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De Cuidado com Quem Chama a Fale Comigo: o sucesso do horror no pós-pandemia

Durante a pandemia, o Google Trends registrou um aumento no volume de buscas da palavra “terror”. Neste período, a procura por conteúdo audiovisual do gênero foi maior do que nos três anos que antecederam a Covid-19. Isso explica o sucesso de produções como Cuidado com Quem Chama (Host, 2020), longa-metragem de baixo orçamento gravado pelo Zoom e lançado diretamente no Shudder. Combinando elementos reconhecíveis do cotidiano de isolamento social, jumpscares e tropos comuns em filmes de rituais, o filme coletou diversos de comentários positivos que possivelmente não teriam se repetido sem o contexto favorável, visto que ele não necessariamente representa uma inovação, mas sim bebe da fonte de clássicos do found footage como A Bruxa de Blair (The Blair Witch Project, 1999) e de títulos recentes como Amizade Desfeita (Unfriended, 2014) e Clausura (The Den, 2013).

Em linhas gerais, a explicação para esse aumento do interesse pelo gênero é bastante simples: o horror se tornou uma forma de escapismo de uma realidade ainda mais assustadora. Devido a isso, ele foi parte fundamental da retomada da programação dos cinemas em 2021. Em um período sem lançamentos, a rede Cinemark promoveu a exibição de alguns blockbusters clássicos e o horror foi representado por Tubarão (Jaws, 1975), de Steven Spielberg, que obteve a segunda maior bilheteria do evento, com 516 mil dólares arrecadados em três dias, o que deixa claro o apelo popular do gênero. Embora algumas pessoas possam argumentar que não se trata de apelo, mas de uma base de fãs realizando o desejo de assistir ao longa no cinema, se pensarmos nos números atingidos por alguns títulos das duas últimas décadas, essa teoria cai por terra.

o sucesso do horror no pós-pandemia
Jaws, 1975

De acordo com uma regra geral do universo do cinema, um filme é considerado bem sucedido se a sua arrecadação em bilheteria é pelo menos duas vezes maior do que o seu custo de produção. Logo, quanto mais caro um longa-metragem, mais ele precisa lucrar para ser um sucesso. Historicamente, o horror é um gênero barato, o que facilita o processo. Isso pode ser ilustrado por Atividade Paranormal (Paranormal Activity, 2007), que originalmente teve orçamento de 15 mil dólares. Filmado na casa do diretor Oren Peli com uma câmera de mão simples, o capítulo de abertura da franquia conquistou uma bilheteria mundial de 193 milhões. Mesmo se levarmos em conta que Atividade Paranormal posteriormente foi comprado pela Paramount e recebeu cenas adicionais, o seu custo aumentou somente para 200 mil e a rentabilidade continuou impressionante: o filme rendeu 96,5 vezes o investimento que recebeu. E esse não é um caso isolado porque somente entre franquias populares é possível citar Sobrenatural (Insidious, 2010), que teve orçamento de 1,5 milhões e bilheteria mundial de 99,5 milhões e Jogos Mortais (Saw, 2004), que custou 1,2 milhões de dólares e rendeu 103 milhões globalmente.

Os casos de Atividade Paranormal e Jogos Mortais também servem para ilustrar outra questão interessante sobre o sucesso das produções de horror: elas crescem com base no boca a boca porque não existe um chamariz anterior à estreia. Oren Peli e James Wan, os diretores dos longas, eram estreantes. Ou seja, os seus nomes não seriam suficientes para levar o público aos cinemas. Se seguimos adiante e analisamos os atores creditados, nenhum deles era famoso. Inclusive, em Jogos Mortais um dos principais personagens da trama foi interpretado por Leigh Whannell, roteirista do filme e parceiro de direção de Wan em Jogos Mortais 0.5, o curta-metragem que a dupla apresentou para a Evolution Entertainment com o propósito de conseguir fundos para o projeto. Além disso, como Atividade Paranormal e Jogos Mortais eram produções de baixo orçamento, as suas estratégias de marketing não foram expressivas em termos de investimentos financeiros. Nesse sentido, o filme de Oren Peli se destaca e mostra que aprendeu a lição ensinada por A Bruxa de Blair ao usar a internet a seu favor, mas dessa vez divulgando supostas reações do público ao longa, o que contribuiu para aguçar a curiosidade e vender ingressos. E, conforme as pessoas iam ao cinema e realmente se assustavam, isso aumentava a longevidade de Atividade Paranormal nas salas e os seus lucros eram cada vez mais expressivos.

