Categorias: INTERNET

Troféu Valkirias de Melhores do Ano: Internet

Como crias da internet que somos, essa é uma constante em nossas vidas e em 2022 não foi diferente. Mais do que permitir a criação e manutenção deste projeto, com pessoas que escrevem e compartilham experiências e opiniões de todas as regiões do Brasil, e o alcance de nossas empreitadas mais ambiciosas, a internet é também um refúgio, lugar onde conhecemos pessoas com gostos, medos e opiniões similares às nossas, que nos fazem rir dos nossos problemas e cujos projetos nos acompanham quando as coisas ficam difíceis. Ainda é preciso lembrar que o acesso à internet ainda é privilégio de poucos, mas esperamos que, após quatro anos tão difíceis, dias melhores estejam à frente. Que o Troféu Valkirias de Melhores do Ano na categoria Internet possa ser um reflexo de um sonho que continua mais forte do que nunca: o de viver em um país onde a internet esteja ao alcance de todos.

Conversation Time (Podcast e TikTok)

Por Thay

Sim, Hayley Morris está de novo por aqui. Se você está no TikTok, provavelmente já se deparou com algum vídeo da comediante que resolveu abrir uma conta na plataforma quando ficou entediada durante o lockdown no início de 2020. De lá para cá foram algumas dezenas de vídeos a respeito de toda a sorte de assuntos, mas principalmente sobre mulheres e seu dia a dia, seja no trabalho, durante um encontro, ou enquanto tenta simplesmente sobreviver ao Tinder. Com 1,4 milhões de seguidores e mais de 25 milhões de likes, Hayley consegue fazer um humor rápido, inteligente e de fácil identificação, principalmente se você é uma millennial. Você pode acompanhar seus vídeos no já citado TikTok ou no Instagram.

Helena, o podcast tá pronto! (Podcast)

Por Ana Azevedo

O título desse podcast é uma mistura de conhecimento noveleiro com conhecimento de história da internet brasileira. Helena, o nome das personagens de Manuel Carlos, também foi personagem de um meme já clássico feito por Alana Azevedo e Raíla Azevedo — as donas do podcast. Quem é velho de Twitter (tipo eu assim), conhece a Alana de muito tempo, mas ela viralizou mesmo como CEO da Globe, a maior concorrente da Rede Globo desde o tempo que a Record fazia novela não-bíblica.

Alana e Raíla são primas e a sensação é que a gente está na casa delas em Volta Redonda, conversando sobre bobeiras e memórias afetivas. Além da mais do que necessária representatividade sul-fluminense, Alana e Raíla conseguem ser universais em tantos temas que as vezes até assusta. Fico imaginando se elas não moravam também na minha rua porque as histórias que elas contam podiam ser minhas ou das minhas primas. Talvez nós todos tivemos as mesmas experiências. Ou talvez eu realmente seja o público alvo do podcast: millennial, do interior e assim — meio jeca, mas sem perder humor.

Leila (Podcast)

Por Julie Tsukada

Você já ouviu falar em Leila Cravo? O nome pode não soar familiar hoje, mas no Brasil dos anos 70, ela estava em todo lugar — nas revistas, novelas e até mesmo no Fantástico, programa em que era apresentadora. Leila Cravo era sinônimo de beleza, sensualidade e sucesso. Nada parecia de parar a ascensão da jovem até que, em 1875, ela foi encontrada nua e inconsciente em uma rua, supostamente devido à queda de uma varanda de um motel luxuoso no Rio de Janeiro.

Por muitos anos, a história que ganhou as manchetes brasileiras foi a de que Leila havia tentado tirar a própria vida, mesmo quando essa versão era questionada por ela mesma e por pessoas próximas. No entanto, investigar o incidente além dessa narrativa era colocar em risco figurões da ditadura e admitir que o ocorrido no motel não foi uma tentativa de suicídio, mas sim de assassinato.

Em 2022, mais de 50 anos depois, o podcast original Globoplay Leila dá voz à quem foi a vítima não só de uma tentativa de feminicídio — hoje, enfim, apropriadamente definido —, mas que também foi silenciada durante toda a sua vida. A produção, que teve autorização da própria Leila, questiona como o machismo, o conservadorismo e a investigação propositalmente falha e ineficaz não apenas levaram ao declínio da carreira da jovem, como também abalaram a vida de Leila e toda a sua família.

Mamilos (Podcast)

Por Tay Souza

Nas palavras de Juliana Wallaver e  Cris Bartis “Fazemos um jornalismo de peito aberto” e, de fato, elas trazem discussões com convidados e especialistas que promovem diálogos interessantes e precisos sobre uma infinidade de temas, que caminham pelo entretenimento, cultura, arte e política. E assim, Mamilos se tornou um dos meus principais refúgios desde o período pandêmico, pois elas desenvolvem um espaço aconchegante, que aproxima quem escuta o podcast e coloca você ali, como um integrante daquela conversa.

