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Cursed: uma série amaldiçoada por sua mania de grandeza

A Netflix não poupou esforços para produzir Cursed, série que estreou em seu catálogo de streaming no mês de julho. Com imagens promocionais impactantes e um trailer dinâmico, foi fácil se deixar seduzir pela produção que se propunha a reimaginar a lenda arthuriana por meio do ponto de vista de Nimue, a futura Dama do Lago. Aqui, ela ainda não é uma sacerdotisa poderosa e não sabe o que está fazendo durante a maior parte do tempo — algo que não se restringe apenas a ela, mas alcança todos os aspectos da série, do roteiro aos atores, do CGI a continuidade entre as cenas.

Atenção: este texto contém spoilers!

Protagonizada por Katherine Langford, mais conhecida por seu papel em 13 Reasons Why, a série é uma espécie de coming of age onde acompanhamos Nimue enquanto ela descobre seus poderes e encontra seu lugar no mundo, tudo isso enquanto tenta salvar seu povo da extinção, vê o florescer de um romance e navega por tramas políticas ao estilo Game of Thrones. A princípio, não há nada remotamente errado com essa trama e muito menos com a pretensão da série em ser épica e sangrenta de um jeito interessante, mas não demora muito para que Cursed se perca em si mesma e acabe entregando uma trama insossa, previsível e que parece uma colagem de muitas outras produções.

A começar por Nimue, a protagonista, que não passa de uma promessa. No material promocional divulgado pela Netflix para promover a série, vemos a Nimue de Katherine Langford erguendo a poderosa espada que desencadeia a trama e lutando bravamente com quem quer que se meta em seu caminho, mas no desenrolar dos episódios não é exatamente isso o que acontece. Nimue cresceu entre os druidas e os feéricos, povos que estão sendo caçados pelo Paladinos Vermelhos, uma vertente da Igreja Católica atuando na Britânia e comandada pelo Padre Carden (Peter Mullan), mas rejeita seus poderes. O objetivo dos Paladinos Vermelhos é expurgar a Britânia de todos os seres mágicos e, para isso, eles invadem e queimam vilas inteiras, matando sem o menor remorso qualquer um que tenha contato com a magia.

Nimue, porém, mesmo crescendo imersa em mágica, renega seus poderes e não quer saber deles. Mesmo entre os moradores da vila, Nimue é vista como perigosa e amaldiçoada por ter poderes extraordinários e ter sido marcada pelo Oculto enquanto era criança — o que a série falha em explicar, no entanto, é por qual motivo os druidas a temem enquanto eles deveriam ser um povo tolerante e aberto ao sobrenatural. Nimue sofre na mãos das crianças da vila e passa por situações de bullying enquanto cresce, o que só a faz renegar com ainda mais força os seus poderes que são ativados apenas em momentos de pura raiva. Mesmo se recusando a se conectar com sua magia, Nimue acaba sendo escolhida durante uma cerimônia druida como a Summoner of the Hidden, o que significa dizer, basicamente, que de agora em diante ela é a responsável pela proteção de seu povo e deve usar, para isso, os poderes que tanto renega.

Mas Nimue não quer ter nada a ver com isso e decide fugir. Durante sua fuga, Pym (Lily Newmark) resolve que não deixará a amiga sozinha nessa empreitada e parte com ela em busca do navio em que Gawain (Matt Stokoe) está à bordo, mas quando elas chegam ao porto, ele já zarpou e só retornará em seis meses. Sem muito o que fazer a não ser encarar a perspectiva de ficarem presas em sua vila, Nimue e Pym decidem dar uma volta pelo vilarejo e é nesse momento em que se deparam com um jovem cantando para um pequeno grupo de pessoas em troca de moedas. Ele e Nimue trocam olhares e o jovem, encantado, decide dedicar a ela uma canção. Não demora a sermos apresentados a ele, e é assim que encontramos Arthur (Devon Terrell) — sim, aquele Arthur. Nessa versão da história ele ainda não é um cavaleiro honrado e está muito mais para um ludibriador e mercenário do que qualquer outra coisa, mas seu carisma e belo sorriso parecem ser suficientes para Nimue — e Pym, que nota as faíscas saltando entre o pretenso casal. Embora fique claro para a audiência que Nimue e Arthur irão acontecer romanticamente, o relacionamento que se desenvolve a partir de então não parece muito crível devido à falta de desenvolvimento dessa narrativa — ainda que os dois, Katherine Langford e Devon Terrell, formem um par incrivelmente bonito de se olhar, toda a construção do romance entre eles parece crua e apressada, o que torna difícil torcer para o que quer que possa vir a acontecer entre eles a partir de então.

