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6 álbuns de mulheres que merecem sucessores em 2020

A cada final de ano não apenas no Valkirias, mas em diversos outros sites, saem listas de melhores do ano. É uma forma compacta de relembrar tudo o que de melhor que foi produzido na cultura pop durante o ano ou que deixamos passar por conta da correria da vida. Assim como existem estas listas celebrando os lançamentos, também é interessante elencar as artistas que nos deixaram abandonadas aguardando novos projetos para podermos matar as saudades.

Informalmente, quase todos os últimos anos, nós fizemos essas listas, pedindo por álbuns novos de mulheres incríveis, e em alguns casos fomos ouvidas. Gosto de acreditar que nossas artistas queridas lêem o Valkirias de vez em quando e atendem nossas preces. Resta saber quais dessas artistas vai nos ouvir dessa vez.

Rihanna

6 álbuns

Acho que não preciso falar sobre quem é Rihanna. Exatamente por Rihanna ser tudo e mais um pouco é difícil de começar, mas Robyn Rihanna Fenty é cantora, ícone fashion, empresária, atriz, filantropa, designer, entre tantas outras coisas. Riri também foi a primeira mulher e primeira mulher negra a se tornar dona de uma marca de luxo, a Fenty, que faz parte dos restrito grupo LVMH. Ela fez e continua fazendo de tudo. Desde o seu primeiro single, “Music of The Sun” até suas últimas músicas lançadas, seja em parceria ou álbum solo, Riri sempre quebrou o padrão e influenciou todos os tipos de indústrias, artistas e pessoas.

Foram álbuns, prêmios, turnês e singles de sucesso: “Umbrella”, “Don’t Stop The Music”, “Rude Boy”, “Only Girl in the World”, “Diamonds”, “We Found Love”, “Work”, “Needed Me” são algumas das primeiras músicas que vem a cabeça quando lembro dos singles da Rihanna. Isso porque não comecei a falar dos featurings que tem uma lista à parte. Não tem jeito. Rihanna é sinônimo de sucesso e excelência em todas as áreas, além de ser uma pessoa altamente querida em todos os meios em que está e pelo público no geral. É difícil hoje em dia manter uma admiração a alguém como temos com Riri. Acredito que grande parte do seu sucesso venha de uma visão muito realista de mundo, sempre deixando muito claro no que acredita, fazer muito mais do que falar e de ser extremamente discreta. Nós sabemos de Rihanna o que ela quer que saibamos, e é isso que torna sua música, e ela, tão magníficas.

O que esperar: Riri disse que o álbum seria lançado em 2019, mas no final do ano quando foi questionada simplesmente ignorou a pergunta. Já existiram boatos que seria um álbum inteiro de reggae e já tivemos boatos que seriam dois álbuns, um que fala de suas origens — ou seja, com influência do reggae — e outro que agradaria a maioria dos seus fãs. Recentemente, em uma live do Instagram, um fã perguntou sobre a música nova e ela, bem direta, respondeu que estava tentando salvar o mundo, diferente de alguns presidentes. Uma coisa é certa: é impossível saber o que esperar de verdade um álbum de Riri. Todos os seus últimos álbuns foram muito diferentes dos trabalhos anteriores e influenciaram a indústria da música pelo próximos anos. Não dá pra saber o que esperar, mas sabemos que vai ser algo grande e inovador, como tudo que ela faz.

Normani

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Todo mundo que escuta e acompanha cultura pop já ouviu falar da Normani muito pelo fato dela ter ter sido uma das integrantes do Fifth Harmony, mas quantas pessoas sabem quem realmente ela é? Nos últimos anos seu nome começou a ser aos poucos, mas bem aos poucos, sussurrado em nossos ouvidos e gravado em nossas mentes. Nascida em Atlanta, mas criada em Nova Orleans, Normani Kordei Hamilton foi feita para o estrelato. Desde pequena frequentou aulas de dança e canto, além de comparecer a audições com sua mãe. Alguns anos mais tarde conseguiu fazer parte do 5H, mas sabemos que seu talento nunca foi realmente enaltecido na banda. Ficou conhecida como a dançarina e era sempre a integrante que menos cantava nas músicas, até mesmo sendo excluída totalmente, apesar da sua voz ser incrível. Por muitos anos, Normani viveu nas sombras das suas amigas e até mesmo entre os próprios fãs — e isso para não mencionar o racismo sofrido por ela em todos esses anos, inclusive de companheiras de banda e por parte dos fãs dessas integrantes.

