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De escritora para escritora: uma conversa com Aline Valek e Jarid Arraes

Convidamos duas escritoras brasileiras, Aline Valek e Jarid Arraes, para uma conversa sobre literatura e diversidade. Aline e Jarid são duas autoras que ressaltam, também através da literatura, a importância de defender as múltiplas possibilidades de narrativa e representatividade, tanto do ponto de vista temático, quanto do ponto de vista formal. Embora façam experimentações diversas e não queiram ver seus trabalhos reduzidos a esse ou aquele caminho, dois gêneros literários têm ocupado lugar de destaque na recepção da obra de cada uma: ficção científica/fantasia no caso de Aline, e literatura de cordel no caso de Jarid.

Quanto à literatura de cordel, Carlos Drummond de Andrade disse:

“A poesia de cordel é uma das manifestações mais puras do espírito inventivo, do senso de humor e da capacidade crítica do povo brasileiro, em suas camadas modestas do interior. O poeta cordelista exprime com felicidade aquilo que seus companheiros de vida e de classe econômica sentem realmente. A espontaneidade e graça dessas criações fazem com que o leitor urbano (…) lhes dedique interesse, despertando ainda a pesquisa e análise de eruditos universitários. É esta, pois, uma poesia de confraternização social que alcança uma grande área de sensibilidade”.

O cordel remonta ao século XVI e o nome tem origem na forma como os folhetos eram expostos para venda, pendurados em cordas — cordéis ou barbantes em Portugal. No Nordeste, o nome foi herdado, mas a tradição do barbante não se perpetuou como condição essencial do gênero: o folheto brasileiro pode ou não estar exposto em barbantes. Alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, também usadas nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos.

Já a ficção científica (normalmente abreviada como sci-fi), é um gênero da ficção especulativa, que normalmente lida com conceitos ficcionais relacionados à ciência e à tecnologia, e a seus impactos e consequências em uma determinada sociedade ou em seus indivíduos. Evita utilizar-se do sobrenatural, baseando-se em fatos científicos para compor enredos ficcionais. Para a escritora Ursula K. Le Guin, a ficção científica não se resume a um exercício de extrapolação da realidade ou a uma tentativa de antecipação do futuro. É uma nova maneira de olhar para o presente, para quem somos hoje.

A fantasia costuma ser definida como um gênero da ficção em que se usa geralmente fenômenos sobrenaturais, mágicos e outros como um elemento primário do enredo, tema ou configuração. Muitas obras dentro do gênero ocorrem em mundos imaginários onde há criaturas e objetos mágicos. Geralmente, a fantasia distingue-se dos gêneros ficção científica e horror pela expectativa de que o horror trata claramente de temas macabros e a ficção científica, de temas relacionados à ciência, embora haja uma grande sobreposição entre os três, todos podem ser pensados como subgêneros da ficção especulativa.

Sabemos que toda definição de gênero carrega consigo imprecisões e conflitos, mas, de todo modo, podemos dizer que, ao longo da história, a ficção científica e a literatura de cordel são gêneros que foram predominantemente ocupados por autores homens, em termos de volume de publicações, embora existam exceções importantes. Comecei a entrevista perguntando a Aline e a Jarid como foi a experiência de romper essa fronteira, do ponto de vista literário, o que funcionou como ponto de partida de uma conversa entre escritoras, colaboradoras (Aline é ilustrada do livro As Lendas de Dandara, de Jarid) e amigas. Optamos por publicar nesse formato.

