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10 mulheres para conhecer nesse 8 de Março

O 8 de março, instituído na década de 70 pela Organização das Nações Unidas (ONU) como Dia Internacional da Mulher, não é um dia de congratulações e presentes. Apesar de merecermos todas as felicitações possíveis por sobrevivermos em um mundo que não foi feito para nós, nenhuma rosa, chocolate ou texto bonito faz jus ao que a data realmente significa: luta. O Dia Internacional da Mulher não é uma comemoração, mas um lembrete do quanto nós, enquanto classe, já lutamos e ainda vamos ter que lutar para conquistar nosso lugar ao sol, para acabar com a opressão da qual nenhuma luta até hoje conseguiu nos livrar completamente. Mas não vamos desistir.

A história que conhecemos é a história de quem manda, de quem tem poder estrutural para ditar a verdade hegemônica, e nesse processo milhares de vozes são silenciadas, milhares de nomes importantes caem no esquecimento. É por isso que hoje, nesse 8 de março, vamos relembrar alguns (poucos entre os muitos existentes) nomes de mulheres que contribuíram, e até hoje contribuem, para que o mundo em que nós vivemos seja um pouco melhor do que era ontem e, esperamos, um pouco pior do que será amanhã.

Alda Facio

Alda Facio - 8 de março

“O feminismo e as feministas te dão forças, saber-se parte de um movimento mundial é algo que dá muita energia para seguir adiante.”

Nascida na Costa Rica em 1948, Alda Facio se descobriu feminista no fim da adolescência e não desistiu da ideia nunca mais. Aos 16 anos, caiu em suas mãos o texto de Kate Millet que viria a se tornar o livro Política Sexual, texto este que, nas palavras da própria, “mudou-lhe a vida”. Especialmente sensível à causa dos direitos humanos e, em especial, da questão da mulheres, Alda cursou mestrado na Universidade de Nova York em direito comparado e direito internacional, com ênfase nos direitos da mulher.

Durante seus estudos, apoiou e participou de manifestações pacifistas contra a Guerra do Vietnã. Jurista, professora, escritora e especialista em gênero e direitos humanos desde a década de 80, Alda dedicou sua vida a combater o machismo e a violência de gênero dentro e fora do direito. Atualmente, aos 70 anos, continua ativa em sua militância e coleciona atuações em diversas frentes de combate da violência contra a mulher na ONU e no Tribunal Penal Internacional.

bell hooks

bell hooks - 8 de março

“Feminismo é um movimento para acabar com o machismo, a exploração machista e a opressão.”

Nascida Gloria Jean Watkins em Hopkinsville, uma cidade pequena e segregada no Kentucky, Estados Unidos, em 1952, bell hooks adotou como pseudônimo o nome de sua bisavó materna. Tendo estudado a maior parte da vida em escolas racialmente segregadas, bell passou por dificuldades na transição para escolas integradas, de maioria branca. A escritora bacharelou-se em letras pela Universidade de Stanford e cursou o mestrado também em letras na Universidade de Winsconsin-Madison. Após diversos anos de escrita e ensino, ela concluiu o doutorado com uma dissertação sobre a escritora Toni Morrison.

Sua primeira publicação foi um livreto de poemas intitulado And There We Wept [E Ali Nós Choramos], em 1978. Trabalhou como professora universitária durante anos e publicou, em 1981, seu trabalho mais conhecido Ain’t I a Woman: Black Women and Feminism [Eu Não Sou Uma Mulher?: Mulheres Negras e Feminismo], escrito anos antes, enquanto ela ainda era estudante da graduação, que deu origem ao seu volumoso corpo de trabalho a respeito das interseções entre racismo, machismo e capitalismo, e seus efeitos na vida de mulheres negras. Possui mais de 30 livros publicados não apenas sobre temas de gênero, classe e raça, como também sobre autoajuda, memórias e sexualidade. Em três livros convencionais e quatro livros infantis, a autora defendeu que a capacidade de comunicação e a alfabetização são as chaves para a construção de sociedades saudáveis e livres de opressões de qualquer tipo.

Djamila Ribeiro

Djamila Ribeiro - 8 de março

“Não é por birra que reclamamos, é por justiça. Não nos enganemos, mulheres, não alimentemos as estruturas de poder porque elas atingem a todas nós.”

Nascida em 1980 na cidade de Santos, São Paulo, Djamila Ribeiro é graduada e mestre em Filosofia Política pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com ênfase em estudos feministas. Filha de militante comunista, Djamila esteve em contato com o meio ativista desde a infância, e aos 18 anos se envolveu com a ONG Casa da Mulher Negra, onde passou a estudar temas relacionados a raça e gênero. Foi nomeada Secretária-Adjunta de Direitos Humanos de São Paulo em 2016, durante a gestão de Fernando Haddad.

