Categorias: LITERATURA

Livros que mudaram nossas vidas: como livros influenciam pessoas

Muito se discute atualmente sobre os supostos perigos que certas obras literárias trazem, principalmente para crianças e jovens ainda em formação. “Proteger as crianças” tem sido o argumento preferido de conservadores preconceituosos para censurar obras com conteúdo relacionado a diversidade e qualquer tipo de representação LGBTQIA+. Sabemos que não é um livro (ou filme, ou série) que vai determinar a identidade de gênero ou a orientação sexual de alguém, mas acreditamos que a literatura muda a vida das pessoas ao produzir acolhimento e identificação, e também nos tira da zona de conforto e amplia nossa percepção para experiências e realidades que fogem daquilo que entendemos como normativo. A literatura nos influencia a enxergar como possíveis mundos e realidades que antes pareciam distantes, absurdos ou até inexistentes, e é esse olhar mais generoso e empático para o outro e para dentro que nos torna capazes de mudar o mundo, pelo menos aquele ao nosso redor, e é isso que tanto faz tanta falta nos nossos governantes atuais, tão limitados, ignorantes, e desumanos.

Talvez essa mensagem não chegue até eles, mas daqui onde estamos queremos falar de mudanças possíveis. Por isso, mobilizamos nossa equipe e alguns convidados especiais para falar sobre livros que tiveram uma influência positiva em suas vidas e mudaram suas formas de enxergar o mundo e si mesmos, principalmente a respeito de identidade e sexualidade. Esperamos influenciar vocês também!

Aristóteles e Dante descobrem os segredos do universo (Benjamin Alire Sáenz)

Por João Pedroso, da equipe do Sem Spoiler

Sempre gostei muito de ler e, antes mesmo de me entender como indivíduo, já encontrava nos livros o conforto que não conseguia achar em outras instâncias da vida. Um Deltora Quest pra lá, um Percy Jackson pra cá, e, devagarinho, meus gostos foram moldados e, com o avançar dos anos, pude começar a entender as coisas um pouco melhor. Da infância para a adolescência, os livros mudaram um pouco, mas não completamente. Os mundos, os nomes e as tramas variavam vez ou outra, mas tinha uma coisa em particular que sempre permanecia intocável. E era difícil saber o que era exatamente.

Todo mundo sempre fala sobre como é importante que possamos nos sentir representados nas cultura que consumimos. Mas, sendo bem sincero, acho que a gente só começa a prestar atenção nesse negócio de representatividade quando já somos maduros o bastante para entender a falta que ela faz. Foi aos 16 que li Aristóteles e Dante descobrem os segredos do universo pela primeira vez e foi ali, finalmente, que encontrei a pecinha do quebra-cabeça que faltava. Ari e Dante eram incríveis, eram adolescentes, tinham preocupações com o futuro assim como eu tinha (e ainda tenho). Quando, em segredo, descobri que compartilhávamos uma característica que eu ainda não entendia muito bem e tentava fingir que nem existia, me senti abraçado e, acima de tudo, parte de algo.

Quando se cresce em um ambiente que silenciosamente nega quem você é, vira rotina achar que toda as dúvidas e maus momentos são exclusividade nossa. Mas, quando a gente descobre que não, que existem pessoas que vivem os mesmos dilemas, que passam pelos mesmos problemas e que sobrevivem às mesmas questões, tudo muda de figura. Foi com Ari e Dante que eu entendi que muito do que eu vivia e tentava superar era normal e corriqueiro, foi com os dois que tive a primeira oportunidade de me sentir validado e entender que, mesmo que fosse difícil, dava pra, no fim, ficar tudo bem. Não sei se consigo dizer que Aristóteles e Dante descobrem os segredos do universo mudou minha vida. Acho que, mais do que isso, ele foi responsável por mudar o jeito com que eu enxergava a vida.

Foi um pontapé inicial, o início de alguma coisa. Foi um livro que me impactou de uma forma avassaladora. Foi o começo de um processo lento, gradativo, às vezes duro, mas que resultou na pessoa que sou hoje. Sempre vou ser grato a esses dois e, reencontrá-los, vai sempre ter gosto de voltar pra casa.