Mil e Uma T(r)etas (Podcast e YouTube)

Por Ana Luíza

A amizade entre as atrizes Thaila Ayala e Julia Faria não é nova, mas, depois de se tornarem mães (ambas tiveram filhos recentemente), elas a levaram a um novo nível e decidiram dividir não apenas suas experiências, mas também um podcast onde compartilham as experiências de maternidade — as boas e as ruins. Abordando temas que vão do parto à amamentação, passando por autoestima e sexo, as amigas recebem convidadas igualmente diversas (vão de profissionais de saúde à mães com os mais diferentes backgrounds) que conversam sobre maternidade de maneira honesta, sem rodeios e romantismos. Mesmo para quem não é, não pretende ou não pode ser mãe, o podcast oferece ótimos insights justamente por olhar para esse momento de forma realista, livre das expectativas sociais que muitas vezes nos impedem de olhar para mães pelo o que elas são: humanas.

Mina Le (YouTube)

Por Ana Luíza

Conhecida por seu estilo único e pelos ótimos vídeos sobre moda e cultura, Mina Le é uma produtora de conteúdo estadunidense com descendência vietnamita que iniciou seu trabalho durante a pandemia e, desde então, tornou-se uma referência em sua área. Como acontece com muitas pessoas que começam a se aventurar na internet, para Mina, o YouTube começou como uma forma de se distrair que, eventualmente (e rapidamente), se transformou em seu trabalho — o que parece muito justo, considerando a qualidade de seus vídeos. Com uma abordagem doce, mas muito bem embasada, Mina produz vídeos consistentes, analisa movimentos, tendências, períodos históricos e figurinos de filmes, oferecendo uma visão pertinente e, ao mesmo tempo, bastante ampla sobre os temas que trata. Em meio à conteúdos densos demais ou mal produzidos, Mina se destacada justamente por conseguir transmitir um conteúdo de qualidade sem perder a leveza e o bom humor.

Sometimes Funny Always Awkward (Podcast e TikTok)

Por Thay

Maddy MacRae começou a aparecer na minha for you, do TikTok, e não demorou para que eu começasse a seguir o perfil da atriz. Seus pequenos vídeos para a plataforma conseguem transformar situações cotidianas em esquetes de humor inspirado e depreciativo, bem do jeitinho millennial de ser. A australiana tem uma gama de assuntos em seus vídeos, temas que também aborda em seu podcast, que vão desde body positivity a maquiagens e aplicativos de relacionamento. Maddy tem um senso de humor honesto e divertido que transparece de maneira genuína em suas publicações.

Turma do Padoque (Twitter)

Por Rafaela Freitas

Quando eu gosto de algo, eu fico totalmente entusiasmada, apaixonada, tento consumir tudo que tem a ver com o meu objeto de interesse. E esse ano, a minha fixação foi a Fórmula 1, que voltei a acompanhar depois de assistir Drive To Survive. Entre as minhas andanças virtuais atrás de conteúdo sobre o assunto, encontrei o maravilhoso Turma do Padoque, perfil de “conteúdos e memes de F1 genuinamente brasileiros”, no Twitter.

Não sei quem é a adm, mas, até onde eu pude perceber, é uma pessoa sensata e divertida. Entre os conteúdos teve cobertura in loco no incrível GP do Brasil (Interlagos, eu te amo), o estouro do teto de gastos da Red Bull, que rendeu memes a rodo, além do fascinante vídeo do chá revelação da Alpine, que ironiza a demora da equipe em divulgar quem seria seu novo piloto. Também é divertido acompanhar as fofocas do mundo da F1, que são dramas muito distantes da minha realidade.

Rádio Novelo: Crime e Castigo (Podcast)

Por Tay Souza

Em 2019 o podcast Rádio Novelo estreou com a série Praia dos Ossos que abordou o assassinato da socialite Ângela Diniz e o julgamentos de seu algoz, Doca Stret. Um trabalho incrível que ao revisitar essa tragédia suscitou intensos debates e opiniões acaloradas sobre impunidade, o sistema judicial brasileiro e punição. Em 2022, a Rádio Novelo trouxe Crime e Castigo que apresenta, em seis episódios, um convite à reflexão sobre a relação entre vingança e justiça na sociedade brasileira.

Ao trazer narrativas sobre crimes reais a partir de quem vivenciou como vítima ou culpado, somos apresentados as circunstâncias complexas que envolvem estas situações. Idealizado, pesquisado e apresentado por Branca Vianna, Flora Thomson-Deveaux e Paula Scarpin, Crime e Castigo é interessante e merece destaque por trazer e discutir temas complexos e dolorosos com uma responsabilidade e sensibilidade extremas. Somos levados a um lugar cheio de questionamentos, dúvidas e divergências que caminham para um campo reflexivo extremamente necessário, sobre como imaginamos e compreendemos a justiça, punição e o encarceramento.