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Aline Valek: Pra muita gente, eu nunca rompi essa barreira! Já ouvi várias vezes que o que escrevo não é ficção científica, ou não é ficção científica o suficiente. Esse meio da ficção científica está cheio de síndicos, que dizem o que é e o que não é, quem pode e quem não pode. Mas também já disseram que o filme Gravidade não é FC, ou que a obra da Ursula Le Guin, autora de A Mão Esquerda da Escuridão, também não é. Então talvez eu esteja fazendo algo certo. Mas nem eu sei dizer ao certo se o que escrevo se enquadra em ficção científica. Tenho dificuldades com rótulos. Busco escrever sobre coisas que me intrigam e geralmente isso significa adicionar aqui e ali um pouco de fantástico. Nunca imaginei que isso pudesse ser transgressor de alguma maneira, mas parece que é sim. Tem o fato de eu ser mulher, que incomoda, mas também tem a questão de eu tentar esticar as fronteiras do gênero, de experimentar do ponto de vista formal e moldar a ficção científica (por exemplo) para caber nela as histórias que quero contar. Mas ser aceita por um nicho específico ou no meio literário como um todo é a última das minhas prioridades, porque escrever dentro de um gênero ou outro pra mim é muito mais por experimentação do que por adequação. A literatura fantástica tem fornecido as ferramentas que preciso para as minhas investigações e é justamente isso que me chama atenção no gênero, pelo menos no meu entendimento, e muita gente há de discordar: a ausência de fronteiras, a possibilidade de inventar o que eu quiser.

Jarid Arraes: Isso tudo que a Aline falou me inspira muito, porque constantemente me sinto reduzida ao cordel e, ao mesmo tempo, tenho um orgulho imenso do meu trabalho com a Literatura de Cordel. Por motivos muito parecidos: porque, sim, eu rompi fronteiras absurdas, porque o cordel me trouxe um reconhecimento que a maioria dos cordelistas não tem e que muitas (muitas) escritoras não têm. Também me sinto esticando as fronteiras, porque coloco no cordel vários tipos de histórias que nunca vi em cordel. E, ao mesmo tempo, porque faço coisas que são meu movimento de romper as fronteiras de ser “só” cordelista. Meu próximo livro vai ser de poesia. Cordel é poesia, mas um tipo específico e muito marcado pela identidade que ele tem, então essas poesias, do meu próximo livro, são as fronteiras se esticando para mim e na minha carreira. Eu não quero ser uma coisa só e nem quero que digam “a Jarid escreve x” ou “a Jarid é autora de y”. Eu sou escritora, escrevo um monte de coisa e é isso. Mas é ridículo como os síndicos existem, né? No meio do cordel está cheio de síndicos que não me convidam para as reuniões do condomínio. Acho que sou muito língua ferina para eles; toda entrevista que dou sobre cordel, faço questão de levantar debates e não só ficar defendendo o cordel como se tentando convencer as pessoas de que está tudo bem. Por falar nisso, Aline, você já parou pra pensar em como seu próximo trabalho rompe as fronteiras do seu trabalho anterior (no caso do As Águas-Vivas Não Sabem de Si)?

Aline Valek: Acho que é bem isso, Jarid: eu não quero ser uma coisa só. Por isso rótulos me incomodam. Eu só quero escrever! Essa falta de definição chegou a me incomodar quando comecei a trabalhar no meu próximo romance, justamente porque ele não tem nada de ficção científica. Até acho que é um tanto parecido com As Águas-Vivas Não Sabem de Si, mas só porque também trata de desencontros, extinção, e de uma busca por algo que não pode ser encontrado. Mas em vez de ir para um cenário desconhecido, cheio de mistérios, eu vou para um ambiente conhecido, que são as cidades pequenas, as pessoas comuns. Muita gente não acha interessante, vê isso com banalidade, mas acho que é um mundo tão fantástico quanto qualquer outro. Mas também é uma investigação, como o primeiro livro, do tipo: vou colocar esses personagens nessa situação difícil (no caso, uma cidade afundando) e vou ver como eles se viram. Do ponto de vista literário, está sendo um desafio enorme, porque se trata de um cenário muito familiar pra mim e o tempo inteiro tenho a sensação de estar me expondo. Do ponto de vista de mercado, é quase um suicídio de carreira! Olha só, eu consigo publicar um livro que vai pelo caminho da ficção científica, seria muito mais fácil eu tentar me consolidar nesse mercado. Seria mais fácil vender meu nome. Mas eu não consigo escrever pensando no mercado. Se a história na qual eu acredito vai me levar para outro caminho, eu simplesmente vou atrás dela. Então o que me preocupava no início era eu ter me desviado tanto que as pessoas não iam mais saber o que esperar de mim. Porque tem toda essa expectativa que a pessoa volte para a prateleira do mercado e te encontre com o mesmo rótulo. Você também vê essas expectativas sobre seu trabalho, Jarid? Como, por exemplo, lidar com as expectativas de quem conhece seu trabalho no cordel quando for lançar suas poesias? Aliás, você escreve sobre uma variedade de temas, e, como você falou, o cordel é uma forma de poesia; mas há temas que você prefere tratar em cordel e outros em poesia?

