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Frida Kahlo e as cores da vida: o retrato de uma existência não só colorida

Uma mulher em trajes coloridos e mexicanos, com sobrancelhas grossas e unidas, e um olhar intenso. É difícil viver neste planeta e não visualizar a imagem de Frida Kahlo a partir dessa descrição. Ela está por todos os lugares: camisetas, chaveiros, bottons, quadros, posts, tatuagens e grafites. Apesar de ser símbolo de um ideal feminista, sua história não é tão repertoriada quanto sua imagem. E é essa lacuna que Frida Kahlo e as Cores da Vida pode ajudar a preencher. Publicado pela primeira vez no Brasil pelo clube de assinaturas TAG Inéditos, em parceria com a editora Tordesilhas, o romance da alemã Caroline Bernard (pseudônimo de Tania Schlie) mistura ficção e realidade para reproduzir alguns pontos-chave da vida e da obra de icônica pintora mexicana.

A história começa na adolescência de Frida, quando um acidente muda sua vida para sempre. O choque entre um ônibus e um bonde, na volta da escola para casa, resulta numa barra de ferro atravessando seu ventre e transformando de vez seus planos de carreira e sonhos. Impossibilitada de sair da cama por meses, ela começa a se dedicar à arte e à pintura. Os casos amorosos são outro destaque da biografia que aparecem no romance. O namoro adolescente com Alejandro Gomez Arías, um caso com Leon Trotsky durante a estadia do comunista e sua esposa no México, o relacionamento com o fotógrafo Nickolas Murray, romances pontuais com mulheres, e, claro, Diego Rivera. O pintor é um personagem fundamental da biografia de Frida. Os dois se casaram quando ela tinha apenas 22 anos e, entre idas e vindas, permaneceram juntos até a morte dela, aos 47. Embora ligados por uma interdependência gigante, o relacionamento dos dois foi marcado por separações e inúmeras traições, incluindo a mais escandalosa com Cristina, sua irmã.

Capaz brasileiras de Frida Kahlo e as cores da vida

Caroline se baseou na biografia escrita por Hayden Herrera (Frida – A Biografia), trechos de cartas e diários, exposições e demais materiais a respeito da vida da artista para criar sua personagem. Embora o texto seja narrado em terceira pessoa, o romance mistura excertos desses materiais com falas e pensamentos imaginados pela autora. Um trabalho incrivelmente difícil e, claro, muito subjetivo. No entanto, é nesse ponto que a leitura pode gerar algumas quebras de expectativas. Ao dar voz para pensamentos e diálogos sobre o sofrimento de Frida ao longo de seu relacionamento com Diego, Caroline parece escorregar para um tom infantil, contradizendo o ideal de fortaleza e maturidade intelectual que é comum conferir a Frida Kahlo. Ao mesmo tempo, a fragilidade retratada parece ser também um recurso para humanizar uma mulher que vivia dividida entre o desejo de desenvolver sua carreira artística e a vontade de se dedicar de forma quase integral ao seu amor.

Um outro destaque do livro diz respeito às obras de Frida Kahlo. Ao desenvolver a história, quadros icônicos da artista têm seu processo criativo enredado. São apresentadas obras como “As duas Fridas” (1939), “Minha Ama e Eu” (1937), “Autorretrato com um colar de espinhos e Beija- Flor” (1940) , “Umas facadinhas de Nada” (1935), entre outras. Para além de uma simples menção, a autora tem o cuidado de inseri-los nas histórias, com suas possíveis inspirações e desdobramentos. A dica aqui é manter o celular por perto. A edição não traz as obras reproduzidas e exige uma visita aos buscadores mais próximos para aprimorar a experiência de acessar um pouco da história de cada quadro.

Acompanhar a trajetória da Frida de Caroline Bernard é uma interessante viagem a um universo que existiu, mas que pode ter tido contornos diferentes. Mesmo que a autora se permita imaginar e imprimir um pouco de sua visão sobre os acontecimentos, o uso que faz dos principais eventos e da obra da artista torna o livro um excelente ponto de partida para conhecer melhor a mulher que ilustra inúmeros souvenirs ao redor do mundo.

Frida Kahlo e as cores da vida, Caroline Bernard, Tordesilhas, Brochura 264 páginas, Tradução: Claudia Abeling


** A arte em destaque é de autoria da editora Paloma.

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