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The Morning Show, primeira temporada: jornalismo na era do #MeToo

The Morning Show é o tipo de seriado que exala uma pretensão para concorrer a pelo menos cinco categorias do Emmy. Para começar, a história explora um grupo de jornalistas que são responsáveis por um jornal matutino, falando sobre os sacrifícios da profissão e o amor pela mesma; é também uma obra que aborda o começo de movimentos como #MeToo e #Time’sUp, ao falar de assédio sexual dentro do ambiente de trabalho; e, por fim, reúne um elenco que com certeza não se envolveria em qualquer produção. No plano de frente estão Jennifer Aniston, Steve Carell e Reese Witherspoon. Como coadjuvantes, Mark Duplass, Karen Pittman e Nestor Carbonell. Mesmo com uma fórmula feita para dar certo desde o começo, a trajetória da sua primeira temporada se mostra mais tortuosa do que o esperado, já que essa é uma das primeiras séries da Apple TV, que ainda luta para achar seu espaço no meio das plataformas de streaming. Uma das críticas frequentes às primeiras obras do catálogo, inclusive, era que poucas delas entendiam o formato e o que uma produção seriada tinha que possuir para dar certo.  

Considerando tudo isso, The Morning Show escorrega, mas se levanta rapidamente, e uma vez que você se conforma que uma obra sobre o #MeToo estava fadada a acontecer desde o começo do movimento, fica bem mais fácil aproveitá-la. Apesar de alguns defeitos (que não chegam a atrapalhar a experiência geral), o desempenho da série é mil vezes melhor do que, por exemplo, o desastroso Bombshell. Assim como o seriado, o longa conta com um elenco estelar (Charlize Theron, Nicole Kidman e Margot Robbie) e nomes importantes na produção, mas é impressionante como eles erram em todos os aspectos da história — chegando a inclusive objetificar a personagem de Robbie na frente das câmeras enquanto eles contam uma narrativa sobre abuso. Mesmo que uma obra seja infinitamente melhor do que a outra, é praticamente impossível não traçar um paralelo.

Bombshell conta a história verídica de jornalistas da Fox News que desmascaram o grande chefão da divisão e seu esquema longínquo de abuso sexual. Toda essa revolução foi comandada por Megyn Kelly que, na época, apresentava um dos programas jornalísticos de maior audiência da emissora. O objetivo é mostrar como isso afetou tanto as funcionárias do menor escalão quanto as dos maiores, sendo que algumas delas estavam totalmente conscientes do esquema dentro da empresa. Em The Morning Show, a jornada das personagens é mais ou menos a mesma. A história começa em uma manhã em que Alex Levy (Aniston) levanta no seu horário normal para ir trabalhar. Ela segue com sua rotina, se arruma e se prepara para entrar no ar mas, ao chegar no prédio do canal, encontra seu produtor, Charlie Black (Duplass), esperando com duras notícias.

Black conta que Mitch Kessler (Carell), parceiro de Levy durante mais de 15 anos, e também seu amigo pessoal, foi acusado de má conduta sexual dentro do ambiente de trabalho. Ninguém sabe quem o denunciou, mas em um momento como o atual, ignorar a voz de uma mulher é algo impensável. Demitido e desligado completamente do Morning Show e da emissora em que trabalhava, fica por conta de Alex lidar com as consequências sozinha. Ao mesmo tempo em que tudo isso acontece nos bastidores do programa matinal “mais querido da América” (como os próprios personagens o descrevem), na cidade de Nova York, Bradley Jackson (Witherspoon) cobre um protesto de uma mina de carvão do outro lado do país, onde perde o controle com um das pessoas presentes ali e acaba ficando famosa na internet após dar um discurso social sobre e os dois lados da moeda — nesse caso, o papel de republicanos e democratas na sujeira da política norte-americana.

The Morning Show

É por causa da mistura desses dois pontos na história que The Morning Show dá a impressão de que não vai funcionar. Em questão de meia hora do primeiro episódio os personagens citam a “América” com aquela posição soberba de patriotismo insuportável que é tão reconhecível em norte-americanos, sendo que meu maior medo era que, eventualmente, tivesse que ver outra cena como aquela de The Newsroom onde os jornalistas contam para uma tripulação inteira em um avião sobre a morte de Osama Bin-Laden. Apesar de gostar da série da HBO, mesmo com uma super romantização do jornalismo que não existe na vida real, o tom geral daquela sequência é de mau gosto e mal executada. Mas, em uma reviravolta brusca de direção, não existe nada nem remotamente parecido nos dez episódios de The Morning Show.