Ainda que o horror seja um gênero barato desde a sua origem, o recorte dos anos 2000 foi escolhido para ilustrar essas questões porque marca a fundação da Blumhouse, uma produtora essencial para o cenário atual. Com mais de 150 títulos no seu portfólio, ela foi responsável por franquias lucrativas como Uma Noite de Crime. Além disso, também está por trás de títulos como Corra! (Get Out, 2017), o último filme de horror a conseguir uma indicação ao Oscar de Melhor Filme. Embora existam muitas críticas ao modo de produção da Blumhouse, o seu papel no surgimento de novas vozes é inegável. Deixando de lado o óbvio, que seria comentar a respeito de Jordan Peele, a produtora deu espaço para um dos diretores mais interessantes da atualidade, Mike Flanagan, que lançou através dela longas como O Espelho (Oculus, 2013), HushA Morte Ouve (Hush, 2016) e Ouija: A Origem do Mal (Ouija: Origin of Evil, 2016). Outro exemplo é Leigh Whannell, cuja estreia na cadeira de direção, Sobrenatural: A Origem (Insidious: Chapter 3, 2015), foi produzida pela Blumhouse. Cinco anos depois, a empresa voltou a abrir as portas para que Whannell dirigisse O Homem Invisível (The Invisible Man, 2020), uma das adaptações mais interessantes da obra homônima de H.G Wells. Portanto, de filmes que ajudaram a moldar o horror dos anos seguintes a sucessos comerciais, a produtora entregou um pouco de tudo aos fãs do gênero.

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Get Out, 2017

Assim como a Blumhouse, a A24 tem um papel relevante no sucesso que o horror alcançou nas últimas décadas. Um tanto mais jovem, ela foi fundada em 2012 e também tem como marca registrada acomodar novatos. Dessa forma, mesmo que o sucesso da A24 não esteja tão ligado ao cinema de gênero, ela é bastante expressiva por ter revelado nomes como Ari Aster com Hereditário (Hereditary, 2018) e Robert Eggers com A Bruxa (The Witch, 2015). E ambos os filmes tiveram boas bilheterias, 82 e 40 milhões de dólares, respectivamente, números que podem ser considerados modestos quando comparados aos da Blumhouse. Isso porque tem-se um aumento expressivo no orçamento disponibilizado para as produções, que no caso de Hereditário chegou a 10 milhões de dólares, o que consequentemente diminui o lucro. Quando colocamos este longa ao lado de Corra!, o seu orçamento é mais do que o dobro do que foi gasto no filme de Jordan Peele, que rendeu 255,7 milhões em bilheteria. Porém, ainda que as cifras da A24 não impressionem tanto, a produtora consegue se desviar das críticas que a Blumhouse sofre, visto que existe a percepção de que ela faz uma curadoria mais cuidadosa dos projetos que aceita, enquanto a empresa capitaneada por Jason Blum é lembrada por abrir os bolsos para qualquer roteiro, o que acaba rendendo alguns filmes de qualidade questionável. Para a crítica e uma parcela do público, é como se a Blumhouse atirasse para todo lado na expectativa de conseguir repetir os seus feitos, uma afirmação que não deixa de ter um fundo de verdade.

