comum e indo até a solidão de uma mulher que perdeu tudo e encontra força em si mesma para continuar, 2019 foi o ano das narrativas femininas não-óbvias, e somos gratas por isso.
Entre muitos filmes de terror com protagonismo feminino e obras nacionais que brilharam tanto aqui quanto no exterior, nos encontramos encerrando a década esperançosas. Existem muitas coisas ainda a melhorar, mas estamos chegando lá – e permaneceremos firmes, criticando, contestando e assistindo mulheres.
A Favorita, Yorgos Lanthimos
Por Tany
Quase um ano após assistir A Favorita ainda me pego pensando nesse filme de vez em quando. Algumas vezes por conta do Twitter que sempre relembra algumas cenas, e me deixa com saudade da histórias. Outras quando vejo alguma chamada de mais um filme épico sempre focado em algum homem branco que provavelmente não tem nada de fascinante fazendo com que me questione quanto tempo vai demorar para termos outros filmes de época realmente bons focado em mulheres.
A comédia-drama que se passa no início do século XVIII na Inglaterra fala sobre o relacionamento da Rainha Anne (Olivia Colman) com Sarah Churchill (Rachel Weinz) e como o romance/parceria é afetado pela chegada da prima de Sarah, Abigail (Emma Stone). Ás vezes a trama lembra uma novela das seis, só que mais elaborada, e para mim é um dos melhores filmes do ano, além de ser esteticamente muito agradável. As atuações, os cenários, o jogo de gato e rato e toda história que envolve personagens interessantes em situações absurdas, e hilárias, é viciante. São personagens tão interessantes que poderia ser uma novela e assistiria todos os episódios.
Para saber mais: Crítica: A Favorita
Alguém Especial, Jennifer Kaytin Robinson
Por Paloma
Para os saudosistas e fãs de comédia romântica, Alguém Especial com certeza merece destaque na seleção de melhores do ano. Dirigido e roteirizado por Jennifer Kaytin Robinson, estrelado por Gina Rodriguez, DeWanda Wise e Brittany Snow, o filme mostra um arco temporalmente curto mas emocionalmente intenso na vida de três amigas. Jenny (Rodriguez) consegue um emprego em outra cidade e termina um namoro de dez anos, Erin (Wise) está à beira de um novo relacionamento e Blair (Snow) precisa lidar com o esfriamento da própria relação. Juntas e individualmente, cada uma delas enfrenta sua jornada, enquanto tentam viver uma noite nostálgica em um festival de música.
Toda a trama do filme se passa em um dia, intercalado com flashbacks de momentos significativos do relacionamento entre Jenny e Nate (Lakeith Stanfield). Acompanhada por uma trilha sonora perfeita, a trama mostra a dor do luto, ao mesmo tempo que consegue retratar de forma sensível os altos, baixos e crises que acontecem mesmo nos relacionamentos mais “perfeitos”. É um filme sofrido e feliz ao mesmo tempo, que vai além dos temas ligados a relacionamentos românticos para retratar a amizade verdadeira em seu estado mais puro.
Para saber mais: Someone Great: as mudanças no gênero da comédia romântica
As Golpistas, Lorene Scafaria
Por Carol Alves
Estrelado por Jennifer Lopez e Constance Wu, As Golpistas é um filme que no primeiro momento parece ser apenas sobre mulheres que aplicam golpes em homens ricos que trabalham em Wall Street. Mas ele se prova muito, muito mais do que isso. O longa de Lorene Scafaria conta sim a história dessas strippers que aplicam golpes para ganhar dinheiro, mas também fala sobre amizade, solidão e ser uma mulher um mundo onde tira e exclui e não dá nunca nada em retorno.
Em um ano como 2019, onde filmes com mulheres na frente e atrás das câmeras foram grandes destaques, As Golpistas chegou não só para acabar com estereótipos de mulheres marginalizadas pela sociedade, mas também para provar de vez que a visão feminina é sim necessária para contar uma história com essa. Apesar de conter grandes cenas de danças, ser repleto de figurinos brilhosos e atuações fortes, os momentos mais importantes do longa são encontrados em pequenos detalhes, seja na forma como Ramona (Lopez) cuida das suas colegas de trabalho, ou como Destiny (Wu) diz que é apenas uma mulher procurando por independência.
