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Rocketman: a fantástica trajetória de Elton John

Dos subúrbios londrinos para as arenas lotadas; de Reginald Kenneth Dwight, o garoto tímido de óculos, para um dos artistas solo masculinos mais bem sucedidos de todos os tempos. Estamos falando de Elton Hercules John, uma das maiores lendas da música, e de sua trajetória retratada em Rocketman.

Talvez você não conheça suas músicas, nem seja um grande fã, mas sabe quem ele é. Elton John é um desses artistas que, de tão populares, são parte essencial do imaginário e da cultura popular. As roupas extravagantes e os óculos nas formas mais variadas, em cores e armações inusitadas, podem ser sua marca registrada, mas não foram o que levaram Elton ao estrelato. Talento e muito trabalho, além das suas habilidades como performer, transformaram o pianista, cantor e compositor no astro que ele é hoje.

Rocketman, longa dirigido por Dexter Fletcher (que também trabalhou como diretor em Bohemian Rhapsody após a demissão de Bryan Singer, devido a acusações de abuso sexual), conta parte da trajetória de Elton John. A cinebiografia já teria sua importância por retratar um artista de tal calibre, mas ganha ainda mais significado quando lembramos que John, há décadas, é um dos mais conhecidos membros, ícones e ativistas da comunidade LGBT. A estreia de Rocketman, logo antes do início de junho, Mês do Orgulho LGBT, não vem por acaso. Em uma época em que não era comum artistas se assumirem como parte da comunidade, um cantor de tamanha popularidade como Elton John o fazer tem uma simbologia enorme — em 1976, ele se assumiu como bissexual e em 1988, como homossexual.

Em 1992, após mortes de amigos próximos e quando o estigma e preconceito contra a AIDS era fortemente relacionada aos homossexuais, ele criou a Elton John AIDS Foundation, instituição voltada para financiar programas que ajudam a aliviar a dor — seja física, emocional ou financeira — daqueles que vivem ou são afetados pelo vírus HIV. Além de retratar a vida de um ícone da comunidade LGBT, Rocketman também é o primeiro filme de um grande estúdio que traz uma cena de sexo entre dois homens. Isto levou o longa a ser censurado, em partes ou por completo, em países como Egito, Rússia e Samoa, o que nos lembra que, apesar dos avanços, ainda há muito a se percorrer quando falamos dos direitos e da representação LGBT no cinema.

Um retrato honesto

Quando se trata de cinebiografias, é natural e necessário selecionar quais histórias farão parte do filme, assim como decidir a angulação e a forma como o personagem central será retratado. Cada escolha possui sua própria razão e evidencia — ou privilegia — certo lado. É aquilo que o musical Hamilton, sucesso da Broadway, já nos disse: “Quem vive, quem morre, quem conta sua história?”. Em um artigo de sua autoria, publicado no The Guardian, Elton John explica que após se tornar pai (o cantor tem dois filhos — Elijah, de 8, e Zachary, de 6 — com o marido David Furnish, seu companheiro desde os anos 1990), ele queria ter um filme ou uma autobiografia no qual fosse sincero e os filhos pudessem conhecer sua vida em suas próprias palavras.

Rocketman cumpre esse papel. Da infância ao sucesso, a cinebiografia — que tem Elton e David como produtores — retrata os altos e baixos da vida do astro de forma honesta, sem floreios. Os problemas com os pais, a descoberta da orientação sexual, o vício em drogas. Nada é escondido do espectador, mesmo que o retrato do cantor, em certas cenas, não o favoreça:

“Há momentos no filme em que sou completamente nojento e horrível, mas, em meus piores momentos, eu fui nojento e horrível, não há motivos para fingir o contrário.”

Diversos estúdios sugeriram que as cenas de sexo e drogas — as mesmas que levaram a censura do filme — fossem cortadas. Elton, no entanto, se opôs. “Eu não levei uma vida apropriada para menores. Eu não queria um filme cheio de drogas e sexo mas, do mesmo modo, fiz muito dos dois nos anos 70 e 80, então não queria um filme que desse a entender, discretamente, que depois de cada show eu voltava para o quarto com um copo de leite e uma Bíblia”.

