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Mesa Redonda – Star Wars: A Ascensão Skywalker

Star Wars: A Ascensão Skywalker, lançado em dezembro de 2019, veio como forma de concluir a mais recente trilogia dos filmes criados por George Lucas na longínqua década de 1970. De lá para cá, muitas coisas mudaram no mundo e acompanhar a saga dos Skywalker tem sido uma constante que atravessou gerações, quase um legado passado de pais para filhos. Desde o surgimento de Luke Skywalker, Leia Organa e Han Solo, em uma galáxia tão, tão distante, os anos passam e nosso amor pela saga só aumenta. Mas a pergunta que não quer calar é a seguinte: Star Wars: A Ascensão Skywalker conseguiu fechar a nova trilogia de maneira satisfatória? Puxa uma cadeira, pegue a bebida de sua preferência e vem com a gente!

Atenção: o texto a seguir contém spoilers!

Mia: O último filme da saga Skywalker foi lançado em dezembro de 2019 e existem muitas questões a respeito dele. O fandom parece estar dividido entre pessoas que apoiam Reylo, o casal, agora canon, composto por Rey e Kylo Ren, e aqueles que consideram o romance um erro dentro da história. Acho que essa acabou se tornando a questão mais polêmica de A Ascensão Skywalker, então podemos iniciar a conversa com ela: o relacionamento entre Rey e Kylo faz sentido narrativo ou prejudica a trilogia?

Thay: Acho que um pouco de cada. Até faz sentido narrativo, mas prejudica a trilogia no sentido de tornar canon um relacionamento que foi construído em cima de abusos — e não precisamos de mais exemplos desse tipo dentro da cultura pop. Ainda assim eu consigo entender o motivo pelo qual o casal faz tanto sucesso, e a culpa é toda e exclusiva da química entre Adam Driver e Daisy Ridley. Mas Star Wars também não é conhecido pelos casais que fazem muito sentido, no final do dia é tudo uma grande farofa (e tudo bem, amo farofa).

Carol: Eu acho que explorar a relação entre dois personagens, ainda mais dois protagonistas, nunca pode ser considerado algo que prejudica qualquer narrativa, sabe? Dito isso, acho que os dois lados da discussão teriam muito a aprender um com o outro se parassem e escutassem mais ao invés de só gritar. Eu nem sempre fui REYLO, mas confesso que de um tempo para cá ouvi muitas meninas que gostam do shipp e comecei a pender para esse lado. É lógico que existem problemas na dinâmica visto que o KYLO REN É BASICAMENTE UM VILÃO, mas acho que existia muito material ali, seja pela química dos atores ou pela história em si, que poderia ser melhor explorado. Esse tropo de “enemies to lovers” [inimigos a amantes, em tradução livre] é muito complicado e já vi alguns casos que foram bem feitos, mas é algo que tende a dar muito mais errado do que certo.

Mia: Sim, é uma grande farofa de fato! Particularmente, gosto de Reylo, mas vejo diversos problemas no relacionamento. Star Wars sempre usou o amor como forma de salvar personagens, e gosto da salvação de Ben Solo, mas a que custo isso aconteceu? Adam e Daisy têm uma química incrível e concordo que a relação até pode fazer sentido narrativo, mas é bem complicada. Algo semelhante aconteceu em Once Upon a Time, mas na série houve anos para que as tramas de salvação de um vilão fossem desenvolvidos. Nós só tivemos três filmes.

Thay: Como uma pessoa que cresceu lendo e escrevendo fanfic, entendo completamente o apelo “enemies to lovers”, tanto que é meu clichê favorito do universo. Então, mesmo que no começo eu não gostasse nada de Reylo e ainda tenha questões com a maneira como tudo se desenvolveu, é um tropo que cativa a audiência (e aí eu já não sei explicar os motivos, mas acho que todo mundo adora uma tensão sexual bem trabalhada).

Mia: É PURO SUCO DE FANFIC! ELES BASICAMENTE DIVIDEM UMA ALMA! (adoro, mas oi?)