Djamila ganhou notoriedade por sua atuação como militante feminista negra pela internet, e defende a importância da mesma como ferramenta política pelas mulheres negras, historicamente invisibilizadas pelos meios de comunicação hegemônicos. A escritora atua como colunista em diversos sites.

Gloria Steinem

Gloria Steinem - 8 de março

“O feminismo nunca foi sobre conseguir trabalho para uma mulher. Feminismo é sobre fazer a vida mais justa para a mulher em qualquer lugar. Não é sobre um pedaço de torta que já existe; existem muitas de nós para isso. É sobre fazer uma nova torta.”

Nascida em 25 de março de 1934, em Toledo, nos Estados Unidos, Gloria Steinem tornou-se um dos principais nomes do feminismo estadunidense, particularmente na década de 1960, quando passou a ter mais presença no movimento. Jornalista por formação, Steinem foi responsável por expor o que acontecia nos clubes da Playboy durante a década de 60, em um artigo publicado na revista Show, em 1963. Nele, Gloria relata sua experiência como “coelhinha” — ela fora a única jornalista a conseguir trabalhar no clube sem levantar suspeitas —, as condições de trabalho precárias e muitas vezes abusivas sob as quais mulheres precisavam se submeter, desconstruindo a aura de sofisticação à qual essas mulheres estavam relacionadas e o falso discurso de libertação sexual feminina vendido por Hugh Hefner.

O grande ponto de virada na vida de Gloria, contudo, aconteceu quando esta fez um aborto. À época, ela encontrou compreensão e entendimento no feminismo, o que a aproximou do movimento de forma definitiva. Em 1971, Gloria criou o National Women’s Political Caucus, em parceria com outros nomes importantes do feminismo, como a ativista Betty Friedan e a advogada Bella Abzug. Ela também tornou-se pioneira ao criar e editar a revista feminista Ms. que, anos mais tarde, se tornaria a primeira publicação a trazer a violência doméstica em sua capa. Seus artigos mais famosos são “A Verdadeira Linda Lovelace” e “Se os Homens Menstruassem”, embora tenha publicado inúmeros artigos e livros, lançados, inclusive, no Brasil. Em 2010, Gloria foi considerada uma das 25 mulheres mais poderosas pela revista Time.                    

Maya Angelou

Maya Angelou - 8 de março

“Você pode me arrastar no pó. Mas ainda assim, como o pó, eu vou me levantar.”

Nascida em Saint Louis, no estado norte-americano do Missouri, em 1928, Maya Angelou é o pseudônimo adotado por Marguerite Ann Johnson, poetisa e escritora de sucesso e relevância mundial. Os pais de Maya se separaram quando ela e seu irmão eram pequenos, então a dupla foi criada pela avó, pessoa que ensinou à Maya os valores que ela carregaria por toda a vida. Crescer no Arkansas, para onde a pequena Maya se mudou para viver com a avó, não foi fácil e a menina testemunhou desde cedo a segregação e discriminação racial, algo intrínseco à vida no sul dos Estados Unidos. Aos oito anos de idade, Maya foi estuprada pelo namorado de sua mãe; envergonhada pelo acontecido, a menina contou apenas ao irmão o que tinha acontecido, mas um tio tomou conhecimento da violência e matou o homem responsável pelo abuso. Maya, chocada pelo poder de suas palavras, fechou-se em si mesma e permaneceu muda por longos anos, acreditando que a morte de seu agressor fora culpa dela. Somente aos treze anos de idade, a jovem voltou a falar. A vida como escritora e poetisa de Maya só veio a começar muitos anos depois, quando ela já tinha sido mãe solo aos dezessete, motorista de ônibus em São Francisco (a primeira mulher negra a fazê-lo) e ter excursionando pela Europa apresentando uma montagem da ópera Porgy & Bess enquanto cantora.

Maya sempre teve uma veia artística e seus talentos foram aprimorados durante os anos em que estudou dança e arte dramática na adolescência. Seu ativismo latente começou a despertar quando Maya se mudou para Nova York no final da década de 1950 e passou a fazer parte da Corporação dos Escritores do Harlem, um grupo de jovens escritores e artistas negros cada vez mais envolvidos com o Movimento dos Direitos Civis. A partir de então, Maya passou a se relacionar com pessoas como Malcolm X, ativista pelos direitos humanos, e Martin Luther King, líder de um dos mais importantes movimentos pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. Um tópico recorrente na produção literária de Maya é sua própria biografia, tema que ela abordou pela primeira vez no livro I Know Why the Caged Bird Sings (Eu Porque o Pássaro Canta na Gaiola, no Brasil), em que narra sua história de vida, desde a infância no Arkansas; o livro, publicado na década de 1970, alcançou sucesso mundial e pavimentou a carreira de Maya enquanto escritora, levando-a escrever o roteiro e compor uma das músicas do filme Georgia, Georgia, de 1972. O roteiro de Maya, primeiro escrito por uma mulher negra a ser transformado em filme, foi indicado para o Prêmio Pulitzer daquele ano. A vida de Maya não foi fácil, mas ela usou de toda sua força e criatividade para pavimentar um lugar para si no mundo. A poetisa e escritora transformou-se em uma voz de importância para as mulheres, principalmente as negras, com textos que falavam de superação, identidade, força e racismo.

