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Laurie Strode e o Transtorno do Estresse Pós-Traumático

Uma imagem bastante comum no cinema estadunidense é a do soldado que volta para casa e precisa se refazer depois de passar pelos horrores da guerra. Geralmente, esse personagem tem um lar que está ansioso para recebê-lo, mas mesmo que a sua família se esforce para ser acolhedora, é como se ele não estivesse realmente presente e nada disso importasse. O soldado paira em algum lugar entre a vida e a morte em decorrência do trauma. Eventualmente, as suas defesas vão sendo derrubadas e, então, o veterano consegue se abrir com alguém, o que contribui para que ele dê alguns passos para fora do limbo. Em exemplos otimistas, é nesse ponto que o filme se encaminha para o fim e o protagonista consegue se reconectar com a vida. Então, os créditos sobem com fotos das pessoas nas quais os personagens foram baseados e nós descobrimos que eles estão em um lugar melhor hoje em dia. Ou quase isso.

Essa história já foi contada milhares de vezes e sob perspectivas distintas. Dos clássicos da Era de Ouro a títulos mais recentes, como Sniper Americano (American Sniper, 2015). Das páginas da História às da literatura. E nas últimas quatro décadas, mais precisamente desde 1978, nós aprendemos como denominar as reações disfuncionais e extremas apresentadas por estes soldados depois de voltarem para a vida em sociedade: Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT). Porém, chama a atenção que essas narrativas sempre sejam estreladas por homens, ainda que as mulheres façam parte do exército dos Estados Unidos desde a época da Guerra Civil (1861-1865) e atualmente o alistamento feminino gire em torno de 20%.

Isso se torna ainda mais intrigante quando dados da National Center For PTSD são considerados. Segundo um levantamento da instituição, entre as mulheres que estiveram nos conflitos do Iraque e do Afeganistão, cerca de 20% foram diagnosticadas com TEPT. A pesquisa também revela que entre as veteranas que lutaram no Vietnã, 27% desenvolveram o transtorno. Ao todo, foram consideradas 432 soldados, ou seja, a cada 4 participantes, pelo menos 2 precisaram lidar com o TEPT depois da guerra. E, ainda assim, mesmo procurando bem, é difícil encontrar longa-metragens que trazem veteranas como protagonistas. O recente Passagem (Causeway, 2022), inclusive, pode ser citado como uma exceção que confirma a regra. Entretanto, diferente do que acontece nos exemplos masculinos, Lynsey (Jennifer Lawrence) não é vista como uma heroína pelas pessoas ao seu redor. Embora seja possível argumentar que isso foi uma escolha (e uma boa escolha) da diretora Lila Neugebauer, também serve para destacar que os agradecimentos efusivos pelos serviços prestados e a própria ideia de bravura não fazem parte da realidade das mulheres.

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Embora os militares sejam um grupo frequentemente vinculado ao TEPT, o que ocorre também pelo reforço do audiovisual, quando abandonamos essa esfera, o transtorno ainda se faz muito presente na sociedade. De acordo com dados da Merck, Sharp & Dohme (MSD), empresa que realiza pesquisas na área da saúde humana, cerca de 9% da população mundial vai desenvolver o Transtorno de Estresse Pós-Traumático em algum ponto da vida. Além disso, em média 4% dos adultos do mundo sofrem anualmente com ele. Vale citar que para a Associação Americana de Psicologia, as mulheres têm o dobro de chance de apresentar sintomas e eles tendem a ser mais persistentes que nos homens. Apesar disso, elas levam mais tempo para obter um diagnóstico.

