Categorias: LITERATURA

Troféu Valkirias de Melhores do Ano: Literatura – Capítulo 2

Na segunda parte do especial Melhores do Ano: Literatura, continuamos a listar os livros que deixaram uma forte impressão em cada uma de nós. Tramas reais sobre crianças na guerra, distopias que pincelam nosso futuro próximo com cores mais reais do que gostaríamos, uma investigação a respeito de uma tragédia anunciada. As escolhas dessa segunda parte do especial refletem nossos meios e anseios, mas também são capazes de plantar sementinhas de esperança de que, de alguma forma, tudo ficará bem.

O Diário de Myriam, Myriam Rawick

Por Thay

“Os cheiros, os gostos, a felicidade agora estavam aqui, sob as ruínas, abafados sob os tetos desabados”.

Myriam Rawick tinha apenas oito anos de idade quando começou a escrever em seu diário. No entanto, o que ela não poderia imaginar quando colocou as primeiras palavras no papel, é que seu relato do dia a dia como uma criança na Síria se transformaria, também, no relato de uma guerra. Gradualmente, ela vê sua rotina de brincadeiras, escola e encontros familiares mudar aos poucos, e não entende muito bem o que está acontecendo. Quando ela começa a escrever, as manifestações contra Bashar al-Assad estão apenas no início em Alepo, mas o que viria a seguir mudaria a vida de Myriam, de sua família, e de toda a cidade, para sempre.

É esse o relato que podemos ler em O Diário de Myriam, publicado no Brasil pela Darkside Books. Com ajuda de Philippe Lobjois, repórter de guerra francês, Myriam conta como era a vida em Alepo antes, durante e depois do cerco à cidade e como sua vida foi transformada de um dia para o outro. É dolorido ver uma guerra se desenrolar pelos olhos de uma criança e mais dolorido ainda pensar em quantas delas não viveram para dar sua versão dos fatos. O Diário de Myriam é uma história real sobre perda e dor, mas também sobre e fé e não perder as esperanças mesmo quando os dias estão completamente escuros. — Compre!

O Feminismo é Para Todo Mundo: Políticas Arrebatadoras, Bell Hooks

Por Laura

“Quando falo do feminismo que conheço — bem de perto e com intimidade —, escutam com vontade, mas, quando nossa conversa termina, logo dizem que sou diferente, não como as feministas ‘de verdade’, que odeiam homens, que são bravas. Eu asseguro a essas pessoas que sou tão de verdade e tão radical quanto uma feminista pode ser, e que, se ousarem se aproximar do feminismo, verão que não é como haviam imaginado.”

Os modelos disponíveis de aprendizagem são normalmente lineares, ou seja, conhecemos do básico em direção ao complexo e é o encadeamento que dá sentido ao conjunto. Mas nem sempre isso acontece (há abordagens inclusive que não consideram essa a melhor maneira de aprender) e meu envolvimento com o feminismo foi mais ou menos assim: tive contato com teorias muito complexas antes de saber o básico, tudo veio de forma caótica, porque, bem, a vida não é uma narrativa ordenada.

O Feminismo é Para Todo Mundo, de Bell Hooks, é um livro para iniciantes, pela linguagem direta e acessível, e pelo didatismo sem ser óbvio e redundante, além dos assuntos abordados que tocam em várias intersecções do feminismo como raça, classe, espiritualidade e orientação sexual. Mas também é um excelente livro para iniciadas, estudiosas, adolescentes, militantes de longa data; para todo mundo que se interessa ou não pelo feminismo e independentemente da bagagem teórica. É um livro que traz reflexões importantes, aponta o dedo para problemas, denuncia o feminismo neoliberal e critica a despolitização do feminismo atual (mesmo sendo publicado pela primeira vez em 2000), e ainda assim consegue ser propositivo e libertário. Que bálsamo de leitura, que provoca e agita, faz pensar e incita a vontade de continuar lutando por um mundo onde todo mundo seja LIVRE. — Compre!

Oryx e Crake, Margaret Atwood

Por Fer

“Então Crake nunca se lembrava dos seus sonhos. É o Homem das Neves quem se lembra deles. Pior do que lembrar: ele está imerso neles, está se debatendo neles, está preso neles. Cada momento que ele viveu nos últimos meses foi primeiro sonhado por Crake. Não é de espantar que Crake berrasse tanto.”