Jarid Arraes: Nossa, suicídio de carreira, é bem isso! Porque as pessoas estão habituadas a ler você de uma forma. E elas gostam de você por isso. Elas curtem seu estilo, as coisas que você diz e inventa, a sua forma de escrever. De repente, você faz algo que não tem muito a ver (ou nada a ver) com o que tem feito há anos. Quem será que fica, quem vai embora, quem chega? Eu confesso que estou empolgada com isso. No cordel, eu sempre procuro ter uma pegada didática, ensinar coisas de uma forma mais bonitinha, responsável. Eu quero que as pessoas curtam a literatura pela técnica que o cordel é, pela métrica, as rimas, o ritmo e a melodia que o cordel tem. Mas com minhas poesias eu não estou preocupada com nada disso. Por mais que muitas tratem de temas que são sociais (aliás, existem temas que não são?), eu tiro isso das vísceras. Eu escrevo as poesias que eu preciso escrever para expressar aquilo que está latejando na cabeça, no peito, no estômago. Dá pra levar pra sala de aula? Gosto de pensar que sim. Dá pra refletir sobre questões sociais? Com certeza. Mas eu não faço isso de forma mastigada, entregue, pronta, pensando em ensinar. Acho que fazer desse jeito no cordel seria um desafio enorme pra mim. Mas uma das coisas que eu mais amo no teu trabalho, Aline, é que dá pra enxergar a verdade nele. O quanto você escreve porque quer contar histórias. E os temas, como são profundos. Seria realmente tentador ir pelo caminho das sagas, trilogias, de um mercado que apela para o público jovem adulto, que tem espaço em grandes editoras. Ou ainda escrever um livro e fazer marketing em torno dele como feminista, usando as palavras convenientes para o momento. Mas não é isso que você é. Não aos meus olhos de leitora, pelo menos. Bem, eu li seu livro até onde você me mostrou — e foi bastante — e acho que é um livro que qualquer editora amaria publicar, mas eu admiro demais o seu compromisso com outra coisa. E isso me deixa curiosa: você se imagina escrevendo algo desse tipo, digamos, mais enquadrado no mercadão da vida? E já que falamos de poesia, e eu já te empurrei alguns livros de poesia para ler (além do meu, claro), você tem lido algo dentro do estilo? Você escreveu uma poesia na primeira edição da Bobagens Imperdíveis, se não me engano, e eu adorei aquele poema. Já escreveu outros?

Aline Valek: Acho que se eu conseguir escrever algo mais enquadrado no mercado vai ser por acidente ou coincidência! Se eu for sentar com o objetivo “bem, vamos escrever aqui um best-seller, algo que vai estourar nas vendas!” eu fracassaria retumbantemente. Por mais que eu saiba as fórmulas e entenda mais ou menos o que vende bem, eu não teria capacidade de fazer isso deliberadamente, porque nada me bloqueia mais do que ser falsa comigo mesma. Então não vejo como eu conseguiria fazer algo de sucesso a não ser completamente por acaso. Eu ainda estou nos primeiros passos como leitora de poesia, muito graças a você! Além dos seus poemas, li os da Rupi Kaur, Mariana Lage, Maya Falks e Geruza Zelnys (que você me apresentou), e também os da Ana Martins Marques. Escrever poema já é outra história, porque sinto que é algo completamente fora do meu alcance. Além daquele poema que publiquei na zine, só escrevi um outro, em homenagem ao meu pai. Chega a ser engraçado eu não ter a capacidade de escrever um verso sequer, sendo que meu pai é poeta e escreve poesia até hoje. Os seus poemas me impressionaram muito por serem tão viscerais, puxados lá de dentro. Um fenômeno curioso que acontece quando estou lendo algo seu é que me dá vontade de ler em voz alta. E seus poemas são bons de colocar na boca. Eu admiro mesmo quem tem esse domínio de ritmo, porque pra mim é algo inexplicável, tipo bruxaria. Mas quais são os seus critérios para determinar o que é a Boa Poesia? Quais são os/as poetas que representam essa poesia que você curte? Você busca a Boa Poesia quando escreve seus poemas? Ou melhor, qual é a sua grande busca na escrita?

