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Coberta por Beijos Roxos: you want some sweet juice?

Consigo ver a cera de velas roxas derretendo no castiçal de um hotel abandonado logo no início de Cabin Fever, o 5º miniálbum do grupo feminino Purple Kiss.

O grupo é composto atualmente pelas jovens Na Goeun, Dosie, Ireh, Yuki, Chaein e Swan, e agenciado pela gravadora RBW, também responsável por outros grupos sul-coreanos talentosos, como Mamamoo e OneUs.

A Cabana do Medo

O EP Cabin Fever começa com a melhor introdução da carreira do grupo, “Intro: Save Me”, com um cantarolar fantasmagórico e sedutor aos ouvidos. A música, como uma boa abertura, já se conecta com a faixa seguinte, “Sweet Juice”, o grande single da obra, que conta com composição de Na Goeun e da rapper Yuki. O dedilhar do piano é de arrepiar a espinha, expandindo a atmosfera de um filme de terror ou suspense, mas extremamente tentador e atraente: é uma poção do amor. Quem não quer um pouco desse suco doce em tons tintos vibrantes?

Enquanto “Sweet Juice” é uma seda constante, “T4ke” explora mais texturas, um tapete de veludo vermelho no hall de entrada e o tilintar em uma grande mesa de jantar. Chegamos no hotel mal-assombrado, tocando o sino da recepção, e somos recebidos por mais vocais e raps cativantes e aguçados de seis fantasmas camaradas.

Quando já estamos nos acostumamos com o cenário, as garotas usam o piloto automático para mudar o rumo de Cabin Fever e mostrar que não se trata de uma simples história de terror. Nesse momento, os tons de roxo escuro vão se abrindo pouco a pouco, num degradê de lilás.

Delírios em uma noite de verão

“Autopilot”, a quarta faixa do álbum, tem uma grande influência de synth pop retrô, constante durante toda a música. Os vocais das integrantes ficam mais claros, livres da névoa e sussurros das faixas iniciais, e nos segundos finais, contamos com uma pitada de som acústico, cortesia da caçula do grupo, Swan, com uma voz de causar inveja em muitos veteranos.

Já em “Agit”, seguimos no caminho apontado por “Autopilot”, com um pop energizante, perfeito para o calor, repleto de frescor. É uma paixão de verão: “Nosso próprio esconderijo, minha fantasia juvenil”.

Mas será que esse amor dura mais de uma estação? Tudo indica que sim, com “So Far So Good”, a balada melódica e simples que fecha o miniálbum, e que abre espaço para apreciarmos ainda mais o poder vocal de Na Goeun, Dosie, Ireh, Chaein e Swan, e o rap impecável e único de Yuki.

“Até agora tudo bem / Nenhuma dúvida sobre qualquer coisa entre nós / Está perfeito até agora / Ainda estou com medo, posso estar com medo, mas / E se nós bebermos a noite toda / E falar até o nascer do sol? / Porque eu quero te conhecer / Você / Até agora, tudo bem, eu quero você.”

Cabin Fever

I want some sweet juice

Entrar na cabine do Purple Kiss, tarde da noite, no meio do nada, cercados por árvores tenebrosas e uma névoa grossa, é como arder na febre da paixão. Sim, é como se apaixonar. No início, não entendemos bem, cada passo pode ser em vão — ou pior, em falso. Sabemos o que queremos, o desejo ardente, mas não sabemos se será correspondido.

Duvidamos de nós mesmos, mas pouco a pouco, percebemos que o sol está nascendo, que não se trata de uma floresta amaldiçoada, mas de um bosque encantado, e que não há motivo para sentir medo, apenas festejar a beleza desse sentimento tão puro e humano. Cabin Fever não é um suspense, muito menos um terror. É uma comédia romântica estrelada por seres sobrenaturais que nos convidam a nos embebedarmos com eles.