Depois que O Conto da Aia virou best-seller mais uma vez devido tanto ao sucesso da adaptação para a televisão quanto pela ascensão de políticos e discursos conservadores mundo afora, a obra de Margaret Atwood vem sendo revivida no Brasil, tanto através de novos lançamentos quanto a partir de novas edições de seus livros mais antigos. É o caso de Oryx e Crake, publicado por aqui em 2004, mas relançado pela Rocco na metade do ano. Oryx e Crake é o primeiro livro de uma trilogia distópica, composta ainda por O Ano do Dilúvio (também relançado no Brasil recentemente) e por MaddAddam. Aqui, Atwood coloca no centro do debate as questões ambientais que são muito caras a ela, numa trama que discute ainda engenharia genética, desigualdades sociais, exploração de menores e as muitas maneiras através das quais o sistema nos explora.

Como O Conto da Aia, a narrativa de Oryx e Crake se dá através de um presente que é sempre intercalado com muitos flashbacks que explicam de que maneira evoluiu o estado das coisas. A maior diferença é que o personagem centralizado aqui, Jimmy, tem acesso a muito mais informações do que tinha Offred, de modo que o cenário pós-apocalíptico é explorado com um detalhamento bem maior — e se torna profundamente assustador e inquietante. O cenário é pós-apocalíptico, mas muitas vezes parece estar a apenas alguns passos do aqui e agora, e Oryx e Crake se configura como um exercício muito relevante para questionarmos o que significaria “um mundo melhor”.  — Compre!

Todo Dia a Mesma Noite, Daniela Arbex

Por Graci

Anestesiado, Luís Cláudio ajoelhou-se ao lado de Alan, acariciando seu rosto:
— Filho, eu não queria que tu tivesses ido àquela boate. Mas já que tu foste com o teu irmão, eu preciso que vocês dois me deem força para aguentar tudo isso.”

Em 27 de janeiro de 2013, o município de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, sofreu uma tragédia que não será esquecida. O incêndio na Boate Kiss levou a vida de 242 pessoas, feriu outras 680 e trouxe muita dor à inúmeras, que viveram uma noite de terror e que, ainda hoje, cinco anos após a tragédia, sofrem com as consequências da tragédia. Em Todo Dia a Mesma Noite, Daniela Arbex, autora também de Holocausto Brasileiro e Cova 312, mostra com competência, respeito e sensibilidade a dor de quem perdeu um ente querido naquela noite e o trabalho de profissionais da saúde e das autoridades diante da situação desesperadora e inesperada.

A cada capítulo, o leitor fica ainda mais compadecido e, aos poucos, se permite mergulhar nas diversas histórias retratadas no livro. A leitura nos dá a oportunidade de conhecer melhor a situação e sair das estatísticas para compreender o drama humano da situação, como o casal que perdeu as duas filhas, os pais que se uniram para encontras as filhas, pois “quando acharmos uma, encontraremos todas” e a “sinfonia da tragédia”, título do capítulo que relata centenas de aparelhos de celular tocando ao mesmo tempo. Além disso, a face mesquinha do ser humano é exposta em situações como o superfaturamento sobre os caixões vendidos e os comentários nada amorosos de uma parcela da comunidade religiosa. Daniela Arbex mostra, mais uma vez, por que é um dos grandes nomes do jornalismo brasileiro da atualidade. — Compre! 

O Que é Empoderamento?, Joice Berth

Por Vanessa

“Quando falamos em empoderamento, estamos falando de um trabalho essencialmente político, ainda que perpasse todas as áreas de formação de um indivíduo e todas as nuances que envolvem a coletividade. Do mesmo modo, quando questionamos o modelo de poder que envolve esses processos, entendemos que não é possível empoderar alguém. Empoderamos a nós mesmos e amparamos outros indivíduos em seus processos, conscientes de que a conclusão só se dará pela simbiose do processo individual com o coletivo”.