Enquanto Pym e Nimue estão em companhia de Arthur, primeiro apostando com dados no vilarejo e depois fugindo dos Paladinos Vermelhos em meio à floresta, a vila em que elas vivem é atacada por outro grupo comandado pelo Padre Carden. Os Paladinos Vermelhos colocam fogo nos casebres, matam crianças e adultos sem discriminação e escolhem alguns outros para serem queimados em cruzes de madeira. Quando Nimue e Pym finalmente retornam para casa, também são pegas pelos fanáticos de Carden e, novamente, Nimue reluta em usar seu poder e apenas corre desesperada em um cenário caótico de fogo e morte. É assim que nossa relutante protagonista encontra sua mãe, Lenore (Catherine Walker) a beira da morte: como último pedido, Lenore entrega a Espada do Poder para Nimue e pede que a filha a entregue a Merlin (Gustaf Skarsgård) — sim, aquele Merlin. A espada esteve escondida com Lenore durante anos, e agora é chegada a hora de entregá-la a Merlin para que conquistem alguma proteção para o povo feérico, tão próximo da extinção.

Lenore se sacrifica, morrendo nas mãos de um Paladino Vermelho, enquanto Nimue foge carregando a Espada do Poder — sabemos que a espada não é outra que não Excalibur, mas durante todos os dez episódios de Cursed ela será chamada dessa maneira e não pelo nome que a fez famosa. Fugindo desesperada no meio da floresta escura, Nimue se vê encurralada no topo de uma pedra por lobos famintos. Ela porta apenas a espada para se defender, mas ainda assim reluta a usá-la, talvez por sequer parecer conseguir segurá-la direito. Em um momento que deveria ser marcante como o despertar de Nimue para os poderes da espada, ela saca a arma e mata todos os lobos em uma cena grotesca de tão mal feita. Era de esperar que Frank Miller, que tem nas mãos produções como Sin City e 300 e é o produtor de Cursed, assim como autor de sua versão em graphic novel, pudesse ter feito uma cena que envolvesse sangue e morte de uma maneira um pouco melhor. Nimue se salva ao ser possuída pelo poder da espada, e desperta no dia seguinte banhada pelo sangue dos lobos que matou.

A partir de então, Nimue começa sua busca por Merlin a fim de entregar a Espada do Poder a ele. O que Nimue não sabe, no entanto (inclusive este é apenas mais um item na lista de coisas que a protagonista desconhece totalmente), é que Merlin não é mais o poderoso mago de antigamente e vive bêbado na corte do Rei Uther Pendragon (Sebastian Armesto), fazendo o que quer que seu mimado monarca peça a ele. Nessa jornada em busca de Merlin, Nimue se depara novamente com Arthur que oferece para levá-la até um lugar seguro, uma abadia, sem pensar nem por um segundo que os Paladinos Vermelhos, enquanto cristãos, também fazem uso do lugar. Então, novamente, Nimue se vê em uma situação ruim enquanto precisa se esconder dos comandados do Padre Carden e tenta fugir da abadia. O que ela não espera é ser enganada por Arthur que rouba a Espada do Poder e vai com ela em direção ao seu tio em busca de um apadrinhamento para competir em um torneio que acontecerá em breve. Arthur é obcecado com a ideia de restaurar a honra da família após a morte do pai, que deixou ele e a irmã, Morgana (Shalom Brune-Franklin), dependentes do tio e com dívidas para saldar, mas participar de um torneio com uma espada roubada não fará com que todos os seus problemas desapareçam — algo que ele sequer chega a considerar.