Atenção: este texto contém spoilers

A história começa a realmente evoluir quando Bradley é chamada para ser entrevistada no programa por Alex Levy. Percebendo que elas têm uma ótima química na tela, além de manterem um debate afiado com alto nível dos dois lados, o novo chefe da divisão de TV da emissora, Cory Ellison (Billy Crudup), chama Jackson para se tornar uma repórter remota para o canal. Ou seja, para cobrir pautas na rua. Em paralelo, Levy acaba descobrindo que antes das histórias de Mitch vazarem existiam planos para que ela fosse substituída dentro do seu próprio show, algo que a faz buscar por direitos maiores dentro do seu contrato, inclusive controle total com relação a quem seria seu parceiro de bancada. Ao perceber que Cory não cederia para esse lado, ela toma uma medida drástica e anuncia durante um evento importante do jornalismo, e sem o conhecimento de ninguém, que Bradley seria sua nova parceria — fazendo com que seus chefes não tenham escolha a não ser deixa que ela ganhasse a batalha (mas não a guerra).

Tanto Bradley quanto Alex são duas personagens muito interessantes. A primeira vem de uma família complicada e problemática, e apesar de ser realmente muito boa no seu trabalho, nunca conseguiu avançar muito na carreira por causa da personalidade explosiva que tem. Uma daquelas jornalistas idealistas e que amam a profissão, ela luta pela coisa certa e tenta fazer jus a sua voz e a plataforma que lhe são disponibilizadas, tentando sempre lutar pelo lado certo. Em contraponto, Alex é uma mulher mais velha e ambiciosa, que construiu um império ao longo dos seus 15 anos como apresentadora do Morning Show. Ela não precisa constantemente se provar, porque o que é dela já está garantido. Inclusive, a produção coloca isso em xeque ao questionar constantemente o quanto exatamente ela sabia do esquema de Mitch e o quanto ela ignorou o que estava acontecendo para seu ganho pessoal — sem nunca colocar a culpa pelo o que aconteceu nela.

Mesmo com personalidades que são o oposto direto uma da outra, Levy e Jackson não entram em conflito no princípio, existindo certa cumplicidade entre elas. Alex precisa de Bradley tanto quanto Bradley precisa de Alex para crescer e avançar em sua carreira. Isso não quer dizer, no entanto, que elas se tornam amigas imediatamente e que as coisas se encaixam perfeitamente desde o inicio. Mas a dinâmica das duas na bancada é tão importante quanto qualquer outro aspecto da série, mostrando o lado sujo de uma emissora, ao mesmo tempo que explora o idealismo de Bradley.

Quando ela começa a fazer parte da equipe, por exemplo, a personagem diz em rede nacional que já realizou um aborto quando era adolescente. Algo que causa revolta no público conservador e na própria Alex, que tem medo da sua decisão de forçar Bradley para o cargo voltar para assombrá-la. Ao mesmo tempo, pessoas que são pró-escolha começam a apoiar a jornalista, apreciando o seu nível de sinceridade no ar e adotando seu rosto para uma espécie de causa que ela mesma não escolheu apoiar — ao menos não de forma consciente. Sem perceber, ela começa uma pequena revolução dentro do jornal matutino, que começa a cada vez menos ser descrito como “a família da América” (fazendo alusão a conforto) e a fazer mais jornalismo sério e honesto.

Alex, em um extremo, representa tudo que é confortável e familiar, enquanto Bradley chega como uma pequena faísca de revolução, dinâmica que funciona muito bem na série — graças também a química das duas atrizes, que já trabalharam juntas em séries como Friends, onde eram as irmãs Rachel (Aniston) e Jill (Witherspoon).

The Morning Show

Mitch Kessler x Harvey Weinstein 

The Morning Show não foge e não deixa de citar o nome de uma das figuras centrais na confusão do #MeToo. O ex-produtor e chefão de Hollywood, Harvey Weinstein, é mencionado constantemente na narrativa, sendo que o próprio Mitch Kessler se acha no direito de dizer que não é um predador como o mesmo. Sua justificativa é que ele, ao contrário de Weinstein, teve o consentimento de todas as funcionárias com quem teve relações sexuais. É mais ou menos nesse ponto que a série entra em um território completamente cinza, tentando traçar um paralelo constante entre a realidade e a ficção.