Essa visão, por vezes, contribui para que a produtora enfrente alguma resistência dos veículos de imprensa e O Telefone Preto (The Black Phone, 2022) é um bom exemplo disso por ter sido recebido com bem menos entusiasmo do que merecia. Contudo, se em qualquer outro gênero cinematográfico a opinião da crítica pode contribuir para destruir a reputação de um filme e fazer com que o público perca o interesse, no horror esse cenário não se repete. Existe uma tradição bastante forte de filmes B, os chamados trashes, um subgênero que tem uma audiência cativa, construída principalmente durante o boom do home video. Isso faz com que produções como O Urso do Pó Branco (Cocaine Bear, 2023) consigam boas bilheterias (63 milhões de dólares). Afinal, a graça está justamente em ver efeitos especiais precários, premissas absurdas e se divertir com estes elementos. Vale ressaltar que mesmo quando a produção não se encaixa no trash, o público do horror parece interessado no “ver para crer” e a opinião da mídia continua sendo secundária. Dois casos de 2023 que ilustram essa questão são O Exorcismo do Papa (The Pope’s Exorcist, 2022) e Ursinho Pooh: Sangue e Mel (Winnie The Pooh: Blood and Honey, 2023). que têm, respectivamente, 48% e 3% de aprovação no Rotten Tomatoes, mas geraram receita o suficiente para terem continuações confirmadas.

Devido a essas particularidades, é possível afirmar que o horror sobrevive por conta própria. Enquanto os seus pares do cinema de gênero enfrentam dificuldades mesmo com mais investimento em marketing, raramente ele amarga um fracasso expressivo. Se levarmos em consideração o ano de 2022, o primeiro depois da pandemia no qual o número de salas de cinema abertas é comparável ao de 2019, isso se faz notar com clareza, especialmente se franquias e continuações aguardadas são deixadas de lado. Nesse ano, as principais estreias da ficção científica e da fantasia foram Morbius (Morbius, 2022),  Adão Negro (Black Adam, 2022) e Moonfall: Ameaça Lunar (Moonfall, 2002). Em todos os casos, o orçamento ultrapassa 80 milhões de dólares e o mais lucrativo, Morbius, fez 167,4 milhões em bilheteria, ou seja, bem próximo do mínimo para ser considerado rentável. Vale pontuar também que Moonfall: Ameaça Lunar deu prejuízo para o estúdio, visto que a sua bilheteria mundial foi de apenas 67,2 milhões e o seu orçamento ultrapassou os 140 milhões.

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The Black Phone, 2022

Adotando os mesmos critérios para falar sobre o cinema de horror, as grandes estreias de 2022 foram Não! Não Olhe (Nope, 2022), Sorria (Smile, 2022) e A Luz do Demônio (Prey for the Devil, 2022). Entretanto, devido a uma série de discrepâncias, os casos precisam ser olhados separadamente, em especial quando se considera Não! Não Olhe, um título que tem “pedigree” devido à presença de nomes conhecidos, como Daniel Kaluuya, Steven Yeun e Keke Palmer e, portanto, recebeu mais orçamento, custando 68 milhões de dólares. Em termos de bilheteria, o longa-metragem rendeu 171,1 milhões, ou seja, 2,5 vezes o seu valor. Assim, teve um sucesso significativo para um filme de nicho. Olhando o caso de A Luz do Demônio, trata-se de uma produção sem o envolvimento de pessoas conhecidas, com orçamento de 5 milhões e bilheteria de 44,6 milhões. Distribuído pela Lionsgate, ele foi um fracasso de crítica, mas recebeu avaliações decentes dos espectadores, o que serve para corroborar que o público do horror está sempre disposto a pagar para ver. Além disso, ao observar os comentários da audiência no Rotten Tomatoes, é possível encontrar pessoas destacando que apesar de previsível, A Luz do Demônio oferece bons sustos e ele não parece ter pretensão de ir além disso, o que revela uma predisposição a julgar os longas de acordo com a sua proposta e não a partir de critérios que fazem pouco sentido para esse estilo de cinema.