Para saber mais: As Golpistas: fugindo dos paradigmas e dos arquétipos femininos
As Panteras, Elizabeth Banks
Por Tati Alves
Com um novo olhar sobre qual seria o futuro da Agência Townsend desde o último filme, As Panteras de Elizabeth Banks nos insere em uma jornada em que nos mostra que qualquer pessoa pode ser uma Pantera. Sequência da franquia do começo dos anos 2000, nessa versão Jane (Ella Balinska) e Sabina (Kristen Stewart) são convocadas para uma missão que inclui proteger Elena Houghlin (Naomi Scott), uma cientista que trabalha no projeto Calisto. A Agência Townsend agora é uma organização mundial e viajamos pelo mundo com as Panteras e os Bosleys para concluírem a missão. Além de dirigir essa versão, Elizabeth Banks também o escreveu, produziu e atuou como Rebekah Bosley, a primeira Pantera a se tornar uma Bosley.
O ponto alto do filme é que ele abraça todas as diversidades que cada atriz possui e que pode contribuir para sua personagem no filme. O que temos é uma obra que nos faz rir e ficar vidrado nas cenas de lutas, porém também nos acolhe e nos mostra que toda menina e mulher pode ser uma Pantera e que precisamos de uma a outra para vencermos, porque juntas somos mais poderosas.
Para saber mais: Como uma visão feminina favoreceu a nova versão de As Panteras
A Vida Invisível, Karim Aïnouz
Por Jéssica Bandeira
Escolhido para representar o Brasil na disputa por uma vaga na categoria de Melhor Filme Estrangeiro do Oscar, A Vida Invisível é o retrato da vida de suas irmãs, atravessada pelo patriarcado. É um filme sobre o que poderia ter sido se as escolhas fossem iguais para homens e mulheres. A separação das irmãs Eurídice (Carol Duarte) e Guida (Julia Stockler) desperta uma reflexão sobre a vida das mulheres invisíveis, ou seja, aquelas que acabam em uma vida totalmente esperada delas: casamento e filhos.
Tudo em A Vida Invisível nos dá a sensação de prisão, desde os vestidos que não se encaixam no corpo de Eurídice até o calor incessante do Rio de Janeiro. O filme bebeu muito do melodrama, principalmente do príncipe desse gênero, o diretor Douglas Sirk. Talvez seja um dos poucos filmes onde presenciei pessoas chorando de forma sincronizadas. Era possível ouvir as fungadas na sala, uma prova de que a experiência do filme é muito poderosa. Além disso, A Vida Invisível conta com a participação de Fernanda Montenegro. Ela aparece durante 20 minutos, o suficiente para fazer a sala de cinema inteira desabar.
Para saber mais: A Vida Invisível: do melodrama emerge a opressão
Bacurau, Juliano Dornelles e Kleber Mendonça Filho
Por Anna Vitória
Eu soube que Bacurau seria imenso quando vi o nome do filme escrito na porta do banheiro de um boteco no largo da Santa Cecília, em São Paulo. Nas semanas que se seguiram ao lançamento do filme, “Você já viu Bacurau?” se tornou a pergunta mais fácil de se fazer na hora de puxar assunto e não à toa virou meme – apenas um dentre os vários que o filme originou. Quando fui assistir, mais de um mês depois da estreia, a sala estava lotada e irrompeu em aplausos ao final da sessão. Com toda essa comoção, fica o questionamento: qual é a de Bacurau?
Não é a primeira vez que Kléber Mendonça Filho se debruça sobre pontos nevrálgicos da sociedade brasileira para contar suas histórias. O Som ao Redor, por exemplo, acaba sendo um retrato muito mais sofisticado da violência que permeia nossas vidas e insistimos em acreditar que não existe. Bacurau solapa essa falsa segurança por terra no momento em que mais precisamos desse solavanco, da catarse coletiva de gritar numa sala escura ao lado de estranhos quando um pequeno povoado resiste e faz justiça com as próprias mãos num pedaço de terra em que a justiça não chega e, quando ameaça se aproximar, é mandada embora aos gritos – afinal, para quem ela serve? Do que ela é feita? Não é à toa que uma das grandes tônicas do cinema em 2019 foi a resposta, muitas vezes sangrenta, de quem passou anos calado. No Brasil, Lunga (Silvero Pereira), Domingas (Sônia Braga), Teresa (Bárbara Colen), Pacote (Thomas Aquino) e toda a população de Bacurau falaram por nós aquilo que há muito estava engasgado. Você já viu Bacurau?
Capitã Marvel, Anna Boden e Ryan Fleck
Por Thay
Foram necessários dez anos e um filme da Mulher-Maravilha para fazer com que a Marvel, finalmente, desenvolvesse um filme solo de uma personagem feminina em seu universo cinematográfico. Embora o MCU conte com diversas personagens femininas interessantes e incríveis, foi apenas em 2019 que fomos presenteadas com Capitã Marvel. Protagonizado por Brie Larson, vencedora do Oscar de Melhor Atriz por O Quarto de Jack em 2015, acompanhamos a jornada de Carol Danvers e a origem da personagem mais poderosa do MCU — e tudo isso enquanto a Marvel tenta organizar a linha do tempo dos filmes e Larson enfrenta críticas desmedidas, e desnecessárias, dos “fãs”.