Octavia Butler

“Comecei a escrever sobre poder porque era algo que eu tinha muito pouco.”

Filha de uma empregada doméstica e um engraxate, Octavia Estelle Butler nasceu em 1947 em Pasadena, nos Estados Unidos. Ela viveu uma infância humilde, mas sempre foi incentivada pela mãe a ler e buscar conhecimento, coisa que ela fazia com vontade e empolgação. Aos poucos, a jovem Octavia passou a se interessar por histórias de fantasia e ficção científica, mas nunca se via retratada nas aventuras que lia ou acompanhava pela televisão. O reino do faz de conta, ao que parecia, era um espaço reservado aos brancos, principalmente ao homens brancos. Octavia, no entanto, sabia que tinha capacidade para criar histórias que contemplassem personagens diversos e tramas muito mais interessantes do que aquelas que se acostumou a assistir na televisão e assim, sempre incentivada por sua mãe, ainda que o mundo quisesse que ela acreditasse no contrário, a menina persistiu em seu sonho de escrever ficção científica.

O primeiro livro da autora foi publicado em 1979, e Kindred: Laços de Sangue, publicado no Brasil pela primeira vez em 2017 pela Editora Morro Branco, se tornou um fenômeno e possibilitou que Octavia não mais precisasse dividir sua rotina entre dois empregos temporários, e a escrita, para se sustentar. Kindred espelha um pouco da história da própria Octavia, visto que Dana, sua protagonista, é uma mulher negra e escritora que batalhou para viver de suas histórias quando todos lhe diziam que ela não podia fazer isso. Dana, no entanto, viajava no tempo dos Estados Unidos da década de 1970 para o início do século XIX sempre que um antepassado precisava de ajuda; a questão é que aquele era um tempo em que a escravidão estava em vigor e um mundo perigosíssimo para uma mulher negra. Octavia escrevia ficção científica, sim, mas inseria em seus enredos questões inerentes à própria humanidade, suas condições diversas e o racismo. Por meio de suas obras — vencedoras de prêmios importantes da literatura de ficção científica, como o Nebula Award e o Hugo Award —, Octavia descrevia o mundo que queria ver e passava a mensagem que era importante, mostrando que uma mulher negra podia, sim, escrever ficção científica — e do melhor tipo.

Rose Marie Muraro

Rose Marie Muraro

“O homem vê a mulher como se estivesse num frigorífico: um pedaço de nádegas, olhos grandes, cabelos pretos, seios fartos. Ele enxerga a mulher aos pedaços.”

Nascida em 1930 no Rio de Janeiro, Rose Marie Muraro foi uma intelectual, escritora e ativista feminista. Apesar de ter nascido em uma das famílias mais ricas do Brasil, já aos 15 anos, após a morte repentina do pai, rejeitou suas origens para se dedicar à luta por um mundo mais justo e livre. Nascida quase completamente cega, Rose deixou um legado de mais de 40 livros, além de ter editado mais de 1600 títulos quando ocupou o cargo de diretora da Editora Vozes. Foi uma das pioneiras do movimento feminista brasileiro durante os anos 70 e, apesar de ser católica e religiosa, foi perseguida pela igreja em razão dos seus ideais políticos, tendo sido expulsa da Editora Vozes por ordem do Vaticano, em 1986, após a publicação do livro Por Uma Erótica Cristã.

Rose Marie foi eleita, nove vezes, “Mulher do Ano”. Em 1990 e 1999 recebeu o título “Mulher do Século”, da revista Desfile, o prêmio de “Intelectual do Ano”, em 1994, pela União Brasileira dos Escritores. Seu trabalho como editora foi um marco na resistência contra a ditadura militar no Brasil, motivo pelo qual foi agraciada pelo Senado Federal com o Prêmio Teotônio Vilela. Editou um livro recentemente relançado Selo Rosa dos Ventos da Editora Record e foi nomeada Matrona do Feminismo Brasileiro pelo Congresso Nacional. Aos 66 anos, recuperou a visão após uma cirurgia. Mesmo após sua morte, em 2014, aos 83 anos, continua a fazer parte ativa dos círculos feministas do Rio de Janeiro por meio do Instituto Cultural Rose Marie Muraro, que abriga sua biblioteca e dá abrigo a diversos projetos e iniciativas feministas abertas ao público.