Como feminista negra, por muito tempo desconfiei do conceito de empoderamento, entendendo que havia sido incorporado por uma lógica capitalista que soava paternalista e nada comprometida com mudanças. Repensei minhas ressalvas durante a leitura de O Que é Empoderamento?, livro da arquiteta e urbanista Joice Berth.  Resgatando as raízes do conceito, Berth demonstra que ele vem sendo mobilizado por intelectuais negras como instrumento para enfrentar e vencer opressões.

Um ponto bastante delicado nas conversas sobre empoderamento é a questão estética. Autoestima sempre me pareceu uma questão individual, mas a leitura de O Que é Empoderamento? me ajudou a entender que somos ensinados a odiar nossa aparência e que esse também é um processo político, sobretudo quando falamos de pessoas negras: Berth observa que o belo é o padrão branco e que esse belo é apresentado como superior. Como podemos enfrentar opressões ignorando que elas também deixam cicatrizes em nossa autoestima? Mas fica o alerta: a questão estética e a autoestima são parte do processo de empoderamento, jamais o destino final. Uma pessoa dita empoderada não está imune aos efeitos das opressões estruturais (como o machismo e o racismo). Desse modo, Berth questiona a noção bastante difundida de empoderamento feminino como superação exclusivamente individual. Empoderamento é um longo processo que exige de cada um de nós uma visão crítica da própria realidade e a participação numa movimentação que resulte em transformações coletivas.

Pequenos Incêndios Por Toda Parte, Celeste Ng

Por Ana Luíza

“As regras existiam por um motivo: se você as seguisse, teria sucesso; se não as seguisse, talvez acabasse ateando fogo ao mundo.”

Lançado originalmente em 2017, mas somente este ano no Brasil, Pequenos Incêndios Por Toda Parte é o segundo romance de Celeste Ng, autora do também inesquecível Tudo o Que Nunca Contei, ambos publicados no país pela Editora Intrínseca. Como em seu livro de estreia, Ng volta a abordar temas complexos como raça, pertencimento, machismo e maternidade, mas diferente dele, a autora expande a discussão ao percorrer a vida de várias famílias ao invés de uma só, que se conectam e desconectam de maneiras diferentes ao longo da narrativa, sobretudo após a disputa judicial pela guarda de uma bebê chinesa, que divide opiniões entre os moradores da sempre muito organizada e pacata Shaker Heights.

Mais do que um julgamento tumultuado, com uma impressionante cobertura midiática, o caso é, também, o ponto de partida para o despertar de questões sobre relações familiares, principalmente entre mães e filhos, e os muitos não-ditos que navegam entre eles. A ausência ainda inédita da ordem de outrora é o que possibilita que padrões de comportamento sejam questionados e instigam o surgimento de novas nuances, antes sufocadas por regras de conduta e convivência — como pequenas fagulhas que sempre estiveram ali, mas que só então ganham espaço para tornarem-se grandes incêndios, como sugere o título. Pequenos Incêndios Por Toda Parte é um brilhante estudo sobre as relações humanas, sobre a vida de pessoas extremamente complexas e o que acontece quando elas são movidas de sua zona de conforto. — Compre! 

Querida Konbini, Sayaka Murata

Por Thay

“Do lado de fora dos vidros perfeitamente polidos, sem uma única marca de dedo, vejo as pessoas caminhando às pressas. Mais um dia começa. É a hora em que o mundo desperta e todas as suas engrenagens se põem a girar. Também estou em movimento, como uma dessas engrenagens. Sou uma peça no mecanismo do mundo, rodando dentro da manhã.”

Querida Konbini é o décimo romance escrito por Sayaka Murata, mas o primeiro publicado no Brasil. Pelas mãos da editora Estação Liberdade, podemos ter contanto com o mundo particular das konbinis, as lojas de conveniência japonesas que funcionam 24 horas por dia durante todo o ano, por meio do olhar singular de Keiko Furukura. Keiko é uma mulher de 36 anos que trabalha desde os 18 anos em uma konbini, nunca teve um relacionamento amoroso e é considerada estranha pelas outras pessoas. Keiko não se sente infeliz por ser da maneira que é, mas para tentar minimizar o sofrimento de seus familiares que sentem medo pelo seu futuro incerto, ela tenta se adequar às normas e convenções sociais.