Dois anos atrás, sua voz finalmente começou a chamar atenção. Normani gravou duetos com Khalid e Sam Smith, se apresentou no BMI R&B/Hip Hop Awards em uma homenagem a Janet Jackson em que a própria a encheu de elogios, assim como Nicki Minaj. Sua ídola, Beyoncé disse estar orgulhosa dela, e Normani ainda tornou a primeira embaixadora da Savage x Fenty, a linha de de lingerie de Rihanna, além de se apresentar no primeiro desfile na NYFW e receber elogios da própria falando que queria ser ela. Não existe sentimento para descrever o que seria ouvir algo semelhante destas pessoas, mas para uma jovem mulher negra que cresceu inspirando-se nessas artistas ser finalmente reconhecida por suas colegas de carreira, e ídolas, deve ser de outro mundo.

Mani lançou “Motivation”, escrito por sua amiga e companheira de turnê Ariana Grande ao lado de Max Martin, como seu primeiro single no ano passado. Um clipe para a música foi lançado e nele pudemos ver Normani interpretando versões de seus ídolas enquanto homenageia os vídeos antigos delas. Atualmente Normani vem sendo comparada à Beyoncé, mas prefiro acreditar que ela vai ser simplesmente Normani e fará as coisas do jeito dela porque ela é única, assim como todas as outras artistas que a influenciaram e hoje em dia a admiram.

O que esperar: Nossa última informação é que o álbum de Normani está prometido para o verão norte-americano (sem data exata definida, mas provavelmente entre junho e agosto deste ano). Em uma entrevista para Rolling Stone, Normani disse que vem pensado muito sobre gêneros e está cansada de ouvir que o pop é um insulto. Em dois anos de carreira solo, a artista lançou poucos singles autorais, mas de sucesso, gravou com grandes nomes do pop assim como contribuiu com diversos rappers e artistas R&B em outras canções. Normani é uma mulher de 23 anos que ainda está se descobrindo e assume ser uma pessoa/artista fechada. Na mesma entrevista, ela disse que está aprendendo a se abrir em suas letras enquanto vai se descobrindo como mulher. Será fascinante acompanhar essa jornada.

Lorde

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Aqui no Valkirias nós amamos a Lorde. Não é mistério pra ninguém o quanto adoramos falar sobre ela. Uma cantora tão fascinante que merece todos os textos possíveis para sua arte, mas antes de ser Lorde, e nos dias normais e horas vagas, ela é Ella Marija Lani Yelich-O’Connor, uma garota de 23 anos de idade da Nova Zelândia que tem o mundo pop nas mãos. Desde o seu primeiro sucesso, “Royals” há oito anos, Lorde atingiu o status de superestrela e referência do pop. Com apenas 17 anos, lançou Pure Heroine, seu primeiro álbum, que foi sucesso no mundo todo — um trabalho que tem uma coesão de faixas perfeitas como poucos outros. Com esse trabalho atemporal, Lorde conquistou diversos prêmios e logo estava gravando e trabalhando como curadora de trilha sonora para blockbusters, fazendo uma turnê gigantesca, se apresentando nos maiores festivais e programas de televisão do mundo — e isso tudo antes de completar 20 anos. Lorde, ou Ella, poderia ser só uma prodígio que deu certo. Havia a possibilidade de não suprir as expectativas com seu segundo álbum — sabemos que na carreira de um artista é o make it or break it pela pressão e pelo processo criativo apressado e diferenciado —, mas não foi seu caso.