Todos em Cursed estão em busca da Espada do Poder, e esse poderia ser um fio condutor simples e certeiro para a trama, porém não é o que acompanhamos durante os dez episódios de sua primeira temporada, onde todos os personagens parecem estar correndo sem sair do lugar: Nimue luta para aceitar seu papel em toda essa narrativa, não querendo ser a responsável por comandar seu povo; Arthur procura restaurar a honra da família e se vê momentaneamente seduzido pelo poder da espada; Padre Carden quer a espada para que possa ter domínio sobre o rei; e Uther Pendragon quer a espada por acreditar que ela é sua herança de direito como regente de toda a Britânia. Mas o que poderia ser simples se transforma em uma sucessão de erros devido a um roteiro falho, simplório e que tenta ser muito mais do que realmente é.

Fica evidente que ao se inspirar nas tramas políticas das primeiras temporadas de Game of Thrones, inserindo conversas que deveriam ser inteligentes mas acabam por ser sem graça e intermináveis, Cursed coloca mais no prato do que consegue dar conta e acaba por eclipsar a jornada de sua própria protagonista com todas essas subtramas que ninguém liga. Além de toda a narrativa da espada e da descoberta de Nimue a respeito do poder que tem — e o que ela quer fazer a respeito dessa espada amaldiçoada que todo mundo parece querer — precisamos acompanhar reis discutindo, um líder viking que se chama de Ice King (Jóhannes Haukur Jóhannesson) querendo tomar o trono da Britânia, uma rainha guerreira aleatória, Red Spear (Bella Dayne), que surge na história com Pym, até então desaparecida, à bordo de seu navio, além de ver os Paladinos Vermelhos se multiplicarem como formigas, parecendo estar em todos os lugares ao mesmo tempo, sem qualquer explicação. Como se não bastasse, ainda temos um Merlin muito parecido com Jack Sparrow e ainda que Gustaf Skarsgård seja um ator incrível, como já vimos em Vikings, ele não parece ter muito o que fazer por aqui com o roteiro que lhe é dado, além de parecer bêbado e em conflito com seu passado. E isso que não vou nem entrar no mérito de falar sobre a Irmã Iris (Emily Coates), que viveu a vida inteira em um convento e, com apenas uma aula, já domina o arco e flecha com destreza.

Particularmente, gosto muito das lendas arthurianas e não penso duas vezes em consumir qualquer coisa que fale delas — seja livros do Bernard Cornwell, séries da BBC ou Tomb Raider —, mas Cursed consegue fazer qualquer fã se encolher de vergonha. Não me entenda mal, é realmente interessante ver a história sendo contada pela perspectiva de Nimue, personagem cujo papel normalmente se resume a entregar Excalibur a Arthur no momento oportuno, mas o que acontece na série é uma grande colcha de retalhos que falha no primordial: nos fazer sentir empatia e torcer pela protagonista. É ok a série retratar os primeiros anos de uma personagem que se tornará poderosa no futuro e como esses anos de formação impactam nela, com erros, acertos e tropeços, mas Cursed não consegue fazer sequer o mínimo por sua trajetória. Nimue parte de uma garota inocente jogada no meio de uma trama política muito maior do que ela para a rainha de um povo e uma figura quase religiosa em questão de instantes, o que é difícil de acreditar. É uma narrativa similar a de Daenerys Targaryen na já citada Game of Thrones, porém com menos sutilezas e sem uma história forte em que se basear. Em Cursed não há nada além de uma visão que diga que Nimue é a Rainha dos Feéricos, e isso parece bastar para todos. De uma hora para a outra ela invade uma cidade, toma o trono, coloca Arthur e Morgana como conselheiros e parece saber muito bem o que está fazendo. Mas nada disso é verossímil, não dá para acreditar.