Com Querida Konbini, Sayaka Murata faz uma dura crítica à sociedade japonesa ao usar a konbini como pano de fundo para criar um retrato do Japão contemporâneo, seus valores e seus costumes. Sayaka Murata fala sobre casamentos, trabalho e a pressão que pesa sobre as mulheres para que tenham filhos e continuem a linhagem da família. Por meio de sua protagonista, Sayaka Murata mostra que ser diferente não é o problema; o problema é manter expectativas erradas sobre os outros e a maneira como levam suas vidas. — Compre!

Refugiados: A Última Fronteira, Kate Evans

Por Thay

Publicada no Brasil pela Darkside Books, Refugiados: A Última Fronteira, é a graphic novel escrita e ilustrada pela artista, cartunista e ativista Kate Evans. Um trabalho intenso e necessário, Refugiados nasceu a partir da vivência de Kate enquanto trabalhava como voluntária em um campo de refugiados na cidade francesa de Calais. Lá a cartunista viu de perto a miséria, sofrimento e o terror absoluto que tomaram conta de milhares de pessoas que precisaram abandonar por completo seu lar para tentar sobreviver em outro lugar. Por meio de uma combinação de reportagem e arte sequencial, Kate Evans criou uma graphic novel capaz de prover uma visão única da crise dos refugiados.

Ler Refugiados: A Última Fronteira é sentir o que Kate sentiu: a raiva, a impotência, a tristeza. Ver milhares de pessoas acuadas e desamparadas é dilacerador, e Kate usa de sua arte para fazer com que suas vozes viagem o mundo todo. Com seu trabalho na graphic novel, Kate Evans recebeu dois dos mais prestigiosos prêmios para o gênero, o John C. Laurence Award, em 2016, e o Broken Frontier Award, em 2017. — Compre!

Sea of Strangers, Lang Leav

Por Tany

“Fear isn’t a reason when it come to love — it’s an excuse. Anyone who has ever been in love will tell you that. When it happens, you don’t think about the consequences. You’d turn your life upside down to be with that person. You’d do anything for them.” 

Não imaginava que o primeiro livro que li este ano, ainda no feriado da virada, seria o que mais me emocionaria. Eu não conhecia a Lang Leav e nem sua obra, mas a parte boa da arte é poder se identificar com algo em questão de segundos. Sea of Strangers foi o livro ideal para o momento de transição que estava, e ainda me encontro um pouco. Ele fala sobre amor (e amor próprio), insegurança, empoderamento e da vida de uma mulher jovem nos dias de hoje.

Não sei exatamente o que fez esse livro se destacar entre todos os outros da nova leva de jovens poetas feministas e honestamente, não me importo. Ele me fez sentir e isso foi o suficiente para guiar meu ano e recomendá-lo para diversas pessoas importantes para mim. Considerem uma dica e quem sabe ele influencie seu próximo ano assim como influenciou esse meu. — Compre!

Sob os Pés, Meu Corpo Inteiro, Marcia Tiburi

Por Ana Luíza

“Por muito tempo pensei que minha função era estar ausente. Eu sabia, eu sempre soube que é assim que se faz para sobreviver. E já não tenho vontade de jogar, muito menos de sobreviver.”

Marcia Tiburi não é um nome novo — seja na mídia, na política ou na literatura brasileira. Formada em Letras e Artes Plásticas, Marcia é doutora em Filosofia e em suas obras trata de temas que vão desde ética e filosofia, até feminismo e política. Sob os Pés, Meu Corpo Inteiro é seu mais recente trabalho de ficção; uma história sobre um Brasil distópico e carente de água, em que pessoas transitam como fantasmas. Lúcia, um dos muitos fantasmas que continuam a existir na perigosa cidade de São Paulo, retorna ao Brasil após o fim da ditadura militar — sem saber que, dali a alguns anos, o país não estaria em uma situação muito melhor.