Em 2017 foi lançado seu segundo álbum, Melodrama, que conseguiu ser ainda melhor que o primeiro. Repleto de músicas que tocam no fundo do coração, algumas que te fazem querer dançar, e outras que te colocam pra chorar, Melodrama é cheio de mensagens e de letras belíssimas. Foram diversos sucessos como “Green Light”, “Supercut” e “Perfect Places”, diversos shows pelo mundo, inclusive aqui no Brasil, no Popload de 2018, em que essa que vos escreve teve o prazer de vê-la ao vivo. Foi um dos melhores shows da minha vida. A energia que Lorde traz para sua performance é tão incrível quanto a que podemos sentir em suas letras e melodias. Aliás, todo o processo de produção da sua arte, sua forma de pensar e criar é por si só fascinante, assim como Ella ou Lorde, a artista e a pessoa por trás dele são inigualáveis.

O que esperar: Infelizmente, alguns meses atrás seu cachorro, Pearl, faleceu e ela comentou que “preciso de tempo para ver o lado bom de novo” antes de começar a trabalhar em músicas novas. Pelo que sabemos, Lorde já estava em processo de composição e inspiração, mas a própria afirma que com ela tudo leva muito tempo. Por enquanto, seu foco são os projetos que a interessam mais como jardinagem e confeitaria. Quem sabe até o final do ano tenhamos mais informação ou um single. Só nos resta torcer.

Duda Beat

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Sinto Muito é o primeiro disco de Eduarda Bittencourt, uma libriana de 32 anos mais conhecida como Duda Beat, o maior sucesso atual no cenário pop e alternativo brasileiro. Impossível em algum momento da sua vida, nos últimos dois anos, não ter escutado uma música de Duda, seja em festa, na rádio ou em reunião de amigos. Essa pernambucana pegou o Brasil pelo pescoço e fez todo mundo se apaixonar. Seja por “Bixinho”, com letra e melodia impossíveis de não cantar e se identificar: “E o que é que tem?/Só mais uma vez não vai fazer diferença/Mais uma vez não vai fazer diferença”.

Duda é uma mulher sincera e segura de si. Fala para quem quer ouvir que deseja que suas músicas cheguem ao maior número de pessoas exatamente por saber que suas melodias e letras são de fácil identificação. Nem sempre foi assim, visto que, há alguns anos, ela era uma estudante de Ciências Políticas que cantava nas horas vagas e escrevia letras sobre a rejeição que levou dos dois únicos caras que tinha amado até então. Assim como ela, todo mundo já viveu perdas e rejeições. É uma das coisas que faz a gente se identificar tanto com sua música.

Atualmente, Duda está em todo canto: colocando single atrás de single nas listas das músicas mais ouvidas do Brasil, cantando no Carnaval com Ivete Sangalo, aparecendo em capas de revistas e programas de televisão, se apresentando fora do país e virando referência de estilo para o cenário brasileiro. Dizem que você não consegue ser totalmente criativo se perde muito tempo focando no que as outras pessoas pensam de você e isso faz todo o sentido para Duda Beat. Tantas coisas mudaram na vida de Duda nos últimos anos, mas quando decidiu abraçar seu verdadeiro sonho e sua confiança de ser quem é, foi quando a artista finalmente apareceu.

O que esperar: Duda disse que sua meta é lançar um álbum novo a cada dois anos e, entre eles, fazer singles mais comerciais. A intenção seria lançar o álbum ainda este ano, mas por conta da pandemia tudo se atrasou. Em uma das suas últimas entrevistas, ela disse que o projeto ainda estava em processo inicial, mas por conta da pandemia tudo está parado. Nos resta aguardar.

SZA

Apesar da vida de Solána Imani Rowe, mais conhecida como SZA, ter mudado bastante nos últimos anos, tudo começou bem lentamente. Diferente da maioria das artistas desse texto, Solána deixou a música de lado por muito tempo, se formou na faculdade, trabalhou e somente depois decidiu seguir seu caminho focando na sua carreira musical. A primeira vez que ouvi falar de SZA foi quando o Anti, mais recente álbum de Rihanna, saiu e sua primeira faixa — uma mistura de reggae com pop — conta com a participação da mesma. Um ano e meio depois, seu primeiro álbum Ctrl foi lançado e sua voz foi finalmente ouvida.