Capitã Marvel quebrou recordes de bilheteria arrecadando 20,7 milhões de dólares em pré-estreias nos Estados Unidos e foi a quinta maior abertura de uma produção do estúdio por lá. Na China, a história de Carol Danvers é a melhor abertura de um filme solo da Marvel Studios e, no Brasil, é a segunda melhor estreia de um filme do MCU, atrás apenas de Vingadores: Guerra Infinita. Não precisa dizer mais nada, apenas que Carol Danvers chegou com força e impacto no MCU. Embora seu filme de origem seja relativamente padrão, nunca deixará de ser incrível assistir uma mulher indo mais alto, mais longe e mais rápido nas telas dos cinemas. E que venham muitas outras.
Para saber mais: Capitã Marvel: mais alto, mais longe, mais rápido (baby!); Mulheres que incomodam: por que os homens odeiam Capitã Marvel?; Carol Danvers, Capitã Marvel e a problemática da feminilidade; Pantera Negra e Capitã Marvel: anti-imperialismo e resistência no MCU; O arco das mulheres em Vingadores: Ultimato – esperanças e decepções
História de Um Casamento, Noah Baumbach
Por Mia
História de Um Casamento poderia ser um filme comum. Certamente, a história dele é bem convencional: um marido egoísta, uma esposa frustrada, um filho no meio. Casamentos terminam diariamente e o título não poderia ser mais acertado, já que o que vemos na tela é a história de um casamento comum, não fosse pelo recorte dado: aqui encontramos um casal em seu momento mais frágil. E narrativas sobre a fragilidade das relações sempre são mais interessantes do que aquelas que nos mostram o cotidiano de um casal nem feliz, nem infeliz. Como disse Tolstói: “Todas as famílias felizes se parecem, mas as infelizes são infelizes cada uma à sua maneira”.
Nicole (Scarlett Johansson) e Charlie (Adam Driver) são infelizes. Ele, um diretor de teatro em ascensão, menospreza a esposa, uma atriz para quem as portas do estrelato estão finalmente se abrindo. No entanto, apesar de ser possível tirar uma conclusão apressada sobre a natureza da mensagem sobre o sofrimento da mulher artista dentro do casamento, o que vemos aqui é uma história excelente por ser delicada o suficiente para não colocar nenhum personagem como vilão. Nicole e Charlie se amavam, talvez ainda se amem, mas não funcionam mais juntos. E as narrativas que contamos a nós mesmos sempre tendem a nos colocar como protagonistas irretocáveis. Nicole facilmente esquece de seus erros durante o processo do divórcio e, por algum tempo, temos apenas a versão dela da história. Enquanto isso, Charlie se enxerga como a verdadeira vítima quando, na verdade, ele provocou inicialmente a situação com seu egocentrismo e mania de gênio. O que faz de História de Um Casamento um dos melhores filmes do ano é a representação de personagens reais, bons e maus ao mesmo tempo, capazes de cometer atos cruéis, mas também de ser extremamente gentis, assim como todos nós.
Para saber mais: História de Um Casamento, dificuldades de todas as mulheres
Homem-Aranha no Aranhaverso, Bob Persichetti e Peter Ramsey
Por Thay
Se eu fosse menos contida, esse momento seria dedicado a gritar eternamente sobre como Homem-Aranha no Aranhaverso é um filme perfeito. Vencedor do Oscar de Melhor Animação em 2019, o longa de Bob Persichetti e Peter Ramsey não é apenas mais um filme do Cabeça de Teia, mas talvez um dos melhores já feitos envolvendo sua mitologia. No longa, é a vez de Miles Morales assumir o manto azul e vermelho e acompanhamos como o adolescente se vira tentando entender seus novos poderes enquanto coisas bizarras acontecem em Nova Iorque — e quando digo coisas bizarras, são coisas nível várias encarnações de Amigão da Vizinhança aparecendo na cidade vindas de outras dimensões.
Homem-Aranha no Aranhaverso é um filme divertido, encantador e visualmente belo. É impossível assisti-lo e passar incólume às referências e todo o significado que é ter um Homem-Aranha como Miles Morales, um adolescente com herança birracial, um personagem cuja identidade é tão importante e representativa. Com vozes de Shameik Moore,Mahershala Ali,Brian Tyree Henry, Chris Pinee e Hailee Steinfeld, Homem-Aranha no Aranhaverso é uma animação com vida própria e muito sentimento — algo que os filmes de herói podem voltar a pensar em fazer.