Não é por isso que a cinebiografia deveria ser um retrato absolutamente fidedigno de Elton. Rocketman ainda é uma obra de ficção, inspirada em uma história real, mesmo que não siga fórmulas comuns. Estruturada como um musical — com as canções interpretadas pelo elenco organizadas de forma a potencializar a narrativa, sem seguir a ordem cronológica de seus lançamentos — o filme encanta pelos elementos fantasiosos que transmitem ao espectador a sensação surreal que o próprio Elton John sentiu ao vivenciar todos esses momentos:

“Quando minha carreira decolou, decolou de tal forma que quase não pareceu real para mim. Eu não fui um sucesso instantâneo (…). Mas quando isso aconteceu, foi como um míssil: há um momento em Rocketman quando estou tocando no palco do clube Troubadour, em Los Angeles, e tudo no local começa a levitar, inclusive eu, e honestamente, foi esta a sensação.”

Atenção: este texto contém spoilers!

O roteiro de Lee Hall (o mesmo de Billy Elliott, musical que teve as canções compostas por Elton John) soube entregar uma história que antes de retratar Elton como astro, o mostra como ser humano. Tudo começa com ele — em uma fantasia pomposa laranja, com direito a chifres e asas enormes, cheias de plumas — chegando a um centro de reabilitação. Interpretado por Taron Egerton, de Kingsman, em seu melhor trabalho até hoje, Elton entra abruptamente em uma sessão de terapia em grupo e começa a despejar seus problemas: o vício em drogas, álcool e sexo, a bulimia, as explosões de raiva.

Pela narrativa de Elton John para o grupo, somos transportados para a infância solitária do então Reggie Dwight, em Pinner Hill Road. A mãe, Sheila (Bryce Dallas Howard), era distante, e o pai, Stanley (Steven Mackintosh), ausente e rigoroso, mesmo em casa. O carinho mesmo vinha da avó materna Ivy (Gemma Jones), que sempre o encorajou em sua carreira musical. No já citado artigo do The Guardian, quando comenta sobre esta época de sua vida, Elton lembra que os pais pareciam se odiar. Quando estavam juntos, só havia silêncio ou o grito das brigas — normalmente, sobre ele. As cenas com a família reunida são emocionalmente dolorosas e evidenciam a carência de amor, atenção e afeto com que ele cresceu, momentos descritos na canção “I Want Love”. Mesmo hoje, aos 72 anos, o músico diz que rememorar a infância ainda é algo que toca em pontos sensíveis para ele.

A relação com os pais não melhoraria muito com o tempo. Quando Elton John era adolescente, os dois se divorciaram e se casaram novamente. Com o pai, a distância continuou. As proibições e a dúvida quanto ao talento e estrelato do filho só o motivaram a mostrar o contrário. Em uma entrevista para a Rolling Stone, Elton comenta: “Ele está morto há muito tempo e eu ainda estou tentando provar coisas para ele. Eu ainda faço coisas e digo ‘Pai, você teria amado isso.’”

Mesmo mais próximo da mãe, Elton John passou por longos períodos sem contato com ela. Os comentários e a frieza de Sheila chocaram não apenas o público, mas também sua intérprete, a atriz Bryce Dallas Howard. Em entrevista para a Vanity Fair, ela explica que fez sua própria pesquisa com pessoas que haviam conhecido a mãe de Elton para entender se ela podia ou não ter sido vilanizada pelo roteiro. O nascimento do filho foi difícil para Sheila: o futuro rockstar nasceu logo após o final da Segunda Guerra Mundial, quando ainda havia racionamento, e Stanley, piloto do exército britânico, ainda estava ausente. O fato do filho ser um prodígio, a atriz reflete, era inesperado e pode ter causado certo ressentimento, como se Sheila sentisse que sua vida não era mais dela ao ter que se dedicar ao filho. No fim, a partir das conversas que teve, Howard concluiu que sim, a relação entre Elton e Sheila era disfuncional e tóxica; havia momentos bons, mas outros ruins. Na mesma entrevista para a Rolling Stone, Elton John chegou a comentar que não odiava a mãe, mas que não a queria em sua vida.