Ctrl é um álbum único, daqueles que não envelhecem porque a música fala diretamente com você e a melodia não é baseada no que está tocando nas rádios, mas no que realmente combina com a mensagem que a artista quer passar e com quem ela é. Em seu primeiro disco, SZA conseguiu fazer uma obra impossível de enjoar, sem se tornar inimigo do tempo, e com uma vulnerabilidade absurda. Poucas são as artistas que assumem transparência com seus medos e inseguranças desde suas primeiras músicas. Apesar de tudo isso, Solána é uma pessoa reservada, não dá muitas entrevistas, e prefere estar com os seus — sua mãe, avó, e amigos — do que ser vista com famosos por todos os cantos do mundo. Em suas fotos do Instagram, vocês podem notar, sua essência e felicidade estão em ficar próxima a natureza, em cristais e em se conectar com ela mesma.

Ainda assim, seu lado reservado em nenhum momento a impediu de conquistar o mundo. Foram indicações, —inclusive nove ao Grammy —, diversos outros prêmios, shows e músicas em trilhas sonoras de filmes como Pantera Negra. SZA escreveu para outros grandes nomes do pop e colaborou com outros nomes de peso como seus ídolos Stevie Wonder, Pharell e Kencrick Lamar. Mas, para mim, sua maior conquista foi fazer um álbum, que com o mínimo de divulgação, foi lentamente conquistando todo mundo. Independente da sua preferência musical, é bem provável que você goste e se conecte com uma de suas músicas. Pode ser cantando “Lovegalore”, ou se identificando com o sentimento de inferioridade como em “Supermodel”. Em minha opinião, poucas artistas conseguem revelar tanto de si mesmas, ainda mantendo a discrição, e SZA é uma delas.

O que esperar: Assim como os de sua amiga Riri, seus fãs estão ficando impacientes. Quase três anos depois do lançamento de Ctrl, SZA não lançou nenhuma música autoral, só featuring com outros artistas. Em uma entrevista recente comentou “Sairá música nova esse ano, com certeza, mas um álbum? Essas já são palavras fortes demais”. Na mesma matéria, disse que as pessoas não sabem quem ela é, que sabe que eles querem conhecê-la e que irá nos mostrar isso.

Iza

Em novembro de 2016 saía o primeiro single, intitulado “Quem Sabe Sou Eu”, de uma cantora que viria a se tornar uma das artistas mais importantes da última década em nosso país. Entretanto, somente um ano depois seu single “Pesadão” começou a tocar em todos os lugares. Foi com essa música, em parceria com Marcelo Falcão d’O Rappa, que Iza surgiu. Sua voz já tinha sido ouvida em trilha sonora de novela, mas foi com este single, seguido por “Ginga”, em colaboração com Rincon Sapiência, que as coisas mudaram de vez. Em seguida, seu primeiro álbum batizado de Dona de Mim foi lançado, junto com o single de mesmo nome, trazendo a temática do empoderamento feminino.

Desde cedo a carioca Isabela Lima sabia o que queria fazer: cantar. Anos antes começou seu canal no YouTube onde postava covers de artistas nacionais e internacionais enquanto balanceava sua vida de cantora e shows em barzinhos com a faculdade — Iza é formada em Publicidade e Propaganda — e seu estágio como editora de vídeo. Mas um dia decidiu largar tudo e “virar” cantora. Segundo a própria, não conseguia permanecer em emprego nenhum porque se entediava facilmente e não seguia seu único sonho: cantar. As portas se abriram, seu nome começou a crescer e hoje em dia Iza é a maior representação feminina no pop nacional.

Desde a sua voz, as letras de suas músicas, seus clipes, sua simpatia, Iza representa a diva pop negra no Brasil. Hoje em dia, Iza está com o nome consagrado sendo uma das juradas do The Voice, fazendo shows por todo Brasil, emprestando sua voz dublando Nala em O Rei Leão — voz que nos Estados Unidos foi feita por ninguém menos que Beyoncé — mas, acima de tudo inspirando tantas jovens negras com a sua simpatia e talento sem medidas. Iza é uma das maiores referências do que chamamos de artista/estrela, sendo amada e admirada por seus colegas de carreira e por todo país.

O que podemos esperar: No final do ano passado, Iza comentou que o novo álbum chega esse ano. Não deu muitos detalhes se está em processo de gravação, composição ou se já estaria finalizado. Vamos torcer para que saia single novo logo e que o álbum não seja atrasado por conta da pandemia. Estamos esperando, Iza!