Jarid Arraes: Eita, que incrível que teu pai é poeta! Quer dizer que temos isso em comum, hein? Acho a coisa mais inexplicável você falando das minhas poesias, dá vontade de gritar. Porque uma coisa é você receber a opinião de quem lê poesia o tempo todo e está com aquele olhar treinado para criticar, outra coisa é a opinião de quem não tem a poesia como prioridade nos livros que lê, mas ainda assim conseguir conversar com aquela pessoa por seus poemas. Aliás, preciso compartilhar com o mundo que por causa da Aline é que decidi que meu livro de poesias vai além do impresso, vai ser falado também. Eu sempre sigo muito os conselhos da Aline, viu, gente? Sigam também. Eu leio poesia desde adolescente, mas não sei dizer o que é Boa Poesia, porque constantemente me pego não curtindo livros de poemas que foram publicados (e, portanto, validados) por grandes editoras. E vejo pessoas que entendem muito de poesia e de literatura derramando elogios, mas simplesmente não consigo me conectar com aquela poesia. Em muitos casos, é porque não entendo porra nenhuma. E compreender ALGUMA COISA é fundamental para que eu curta a poesia. Então prefiro falar que o estilo que eu mais curto é aquele que mais me toca, com o qual eu mais me identifico. E aí entra toda a coisa da poesia confessional, de eu sentir que aquela poesia veio de uma experiência muito pessoal de quem escreveu, que é algo com um significado imenso pra pessoa. E se torna algo com um significado imenso pra mim também. Eu estou sempre fazendo o exercício consciente de procurar poetas publicados por editoras pequenas, sobretudo mulheres. Quem assina minha newsletter vê que minhas indicações de livro são 99% livros escritos por mulheres. Já estou nessa lógica há alguns anos, com o Clube da Escrita Para Mulheres, trabalhando em parceria com mulheres, falando aberta e politicamente a respeito disso. Você faz algum tipo de esforço pra ler mais mulheres ou é algo que vem automático ou que não vem, que você não liga e lê o que te interessa pura e simplesmente? Minha busca com a literatura parece uma espécie de vida de algo, sabe? Como se eu tivesse começado escrevendo coisas que eu precisava entender e expressar, e por isso foram tão políticas e com uma causa tão aberta, e agora que consegui trabalhar isso, fazer as pazes com isso, é como se eu tivesse cumprido uma parte da minha missão. Agora minha busca mudou um pouco de tom — apesar de eu achar que ainda é a mesma. É como se eu tivesse sempre tentando escrever e contar as coisas que não puderam ser contadas. Ou porque foram personagens silenciados pela História, ou porque são temas difíceis, dolorosos, tabus, feios até. No momento estou nessa segunda fase, de buscar mostrar pra quem me lê que somos feitos da mesma matéria animalesca e dolorida, e que isso é também muito social, muito político. E que nos une em nossas solidões. Você pensa muito nisso, em como as coisas que você faz nas publicações e como o que você escreve são coisas muito políticas e coletivas?

