Durante a quarentena, devido a pandemia do corona vírus, o entretenimento, mais do que nunca, tornou-se uma forma de escape, nos fazendo buscar na despretensão das maratonas de filmes e séries uma forma de manter a sanidade durante um período tão turbulento. Para muitas de nós, isso significou buscar alento em produções cheias de momentos fofos, românticos e que, mesmo com pitadas de drama, tristeza e desencontros, nunca falham em nos dar um abraço quentinho e um afago no coração, e dizer que, sim, mesmo em meio a tanta tragédia e perdas sucessivas o amor ainda existe e podemos acreditar nele como um caminho para ter esperanças. Estamos falando dos k-dramas, produções sul-coreanas compostas em sua maioria por cerca de dezesseis episódios com uma média de uma hora de duração cada, que vão ao ar semanalmente.
Até a atriz e diretora Eliane Giardini virou “dorameira” — termo usado para descrever aqueles que acompanham os doramas. Durante o programa É de Casa, exibido pela Rede Globo, ela confessou estar acompanhado muito as produções e conhece mais Seul, capital da Coreia do Sul, do que qualquer outra cidade que já tenha visitado. E como não se apaixonar? Os doramas se enquadram em diversos gêneros, mas as que tem foco no romance ganham nosso coração. Com casais que arrancam suspiros, nos ensinam o verdadeiro significado de “destinados um para o outro” e ressignificam a todo momento os conceitos que aprendemos durante a vida sobre cuidado, amar e se importar, as histórias de amor contadas pelos k-dramas são um prato cheio para quem é apaixonado pelo amor. Para celebrar o Dia dos Namorados, a exemplo de quando listamos em outro especial da Semana do Amor casais ocidentais que nos fazem acreditar no amor, separamos alguns casais de k-dramas que tocaram nosso coração e nos fizeram desejar com todas as forças viver em um drama sul-coreano.
Song Shi On e Jin Hong Seok, You Make Me Dance
Os webdramas são uma ótima opção para quem quer acompanhar produções coreanas mais enxutas, sem muitos episódios. Também por serem lançadas online e com produções mais independentes, abordam temas ainda considerados tabus na Coreia do Sul de forma mais aberta e consistente.
Lançado neste ano, You Make Me Dance é um webdrama LGBT que acompanha a história de Song Shi On (Chu Young Woo), um estudante de dança que precisa se virar sozinho, e Jin Hong Seok (Won Hyung Hoon) um cobrador de dívidas. A história dos dois se cruza quando Hong Seok precisa cobrar o valor de um empréstimo feito por Shi On. Para ele, conseguir o pagamento da dívida é a porta de saída do emprego que o faz infeliz, por isso, ele está disposto a tudo, até em ir morar com Shi On para se assegurar que ele não escape e treine sua dança todos os dias a fim de ganhar um concurso, usando o prêmio para quitar a dívida.
São oito episódios, com uma duração média de quinze minutos cada, cheios de cenas que só a Coreia do Sul é capaz de nos entregar. A sensibilidade transborda da tela e os gestos, olhares, movimentos e o não dito falam muito alto entre o casal, que aos poucos vai se conhecendo, se importando um com o outro além da relação de devedor e cobrador e expressando um tipo de carinho e cuidado que nasce do mais sincero zelo e amor.
Kim Bok Joo e Jung Joon Hyun, Weightlifting Fairy Kim Bok-joo
Em A Fada do Levantamento de Peso Kim Bok Joo, o relacionamento da protagonista com Jung Joon Hyun (Nam Joo Hyuk) floresce junto com a amizade e com as descobertas sobre si mesma, sobre a vida e sobre quem se é, individual e coletivamente, diante do mundo. Coming of age cheio de delicadeza, sensibilidade e com uma trama que passa um enorme senso de realidade, o ponto forte desse drama é com certeza a dinâmica entre Kim Bok Joo (Lee Sung Kyung) e Jung Joon Hyun.
Ela, uma levantadora de peso prodígio; ele, um nadador quebrador de recordes que tem a imagem manchada por ter queimado a largada em competições. Dois mundos cheios de entremeios, vontades, angústias e sentimentos que colidiram quando eram crianças e voltaram a orbitar juntos quando estão descobrindo o que é ser adultos. Primeiro, nasce a amizade, em uma dinâmica cheia de troca de farpas e implicâncias que transbordam cuidado. Então, esse laço cresce e se expande de maneira que transforma-se em amor romântico, nos presenteando com dois momentos de uma doçura inigualável nesta descoberta: quando Jung Joon Hyun percebe que ama Kim Bok Joo; e quando ela aceita este sentimento e o reconhece como sendo dela também.