Fangirl (Rainbow Rowell)

Por Caroline Cardozo, editora geral do Pensando Por Aí


Simon Snow fez eu visualizar minha própria vida como parte de um fandom. Entre 2010 e 2014, participei de um fã clube de Percy Jackson chamado Olimpianos RJ, onde fazíamos eventos quase que mensais, acompanhávamos os lançamentos do livros, e, mais do que isso, fizemos grandes amizades. Parte do meu círculo social hoje em dia é composto por pessoas que conheci nessa época, por causa desse fã clube.

Por isso, quando li Fangirl, da Rainbow Rowell, chorei muito lembrando dessa época (e um pouco antes, e também um pouco depois). Chorei durante a leitura porque sei bem como era o sentimento de não conseguir me desapegar, mas ao mesmo tempo me sentir boba por achar que era velha demais para gostar de algo, de ter medo de perder a ligação com alguém que sempre esteve presente, de ter medo de viver a realidade e se refugiar na ficção. E chorei depois de terminar porque era um problema que eu tinha mas nunca tinha sequer botado pra fora; ali vi que dá pra seguir em frente sem precisar deixar de gostar do que você gostava: você não vai ser menos madura por causa disso.

Fun Home (Alison Bechdel)

Por Bruna Batista

Um amigo quadrinista me recomendou o livro Fun Home, da Alison Bechdel. Eu estava surfando na onda das graphic novels, gostei da premissa, corri para lê-lo. Existem dezenas de perspectivas abordadas em Fun Home. A relação entre pais distantes que não compreendem os filhos, filhos que não sabem o que se passa na relação dos pais, o silêncio, a falta de conversa. Mas como Bechdel descreve a aceitação da sexualidade foi a coisa que primeiro me chamou atenção no livro. Me fez entender, sobretudo, que cada pessoa tem o seu processo, que eu também tinha o meu e que não existe uma forma mais correta ou melhor de fazer isso, as coisas são complicadas mesmo, mas a gente pode ir atrás de descomplicar. É claro, existem processos menos dolorosos, algumas pessoas sempre souberam quem são; outras, como eu, levam anos para se entender. E algumas, como o pai de Alison, nunca compreendem, e lidam mal com essa incompreensão. É aí que reside o perigo: mentir pra si mesmo não afeta apenas você, mas todos que estão ao seu redor, mesmo que você não perceba — ou finja não perceber.

O clichê de ser verdadeiro consigo mesmo não é só um refrão bonito nas músicas pop, é realmente uma questão de saúde mental. Quando você mente sobre quem é, quando finge ser outra coisa, você não engana ninguém, principalmente a você mesmo. E fingir é exaustivo, pra você e pra quem convive com você, é preciso estar sempre alerta, guardando coisas e agindo de forma evasiva. E tudo isso acaba com a sua saúde, já que a maior parte do esforço é mental, e poderia ser evitado. Aceitar a própria sexualidade num mundo conservador — sobretudo se pensarmos o Brasil de hoje, é difícil, pode provocar dores, rompimentos, mas ainda é a melhor alternativa. Fugir nunca fez bem a ninguém. Você pode — e deve! — encontrar ilhas de suporte com pessoas que compartilham histórias parecidas. É reconfortante poder conversar, dividir o peso. E foi isso o que Alison fez.

How to be a normal person (TJ Klune)

Por Felipe Fagundes, organizador de clubes do livro no Saia da Rotina


O primeiro livro com personagem assexual que li foi a porta para o segundo e para o terceiro e, quando eu vi, me peguei viciado. Não é como se eu tivesse lido vários deles, eu nem sei se existem tantos assim, mas comecei a garimpar ativamente indicações no GoodReads e na internet em geral. Foi quando eu descobri o How to be a normal person e, gente, eu mal tenho palavras para explicar esse livro. Um gay emburrado, um hippie gostoso e assexual, um trisal lésbico (ou apenas uma família, jamais saberemos), esse livro é um show de diversidade sexual. É interessante ler livros com assexuais que não chegam a se relacionar com alguém, mas descrever o início de um romance envolvendo um personagem dessa minoria foi um outro nível de experiência pra mim. Eu pude enxergar nuances no texto e possibilidades para a minha própria vida, caminhos que eu não via antes. É importante deixar claro que tudo bem você que é assexual não ter interesse num relacionamento romântico, dá para ser feliz solteiro, sim!