Mitch tem um longo histórico de funcionárias com quem dormiu, sendo o caso mais duradouro com Mia (Pittman), que mais tarde viria a se tornar produtora de Bradley. Sua relação com ela foi um caso extraconjugal e ela mesma decide, mais tarde, erradicar a dinâmica. Mesmo assim, é possível perceber um eterno desconforto em todas as suas ações ao redor do assunto. Afinal, Mia sabe que as atitudes do homem, que era até então seu chefe, foram completamente erradas, aproveitadoras e que seus colegas de trabalho eventualmente perderam o respeito por ela, mas jamais por Mitch. Infelizmente, a narrativa não se aprofunda o suficiente nos problemas da personagem, mostrando apenas um ou dois conflitos e seguindo em frente.

Para se aprofundar na problemática de Mitch e na forma como ele tratava suas subordinadas, The Morning Show passa a abordar a vida e a carreira de Hanna (Gugu Mbatha-Raw). Em um episódio que mostra os eventos que antecederam a queda do apresentador, o roteiro opta por focar na funcionária, que chama atenção do chefe e é selecionada para cobrir um tiroteio em Las Vegas, sendo esse seu primeiro grande trabalho jornalístico. Triste e sobrecarregada com tudo o que está acontecendo, ela busca a ajuda de Mitch, que oferece alguns conselhos que até então ela toma como se fossem vindos de um mentor, ou até mesmo uma figura paternal. Apesar de não se considerar um predador, Mitch com certeza age como um. Aproveitando da vulnerabilidade da moça, ele a chama para ir até seu quarto num hotel, onde ele começa a passar a mão no seu corpo e a leva para a cama, mesmo que seja completamente notável o desconforto de Hanna.

Quando a equipe volta de Las Vegas, Mitch age como se nada tivesse acontecido e desperta algo em Hanna, que decide denunciá-lo para o chefe da emissora. Fred (Tom Irwin), no entanto, é parte de um grande sistema de injustiça e parte fundamental da estrutura de silenciamento dessas mulheres. Preparado para esse tipo de situação, ele oferece elogios e uma promoção para a funcionária que, acreditando estar sem saída, acaba aceitando. Mas isso não quer dizer que o que aconteceu simplesmente sai da sua cabeça, e seu desfecho na série é um catalisador importante para a trama em si.

Em um momento de desesperança, Hanna acaba tendo uma overdose e é encontrada morta em seu apartamento. Bradley, que estava prestes a realizar uma entrevista com ela sobre o abuso de Mitch (que ainda insistia que ela tinha dormido com ele para se aproveitar e ser promovida), acaba desistindo de fazer o programa indefinidamente, admitindo que a carreira em uma grande emissora não é para ela. É apenas quando Alex tem uma grande mudança de pensamento que ela aceita continuar. Ao vivo, as duas expõem o esquema de silenciamento e abuso que vinha acontecendo dentro da emissora por mais de 15 anos, e qual exatamente era o papel de Mitch, Fred e até mesmo Alex dentro dessa dinâmica. É um momento catártico e triste, que mostra a união entre duas mulheres, é claro, mas principalmente a misoginia estrutural que é perpetuada há séculos, sem nenhuma esperança de melhora. Afinal, quantas mulheres vão precisar morrer para que esse sistema seja extinto? Quantas vezes mulheres como Hanna vão se sentir culpadas o suficiente para tirar a própria vida, quando isso nem sequer é culpa delas?

Os últimos minutos da primeira temporada de The Morning Show são catárticos porque mostram algo que todo mundo deveria estar fazendo: levantando, expondo e cobrando um comportamento melhor de seus colegas homens. Na série, Alex e Bradley fazem justiça por Hanna para que isso nunca mais chegue a acontecer, para que outras mulheres se sintam acolhidas e menos sozinhas na sua dor. E mesmo que isso pareça básico, a cena ainda pode ser considerada utópica. Sim, muitas pessoas vieram à tona com seus casos depois do #MeToo e #Time’sUp, mas o mundo ainda é o mesmo e isso continua acontecendo. Roman Polanski continua ganhando prêmios no César (o Oscar francês), Woody Allen ainda lança livros falando sobre seus relacionamentos e cada vez mais mulheres perdem oportunidades por causa da violência que reina em Hollywood, ou apenas no dia a dia. E mais do que isso, elas continuam sendo culpadas por algo que geralmente foge do seu controle.