Ana Luíza: Não acho que seja necessariamente prejudicial, não narrativamente. É a saída mais óbvia, claro, mas The Last Jedi já adiantava que algo assim poderia acontecer, então acho que não foi uma surpresa. Só que é uma relação bem pouco explorada, no final das contas, e acho que isso é mais prejudicial do que o fato de eles estarem ou não romanticamente envolvidos. A Rey é bem mais trabalhada, o que é um ponto positivo se considerarmos que personagens masculinos historicamente têm mais espaço no gênero. Mas existia mais sobre Kylo que gostaria de ver sendo trabalhado na tela; a redenção me pareceu vir rápido demais?

Mia: Exatamente, Ana Luíza! Parece que foi apressada essa redenção do Kylo!

Thay: A redenção foi apressadíssima, quase não dá acreditar nela — a gente só chega a acreditar pois Adam Driver.

Débora: Eu sempre fui anti-Reylo, cheguei ao ponto de ficar tão avessa ao shipp que escrevi um textão sobre a toxicidade dessa relação. Só de lembrar da cena em que o Kylo tenta torturar a Rey em O Despertar da Força eu fico enjoada. Porém, mesmo que A Ascensão Skywalker não seja lá essas coisas, acredito que conseguiu continuar muito bem a dinâmica que Rian Johnson solidificou entre os dois. E para mim, o apelo do casal e o que me fez quase me assumir Reylo a essa altura do campeonato é o momento em que finalmente Ben Solo volta a vida. Bem como disse a Rey, ela não queria o Kylo, mas sim o Ben e acho que toda a construção do ship levava para isso. Nunca funcionaria com o Kylo, porque como a Carol disse, ele é o meio que o vilão dessa narrativa, mas com o Ben… Ah, aí sim! Então, acho que tudo só vai fazer sentido narrativo na parte final do último filme. Até lá a gente só passa raiva e sente muitos feels — não que isso passe depois.

Carol: O grande problema dessa relação para mim foi a finalização dele em A Ascensão Skywalker, onde tudo foi muito corrido. O ritmo é simplesmente insano, então nenhuma das tramas que o Rian Johnson desenvolveu acabou tendo um resultado muito bom. Eles quiseram justificar a ligação deles com o fato de que ambos são netos de figuras péssimas da história (Palpatine, Vader), mas acho que a conexão já tinha sido estabelecida em Os Últimos Jedi porque ambos têm essa característica de serem solitários e quererem algo para pertencer. FEZ SENTIDO a ligação da força, claro, mas acho que a ligação dos dois em Os Últimos Jedi foi muito mais satisfatória? Não sei se estou sendo clara.

Thay: Concordo, Carol! TUDO é apressado em A Ascensão Skywalker, dá uma agonia. Eu me diverti verdadeiramente durante a exibição do filme, me emocionei e tudo, só que depois que “esfria” a gente fica pensando em como tudo poderia ter acontecido com mais calma. Mesmo assim, eu gosto da cena de redenção, é tudo muito belo, agridoce mesmo, como você disse.

Ana Luíza: Sim, totalmente. Depois de tanto mistério sobre o passado da Rey, é evidente que eles teriam de dar alguma resposta. Mas essa ligação é bem menos interessante do que a que eles estabeleceram antes, como a Carol apontou, como duas pessoas tão solitárias que queriam, antes de mais nada, pertencer, e quão humano é isso? Me parecia um caminho muito mais complexo e interessante a ser seguido, pra ser honesta.

Mia: Mas, ao mesmo tempo, não havia espaço pra o Ben continuar vivo na história. A Rey não podia simplesmente chegar, depois de tudo aquilo, e apresentar Ben Solo como namorado pra uma resistência exausta.

Carol: Eu amo toda a cena de redenção dele, começando pela Rey curando ele, o Han Solo e o sorriso dele no final. Concordo que foi apressada, mas fiquei um sentimento MUITO agridoce. O final perfeito do Ben, para mim, seria ele isolado na galáxia, pagando pelo o que ele fez, fazendo o bem. E que ele falasse tipo REY ME ESPERA e ela continuasse vivendo na resistência. CLICHÊ MAS NÃO CONSIGO PARAR DE PENSAR NISSO!