A partir daí, o relacionamento que já era baseado em companheirismo e em zelar um pelo outro só se fortalece, com os dois compartilhando a inocência de descobrir o primeiro amor e o turbilhão de emoções que vem junto com esse sentimento tão forte e cheio de camadas. Eles também compartilham entre si uma compreensão profunda por serem atletas, algo que define grande parte de quem são, e mesmo quando as experiências próprias não podem ajudar, o fato de serem extremamente vulneráveis e sinceros um com o outro, mostrando o que está em seu âmago e por vezes fica escondido de outros, os fortalece, o que deixa as românticas de plantão sonhando em conquistar uma relação tão em sintonia e confortável como a dos dois.
Afinal, como não se derreter com Kim Bok Joo dando uma bronca em Jung Joon Hyun por sumir após se desentender com a mãe e deixá-la morrendo de preocupação? Ou com a leal levantadora de peso sendo cabeça dura ao protestar ao ar livre durante o inverno rigoroso e Jung Joon Hyun, mesmo com raiva provinda da preocupação pela atitude, a apoia com um ato simples, mas gigantesco, de cuidado? Ou, ainda, com as trocas de olhares tão íntima e repleta de sentimentos que não podem ser nomeados tamanha a intensidade? Mesmo assim, eles tentam expressá-los, cheios de pequenos gestos que no acumulado acabam formando um relacionamento cheio de momentos bobos, como só dois jovens adultos podem ser, leve, mas também repleto de atenção, cuidado e companheirismo.
Han-sung e Yoo-joo, Coffee Prince
Coffee Prince é um clássico, até hoje celebrado pela visão de que o amor pouco tem a ver com padrões. O casal principal nos relembra que nos apaixonamos por pessoas, independente de quem elas são ou quem pensamos que são. Go Eun-chan (Yoon Eun-hye) e Choi Han-kyul (Gong Yoo) protagonizam essa superação dos marcadores definidos pela sociedade que acabam delimitando nossas experiências amorosas caso não estejamos dispostos a derrubá-los, mas existe na mesma trama uma outra relação que nos convida a refletir sobre os padrões impostos sobre os relacionamentos e como eles podem ser desconstruídos para que sejamos felizes na área romântica
Choi Han-sung (Lee Sun-kyun) é um primo de Han-kyul que acaba se interessando também por Eun Hye e é uma das poucas pessoas ao redor da protagonista que sabem que ela é uma mulher. Como o produtor musical e a mocinha com dificuldades financeiras que acaba se passando por homem para manter um emprego se dão bem, os dois apreciam a companhia e a gentileza um do outro. Esta atração inicialmente é correspondida, mesmo que ele esteja se recuperando de um término antigo mas ainda doloroso com Han Yoo-joo (Chae Jung-an), por quem o protagonista Han-kyul tem uma certa atração. Nos primeiros episódios, esse quadrado amoroso acaba deixando os espectadores curiosos, mas à medida que o drama se desenvolve, o quadrado vai se tornando um retângulo em que os dois casais acabam se afastando um do outro. De um lado, passamos a acompanhar Han-kyul lidando com sua inesperada atração por Go Eun-chan mesmo que ainda acredite que ela seja um homem. Do outro, vemos Han-sung e Yoo-joo aproximando-se outra vez. Agora eles precisam encarar as mágoas do passado e os sentimentos do presente.
Yoo-joo deixou Han-sung alguns anos antes para viver em Nova York com um outro homem. Ao voltar para Seul, o produtor e a artista lidam não só com a dor desse término não-esclarecido mas também com os atuais sentimentos de Han-sung por Go Eun-chan. É muito comum que dramas explorem o clichê do ciúme como prova de que se gosta do outro, e poucos casais lidam diretamente com esse sentimento, evitando diálogos que pouco favoreceriam o desenvolvimento da trama. Também não é incomum que personagens apaixonados neguem seus sentimentos e interesses uns pelos outros e por terceiros como parte de um jogo para ver quem admite primeiro que gosta do outro. Em Coffee Prince, somos surpreendidos pela maneira como Yoo-joo e Han-sung lidam com estes e outros assuntos espinhosos: com diálogo. Em uma série de conversas dolorosamente sinceras, mas necessárias, o casal admite os sentimentos entre eles e juntos elaboram maneiras de lidar com os ressentimentos do passado, as inquietações do presente e também alinham expectativas em relação ao futuro da relação.