Para entender o que leva a esse cenário, primeiramente, é preciso delimitar as características do TEPT. Segundo um manual da MSD, o Transtorno do Estresse Pós-Traumático pode ser descrito como um conjunto de reações intensas e desagradáveis que têm início após um evento traumático, seja ele sofrido ou presenciado. Os efeitos são debilitantes e não têm uma duração exata, podendo persistir por anos e, em alguns casos, nunca desaparecer completamente, perdendo somente a intensidade. Em geral, os acontecimentos mais propensos a desencadear um quadro de TEPT são aqueles que provocam sentimentos de desamparo e medo. Isso leva o indivíduo a se tornar hipervigilante quando exposto a sinais de alerta que têm alguma ligação com o trauma. Assim, existem algumas possibilidades de resposta a esses gatilhos, como a amnésia dissociativa, o entorpecimento emocional, as impressões distorcidas da realidade e também a presença de memórias intrusivas, como flashbacks da situação que desencadeou o transtorno.

Logo, partindo para um campo mais especulativo do que científico, não é difícil entender porque as mulheres permanecem mais tempo sem diagnóstico. Se rememoramos o século XIX, um período no qual a psiquiatria se interessava pouco pelo feminino, os motivos para isso se tornam mais claros. Nesse contexto, a histeria surgiu como uma forma de descrever males que não podiam ser categorizados a partir do corpo. Em pouco tempo, ela se tornou uma verdadeira epidemia nos centros urbanos da Europa e, de modo geral, era vista como uma encenação, uma forma de loucura feminina. Essa percepção envolve uma série de fatores socio-econômicos e mecanismos de controle, algo que sempre se faz presente quando se pensa a história das mulheres. No século XIX, tais mecanismos estavam ligados à organização social do trabalho, um modelo que foi importado do Velho Continente para as colônias americanas. Embora posteriormente a histeria tenha sido estudada e aprofundada, especialmente pela psicanálise, a visão enraizada contribui até hoje para que mulheres com a saúde mental debilitada sejam tratadas como histéricas, mas talvez em um sentido mais próximo do dicionarizado. Ou seja, elas são indivíduos que expressam insensatez e desequilíbrio emocional. Afinal, que direito nós temos ao trauma? Por que nós não agimos com gratidão e olhamos para tudo o que a vida tem a oferecer?

De certa forma, qualquer transtorno, seja ele de humor ou de personalidade, quando vinculado ao sexo feminino, é socialmente encarado como excesso de sensibilidade e exagero. Todavia, a Associação Americana de Psicologia destaca que mulheres são expostas a mais episódios traumáticos do que os homens, inclusive durante a infância. Isso tem um impacto negativo considerável nas suas vidas. O órgão também cita que grande parte das ocorrências são de trauma interpessoal, ou seja, provocado por relacionamentos com terceiros. Assim, não é surpreendente que existam diversos estudos conectando a ocorrência do TEPT às mulheres vítimas de violência doméstica. De maneira análoga, outras formas de abuso e tipos de ataques contribuem para o fato de que 10% a 12% das pessoas do sexo feminino desenvolvam esse transtorno na sua forma mais persistente. Quando se fala sobre as estatísticas de homens, os números caem para 5% a 6% de acordo com a mesma pesquisa, realizada pelo European Journal of Psychotraumatology em 2017.

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Apesar das evidências, continuamos sendo pouco representadas quando o assunto é o TEPT. Ou pouco representadas em produções ditas sérias e de cunho dramático porque, na verdade, o cinema de horror possui diversos retratos de mulheres que sofrem com este transtorno, ainda que ele não seja nomeado ou se torne o foco da abordagem. Para citar um exemplo recente, em Pânico 5 (Scream, 2022), assim que Sidney Prescott (Neve Campbell) fica sabendo a respeito dos novos ataques de Ghostface em Woodsboro, ela diz a frase “eu sou Sidney Prescott, é claro que eu tenho uma arma”. Mais de uma década se passou desde o seu último contato com o serial killer mascarado que a perseguia, mas ela ainda adota uma postura hipervigilante e está sempre à espera do recomeço do horror. Embora ao longo do filme o público fique sabendo que agora Sidney tem uma família e vive bem longe da sua cidade natal, na verdade, ela não seguiu em frente porque a possibilidade de um novo ataque nunca saiu da sua cabeça, o que é algo bastante característico de quadros de TEPT.