A partir das experiências de sua protagonista, a autora constrói uma história sobre pessoas traumatizadas cujas vidas foram irreparavelmente alteradas pela ditadura, ao mesmo tempo em que reconhece que essas pessoas são, antes de tudo, humanas, e um único trauma não as define por si só. Em muitos momentos do livro, a autora revela a dinâmica bastante controversa entre as irmãs Alice e Adriana, o que é viver à sombra de outra pessoa, ser sempre ignorada e, eventualmente, ver-se roubando uma fuga e uma identidade destinadas à alguém que deveria estar viva, mas não está. Muitos são os sentimentos entrelaçados às vivências delineadas por Marcia, em um livro bastante curto para uma história tão densa, mas que ainda assim permanece dolorosamente inesquecível. — Compre!

Todo Mundo Merece Morrer, Clarissa Wolff

Por Vanessa Pessoa

Depois que eu morri, o caos foi instaurado. Um cara de vinte e poucos anos impediu que mais pessoas morressem, e os celulares de quem restava vivo foram inundados por notícias de seu ato heroico. Um padre deu entrevistas, uma pré-adolescente magra demais chorava, uma mulher tentava ir embora de qualquer jeito sem que ninguém falasse com ela, outra gritava no telefone, outro cara de vinte e poucos com um coque na cabeça digitava sem parar no celular, um moleque nervoso soluçava, um homem acalmava uma mulher que chamava pelo filho, outro homem fumava um cigarro, uma mulher toda vestida de preto observava em silêncio, paramédicos, jornalistas, policiais invadiam o lugar, o meu corpo era levado, e eu não vi quem me matou.”

Publicado em agosto pela Verus Editora, Todo Mundo Merece Morrer é o primeiro romance de Clarissa Wolff. Ambientado em São Paulo, o livro começa com uma tentativa de assassinato na linha verde do metrô. A partir daí, a narrativa funciona como uma colcha de retalhos, onde as várias pessoas presentes no momento (incluindo o assassino, a única vítima e o herói) ganham voz e nos contam quem são, o que fazem e o que pensam, e nos fazem questionar se, de certa forma, todo mundo ali merecia mesmo morrer.

De forma crítica, Clarissa nos mostra que não podemos encontrar nas poucas linhas de uma notícia todas as nuances de um único episódio; ela nos faz ver as várias faces de uma mesma pessoa e nos leva a questionar o que torna válida a classificação como “herói” e “bandido”. Esse é um livro poderoso e sofrido, que escancara alguns dos nossos maiores problemas enquanto sociedade, que incomoda e nos faz ver de perto como pensam e agem aqueles que são tão diferentes e, ao mesmo tempo, tão iguais a nós. — Compre!

Uma Outra Voz, Gabriela Ruivo Trindade

Por Ana Luíza

“O ódio é um sentimento muito pesado. O amor, pelo contrário, torna-nos leves.”

Uma Outra Voz é o romance de estreia da portuguesa Gabriela Ruivo Trindade; um projeto ambicioso baseado em histórias reais de sua família cujo principal objetivo é explicitar o impacto do legado de um figura comum na vida das pessoas ao seu redor. João José Mariano Serrão é tio, irmão, amante ou apenas um parente distante, e é a partir das cinco vozes que compõe a primeira parte da obra que conhecemos suas diferentes facetas, por sua vez intimamente entrelaçadas a um pano de fundo histórico, que também desenha uma importante parte da história portuguesa.

Já a segunda parte é composta por registros do diário do homem que inspirou o personagem: João Francisco Carreço Simões, o Ti Carreço, como era conhecido na família. Em seu diário, mantido durante os anos que viveu na Angola, o contato é com uma faceta do homem que muitas vezes não era tão óbvia para a família; em seus escritos, João Francisco revela-se um homem apaixonado, triste, saudoso, que sente falta de sua terra enquanto caminha por um outro país, que percebe-se pequeno diante do mundo. Por fim, as fotos anexadas ajudam a construir parte dessa história, dando rostos aos nomes e uma amostra do único testemunho daquela viagem que viria a impactar uma família inteira. — Compre!


** O fundo da arte em destaque é de autoria da nossa colaboradora Carol Nazatto. Para conhecer melhor seu trabalho, clique aqui!

** A montagem da arte é de autoria da editora Ana Luíza. Para ver mais, clique aqui!

Participamos do Programa de Associados da Amazon, um serviço de intermediação entre a Amazon e os clientes, que remunera a inclusão de links para o site da Amazon e os sites afiliados.