Aline Valek: Me identifico com sua busca porque a escrita para mim é uma ferramenta de conexão. Meu processo e meu modo de fazer literatura é muito solitário, não me encaixo em panelinhas, movimentos ou sequer num gênero literário. O que escrevo pode não agradar a todos, ou não alcançar muita gente, mas quando uma pessoa se identifica com uma situação ou personagem ou ideia que criei, quando acende aquela fagulha de entendimento, sinto que cumpri minha missão: a de fazer aquela pessoa se sentir um pouco menos sozinha. Escrevo sozinha, mas escrevo para romper solidões. Para encerrar, só queria observar o quanto é maravilhoso conversar sobre esses assuntos com pessoas com as quais a gente se sente à vontade. O papo podia continuar eternamente. E também é muito bom porque conseguimos transpor aquele lugar comum de “falar das dificuldades de ser uma mulher que escreve.” Porque essa é só mais uma maneira de nos reduzir, de nos limitar a um gueto. Dificuldades existem sim, principalmente para escritores de origem pobre num mercado tão elitizado (e isso seria tema para outra conversa), mas não quero falar só disso. Quero falar do que faço, do que penso. Quero ouvir outras mulheres discutindo seu fazer literário. Acho que a gente precisa ouvir mais o que as artistas e escritoras têm a dizer, principalmente a forma que encontram de fazer sua arte, em vez de tentar enquadrá-las num rótulo o tempo inteiro. Por isso, agradeço demais a Fabiane pelo convite, ao Valkirias pelo espaço, e a Jarid pela conversa! Amei o papo.

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Aline Valek nasceu em Minas em 1986, cresceu nos arredores de Brasília e desde 2013 vive em São Paulo. Escreve contos, já publicados em coletâneas e revistas, como a Superinteressante. Seu primeiro romance, As Águas-Vivas Não Sabem de Si, foi publicado pela Fantástica, selo da Editora Rocco. É criadora da zine mensal Bobagens Imperdíveis, e com frequência empreende projetos de publicação independente.

Jarid Arraes nasceu em Juazeiro do Norte, na região do Cariri (Ceará), em 1991. É escritora, cordelista e autora dos livros As Lendas de Dandara e Heroínas Negras Brasileiras. Atualmente vive em São Paulo, onde criou o Clube da Escrita Para Mulheres. Até o momento, tem mais de 60 títulos publicados em Literatura de Cordel, incluindo a coleção Heroínas Negras na História do Brasil.


** A arte em destaque é de autoria da nossa colaboradora Carol Nazatto. Para conhecer melhor seu trabalho, clique aqui!

3 comentários

  1. Tenho acompanhado vocês há 1 ano mais ou menos, mesmo não me considerando feminista (mas como uma amiga minha diz “é mais do que falar que é, é fazer, é ser”), amo e leio todos os textos que postam. E essa questão da reprentatividade feminina no cordel é Realmente incômoda. Curso letras na UFRRJ e antes de estuda-lo em Lit. Portuguesa, tinha ouvido muito pouco a respeito, mesmo vindo de uma família com origens nordestinas. E cara, tivemos a sorte de estudar com uma professora maravilhosa empoderada que antes disso, em outra disciplina, já havia abordado o racismo (ranço forte de Lobato) na literatura de uma maneira que eu nunca havia notado, mesmo tendo o costume de ler desde sempre. E essa professora nos apresentou alguns cordelistas, inclusive enfatizado a questão de já ser uma literatura muitas vezes despretigiada e tudo mais, ela selecionou alguns tópicos para trabalharmos e um grupo ficou responsável por falar da Jarid. E nossa, que aula foi aquela, a maioria da turma formada por mulheres, na verdade, só há 3 homens nessa turma. As meninas se emocionaram ao falarem da transição capilar (tema de um cordel abordado durante a apresentação) e outras de se verem representadas na Jarid e aquilo foi um sentimento comunitário que nos moveu de uma maneira que nem sei descrever, que começamos a compartilhar algumas coisas e tal. Foi realmente lindo. Mas na verdade, só quero dizer que a literatura é um meio que ainda precisa ser desconstruído em diversos aspectos, porém o pouco que já foi feito, já vem realizando diferenças. Temos muito que mudar e parar de retroceder, mas são mulheres como vcs que nos incentivam a propagar esse pensamento de que podemos ser o que quisermos ser. E na Universidade é lugar sim de estudar autoras geniais como a Jarid!

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