E ela não é um caso isolado de final girl que conserva esse estado de alerta. Em 2021, Grady Hendrix publicou o livro The Final Girl Support Group, ainda sem tradução no Brasil. Nele, o autor se dedica a examinar o que acontece com as sobreviventes de ataques violentos que ganham notoriedade e é possível perceber diversos sintomas nas suas personagens. Da negação de Marilyn à decisão de Adrianne de capitalizar a sua tragédia, nenhuma das personagens consegue se desprender do passado ou deixar de ser definida por ele. Enquanto conta a história dessas mulheres, Hendrix aproveita para investigar a obsessão da sociedade pelas figuras de final girls e por crimes motivados pela misoginia, inclusive destacando como isso interfere na possibilidade de cura, o que é bastante similar ao que acontece com Laurie Strode (Jamie Lee Curtis), a final girl original.

Durante a turnê de divulgação de Halloween (Halloween, 2018), Jamie Lee Curtis repetiu diversas vezes a palavra trauma para se referir aos temas que o filme explora. Devido à sua pronúncia (traw-mah), foram feitos alguns compilados desses momentos que acabaram viralizando e chegando ao conhecimento dela. Isso abriu a possibilidade para que Jamie explicasse o que queria dizer. Para a atriz, a sua personagem foi para a escola em novembro de 1978 com um band-aid no braço e ninguém disse uma palavra sobre o que aconteceu. Uma menina de 17 anos sobreviveu a um ataque violento, viu todos os seus amigos mortos e, ainda assim, não foi encorajada a procurar ajuda psicológica. Então, não havia esperança ou perspectiva de cura. Tudo isso faz bastante sentido quando pensamos na versão de Laurie que reencontramos 40 anos depois no reboot de David Gordon Green.

Sabiamente, Green escolheu ignorar todas as aparições da personagem na franquia exceto a de 1978. A versão que ele e Jamie Lee Curtis construíram de Laurie na nova trilogia é coerente com a magnitude do que ela viveu na adolescência, especialmente se escolhemos comprar a ideia da atriz a respeito do que aconteceu nos dias que se seguiram ao ataque de Michael Myers. E, verdade seja dita, isso é bastante fácil. Embora atualmente a saúde mental seja debatida e esteja passando por um momento de valorização, ainda existem diversos tabus cercando-a e esse movimento de dar importância a processos como a terapia é algo relativamente novo, fruto das duas últimas décadas. Logo, faz sentido que Laurie tenha sido abandonada à própria sorte para lidar com as consequências da violência de Michael. Assim, quando vemos a sua versão de 57 anos em uma casa repleta de armas, câmeras e refletores, nós percebemos que ela nunca deixou de reviver o trauma. Inclusive, David Gordon Green escolheu usar algumas cenas do filme de John Carpenter em forma de flashback para transmitir essa sensação. Desse modo, o arame farpado que cerca a cabana de Laurie Strode não só mantém o “bicho papão” do lado de fora, mas também a mantém mentalmente confinada, presa à ideia de que eventualmente Myers vai voltar para terminar o que começou.

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Tudo isso não acontece sem custos. Diferente da adolescente retraída, mas cheia de amigos que conhecemos em Halloween – A Noite do Terror (Halloween, 1978), a mulher que reencontramos no filme de 2018 não tem laços. Conforme o longa avança, descobrimos que ela chegou a se casar e teve uma filha, mas as duas não têm contato. Karen (Judy Greer) foi tirada da mãe com dez anos depois de ser exposta a verdadeiros treinamentos de combate. Contudo, ao contrário de Laurie, ela teve a oportunidade de elaborar os seus traumas, de modo que consegue viver sem a sombra de Michael Myers no seu encalço. Assim, ela também se casou e teve uma filha, Allyson (Andi Matichak), que não entende o distanciamento entre a sua mãe e a sua avó e tenta trazer Laurie para o convívio familiar sempre que a oportunidade se apresenta. Apesar da boa vontade, Allyson também não consegue compreender a dimensão do que aconteceu em 1978 e os motivos da avó para se manter conectada ao passado. Então, uma ajuda efetiva nunca chega a Laurie e anos depois ela ainda continua convivendo com os sintomas do Transtorno de Estresse Pós-Traumático.