O último dos três filmes, Sorria, merece um pouco mais de atenção porque os seus feitos ultrapassam e muito os demais. Feito com 17 milhões de dólares, no seu final de semana de estreia ele conseguiu arrecadar 22 milhões em bilheteria doméstica. Portanto, já havia pagado os seus custos e começado a lucrar com pouco tempo. Ao longo da sua trajetória nas salas de cinema dos Estados Unidos, esse número subiu para 105,9 milhões, que se somaram aos 111,4 milhões do restante do mundo, totalizando 217, ou seja, 12,5 vezes o seu custo de produção. O que impressiona nisso tudo é como um filme escrito e dirigido por um estreante, Parker Finn, conseguiu desbancar títulos como Halloween Ends (Halloween Ends, 2022) e O Telefone Preto, a grande aposta da Blumhouse para o ano passado, e se tornar o longa de horror de maior sucesso de 2022. Embora a Paramount tenha feito alguns investimentos em marketing, não se pode dizer que eles foram massivos, mas sim que foram certeiros, ainda que tenham ficado centralizados nos Estados Unidos. Durante alguns jogos da Major League Baseball, diversas pessoas apareceram sorrindo como na imagem do pôster. Isso foi o suficiente para assustar os presentes e fazer com que eles compartilhassem a campanha nas suas redes sociais. Desse modo, a publicidade viajou o mundo rapidamente e contribuiu para o excelente final de semana de estreia de Sorria. A partir desse ponto, o longa já havia construído uma reputação sólida o suficiente para atrair cada vez mais público.

Se decidimos olhar também para produções que receberam estreias em um número inferior de salas, um sucesso do horror continua. Nesse sentido, os títulos da A24 são o grande destaque, em especial X – A Marca da Morte (X, 2022). Com orçamento de apenas 1 milhão, ele conquistou uma bilheteria de 14 milhões mundialmente, sendo 11 destes somente no seu país de origem. Embora os rostos do elenco sejam conhecidos de quem acompanha o nicho e alguns, como Jenna Ortega, tenham estourado recentemente, o que realmente despertou a curiosidade foi o trailer veiculado pela produtora, que deixava claras as referências de Ti West. A principal delas é o cinema de Tobe Hooper. Ainda que o diálogo com O Massacre da Serra Elétrica (The Texas Chainsaw Massacre, 1974) seja óbvio pela estética suja e os movimentos de câmera, X também tem diversos elementos de Devorado Vivo (Eaten Alive, 1976), um filme menos popular de Hooper. Assim, após a divulgação do trailer, era comum encontrar veículos de imprensa analisando-o e alimentando as expectativas para a estreia do longa. De maneira análoga, o público mais ligado ao cinema de horror repercutiu bastante todo o material de divulgação e um dos motivos para isso foi o resgate de um estilo que carrega estigmas suficientes para que muitos acreditem que ele não pertence ao catálogo da A24. Isso porque o slasher, em geral, se afasta bastante do “horror elevado” financiado pela produtora, de modo que muitas pessoas o associam à precariedade estética e de ideias, o que diz mais a respeito da falta de conhecimento acerca das possibilidades do subgênero do que a respeito dele.

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X, 2022

De certa forma, o trabalho de Ti West abriu espaço para que a A24 investisse em um horror mais “convencional” e que valoriza o elemento absurdo do cinema de gênero. Assim, em 2023 a produtora levou às salas de cinema o elogiado Fale Comigo (Talk To Me, 2023), dirigido pela dupla de estreantes Michael e Danny Philippou. Com uma campanha de marketing modesta, o longa australiano conseguiu atingir o status de lançamento mais esperado do ano, desbancando títulos como Batem à Porta (Knock on Cabin, 2022) e Beau Tem Medo (Beau is Afraid, 2022), feitos por diretores consolidados do gênero, M. Night Shyamalan e Ari Aster, respectivamente. Muito disso está ligado ao trailer, que mostra um objeto misterioso, uma mão que possibilita a comunicação com os mortos, e também porque as imagens não deixavam dúvida de que se tratava de uma história de possessão, algo que sempre rende números expressivos independente da qualidade. A estreia recente de O Exorcista: Devoto (The Exorcist: Believer, 2023), sequência direta do clássico de 1973, serve para confirmar isso: ainda que o longa-metragem tenha apenas 23% de aprovação da imprensa no Rotten Tomatoes, com apenas 8 dias nas salas de cinema estadunidenses ele conseguiu render o suficiente para pagar os seus custos. Saindo dos EUA e observando a bilheteria mundial, o filme atualmente tem 20,7 milhões em rendimentos, isso sem considerar alguns mercados como o Brasil, bastante relevante quando se fala a respeito da América Latina. A título de ilustração, o país foi a segunda maior bilheteria de A Morte do Demônio: Ascensão (Evil Dead Rise, 2022), com 4,2  milhões de dólares, perdendo apenas para os 6,7 do México.