Sojourner Truth

Sojourner Truth

“Se a primeira mulher que Deus fez foi capaz de virar o mundo de cabeça para baixo sozinha, essas mulheres aqui reunidas serão capazes de virá-lo de cabeça para cima de novo.”

Nascida Isabella (BelleBaumfree, em 1797, em Swartekill, Nova York, em situação de escravidão, a ativista conseguiu fugir para a liberdade com sua filha, em 1826. Em 1828 entrou na justiça para recuperar o filho e se tornou a primeira mulher negra a vencer um caso contra um homem branco. Adotou o nome Sojourner Truth em 1843, por chamado divino. Lutou pela causa abolicionista e dos direitos das mulheres, sendo uma das poucas mulheres negras a participar do movimento sufragista majoritariamente branco, e deu diversos discursos memoráveis durante as reuniões das associações sufragistas, apesar da má recepção por parte das feministas brancas.

Seu discurso mais conhecido foi dado em uma convenção em 1851, em resposta a um homem contrário ao voto feminino com base na inferioridade física e moral das mulheres. O discurso, que ficou amplamente conhecido sob o título “Ain’t I a Woman? ” [Eu Não Sou Uma Mulher?], usando a exploração das mulheres negras e suas experiências pessoais como mão de obra escravizada na agricultura para derrubar os argumentos que contestavam as capacidades femininas. Durante a Guerra Civil estadunidense, Sojourner ajudou a recrutar tropas negras para o exercito da União, e lutou sem sucesso pela concessão de terras a ex-escravos. Em 2014 foi incluída na lista de “100 maiores americanos de todos os tempos” da revista Smithsonian.

Susan Brownell Anthony

“Nenhum homem é bom o suficiente para governar uma mulher sem seu consentimento.”

Susan Brownell Anthony nasceu em Massachusetts, nos Estados Unidos, em 15 de fevereiro de 1820. Foi a maior defensora os direitos das mulheres durante o período vitoriano, época na qual mulheres não contavam com direitos extremamente básicos como o direito ao voto ou exercer suas profissões após concluírem ensino superior, e eram tidas como posse dos homens da família, fossem eles seu marido, pai ou irmão. Susan engajou-se no movimento feminista em meados de 1851 e pouco a pouco conquistou espaço, garantindo, desse modo, direitos que antes nos eram negados. Sua primeira conquista foi o direito de mulheres à propriedade — antes impossibilitadas de possuírem bens registrados no próprio nome, mulheres passaram a ter esse direito com a ajuda de Brownell. Sua grande ambição, o direito feminino ao voto, contudo, só foi alcançado após sua morte. Sua importância para o movimento feminista não foi esquecida, no entanto, e a emenda constitucional que assegura o voto feminino é, até hoje, conhecida como Emenda Anthony.

Sua aversão à sociedade patriarcal ia muito além: ainda na juventude, Anthony decidiu que jamais iria se casar, uma posição que manteve por toda a vida. Anos depois da sua morte, Susan continuaria a inspirar muitas mulheres feministas, que também se tornaram nomes proeminentes do movimento, como Gertrude Stein, que a eternizou como “a mãe de todas nós”, e não há dúvidas de que sua ferocidade foi responsável por garantir que tivéssemos direitos jamais imaginados por mulheres antes dela.

Vandana Shiva

Vandana Shiva

Nascida em Dehdarun, em 1952, Vandana Shiva é uma física, ecofeminista, ativista ambiental e anti-globalização indiana, uma das fundadoras e parte da diretoria do Fórum Internacional sobre Globalização. Cursou graduação e mestrado em ciência na Universidade Panjab em Chandigarh, antes de se mudar para o Canadá para concluir o mestrado e doutorado em Filosofia da Ciência.

Atualmente, Shiva atua principalmente no ativismo relacionado ao meio ambiente, propriedade intelectual e engenharia genética, lutando pela manutenção dos saberes e práticas tradicionais de agricultura e contra o agronegócio imperialista baseado na engenharia genética e na monocultura, danoso tanto ao meio ambiente quanto aos pequenos agricultores e suas comunidades. Seu ativismo se baseia, também, em grande parte, nas relações entre mulheres e meio ambiente, especialmente em países periféricos. Foi reconhecida como heroína ambiental pela revista Time em 2003 por sua defesa da promoção da biodiversidade como forma de aumentar a produtividade, a nutrição e a renda dos trabalhadores da agricultura. Vandana também advoga contra os pesticidas e as sementes geneticamente modificadas que, segundo ela, levam à infertilidade do solo e estão associados aos aumentos de custos de saúde. Como ecofeminista, Vandana Shiva defende que uma abordagem mais sustentável e produtiva da agricultura gira em torno da participação e conhecimentos reunidos pelas mulheres como mudança fundamental do sistema atual, centrado na “lógica patriarcal de exclusão”.