Mas você assexual que procura um romancezinho, ei, é possível também. Nem todo relacionamento é sobre sexo. Além disso, How to be a normal person é uma obra preciosa de comédia, o humor numa de suas melhores formas. Não é exagero da minha parte dizer que eu nunca li um livro igual a esse, o autor usa uns artifícios de escrita diferentes de tudo que já li. Eu amo comédias em geral, mas o jeito que essa foi construída fez eu me sentir grato por poder lê-la. É de chorar de rir, mas também de notar que, meu Deus, esse TJ Klune é genial. Eu realmente não tenho nenhuma esperança de que o livro seja lançado no Brasil, não sei dizer se já existe um público pra ele… Talvez ele agrade um grupo pequeno de leitores, mas ainda bem que estou incluído nesse grupo.

Longe da Árvore (Andrew Solomon), Um Defeito de Cor (Ana Maria Gonçalves), Aristóteles e Dante descobrem os segredos do universo (Benjamin Alire Sáenz)

Por Felipe Vieira

Há três livros que são extremamente importantes na minha formação como pessoa. Livros que em algum momento viraram a chave no meu interior. São leituras que fiz já adulto e conversaram com o Felipe criança, adolescente e com o homem que me tornei. Longe da Árvore, do psicanalista norte-americano Andrew Solomon, mostrou-me o quão importante é respeitar a diferença do outro e quão relevante é ser diferente — apesar de ser dolorido. Não se pode negar. Já com o livro da autora Ana Maria Gonçalves, Um Defeito de Cor, pude compreender historicamente um pouco de como é ser negro no Brasil. Enxerguei o modo como as minhas raízes foram tiradas de mim. Além disso pude entender a importância dos negros africanos e brasileiros na construção do Brasil em que vivemos hoje.

O livro que falta é Aristóteles e Dante descobrem os segredos do universo, de Benjamin Alire Sáenz. É um livro sobre relações e descoberta da sexualidade. Ari e Dante viram amigos depois de se conhecerem na piscina pública da cidade onde moram. Ao longo do livro acompanhamos a relação deles com as famílias e entre si. É fácil dizer o motivo pelo qual esse livro é importante para mim. Eu me via em Ari. Completamente. Assim como ele, “eu me sentia pequeno, insignificante e inadequado” no mundo. Enquanto lutava contra a minha sexualidade, como Ari faz ao longo da história, eu também não conseguia me sentir bem comigo mesmo. Não queria me aceitar. Com base nisso acabei criando uma personalidade fechada e me tornei uma pessoa distante da família. Eu me fechei para que a sociedade machista e preconceituosa não me visse como uma aberração. Deixei de ser quem era e quem poderia me tornar.

Quando li sobre Ari e Dante, tive a confirmação no meu interior, principalmente, que era NORMAL ser do jeito que sou. Não há problema em gostar e amar outro homem. Eu já me sentia bem com a sexualidade e a minha família tinha conhecimento sobre isso. No entanto, é difícil esconder as cicatrizes de tantos anos lutando contra si mesmo. Este livro tirou um pouco do peso que eu ainda carregava. Ler sobre a vida de Ari foi como ver o meu reflexo em um espelho. No final, Ari fica bem. Eu fico bem. Com sua história, Benjamin deixou claro que pertenço a esse mundo. Que não sou alguém sem importância. Mesmo já tendo me aceitado eu necessitava dessas palavras. A literatura fez por mim o que a sociedade não conseguiu ou tinha dificuldade em fazer: me deu importância, acolhimento e significado. Não é exagero. É a realidade de quem se sentia deslocado no mundo.