Considerando essas questões, vale falar sobre trauma geracional. Embora os eventos de 78 tenham acontecido muito antes do nascimento de Karen e Allyson, os seus efeitos foram passados para elas e afetaram a estrutura familiar. Hoje, existem algumas pesquisas que conectam esse tipo de trauma à epigenética, mas os fatores sociais envolvidos na sua transmissão não podem ser ignorados, em especial em casos que envolvem falta de diálogo e pouca preocupação com a saúde mental. Portanto, quando as experiências de Laurie não são discutidas ou quando elas são tratadas como algo que ela já deveria ter superado, isso contribui para a continuidade dos seus temores e do seu estado de vigilância porque lhe transmite a sensação de desamparo. Assim como naquela primeira noite de Halloween, ela está sozinha com Michael Myers e precisa enfrentá-lo sem ajuda.

Muito desse desamparo também está ligado à maneira como a personagem é vista pela sua comunidade. Um grupo pequeno, composto por sobreviventes do primeiro massacre, consegue ser solidário a ela por ter atravessado o mesmo horror. Contudo, o restante de Haddonfield percebe Laurie Strode como uma lunática. Isso se torna mais claro no terceiro filme do reboot, Halloween Ends (Halloween Ends, 2022), porque a protagonista abandona a cabana para se inserir novamente no espaço urbano. Em uma determinada cena, ela está no estacionamento de uma loja de conveniência quando vê Corey (Rohan Campbell) sendo atacado por um grupo de jovens. Ao se aproximar para defendê-lo, ela é chamada de maluca por pessoas que sequer estavam vivas quando Michael Myers assombrou Haddonfield pela primeira vez. Essa sequência serve para mostrar que a percepção da comunidade a respeito da personagem foi passada de geração a geração. Inclusive, esse mesmo trecho de Halloween Ends ilustra que os moradores a culpam pelos horrores que viveram. Depois do conflito com os adolescentes, Laurie está se encaminhando para o seu carro quando uma mulher a aborda para dizer que a sua irmã perdeu o marido no ataque de 2018 e carrega sequelas depois de ter sido vítima de Myers.

Esse comportamento de culpar a vítima não é novidade no cinema ou na sociedade. Ao mesmo tempo, as artimanhas para isentar homens são numerosas. Em Halloween, isso se faz notar através da dupla de jornalistas que aparece nos primeiros minutos do longa. Depois de tentar obter uma entrevista com Michael, eles procuram por Laurie Strode e argumentam sobre a sua responsabilidade na prisão do assassino, sugerindo que Myers pode estar reabilitado e apto a voltar ao convívio social. Assim, Laurie, pela sua insistência em tratá-lo como uma encarnação do mal, seria um empecilho para esse final feliz. Logo, na visão desses personagens, ela está mantendo um homem que já pagou a sua dívida com a sociedade injustamente encarcerado. E mesmo que não exista nenhuma evidência para corroborar essa hipótese, os jornalistas parecem determinados a lançar uma nova luz sobre o caso para “inocentar” o serial killer. A motivação, claro, é a fama, ainda que ela seja alcançada às custas da vítima, algo que serve para mostrar o quanto os traumas vividos por mulheres são menosprezados.