Nimue, enquanto protagonista, não tem um desenvolvimento de personagem claro e linear. Em um momento ela quer fugir de suas responsabilidades, na sequência se autodenomina Rainha dos Feéricos e na próxima cena já está se desfazendo da Espada do Poder, arremessando-a em um fosso durante um rompante de raiva. Sabemos, por meio da mitologia da série, que aquele que brande a Espada do Poder se torna manipulável por ela, ouvindo sussurros de mortos e sentindo o sabor do sangue da batalha, mas isso por si só não justifica um desenvolvimento tão pobre para Nimue enquanto personagem. Suas mudanças de personalidade acabam por interferir no relacionamento dela com Arthur que, como já mencionado, nunca chega a atingir todo o seu potencial. Assim como Nimue muda de atitude com relação ao seu papel em toda a disputa pela espada, ela se transforma durante as conversas com Arthur. De uma cena para o outra eles mudam completamente de comportamento, discutem por meio de falas que não fazem o menor sentido e de repente já estão se beijando e indo para a cama — em uma cena muito estranha, diga-se de passagem. Não há um crescimento ou uma faísca de paixão que nos faça acreditar que eles são para ser, muito diferente do que acontece entre Pym e Dof (Nikolaj Dencker Schmidt) que, em comparação, estão muito menos em tela do que Nimue e Arthur mas parecem muito mais feitos um para o outro do que o casal principal.

Além de Pym e Dof, personagens que aparecem pouquíssimo em tela mas mesmo assim garantem momentos interessantes para Cursed, há o misterioso Weeping Monk (Daniel Sharman). Em sua primeira aparição ele está ao lado dos Paladinos Vermelhos do Padre Carden, seguindo e rastreando os passos de Nimue e a Espada do Poder no meio da floresta, e não demora para o vermos novamente matando feéricos e capturando Esquilo (Billy Jenkins), um pequeno valente e desbocado que vivia na mesma aldeia que Nimue. Sabemos logo de início que há algum mistério envolvendo o Weeping Monk e seu passado, e as poucas gotas de informações que recebemos são, em boa parte, as responsáveis por nos fazer seguir adiante durante os dez episódios da primeira temporada. O personagem de Daniel Sharman quase não tem falas e aparece muitas vezes matando inocentes, porém a curiosidade de saber o que há com ele o faz muito mais interessante do que Nimue, Merlin ou Arthur, o que se reflete também no crescimento do personagem durante a trama. A revelação que envolve ele e Esquilo, no último episódio, talvez seja mais do que suficiente para te fazer retornar para uma segunda leva de episódios — já confirmada pela Netflix — do que o desfecho da própria Nimue na season finale.

Outra personagem que merecia muito mais tempo de tela, ou até um spin-off, é a Morgana de Shalom Brune-Franklin. Quando a vemos pela primeira vez, ela é chamada de Irmã Igraine e está na abadia em que Arthur esconde Nimue, mas ali já é possível notar que ela não é uma mulher conformada com seu papel no mundo. Morgana não apenas esconde Nimue na abadia em meio a seus próprios inimigos, disfarçando-a como freira, mas depois ajuda a protagonista a fugir do Weeping Monk e do Padre Carden que estão a rastreando. Como se não bastasse, Morgana ainda está em contato direto com o povo feérico e faz parte da resistência, tudo isso enquanto tem um relacionamento amoroso com a Irmã Celia (Sophie Harkness). A trama envolvendo Morgana, seu destino de se transformar na maior feiticeira de toda a Britania e seu encontro com a deusa Cailleach, que lhe dá o poder de falar com os mortos, além do fato de ter matado A Viúva, entidade que coleta as almas de quem vai morrer, é muito promissora. Cursed ainda não explicou como Morgana foi capaz de matar a morte, então está aí (mais) uma narrativa que a série precisa explorar melhor em sua segunda temporada se quiser começar a fazer algum sentido.