Diante de todos esses dados, é possível concluir que o cinema de horror é sustentável por si mesmo. Ao contrário de outros estilos, ele não depende de grandes estrelas ou estratégias de marketing mirabolantes para ser rentável. Então, enquanto alguns gêneros praticamente desapareceram do circuito comercial no pós-pandemia, ele tem ganhado cada vez mais força e espaço. É claro que muito disso está ligado à facilidade de retorno financeiro porque o cinema é uma indústria. Entretanto, da parte do público, esse crescimento tem a ver com a forma como o horror consegue ser, ao mesmo tempo, escapista e social. Mesmo que estilos como o drama sejam capazes de expor medos humanos de modo naturalista, quando esses receios se materializam como fantasmas, espíritos malignos ou monstros, a sua representação se torna mais potente porque também dialoga com aquilo que é desconhecido, sem dúvidas o maior medo humano. Portanto, o horror é capaz de explorar de maneira estimulante questões que estão no nosso cotidiano, nos levando a reflexões que talvez se perdessem em uma abordagem direta. Talvez, o maior exemplo recente disso seja Não! Não Olhe, um título que poderia perfeitamente se contentar em falar a respeito de uma invasão alienígena e a sua premissa ainda funcionaria. Contudo, ele é, antes de tudo, sobre espetáculo em um sentido muito abrangente do termo. Desse modo, discute tanto o papel do cinema no mundo atual quanto o gosto da sociedade pelo mórbido. Além desse filme, também é possível citar Morte Morte Morte (Bodies Bodies Bodies Bodies, 2022), que resume as características da Geração Z em 94 minutos; e Noites Brutais (Barbarian, 2022), um longa que se recusa a abrir mão do seu aspecto absurdo, mas consegue levantar discussões sobre gentrificação. E, acreditem, a lista poderia continuar por muito tempo.

Apesar disso, o elitismo continua impactando negativamente a percepção do gênero e criando separações que não têm razão de ser. A própria ideia de que a A24 está acima da Blumhouse em termos de qualidade cinematográfica ilustra isso com perfeição. Infelizmente, tudo aquilo que é popular e visto como cultura de massa acaba carregando a pecha de inferior. No caso do horror, diversas pessoas têm dificuldade para aceitar que ele seja uma manifestação artística tão válida quanto qualquer outra. Quanto a isso, ainda existe um longo caminho a ser trilhado, mas, felizmente, diretores como Jordan Peele, James Wan e Mike Flanagan estão dispostos a percorrê-lo sem sacrificar a tradição e o absurdo, o que pode ser visto nas diversas homenagens aos clássicos de casa mal-assombrada em Invocação do Mal (The Conjuring, 2013), no modo como Flanagan não abre mão dos sustos em prol da metáfora sobre luto em A Maldição da Residência Hill e, claro, nas discussões raciais propostas por Peele em todos os seus trabalhos. Logo, o interesse despertado pelo gênero durante a pandemia não é algo passageiro e as perspectivas são bastante animadoras de qualquer ângulo que se olhe. Enquanto diversas formas de arte ainda lutam para se reerguer, o horror saiu na frente e conseguiu se firmar como uma aposta interessante para as produtoras, algo que, a julgar pelos lançamentos já previstos para 2024, ele vai conseguir sustentar sem dificuldades.