A infância de Reggie acabaria moldando as emoções e inseguranças de Elton John como adulto. Em determinado momento do filme, ele explica que sempre se odiou. Nunca quis ser Reggie Dwight, o menino gorducho, inseguro e solitário. Sempre quis ser alguém diferente — o que o fez, quando cresceu. Mais velho, quando era parte da banda de apoio de um grupo de soul em turnê no Reino Unido, recebeu o conselho de um dos cantores: “Você tem que matar a pessoa que é para se tornar aquela que você quer ser.”

Foi o que Reggie Dwight fez. Mudou o nome, começou a usar roupas coloridas, novas armações de óculos e se tornou um dos grandes astros do rock. Mas ao final, nada disso fez com que ele conseguisse se aceitar completamente, com suas vulnerabilidades e defeitos. Elton se questiona, em determinado momento do filme, que talvez devesse ter sido mais “comum”. Mas ele nunca o foi. O que ele precisava era lembrar quem era — e ficar bem com isso, como dito pelo amigo e parceiro musical de longa data, Bernie Taupin (Jamie Bell).

É disso que Rocketman se trata. Todos os momentos, de alguma forma, chegam até essa mensagem. Fosse devido ao trabalho ou ao vício em drogas, nos anos retratados no longa, Elton John não se dava conta do que estava vivendo ou fazendo — ou, muito menos, de quem ele era. Eram inúmeras mudanças, tudo acontecia muito rápido, tal como a cena da canção “Pinball Wizard”. Um Elton vibrante aparecia nos palcos, mas, fora dele, estava infeliz. Se sentia perdido e sozinho, assim como quando era Reggie Dwight. A cena com a canção “Rocket Man” torna tudo isso mais claro: em uma mansão luxuosa em Los Angeles, cercado de pessoas, Elton John se sentia incrivelmente miserável e estressado. Trabalhava há cinco anos sem parar, fazendo álbuns ou em turnês. Ele então mistura bebida, vários comprimidos e se joga na piscina, na frente de todos.

A tentativa de suicídio de fato ocorreu. Elton John foi levado direto ao hospital e dois dias depois se apresentou no estádio dos Dodgers, com o icônico macacão inspirado no traje do time de beisebol, um de seus mais famosos figurinos, como se nada tivesse acontecido. A escolha da música para a cena, que também dá nome ao filme, não é por acaso. “Rocket Man” vem como um divisor de águas no longa: em um primeiro momento, vemos a ascensão de Elton John ao sucesso; mas a partir da canção, vemos que ele está cada vez mais próximo de atingir seu limite.

A letra de “Rocket Man” fala sobre a vida de um astronauta. Enquanto, para a maior parte das pessoas, estar no espaço é algo emocionante, para o astronauta é mais um dia normal de trabalho — solitário e longe de casa. Ele não é um herói, como os outros pensam, é apenas alguém normal, com seus defeitos, inseguranças e problemas. Se não interpretarmos a letra em seu sentido literal, não é difícil de fazer a relação com a própria vida de Elton. Ser um artista, ainda mais um com o sucesso dele, definitivamente não era — e nem é — comum. Mas para Elton John, que vivia aquela rotina, havia mais trabalho do que glamour. O showbusiness era seu espaço — e tal como o astronauta, lá estava ele, solitário.

Em busca do amor

A falta de afeto na infância leva Elton John em uma constante busca pelo carinho e afeição. Em entrevista para o 60 Minutes, quando fala sobre ser cantor, ele comenta: “É apenas um desejo por atenção e amor.” A fala de Elton me lembra muito a de Celine (Julie Delpy) no longa Antes do Amanhecer: “não é tudo o que fazemos na vida uma maneira de sermos mais amados?”. Rocketman evidencia isso em várias cenas: mesmo com os problemas com os pais, ele ainda queria a aprovação deles, ser aceito, que sentissem orgulho. Não importava o que Elton fizesse, a atenção e o amor que desejava nunca chegavam.