Este par tão aberto a discutir expectativas, padrões e desfazê-los se for o que cai melhor a eles, nos ensina que relacionamentos saudáveis têm conversas desagradáveis. Han-sung e Yoo-joo olham com honestidade para questões desconfortáveis como o ciúme, o interesse por outras pessoas, o medo de perder, as mágoas e as expectativas conflitantes das pessoas envolvidas. Eles nos mostram que amor é um lar que precisa ser construído, e construção é trabalho: não é fácil, mas no fim, nos dá um abrigo seguro e mais confortável.
Yoo Shi-jin e Kang Mo-yeon, Descendants of the Sun
A primeira vez que entrei em qualquer tipo de contato com Descendants of the Sun foi bem depois de terminar meu primeiro dorama da vida, Crash Landing on You. Na ocasião, procurava outro k-drama para explorar melhor esse mundo e suas particularidades. O drama, estrelado por Song Joong-ki e Song Hye-kyo — que ficaram conhecidos como o casal SongSong, já que eles se casaram e se separaram na vida real —, é um dos mais populares e queridos pelos fãs dessas produções, e a série aparecia em basicamente todas as listas. Mas a verdade é que só fui assistir os capítulos pela primeira vez meses depois, quando vi alguém falando que o relacionamento deles lembrava o de Bellamy Blake (Bob Morley) e Clarke Griffin (Eliza Taylor) nas primeiras temporadas de The 100.
Curiosa (e um pouco de luto pela morte da relação dos outros personagens no qual eles foram comparados, por pessoas que também estavam apenas começando a explorar esse mundo), comecei Descendants of the Sun e não demorei muito para entender porque a comparação. A história acompanha o soldado Yoo Shi-jin (Song Joong-ki) e a médica Kang Mo-yeon (Song Hye-kyo). Ambos são líderes em suas respectivas comunidades e tem um modo muito diferente de olhar para o mundo e lidar com as coisas. Ao mesmo tempo, criam um laço profundo e especial. Com uma guerra como pano de fundo e episódios visualmente lindos porém tensos e cheios de ação, o dorama cria um romance que é star-crossed lovers de primeira qualidade: cheio de tensão, conversas significativas e subtextos.
O k-drama tem uma das minhas cenas românticas preferidas — quando Shi-jin abaixa para amarrar o cadarço da bota de Mo-yeon — e o título do segundo episódio é um dos meus favoritos já criados até então: “We Bump into Each Other While Passing By”. O que tudo isso indica? Que um bom romance é construído também por meio de sutilezas.
Chan Eun-ho e Kang Dan-i, Romance is a Bonus Book
Quando vi Romance is a Bonus Book, o drama imediatamente se tornou um dos meus favoritos (se não o favorito). Com um total de 16 episódios leves e divertidos, mas também cheio de profundidade, o roteiro explora a vida da protagonista Kang Dan-i (Lee Na-Young), que tem que voltar ao mercado de trabalho após se divorciar do marido, além de cuidar da filha e retomar aos poucos o controle do seu próprio destino. Depois de muita rejeição, ela acaba conseguindo um emprego na empresa do seu melhor amigo de infância, Chan Eun-ho (Lee Jong-suk), que sempre foi apaixonado por ela. Trabalhando juntos e morando na mesma casa, os dois passam a se aproximar cada vez mais e, eventualmente, Dan-i passa a enxergar Eun-ho com outros olhos.
Romance is a Bonus Book é uma obra completa. O k-drama fala não apenas do amor romântico, mas também explora diferentes formas de amor (como o da amizade, e como ela pode ser um aliado importante para as dificuldades da vida), solidão e expor e ser o seu eu verdadeiro em um mundo que nem sempre foi gentil — e te rejeitou milhares de vezes. É uma série que não tem medo de ser vulnerável e humaniza todos seus personagens, dando nuances até mesmo para aqueles que pareciam ser maniqueístas. No centro de tudo isso, a história de amor de Eun-ho e Dan-i se desenvolve de forma lenta e cuidadosa, mostrando os sacrifícios e os cuidados que um tem pelo outro.