Mia: O SORRISO FOI TUDO! Mas queríamos mais! Ele poderia virar um monge da Força, em penitência. Não acharia ruim.

Carol: Exatamente, tipo, vai se redimir sabe…

Débora: O tanto que eu odeio Kylo Ren em O Despertar da Força é proporcional ao quanto eu amo toda essa parte de redenção dele em A Acensão Skywalker. Foi tudo perfeito, mesmo que, de fato, apressado. No meu coração, na cena do Han, deveria ser a Leia, mas como não havia essa possibilidade, infelizmente, acredito que o roteiro se saiu muito bem com as escolhas que fez nesse ponto em específico e agora temos mais uma cena para sofrer e chorar.

Mia: Odeio ele em O Despertar da Força também. É incrível como os sentimentos foram mudando de um filme pra outro e, apesar de saber que isso não foi necessariamente planejado, gosto de pensar que a trilogia nos faz sentir como a Rey, a princípio com raiva e querendo lutar e, aos poucos, percebendo que os sentimentos e motivações por trás do monstro com uma máscara são mais complicados e que salvar a galáxia depende de compreender isso.

Débora: E eu amo MUITO Os Últimos Jedi por isso. As camadas que o Rian Johnson conseguiu colocar ali. Ele humanizou a pessoa que matou o HAN SOLO, sabe. Fez a gente botar a mão na consciência e pensar “pera, talvez ele não seja tão preto no branco assim, mas cheio de tons de cinza”.

Carol: SIM, eu amo como o sentimento foi mudando! Eu não esperava gostar do Ben/Kylo, até o momento em Os Últimos Jedi onde o Luke conta o que aconteceu entre eles e como ele na verdade estava assustado no começo, e toda as decisões do Luke acabaram determinando o destino dele. Acho que é mais profundo do que qualquer outra coisa que Star Wars já fez.

Mia: Com certeza, acho que esse foi um arco incrível. E é aquela velha história de Star Wars: assim como Anakin vira Darth Vader através do medo de perder a Padme, Kylo Ren nasce pelo medo de Luke.

Carol: Sim. A frase do Luke “a última coisa que eu vi em Ben foi os olhos de um menino cujo o mestre tinha falhado com ele” eu fiquei WOW!

Débora: POETIC CINEMA.

Carol: SIM, eu simplesmente AMO esse filme demais. É tão satisfatório!

Thay: Boatos de que Ben nem morreu de verdade, então tem isso.

Mia: Sim, existe o “place between worlds” [espaço entre mundos, em tradução livre], afinal de contas.

Carol: Eu AMO esse conceito, esse lugar, queria que tivessem explorado mais no filme.

Thay: Eu quero uma trilogia inteira falando sobre isso.

Mia: Quem sabe explorem? O Taika Waititi foi chamado pra fazer um filme Star Wars (torcendo).

Débora: Depois do trabalho incrível que ele fez em The Mandalorian eu só posso é torcer. Para ele e pro Rian Johnson.

Carol: Só mais uma coisa em Reylo. Uma coisa me deixa perplexa é que na hora que revelaram Rey Palpatine ninguém ficou bravo no meu cinema. Mas com o beijo Reylo, sim… Comigo foi o total oposto. Fiquei meio chocada com a reação porque me pareceu meio… “deus me livre romance em Star Wars“, sabe?

Thay: No meu cinema também, geral achou de boa Rey Palpatine e resmungou durante o beijo. E falando sobre o mistério do passado da Rey, o quão horrível é ela ser uma Palpatine? Até hoje tenho horror a esse desfecho (e pensar que Palpatine se relacionou sexualmente com uma mulher me dá ânsia de vômito).

Mia: Palpatine Derretido tendo relações! CRUZES!

Ana Luíza: TERRÍVEL.

Carol: Eu acho essa decisão ABOMINÁVEL. Eu não acho o pay off dela tão ruim assim, mas a decisão em si é ridícula. Justificar o poder da protagonista deles por uma linhagem de sangue é… patético.