A insegurança e a busca do cantor por amor perpassam as suas relações fora da família, especialmente nas amorosas. A que Rocketman mais retrata é o relacionamento do músico com John Reid (Richard Madden), que mais tarde se tornaria seu empresário. No filme, os dois se conhecem na festa após o show de Elton John no lendário Trobadour. John, charmoso, flerta e diz tudo o que ele sempre quis ouvir, e é impossível não se deixar levar ou se apaixonar. Os dois passam a noite juntos e Elton perde a virgindade. Eles só se reencontrariam novamente um tempo depois, na gravação de “Don’t Go Breaking My Heart”, dueto do cantor com Kiki Dee. Novamente, a escolha da música para a cena não é por acaso. Elton John era ainda ingênuo, com poucas experiências amorosas, mas estava encantado por John e queria viver um relacionamento com ele, não sair com seu coração partido.

Depois de se beijarem no estúdio de gravação, John pergunta o que Elton quer. Ele, momentaneamente confuso pela pergunta, diz a primeira coisa que vem a cabeça: “Jantar com você”. É um pedido tão simples que faz John rir — “Você é tão humilde que é constrangedor”. Mas, de fato, por mais banal que fosse, era isso que o músico queria, momentos e vivências de uma relação amorosa comum, como qualquer outra pessoa. Logo quando os dois dão início ao relacionamento de fato, John também se torna empresário de Elton. Os dois, no entanto, não podiam assumir a relação — em determinado momento, Reid sugere contratar uma namorada de fachada, para despistar a imprensa, o que o músico vê como um exagero. Também pede que entre em contato com os pais, visto que eles serão os primeiros a serem procurados pelos jornais, e se assuma como homossexual.

Antes de John, as cenas que tratam da orientação sexual de Elton não mostram nada como definido. Tudo ainda é uma descoberta. O primeiro momento é quando um dos cantores do grupo de soul, na época em que o músico era da banda de apoio, rouba um beijo de Elton. Depois, quando Bernie comenta que o parceiro musical estava namorando uma mulher, o mesmo rapaz do grupo afirma que o cantor é gay. Bernie questiona se isso é verdade, o que Elton responde com “Eu não sei. Mas importaria para você se eu fosse?”. Bernie diz que não. Receber esta resposta da pessoa da qual ele era mais próximo, significa o mundo para o músico. Em outro momento do longa, enquanto os dois conversam sobre o futuro e a carreira, Elton se inclina para beijar Bernie. O amigo explica que o ama, mas não dessa forma. Elton entende e os dois seguem próximos como sempre foram. Sobre Bernie Taupin, o músico comentou, quando comentou sobre a canção “We Fall In Love Sometimes” para a Rolling Stone:

“Eu choro quando canto essa música, porque eu estava apaixonado por Bernie, não de uma maneira sexual, mas porque ele era a pessoa pela qual eu estava procurando por toda a minha vida, minha pequena alma gêmea. Chegamos tão longe e ainda éramos muito ingênuos. Eu era gay e ele, casado, mas ele era uma pessoa que, mais do que tudo, eu amava (…). Esse relacionamento é o mais importante de toda a minha vida”.

Não é comum vermos amizades entre um homem heterossexual e um homossexual nas telas. Retratar esta relação com Taupin — uma das únicas do filme que não é tóxica — com o amor e respeito que ambos sentem um pelo outro mostra a solidez desta parceria que foi muito além da música. Ter o apoio de Bernie foi essencial para Elton John e saber que os dois hoje, 50 anos depois, continuam amigos, é acalentador.

A homossexualidade

A cena em que Elton se assume pela primeira vez como homossexual em Rocketman — nas quais as palavras e a afirmação são suas — acontece quando ele liga para a mãe. À caminho de um programa de televisão, Elton discute com John e sai do carro. De uma cabine telefônica, mesmo nervoso e inseguro, na discussão com o empresário, ele afirma que “vai quebrar o coração da mãe” e faz a ligação. A revelação não surpreende Sheila, que diz já saber disso há tempos. De todos os momentos no filme, é neste que ela é mais cruel. Ela reage com indiferença e insensibilidade para um momento em que Elton precisou reunir coragem para enfrentar. Cada palavra de sua resposta machuca: “Não me importo. Prefiro que guarde essas coisas para você. Eu só espero que você saiba que está escolhendo uma vida na qual vai ficar sozinho para sempre. Você nunca será amado.”