Para ser bem honesta, nunca fui uma garota muito fã do tropo best friends to lovers (com algumas exceções raras), principalmente porque, na maioria das vezes, é muito difícil acertar e escrever boas cenas de tensão e angústia (“mutual pining”). E essas situações, em específico, praticamente se sustentam desses elementos. É muito mais fácil você criar esse sentimento de tensão entre duas pessoas que se odeiam, mas tem que superar as adversidades juntas, do que duas pessoas que sempre se amaram, se respeitam acima de tudo e querem algo mais. Não deveria, obviamente, mas infelizmente é assim. Romance is a Bonus Book, no entanto, me abriu completamente para o que um romance desse tipo pode realmente ser. Com os melhores elementos de uma comédia romântica, é dolorido ver os sentimentos que Eun-ho sempre nutriu por sua melhor amiga, que nunca o correspondeu. Mas ao mesmo tempo, é lindo ver como ele canalizou essa paixão e dedicação na sua amizade, de forma constante, sendo sempre a primeira pessoa com quem ela pode contar. Como um melhor amigo, ele separou as coisas e nunca deixou seus sentimentos atrapalharem a relação que eles já tinham. Com Dan-i, a percepção de que seu melhor amigo não é apenas isso, mas também um homem, chega de forma gradual e ela descreve a sensação como “abrir um livro antigo que tinha lido milhares de vezes e sublinhado várias frases. Mas que releu e passou a enxergar tudo de uma maneira diferente”.
Doce, lindo e extremamente romântico, Romance is a Bonus Book é sobre amor, e como a cumplicidade e a amizade andam sempre lado a lado com o romance. Como diria Dana Scully: “Para mim, os melhores relacionamentos, os que duram, são aqueles que são baseados em amizade. Um dia você olha para essa pessoa e passa a ver algo mais, algo que não estava lá antes. Como se um botão tivesse sido ligado. Então essa pessoa, seu amigo, passa a ser a única pessoa que você não consegue imaginar viver sem”.
Seo Jung-Hoo e Chae Young-Shin, Healer
A trama de ação e suspense pode ser o carro-chefe principal de Healer, mas é o romance de Seo Jung-Hoo (Ji Chang-Wook) e Chae Young-Shin (Park Min-Young) que cativa e dá potência a história. Jung-Hoo é um homem misterioso, que trabalha como um mensageiro à la espião sob o codinome Healer. Ele é atlético, inteligente e prático: seu sonho é juntar dinheiro suficiente com seus serviços nas surdinas e se mudar para uma ilha paradisíaca desabitada perto do Panamá.
Tudo ia bem até ele ser contratado para conseguir uma amostra de DNA de Young-Shin, a repórter alegre e brincalhona do site de notícias Some Day. O serviço, aparentemente simples, se desdobra em outros trabalhos: ficar de olho em Young-Shin, fazer uma investigação prévia sobre sua vida e, acima de tudo, mantê-la segura. Como o pagamento é bom, Jung-Hoo aceita. No entanto, ao investigar sobre Young-Shin, ele descobre que a jornalista também está de olho nele — mais especificamente, no Healer. Para a repórter, desvendar o mensageiro e seus trabalhos é a chance de se provar uma jornalista séria.
Observar Young-shin deixa de ser apenas um serviço, mas se transforma também uma forma de Jung-Hoo manter sua identidade segura. Para descobrir como e o que ela sabe sobre o Healer, ele decide se aproximar de Young-shin com o disfarce de Park Bong-Soo e começa a trabalhar como jornalista no Some Day, sob supervisão direta de Young-Shin. O que começa como uma dupla dinâmica um tanto atrapalhada de repórteres se torna algo a mais: a medida que eles se conhecem, os dois se tornam amigos e, eventualmente, se percebem apaixonados um pelo outro.
Além do enredo eletrizante do drama, acompanhar a evolução do relacionamento de Jung-Hoo e Young-Shin é, por si só, arrebatador. Seja como Bong-Soo ou Healer, algo que ele nunca consegue esconder é o afeto que sente por Young-Shin; ela, mesmo sem saber, gradualmente se apaixona por ele em seus diferentes disfarces — ou, por que não dizer, em suas diferentes versões. Nos olhares, diálogos e em cada mínima interação, a sintonia é evidente. Também é encantador o quanto eles se admiram e se adoram, listando até mesmo pequenos detalhes um do outro dentre suas coisas favoritas.