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Ainda bem, Halloween não cede a essa visão e faz piada com os filmes da franquia que escolheu ignorar, transformando os seus piores plots em “verdades absolutas”, todas elas ditas por coadjuvantes odiosos que diminuem Laurie. Recorrer aos absurdos passados da saga é uma escolha inteligente na medida em que possibilita mostrar Haddonfield como um lugar insensível à dor da protagonista. Aquelas pessoas não têm o menor problema em acreditar que existe um parentesco entre Laurie Strode e Michael Myers se isso servir à sua ideia de que ela tem alguma culpa pelo mal que assola a comunidade. Além disso, ao tratar esses enredos como chacota, David Gordon Green escolhe não sucumbir à lógica de alguns títulos de horror recentes que explicam muito mais do que devem e eleva a sua direção por saber se desviar de uma armadilha ardilosa que ronda a franquia há muito tempo: a tentação de humanizar Michael Myers.

Sempre que algum capítulo de Halloween tenta seguir esse caminho, ele acaba entrando em contradição com o que John Carpenter e Debra Hill escreveram em 1978. Um dos maiores exemplos é Halloween II: O Pesadelo Continua (Halloween II, 1981), que cria uma motivação para Michael Myers, esvaziando a ideia de que a violência está em todo lugar, inclusive nos espaços considerados protegidos. Quando Laurie diz que Myers é o mal encarnado, ela não está falando isso somente por ter sido vítima dele, mas porque tudo o que existe para saber a respeito do vilão está estampado no vazio da sua máscara branca. Não existe uma identidade e, sem isso, não existe espaço para motivação ou para reabilitação. Dessa forma, o que faz com que Michael funcione bem é o seu caráter de abstração, uma ideia que Halloween Ends discute de forma interessante ao transformar a máquina de matar em um mal menor, quase um sintoma de um mundo doente. Um mal que pode assumir qualquer forma, inclusive a daquele rosto conhecido que circula pela vizinhança.

A partir dessa ideia, não soa tão absurdo que a vítima de um serial killer que age movido pelo desejo de matar passe a viver da maneira como Laurie viveu por 40 anos. Ou que ela tenha transmitido às gerações posteriores o seu medo. Quando não tratado, o Transtorno de Estresse Pós-Traumático pode evoluir para outras doenças, como a depressão, a ansiedade generalizada, a síndrome do pânico e a agorafobia. Essa última é citada por Karen ao tentar explicar o comportamento da sua mãe, o que faz sentido quando se pensa que a agorafobia é definida como o medo de permanecer em um local no qual não se tem uma maneira de escapar facilmente. Curiosamente, um manual da MSD destaca que 2% das mulheres sofrem com este transtorno, uma porcentagem que cai pela metade quando se fala sobre os homens.

Dessa forma, Laurie Strode funciona como uma ótima ilustração não somente do TEPT: sua trajetória nos leva a refletir a respeito do quanto ainda temos para avançar em qualquer pauta ligada à saúde mental. O que acontece com Laurie, do trauma à hostilidade pública, não é somente fruto de uma criação cinematográfica. É algo presente no cotidiano de qualquer mulher que lida com desafios dessa natureza. Os estigmas ainda são muito fortes e continua sendo mais cômodo para a estrutura social nos tratar como histéricas. Ainda que transtornos como o TEPT sejam insidiosos, existem ferramentas que podem melhorar a qualidade de vida das mulheres que sofrem com eles, de grupos de apoio ao simples ato de pedir ajuda a alguém. E, claro, existem formas de terapia adequadas para quem sofre com este transtorno. Entretanto, mesmo que a saúde mental esteja em alta, quase atingindo um status pop, por vezes, recorrer à ciência para obter alento significa usar uma letra escarlate ou fazer dessa parte da sua vida algo que precisa ser mantido em segredo. E é exatamente isso que precisa ser atacado. Não dá para continuar admitindo que a sociedade nos envergonhe dos sintomas que ela mesma produz. No fim, Jamie Lee Curtis estava certa e é realmente sobre trauma. Mais especificamente, sobre a necessidade de debater e de perder o medo da exposição porque o silêncio ajuda a conservar intacta a estrutura que nos transforma em vítimas diariamente.