Elton John está completamente destruído após a ligação. Ele repete as palavras da mãe para John, que o encontra na cabine telefônica e lhe dá um soco. É doloroso, para ele e para nós, ver que é assim que seu companheiro, o homem por quem ele se apaixonou, o recebe após ele ter se assumido para a mãe: com uma agressão e gritos sobre o quão irresponsável ele foi em simplesmente ter saído do carro daquela maneira, prestes a fazer uma apresentação. De nada valiam seus sentimentos — o que importava é que o show sempre continuasse, independente de como ele se sentisse.

Em outro momento de Rocketman, em uma das cenas da terapia em grupo, Elton diz: “Amor verdadeiro é difícil de achar. Você aprende a viver sem”. Mesmo em um relacionamento infeliz, no qual John o trai e não o respeita de forma alguma, ainda é difícil para ele acabar tudo, tanto no viés amoroso como no dos negócios. A fala de sua mãe — de que ele seria sozinho para sempre — está sempre ali, em sua mente. E Elton, talvez pelo medo de encarar a solidão, segue insistindo em algo que o faz mal e não deveria salvar.

Além de John Reid, outro relacionamento amoroso de Elton John retratado em Rocketman é o com Renate Blauel (Celinde Schoenmaker). O músico, que havia se assumido para a imprensa como bissexual em 1976, casou-se com a engenheira de som em 1984. O casamento durou quatro anos e em 1988, eles se divorciaram. No mesmo ano, ele também se assumiu publicamente como homossexual. Quando falou à imprensa sobre o casamento, Elton o recorda como uma tentativa de se livrar de tudo que havia de errado em sua vida — uma “mudança de cenário”, na qual ele poderia melhorar. Na época, o músico não estava em um de seus melhores momentos de carreira: as vendas não iam tão bem, a parceria com Bernie em pausa, o vício em álcool e drogas no auge. Mas Renate o oferecia um olhar simpático, amoroso e ele — como dito em “Don’t Let The Sun Down on Me”, dueto dos dois — tinha feridas que precisavam de amor para serem cicatrizadas.

Não havia como, naquele estado, os dois viverem um relacionamento saudável. Como Elton John lembrou anos depois, “Eu queria mais do que tudo ser um bom marido, mas eu neguei quem eu era, o que deixou minha esposa triste e me causou enorme culpa e arrependimento”. Renate não podia salvar Elton, porque ninguém podia fazê-lo além dele próprio. No mesmo ano em que se divorciou de Renate, Elton também se assumiu como homossexual. Aqui, não nos cabe discutir a forma como Elton mudou o modo como ele identificava sua orientação sexual, é uma questão própria e particular dele, do contexto e da forma como ele se via e se entendia nos momentos em que deu as declarações. A sexualidade não deve ser tratada como dogma. Pode ser descoberta e redescoberta, conforme o tempo passa e entendemos novas facetas de nós mesmos.

De pé

Pedir ajuda, dizer desculpas e perdoar não eram algo fácil para Elton John. Mas foi só assim que ele conseguiu sair do círculo vicioso que sua vida havia se transformado. Se é a canção “Rocket Man” que evidencia o início dos baixos da vida de Elton, “Goodbye Yellow Brick Road” vem como transformação. Depois de ir para o espaço, quando ele vai aterrissar? Empresários, agenda, gravadoras, vícios — nada mais disso iria controlá-lo. Tal como a letra, o futuro dele estava além da estrada de tijolos amarelos da fama, mas de volta às suas origens.

No caso de Elton, era preciso revisitar sua vida e perceber, de fato, o que ele havia vivenciado até agora. Foi na reabilitação que Elton John pôde entrar em contato e lidar com suas vulnerabilidade e inseguranças, se livrar de seus hábitos ruins e, acima de tudo, encarar as consequências de suas próprias escolhas.

A vida de Elton John, em suas próprias palavras, foi “caótica, divertida, louca, horrível, brilhante e sombria”. Rocketman entrega todas essas nuances e finaliza de forma otimista. Com “(I’m Gonna) Love Me Again”, dueto de Elton com Taron, como música final, entendemos que o amor que Elton sempre quis ele, enfim, encontrou — agora, nele mesmo.

Rocketman recebeu 1 indicação ao Oscar na categoria de: Melhor Canção Original (“(I’m Gonna) Love Me Again”).

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