Orlando (Virginia Woolf)

Por Vanessa Bittencourt, historiadora e apresentadora do Más Feministas Podcast

Quando (finalmente) me entendi como mulher bissexual, uma das minhas primeiras angústias foi a sensação de que dali pra frente eu passaria mais tempo explicando o que eu sou do que simplesmente sendo quem eu sou. Após uma jornada de quase 30 anos oscilando entre a dúvida e negação, amando e desejando de olhos fechados e passando madrugadas de olhos abertos procurando respostas no teto do quarto, parecia muito injusto terminar sendo refém da incompreensão alheia. Uma leitura importante no início desse meu processo de aceitação foi Orlando, da Virginia Woolf. É um romance em forma de biografia sobre uma figura fantástica que até os 30 anos se entendia como homem e que um dia acorda como mulher. O livro homenageia a escritora Vita Sackville-West, com quem Virginia teve uma relação de amor e amizade. Vita gostava de vestir roupas consideradas masculinas e nessas ocasiões atendia por outro nome, Julian.

A narrativa começa no século XVI e vai até outubro de 1928, acompanhando a longa busca de Orlando pelo amor e por algo que pudesse chamar de vida. Enquanto Lady Orlando, alternava roupas masculinas e femininas e amava homens e mulheres. A transição de gênero não foi surpresa ou motivo de preocupação para ela, afinal, de alguma maneira continuava sendo quem sempre fora: uma pessoa apaixonada pela natureza e pela escrita. O que a deixava definitivamente perturbada era a percepção das diferenças no tratamento recebido por homens e mulheres na vida em sociedade e a descoberta de que as mulheres não eram obedientes e perfumadas desde o nascimento e sim constrangidas por uma forte disciplina ao longo da vida. Orlando não distribuiu explicações sobre sua identidade e sexualidade, mas também não se escondeu. Ela simplesmente tinha outras prioridades: ser quem realmente era e não o que os outros desejavam ou imaginassem que fosse. Aos poucos eu vou aprendendo com Orlando.

Os dois mundos de Astrid Jones (A.S. King)

Por Bianca Melo, escritora e autora de O que eu nunca contei a ninguém

Os dois mundos de Astrid Jones, de A.S. King, foi minha primeira leitura com protagonismo LGBTQ+. Eu tinha 25 anos (!!) e havia acabado de sair daquele turbilhão de questionar minha sexualidade, depois de muitos anos sofrendo (ou lidando, não sei) com os desdobramentos da heterossexualidade compulsória ao longo da adolescência e início da vida adulta. Mesmo com uma trajetória tão diferente da personagem, foi uma experiência catártica ver tantas coisas que passaram pela minha cabeça naqueles últimos anos escritas em um livro.

Felizmente, agora tenho um acervo muito maior de livros repletos de personagens que representam diversas letras da sigla, mas a história de Astrid Jones sempre terá um lugar especial no meu coração.

Rádio Silêncio (Alice Oseman)

Por Letícia Dornelas, estudante de Letras

Livros LGBTQIA+ não fizeram parte do meu processo de descoberta, mas Rádio Silêncio, da Alice Oseman, foi o que mais me marcou. Talvez por ser o primeiro livro com um personagem no espectro assexual que eu li e que abordava isso de uma forma ok e leve (eu li Tash e Tolstói também, mas algumas partes me deixaram meio magoada mesmo sem essa ser a intenção). Eu gosto que um dos personagens é demissexual, mas a história não gira em torno disso. Assim como nenhum dos personagens é hétero, mas isso só acontece mesmo (e acontece como na vida real, em que nos círculos de amigos de gente LGBTQIA+ tem sei lá, dois amigos héteros apenas). Eu também gosto de como tem sentimentos muito reais no geral pra adolescentes que foram ex-criança prodígio e com mães meio malucas. E a narrativa é maravilhosa. Enfim. Rádio Silêncio é ótimo.