Débora: Rey uma Palpatine? I DON’T KNOW HER. Para preservar meu amor pela Rey e para fingir que ela não foi uma das poucas personagens que teve seu desenvolvimento trucidade, eu finjo que ela é “ninguém” e essa parte do filme aí não existiu. Você sabe que deu ruim quando nem o ADAM DRIVER consegue salvar a fala “Rey, você é uma Palpatine”.

Thay: Eu amava tanto o fato da Rey ser uma ninguém. Me lembra o menino com a vassoura no final de Os Últimos Jedi. Você não precisa ser da família x ou y, a força existe em você, existe em tudo o que é vivo. Aí vai lá e me faz da mulher uma Palpatine, é pra acabar.

Ana Luíza: A reação quando assisti também foi essa. Ninguém falou nada sobre Rey Palpatine, na verdade, mas quando o beijo aconteceu, passou um desconforto geral no cinema, algumas pessoas reclamaram. Mas eu não sei se é exatamente porque não pode haver romance em Star Wars? Talvez seja porque era uma saída óbvia que todo mundo meio que viu vindo e, mais do que isso, foi mal trabalhada. Não é como o romance da Leia com o Han, por exemplo; acho que não conheço uma pessoa que não goste dos dois.

Mia: Muita gente no cinema também vaiou o beijo, mas ficaram de boas com a Rey Palpatine. Mas Star Wars nunca soube lidar com o amor direito, seus casais ou morrem ou se separam ou são punidos de alguma forma (Luke virando monge após beijar a irmã, meu deus do céu). E talvez os fãs também não saibam. Mas gostava mais da narrativa de Rey, uma ninguém com poderes, porque pessoas comuns também podem salvar o dia. Te dá esperança.

Débora: Sem falar que eu penso que além desse conceito ser lindo, nem atrapalharia toda essa trama se eles ainda quisessem seguir com isso no último filme. O Rian desenvolveu tão bem essa trama, da Força e os Jedi e tudo não ser algo da nobreza da galáxia, que seria mais perfeito ainda UMA NINGUÉM estar conectada com o NETO DO DARTH VADER.

Thay: Não atrapalharia em nada a trama, de fato.

Carol: Eu sempre penso nisso. Como eles poderiam ter chegado na MESMA MENSAGEM de um jeito diferente? Meu Deus, tem tantos. Tantos MUITO melhores e menos… ridículos.

Débora: E isso que mesmo em Os Últimos Jedi, pelo que lembro, nem fica tão claro que não foi o Ben que ateou fogo na escola do Luke. Foi o Snoke/Palpatine quem fez isso. Então imagina se tivesse isso no filme….

Carol: Eu sou muito hater de Rey Palpatine. Eu revirei os olhos com força no cinema quando vi. E olha que nunca tinha revirado os olhos antes para Star Wars!

Thay: Somos duas! Eu odeio essa trama com força. Não é como se essa fosse a única saída possível no roteiro, pelo amor de deus! E eu sempre vou pensar que poderíamos ter tudo com a Rey sendo uma ninguém, Jedi, parte da resistência e tudo o mais.

Mia: Eu entendo o motivo por trás de Rey Palpatine. Não é só pra fazer par com Ben, neto do Vader, mas pra tentá-la ainda mais para o Lado Negro. Porém, não precisava. Foi um plot meio solto e inútil.

Thay: Mas não dava pra ter feito isso de outra maneira? Ainda mais o Palpatine, não dá.

Mia: COM CERTEZA DAVA, mas né. O próprio J.J. Abrams disse que não é bom encerrando histórias.

Ana Luíza: É INCRÍVEL como esse tipo de coisa continua acontecendo. Como as pessoas vão trabalhar com histórias se elas não sabem finalizar histórias? Como elas escrevem roteiros se só sabem escrever coisas péssimas? Dá uma descrença.

Carol: E ele não é MESMO. Não teve NADA do J.J. Abrams que não acabou… estranho. E eu já vi TODAS as séries dele (loucura).

Thay: O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO NO CINEMA ENTÃO MEU FILHO?

Carol: ELES RESOLVERAM CONTRATAR O CHRIS TERRIO PARA ESCREVER SABE? O cara que escreveu BATMAN VS. SUPERMAN. Quem teve essa ideia merecia MUITO ser mandado embora… QUEM EM SÃ CONSCIÊNCIA?