Com Cursed, é a primeira vez que Arthur e Morgana são interpretados por atores pretos — e aí está um dos trunfos da série. Diferentes de muitas produções sobre as lendas arthurianas, Cursed não se prendeu aos estereótipos básicos das narrativas de capa e espada e ousou inovar, em certa medida, nas escolhas dos atores para dois dos papéis mais importantes de toda essa saga. Ainda que tenha muitas falhas, Cursed acerta ao escolher Devon Terrell e  Shalom Brune-Franklin como os intérpretes de Arthur e Morgana, mesmo que o roteiro da produção não tenha sido muito gentil com suas jornadas até o momento. Em fóruns de discussão muito tem se falado sobre como Arthur é um “personagem chato e sem carisma”, mas alguns dos comentários estão muito mais para um racismo escrachado do que uma crítica ao roteiro em si. No caso de Devon Terrell, que faz par com a branquíssima Katherine Langford, o racismo fica ainda mais evidente nos comentários dos usuários dos fóruns, por exemplo, que parecem não aceitar o fato de Nimue e Arthur ficarem juntos. Para além da falta de entrosamento do casal, esse problema é muito mais de direção e roteiro do que da cor da pele de seus atores.

Em entrevista ao Pop Sugar, ainda durante as filmagens de Cursed em 2019, Devon Terrell disse como ainda não há, hoje em dia, muitos personagens de fantasia para jovens pretos, homens ou mulheres, se inspirarem “(…) so it’s really exciting that young people, of any ethnicity really, will be able to see themselves in this because I’m a young, mixed-race kid and I would have been so excited seeing myself up on the screen as well when I was younger” [“então é realmente empolgante que jovens, de qualquer etnia, possam se ver nisso porque eu, que sou birracial, teria ficado muito empolgado em me ver na tela quando era mais jovem”]. Tanto Arthur quanto seus cavaleiros, magos e feiticeiras sempre foram interpretados por atores e atrizes brancos — e outra exceção à regra fica por conta apenas da personagem Guinevere da série Merlin, da BBC, de 2008, que trazia a atriz Angel Coulby no papel.

Cursed chega ao final de seus dez episódios com a certeza de um potencial desperdiçado. Com locações belíssimas que evocam toda a magia perdida da Britânia arthuriana e que transforma a fotografia da série em algo à parte, as quase dez horas da produção nos faz questionar, durante toda sua extensão, se realmente eram necessários todos esses episódios para contar a primeira parte dessa história. Nimue, que deveria ser a heroína de tudo isso, fica por vezes apagada em sua própria história. Apesar da trama intrigante baseada em uma lenda que faz parte do imaginário de muitas pessoas (ainda que a remodele os personagens ao seu bel prazer), Cursed falha em deixar algum impacto positivo em sua audiência. A série não parece se decidir se quer ser uma produção voltada para os jovens — sua abertura, assim como as incômodas, porém belas, transições de cena parecem algo inspirado diretamente em O Mundo Sombrio de Sabrina —, ou se quer tecer tramas políticas para adultos como Game of Thrones. Perdida entre esses dois mundos, a série termina por não ser coisa nenhuma: o drama do romance entre Arthur e Nimue pode irritar os mais velhos enquanto os adolescentes vão querer menos conversa e mais ação.