Vidas Secas (Graciliano Ramos)

Por Carol Ramos, Mestre em Literatura e Professora de Português

Pode parecer estranho ver uma obra como Vidas Secas, do Graciliano Ramos, em uma lista como essa. Não é um livro que possui qualquer representatividade LGBTQIA+. O valioso nessa história é como ela mostra a relação das pessoas com a linguagem, ou, no caso, com a falta dela. Ao viver uma vida tão difícil em meio ao sertão nordestino, a família de retirantes que protagoniza essa narrativa é privada da capacidade de se comunicar de maneira eficaz, seja para expressar emoções, seja para reivindicar seus direitos. O Fabiano, pai dessa família, pensa que as palavras podem ser inúteis e até perigosas. No fundo, ele tem plena consciência de que elas carregam muito poder. Talvez ele saiba, indiretamente, que essa ausência das palavras os afasta uns dos outros e os afasta, sobretudo, da capacidade de acreditar que pode haver para eles uma vida diferente, mais justa.

Vidas Secas sempre me lembra do potencial que tem um texto, principalmente o texto literário. Entendo que a literatura nos deixa acreditar que existe possibilidade de mudança, de construção de um mundo com mais igualdade, mais compreensão, mais aceitação. Um mundo em que é possível amar sem ter medo.

Viagem Solitária – Memórias de um transexual trinta anos depois (João Nery)

Por Juan Jullian, escritor e autor de Querido Ex

Viagem Solitária, do ativista e escritor João Nery, falecido no ano passado, é um livro determinante na minha vida. A autobiografia acompanha a jornada do primeiro homem transgênero brasileiro a realizar uma cirurgia de readequação genital. É um didático convite para imersão em uma realidade constantemente subalternizada e fetichizada pelas narrativas ao nosso redor. Ao atribuir humanidade aos termos médicos e siglas, através de experiências narradas com uma honestidade brutal, João Nery deu um tapa na cara do meu ativismo muitas vezes focado na letra G, provando que a literatura é a forma mais eficaz de promover empatia.

Para além disso, o livro tocou em espaços dentro de mim que a literatura nacional não tinha alcançado antes. Como filho de uma mulher lésbica, que não performa a feminilidade nos termos que são esperados de uma mãe, tive a vergonha como companheira em muitos momentos da infância. Apesar das óbvias diferenças entre as vivências de uma mulher lésbica e de um homem transgênero, que nunca devem ser confundidas, João trata de sentimentos universais como o remorso, a culpa e a força exigida de um responsável que não se adequa às expectativas dos filhos e da sociedade, tão comum em pais e mães LGBTQ+, principalmente nesse momento em que somos caracterizados como inimigos da família e dos bons costumes. Testemunhar João falando da sua experiência familiar, foi ver refletido na página a minha própria família e, de certa forma, perdoar o Juan de sete anos que atirou um prato na parede quando descobriu que a mãe era lésbica. É impossível não se emocionar com Viagem Solitária, o registro de que, mesmo com todas os atentados contra a existência da nossa comunidade, seguimos aqui.

Would you rather? – A memoir of growing up and coming out (Katie Heaney)

Por Luisa Pinheiro

O livro de memórias da norte-americana Katie Heaney é uma boa leitura para quem está em processo de entender a própria sexualidade ou acabou de passar por uma mudança como a da autora, que passou a se identificar como lésbica apenas aos 28 anos. Todo o processo de encarar uma mudança dessas parece tão único, e é claro que cada caso tem suas particularidades, mas ler esse relato mostra como existem pontos coincidentes ou parecidos com o que a maioria vive.

Fazer uma lista de garotas que eram crushes antes que você percebesse que gostava de mulheres, pensar na sua relação com a série The L World ou analisar por que tantas lésbicas são fãs de Harry Styles. Esses são alguns dos temas abordados nos capítulos entre a história pessoal narrada pela autora, que já havia escrito sobre nunca ter namorado aos vinte e poucos anos em Never Have I Ever, assunto que também aparece no seu livro mais recente. Só fez falta no relato uma abordagem mais honesta sobre como ela se identificou como lésbica (e não bissexual, por exemplo) depois de uma vida tendo crushes em homens.


** A arte em destaque é de autoria da editora Ana Luíza. Para ver mais, clique aqui!