É quase impossível não pensar na cena de One Day at a Time onde Elena Alvarez (Isabella Gomez) diz que, durante uma feira na escola sobre abuso sexual, as placas pediam que as mulheres precisavam se prevenir contra estupro. “Todas as placas diziam ‘garotas, não se vistam de forma provocativa, não andem sozinhas’. Que tal, ‘hey, meninos, não estuprem?”. Sua mãe refuta dizendo que o conceito de consentimento é algo complicado nos dias atuais, e a menina responde que não é, pelo contrário. O comportamento de Mitch em relação a Hanna foi completamente abusivo e, sim, classificado como estupro. Mas sem perceber isso, ela acaba entrando em uma espiral que eventualmente leva a sua morte, sendo o fardo muito grande para carregar sozinha. “Mulheres sempre assumem que a culpa é sua e então os homens nunca tem que arcar com as consequências”, diz Elena na mesma cena. E ela não está errada.

A trajetória de Hanna é complicada e muito difícil de assistir, ainda mais com um final trágico como aquele. Mas existe outra coisa que incomoda ali: os dois casos mais citados de Mitch acontecem com mulheres negras — tanto a própria Hanna como Mia. O roteiro deixa claro que existem outras, mas nenhum caso é tão bem explorados quanto essas duas. Um dos exercícios mais frequentes que tento fazer é enxergar se qualquer obra que estou consumindo retrata o machismo e o racismo, ou se elas apenas são racistas e machistas. The Morning Show parece cair em um limbo eterno. É bem problemático o fato de que uma das únicas mulheres negras acabar morrendo para impulsionar algo nas duas personagens principais — que são brancas —, mas ao mesmo tempo a série reconhece que o programa é comandado apenas por um tipo de pessoa. Um homem negro como Daniel (Desean Terry) ou um latino como Yanko (Carbonell) são eternamente condenados a ficarem em cargos menores, enquanto a produção promove a mensagem de empoderamento feminino. Mas é um empoderamento branco, e qualquer outra minoria é completamente excluída, deixada apenas como opção B.

Dentro dessa narrativa, Mindy Kaling faz uma participação especial na série. A atriz de The Office aqui vive Audra, apresentadora responsável pelo programa da concorrência e tenta continuamente levar Daniel para o seu time. Esperando para crescer dentro do próprio Morning Show, ele resiste às propostas feitas por ela, enquanto Audra aponta constantemente o preconceito estrutural que ele sofre lá dentro. Ele é esforçado e tão bom quanto Bradley Jackson, por exemplo. Então porque ele não ganhou a promoção? O fato de que o diálogo entre eles é levantado e que o roteiro reconheça o problema em criar uma narrativa supostamente diversa apenas com mulheres brancas no topo é importante e um passo na direção certa. Resta saber como eles vão explorar isso em uma eventual segunda temporada (já foi confirmada pela Apple TV).

As pequenas sutilezas de uma narrativa 

The Morning Show tem uma história que é interessante, envolvente e cheia de reviravoltas incríveis que prendem a atenção do público do começo ao fim. Seu maior trunfo, no entanto, está nas pequenas sutilezas que são exploradas pela narrativa. Dentro dessa classificação, se encaixam a relação complicada entre Alex e Bradley, com certeza, mas também a forma como Alex lida com Mitch depois que seus assédios vem à tona. Os dois foram amigos (e eventualmente mais do que isso) durante 15 anos, e isso simplesmente não desaparece dos sentimentos de Alex. A ruptura final entre eles acontece de forma gradual, na medida em que ela vai reparando que o interesse do seu ex-parceiro é sempre ele, esquecendo da sua carreira ou de como as coisas que ele faz/fala podem afetá-la. Isso também serve para explorar superficialmente o egoísmo da apresentadora, e como ela protege o império que construiu ao longo dos anos. Apesar de ser um “ícone feminista” e uma mulher em posição de poder, ela não tem um senso coletivo sobre o assunto e, no processo, acaba negligenciando suas colegas de trabalho e sendo cúmplice de um esquema que foi perpetuado por décadas a fio, do seu lado.