Para saber mais: Homem-Aranha no Aranhaverso: a vez de Miles Morales
Judy: Muito Além do Arco-Íris, Rupert Goold
Por Jéssica Bandeira
Costumo dizer que os filmes antigos formaram meu caráter. Eles foram meus companheiros durante uma adolescência solitária e, de certa forma, moldaram meu olhar sobre cinema. Um dos nomes que descobri naquela época foi Judy Garland.
Judy Garland mudou os rumos do entretenimento. Ela definiu os caminhos da cultura pop de sua época e criou signos icônicos como os sapatinhos de Dorothy em O Mágico de Oz. Além disso, Garland foi produto de uma época onde as jovens eram moldadas pelos estúdios de cinema, a fim de vender uma determinada imagem. Isso foi algo que, certa forma, arruinou a vida da atriz e cantora. Durante toda sua vida, Judy tentou sustentar uma narrativa em que tudo estava bem, quando na verdade não estava, e ela precisava de drogas para se manter atuando. Outros filmes já foram feitos sobre Judy, mas a obra de Rupert Goold ganhou notoriedade por furar a bolha do desconhecimento e ser um filme de grande orçamento. Além de, é claro, contar com Renée Zellweger no papel de Garland. É muito provável que ele seja indicado ao Oscar, mas não é por isso que ele está nesta lista. Judy: Muito Além do Arco-Íris merece ser apreciado porque Judy Garland permanece um ícone da cultura pop, e muitas pessoas apenas a conhecem por sua atuação como Dorothy. Talvez o filme seja uma porta de entrada para que possamos conhecer outras facetas de sua personalidade. Judy é uma persona rica, que comporta em si muitas das contradições e dificuldades da era clássica em Hollywood.
Meu Eterno Talvez, Nahnatchka Khan
Por Yuu
Era uma vez dois amigos que se amavam, mas a vida, e as circunstâncias envolvidas, fizeram com que eles se afastassem e tomassem rumo completamente diferentes até que o universo os reúne novamente para que entendam que são perfeitos um para outro mesmo dentro dos os defeitos que possuem. Essa é a premissa básica de Meu Eterno Talvez, mas restringir o filme a isso é negar a maravilha que é ver Ali Wong e Randall Park interagindo diante das câmeras, um casal de amigos da vida real que interpreta a dupla atrapalhada Sasha e Marcus com maestria.
O longa do diretor Nahnatchka Khan estreou na Netflix em maio desse ano e vem colecionando elogios de quem o assiste. A comédia é leve, como tem que ser, mas nem por isso deixa de nos emocionar e fazer torcer por um desfecho de contos de fadas para Sasha e Marcus. Com participação especialmente bizarra de Keanu Reeves interpretando ele mesmo, Meu Eterno Talvez te arrancará gostosas risadas enquanto te faz sonhar com um felizes para sempre.
Midsommar, Ari Aster
Por Mia
Um dos melhores filmes de terror que já vi, Midsommar causou reações extremas no público. As pessoas, divididas entre aqueles que o odiaram, a ponto de passarem mal durante a exibição, e aqueles que sentiram-se felizes por acompanhar a jornada de Dani (Florence Pugh), tiveram muitas coisas a dizer a respeito do mais recente filme de Ari Aster, para o bem ou para o mal. O fato é que ele não passou despercebido nas redes. E não é para menos: ele é um filme complexo, repleto de elementos estranhos e que subverte a narrativa normal do terror ao nos apresentar um mal que acontece em plena luz do dia, com todos reunidos, olhando corpos sendo abertos enquanto pessoas de branco parecem felizes e plenas.
No entanto, apesar das poucas cenas de gore chamarem atenção suficiente a ponto de causar reações físicas em pessoas mais sensíveis, o verdadeiro horror da trama encontra-se na solidão. Dani, após passar por diversas perdas familiares, se agarra no namorado, Christian (Jack Reynor), em busca de apoio emocional. O que encontra, entretanto, é apenas vazio e desespero. Tentando se estabilizar de alguma forma e salvar o relacionamento, a única coisa que lhe restou, ela topa acompanhar Christian e os amigos dele a uma viagem até uma pequena aldeia na Suécia, onde a família de Pelle (Vilhelm Blomgren) celebraria o solstício de verão. Apesar da cultura diferente e do choque ao descobrirmos como aquela comunidade lida com a morte, tudo é centrado em Dani e em como sua busca por aceitação e pertencimento a algum lugar é universal, ainda que, para isso, seja preciso justificar atos criminosos em nome do fazer parte de algo.