Cursed tem um ritmo arrastado, as tramas não se conectam com coesão e a atmosfera sobrenatural que deveria pairar sobre os episódios se esvai em meio a bruma enquanto seu roteiro se perde, sem saber para qual lado deve ir. A série, que deveria ser sobre uma jovem mulher lutando para se encontrar e salvar seu povo no processo, se transforma em uma colagem de várias produções conhecidas e termina sem nenhuma característica marcante para chamar de sua. Nimue sequer parece merecedora da alcunha de Wolf-Blood Witch e muito menos do terror que parece inspirar nos Paladinos Vermelhos — fora uma ou duas vezes em que ela realmente usa seu poder, nas demais sequências é apenas ela reclamando sobre como não quer usar esses dons e do peso de carregar a espada. Fora isso, é realmente irritante a quantidade de vezes em que personagens masculinos como Gawain e Arthur decidem que vão salvá-la, tirando o poder — ou a espada, literalmente — e a autonomia de suas mãos . Para uma série centrada em uma personagem feminina que se transformará em uma das mais poderosas de seu mundo, é entristecedor perceber quanto tempo Cursed perde a despojando de sua independência em detrimento de personagens masculinos que só fazem reclamar sobre honra.

13 comentários

  1. Texto muito bem escrito e tudo muito bem observado.
    Já minha filha e eu achamos q podemos praticamente cancelar a série todinha só por causa dos “homens” – pq não há um q se salve! Affff A gente tá assistindo a série e reclamando a todo momento dos comportamentos e falhas deles, Fora a Nimue ser essa pessoa em cima do muro! Díficil mesmo… 🙁

    1. Obrigada pelo comentário, Monica! Os personagens masculinos são bem qualquer coisa, quem sabe na próxima temporada eles aprendem uma coisa ou outra, rs.

  2. Realmente, um verdadeiro potencial desperdiçado. Dá tristeza de ver. Para mim o Weeping Monk é o personagem mais interessante e o motivo de eu (talvez) assistir a próxima temporada.

  3. concordo com tudo!!!! mas, como sou uma pessoa rasa e que gosta mesmo é de diversão, tô adorando. e com certeza vou assistir à segunda temporada! rs

      1. É, sim, mana, já bastam os dramas profuuundos da nossa vida real, né? rs Mas, só pra constar, em favor da Minue, ela era s´uma menina (teria 18, 19 anos?) vivendo numa família totalmente disfuncional, o pai tinha medo (ou a odiava, por saber que ela não era sua filha) e ela crescendo sabendo que tinha um monte de “borboletas sombrias” em seu estômago… Tô me permitindo dar a ela esse desconto 😉

  4. Só pra constar 2: AMEI teu blog, tu assiste as mesmas séries que eu!! Tô aqui agora mesmo pra te “maratonar” <3

  5. acho que as pessoas se acham atualmente entendidos de tudo e aquilo ah não gostei disso e aquilo e daí postam suas críticas achando que todos tem concordo não se descute se lamenta respeite a opinião dos outros

  6. No começo achei que ia ficar com raiva da sua crítica, mas faz sentido. Tenho alguma empatia pela Nimue e acredito que se melhorarem a personagem na próxima temporada, ela possa a vir a ser mais bem desenvolvida.
    Senti falta de presença da Morgana e espero muito que explorem mais ela na próxima temporada, assim como Lancelot (ou o Monge Choroso). Digo o mesmo a Percival (ou Esquilo).
    Um romance também entre a Lança Vermelha e Arthur pode ser bem interessante e dar outro rumo a história.
    Vamos ver o que vem por aí.
    Obs.: Essa comparação com GoT, The Witcher e Vikings não deveria existir MESMO. Muito non sense.

  7. Mas enfadonho do que o roteiro é o tamanho do texto da crítica. Mas, vamos lá, concordo integralmente com tudo. Faltou, porém, identificar o plágio descarado de Stars Wars na relação Padre Cardem/Monge Choroso e Darth Sidious/Darth Maul (até o detalhe das tatuagens foi copiado). Cruel. Já dizia Chacrinha, Velho Guerreiro, na TV nada se cria, tudo se copia!
    *acho que escrevi demais também…..

  8. Amei as observações! Fizeram total sentido. Pensei que tivesse sido a unica a conectar o Merlin com o Jack Sparrow na trama. Tinha muitas expectativas pra essa serie e demorei muito pra assistir pq tinha certeza que ia ser especial, que decepção.
    Estou aqui torcendo pra alguém da equipe ler essa postagem e levar tudo em consideração!

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