O mais bonito de Healer é ver como Jung-Hoo e Young-Shin se amam com e por tudo o que eles são — o bom e o ruim, as feridas e as alegrias, os gostos e as manias —, sem medo de ser vulneráveis. É uma relação baseada no companheirismo, no cuidado e, principalmente, na confiança — um ponto-chave na história do casal, em que ambos possuem um passado marcado pelo abandono. Assim, juntos, eles se fortalecem e encontram o apoio e o amor que os permitem seguir em frente.
Yoon Se-ri e Ri Jung Hyuk, Crash Landing on You
Crash Landing on You não é considerado um dos melhores doramas a já existir à toa. Construído ao redor de tropos bem marcados, sendo o principal deles o dos star-crossed lovers que precisam lutar contra uma série de atribulações para conquistarem seu final feliz e ficarem juntos, o drama criado por Park Ji-Eun também tem outros elementos que os fãs de cultura pop sabem reconhecer de longe e amam profundamente como o meet cute, fake dating, fake make out, found family, mutual pining, amor proibido, e, clássico dos clássicos, o there’s only one bed. Expondo assim pode até parecer que Crash Landing on You é uma colcha de retalhos de tropos utilizados à exaustão, mas aqui tudo faz sentido da maneira mais incrível possível.
Quando Yoon Se-ri (Son Ye-jin), uma empresária bem-sucedida de Seul, na Coreia do Sul, sofre um acidente de parapente e atravessa a fronteira com a Coreia do Norte, ela aterrissa, literalmente, em cima do capitão do exército Ri Jung Hyuk (Hyun Bin). O meet cute pra lá de hilário, onde a sul-coreana tenta por todos os métodos possíveis retornar pela fronteira enquanto o norte-coreano tenta se manter concentrado diante da seriedade que a situação demanda, já dá a dica do que acompanharemos pelos dezesseis episódios: um relacionamento que começa com todos os contornos de uma boa comédia romântica mas que, de maneira nenhuma, é capaz de te preparar para a enxurrada de sentimentos que virão pelo caminho.
O senso de dever de Ri Jung Hyuk para com o seu país não o impede de se sentir responsável pela segurança de Yoon Se-ri, que despencou de parapente em sua vida. O capitão decide ajudar a empresária a retornar para Seul em segurança, tirando-a do radar do exército enquanto, com a ajuda de seus oficiais imediatos, tenta bolar estratégias para enviá-la de volta ao lar. Mas é aí, durante os dias que passam juntos, que o sentimento entre eles começa a florescer. O jeito despachado e sem papas na língua de Se-ri contrasta de maneira gritante com os modos contidos e sérios de Jung Hyuk, e principalmente com a vila simples em que o capitão mora. Embora Se-ri e Jung Hyuk tenham personalidades completamente diferentes, suas histórias de vida, e a solidão que carregam no peito, os fazem mais parecidos do que podem imaginar.
Acompanhar Crash Landing on You é torcer pelo amor proibido entre uma sul-coreana e um norte-coreano, vindo de lugares e costumes tão diferentes, mas que encontram nas adversidades a força para lutar pelos seus sentimentos. É ver, nos pequenos detalhes, o amor entre eles nascer e germinar, como um pé de tomate que precisa ouvir dez coisas legais por dia para crescer bem. É perceber que o cuidado e o carinho nem sempre são expressos em palavras, mas muitas vezes estão desenhados em gestos, em olhares e em uma vela com essência acesa no meio da multidão. Notar que, mesmo voltando no tempo uma milhão de vezes, escolheria sempre o mesmo caminho, pois foi esse caminho que levou um ao outro — por maiores que tenham sido os perigos, é decidir que se apaixonaria vez após vez, escolhendo o mesmo destino sempre. É pegar o trem errado e ficar feliz por isso, se foi ele que te colocou no caminho certo. A história de Se-ri e Jung Hyuk é repleta de magia e fitas invisíveis que vão costurando seus destinos antes mesmo que eles percebessem o quanto são importantes um para o outro. Crash Landing on You tem essa qualidade ímpar de imprimir beleza em toda a construção narrativa dos protagonistas e é simplesmente impossível assistir ao dorama sem desejar, mesmo que por um segundo, viver um pouquinho desse amor escrito nas estrelas.
Texto escrito em parceria por Anna Carolina, Carol, Debora, Julie e Thay
** A arte em destaque é de autoria da editora Thayrine Gualberto.
Que postagem deliciosa! Coffee Prince já estava na minha lista, mas depois dessa, entrou para as prioridades! E que arte LINDÍSSIMA nessa capa sobre os inventores do amor!!!!
Fico feliz que tenha gostado!