Thay: As mães deles devem chamar Martha, daí já viu.

Ana Luíza: Seria muito mais interessante se ela fosse uma pessoa comum. E seria inesperado. Mas é claro que eles iriam pelo caminho mais fácil, tentar causar e tal. É compreensível, mas é exatamente o que a Mia disse: é um plot que fica meio solto e fora o choque inicial, não tem tanto peso quanto muita coisa trabalhada em Os Últimos Jedi. Ou coisas que eles viram antes, até, no próprio A Ascensão de Skywalker. O roteiro desse filme é ruim demais, demais, demais.

Débora: Um plot meio solto e que não explica nada com nada. A gente nem sabe como ele voltou, da onde tirou aquelas naves e afins? Só jogaram lá porque sim, parece. Mas A Ascensão Skywalker é isso, né? Você para para pensar por dois minutos e acha soluções bem melhores do que foram propostas no roteiro — quer dizer, eu sei que provavelmente os roteiristas não têm toda a liberdade criativa do mundo como a gente na nossa cabeça, mas mesmo assim, sabe. Eu peguei spoiler antes de ver o filme e na maior inocência do mundo pensei: ah, mas tudo bem, sendo bem trabalhado eu vou gostar igual. Uma criança de verão, não é mesmo!

Thay: É aquela coisa né, até hoje esperando a continuação de Os Últimos Jedi, etc.

Carol: Mas meio off-topic: eu realmente acho que QUALQUER final de Star Wars ia causar uma reação controversa das pessoas. Mesmo assim, o machismo embutido em algumas decisões ali foi de quebrar o coração. Rey Palpatine, e tudo com a Rose Tico…

Thay: E já que estamos jogando pedras no J.J., vamos jogar mais pedras ainda: a questão Rose Tico e seu total apagamento em A Ascensão Skywalker.

Mia: É bem verdade que era difícil finalizar algo a partir de Os Últimos Jedi, pois foram MUITAS COISAS TRABALHADAS ALI, mas poderiam colocar a Rose Tico como líder rebelde, talvez recrutando jovens pela galáxia, deixado a Rey como “ninguém” e feito o Ben ser eremita. Eu já estaria mais feliz.

Débora: E eu fico muito triste que o Abrams fez essa lambança porque o apelo que O Despertar da Força tem para mim não está escrito no gibi. Eu amo com cada célula do meu ser. E aí saber que ele iniciou algo perfeitamente daquele jeito, mas tudo acabou assim por culpa dele também. Nossa, muito triste e frustrante.

Carol: Eu tenho o mesmo sentimento. Ao contrário de muitas pessoas, eu AMO O Despertar da Força de paixão. Acho que é uma mistura perfeita entre nostalgia e introdução dos novos personagens. Tem muito coração e amor envolvido.

Mia: COLOCARAM O DOMINIC MONAGHAN! O DOMINIC MONAGHAN! NUMA APOSTA! Mas dar tempo de tela pra Kelly Marie Tran, não. Isso tem nome.

Carol: Rey Palpatine tem um resultado ok, apesar de tudo. Agora o que aconteceu com a Rose eu NUNCA vou conseguir perdoar. Acho que é podre, podre, podre.

Débora: Eu escrevi duas mil palavras sobre isso tamanho meu ódio. Toda vez que lembro disso eu me sinto capaz de virar o Superman e começar a soltar raios laser pelos olhos. É um disparate, um insulto, uma coisa cruel e horrível.

Ana Luíza: Gente, desculpa, mas o mínimo que eu espero de alguém que ganha milhões pra fazer um filme é que esse filme tenha uma história decente. É uma indústria, sim, eles querem ganhar dinheiro e esse é o principal objetivo. Mas se já vai ter que gastar dinheiro pra fazer mais dinheiro, então que pelo menos contratem pessoas BOAS pra fazer o serviço. É desgastante demais ver gente sem talento algum ganhando dinheiro com um trabalho que poderia ser muito melhor realizado por gente até menos conhecida, mas bem mais apaixonada e dedicada ao que faz. O que aconteceu com a Rose foi lamentável…

Mia: É ISTO.