Ao mesmo tempo que parece interessada mais no seu viés e como Mitch pode ter afetado sua vida, por vezes Alex também demonstra uma lealdade comovente para com algumas pessoas ao seu redor. Com sua família, por exemplo, demonstra um amor incondicional pela filha, que parece culpá-la pelo fato de que sua carreira é, de certa forma, uma prioridade para ela — isso, inclusive, rendeu uma das melhores cenas de Aniston no seriado, quando ela dá um discurso para a filha sobre ingratidão e privilégios. Ao mesmo tempo, Alex também protege Charlie e seu emprego, tentando mantê-lo por perto já que ele é uma das poucas pessoas que realmente pensa em Alex e no seu bem-estar como jornalista e pessoa.

Bradley também é uma personagem plural que poderia facilmente ter caído no estereótipo da jornalista idealista, e nada mais do que isso. Felizmente, sua história complicada com a família ocupa grande parte da sua narrativa, ainda que ela não seja definida pelos seus traumas. Quando era adolescente, seu pai dirigia bêbado quando matou uma criança. Se sentindo culpada, ela não conseguiu esconder o segredo e acaba revelando para as autoridades o que aconteceu, levando a mãe a culpá-la por basicamente tudo o que acontece na vida deles a seguir. Isso molda a forma como ela olha para sua profissão e, principalmente, por que ela sente que é sua obrigação contar a história de mulheres como Hanna, por exemplo.

Por fim, é importante mencionar a relação entre Claire (Bel Powley) e Yanko. Os dois mantêm uma relação profissional (ela como subordinada, ele como chefe e repórter do tempo), ao mesmo tempo em que estão saindo juntos fora do ambiente de trabalho, mantendo um relacionamento amoroso. Mas, ao contrário das dinâmicas de abuso pautadas por Mitch, o casal é afetuoso e tem um carinho genuíno um pelo outro, mostrando o jeito certo de abordar relações entre colegas de trabalho. Afinal, 90% das séries norte-americanas exploram o ambiente de trabalho e eventualmente uma relação como a de Claire e Yanko. Diversos casais importantes e aclamados da TV, inclusive, nasceram dessa mesma dinâmica. Um exemplo recente é Jake Peralta (Andy Samberg) e Amy Santiago (Melissa Fumero) de Brooklyn Nine-Nine. E devo dizer, ambos são casais saudáveis com uma relação incrível.

Se você procura um motivo para finalmente assinar a Apple TV, The Morning Show pode ser o que você está procurando. Uma trama que não tem medo de se aprofundar em assuntos complicados, reconhece os seus erros, acertos e pontos fortes, sempre tentando melhorá-los. Com um elenco excelente e bem entrosado, é entretenimento garantido porque durante dez episódios, é quase impossível sentir o tempo passar. A imersão é completa e se a segunda temporada conseguir manter o mesmo nível quanto os últimos dois episódios, teremos um ano incrivelmente maduro e melhor. Mais orgânica que Dickinson e mais pé no chão do que Servant, por exemplo, essa é a série pilar do streaming — e aquela com capacidade para arrastar não só um grande público, como também fazer barulho em grandes premiações.

As comparações com The Newsroom são frequentes e existe sim uma coisa ou outra que as séries têm em comum, mas em The Morning Show existe menos idealização de uma profissão que é, ao mesmo tempo, muito falha e honrada, e peça fundamental da democracia. Mesmo assim, como uma pessoa que já trabalhou em redação e lida com o dia a dia do jornalismo, é quase um alívio ver uma série que mostre os lados bons e o ruins da mesma. Daqui pra frente, é praticamente inevitável que outras obras sobre movimentos feministas sejam produzidas. Se a vida é refletida na arte, que seja de uma maneira mais responsável, com textos inteligentes e espertos. E apesar dos defeitos, The Morning Show mostra que esse é o caminho que deseja trilhar.


** A arte em destaque é de autoria da editora Ana Luíza. Para ver mais, clique aqui!

1 comentário

  1. Não da pra ter empatia da Hanna. Ela foi e fez o que QUIS.
    Eu mesmo fiz o mesmo e sei como é, mas acusar apos eu abrir as pernas e tirar um monte de roupa, ah não cola

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