Débora: Ana Luíza, fada sensata.

Carol: Em A Ascensão Skywalker parece que foi mais… pressa para acabar com tudo aquilo e seguir em frente. Além de agradar os piores “fãs” da saga.

Mia: Eles tentaram agradar todo mundo e virou uma salada de fruta podre salva apenas pelo sorriso de Ben Solo.

Ana Luíza: E é uma coisa tão básica. Ninguém consegue agradar todo mundo e numa franquia tão grande como Star Wars isso é uma missão realmente impossível.

Thay: Era a mesma coisa quando estavam querendo colocar Star Wars nas mãos de David Benioff e Dan Weiss que já fizeram lambança com Game of Thrones. Homens podem errar quantas vezes quiserem que suas carreiras continuarão lá, esperando por eles.

Carol: GRAÇAS A DEUS ESQUECERAM DISSO.

Mia: Pelo menos DISSO nos livramos. Mas, ainda assim, a coisa não melhora muito enquanto não houver diversidade também POR TRÁS das câmeras.

Ana Luíza: Exatamente. Ou seja, isso também tem nome.

Carol: Star Wars é uma saga que precisa URGENTE de mulheres ATRÁS das câmeras. Não consigo nem descrever a importância disso.

Thay: E o pior é que Star Wars só é o que é porque tivemos Marcia Lucas pra arrumar a bagunça.

Débora: E pensar que isso só tá acontecendo agora, com a primeira mulher dirigindo um episódio de The Mandalorian

Thay: E sim, é meio impossível agradar todo o fandom de Star Wars, mas eles decidiram agradar a pior parte deles. A parte que fez com que Daisy e Kelly abandonassem suas redes sociais, a parte que se uniu em fóruns na internet para derrubar as personagens, a parte que não aguenta ver mulheres em situação de protagonismo.

Débora: O mais nojento é o Abrams falando nas entrevistas que ama a Rose e adora a Kelly. Para de fingir, que todo mundo tá vendo através da sua máscara, sabe. E a Kelly, gente! A coragem e bravura dessa mulher em ir fazer uma press tour, ouvir os fãs falando que amam ela, entregando scrapbook da Rose e tendo que fingir que tava tudo bem e falar o quão animada tava para gente ver ela e a Rey interagirem. Espero realmente que ela esteja bem.

Carol: Esse é um filme BARULHENTO. Alguém mais teve essa impressão? Os Últimos Jedi é tão… contemplativo. E esse é ação e porrada, sem conversa. Mas os momentos que REALMENTE valem a pena são aqueles mais silenciosos… o Finn (John Boyega) conversando com a Jannah (Naomi Ackie) sobre a força e a “intuição” dele, a Zorii (Keri Russell) falando com o Poe (Oscar Isaac) no telhado… duas personagens que foram inclusas para reforçar que ambos não eram GAYS, mas que ainda sim tiveram bons momentos.

Thay: Eu adoro esses momentos! Embora eu ame as cenas de luta, sabres de luz, perseguição de naves nos espaço, os momentos de conversas simples são maravilhoso. Mas odeio o fato de que Jannah e Zorii só existem para nos dizer que Poe e Finn não é canon (mas Oscar Isaac disse que é, então eu acredito nele).

Ana Luíza: As lutas são excelentes, mas gosto MUITO das cenas contemplativas também. São dois filmes com pegadas bem diferentes no fim das contas, apesar de serem uma continuação, e eu entendo que esse seja mais barulhento, que tenha mais ação. Só que não justifica as escolhas terríveis que esse filme faz.

Carol: Os momentos mais simples em Star Wars são os meus favoritos. Mas odeio também O PORQUÊ elas foram introduzidas… Sem contar o final da Jannah com o Lando (Billy Dee Williams) e que ele é o pai dela. DÁ UMA SEGURADA.

Débora: SIM! Quando acontece essa conversa da Zorri com o Poe eu respirei de alívio, nem to brincando. É tudo tão rápido, não dá tempo de digerir nada e quando eles param para conversar, fiquei “finalmente alguém vai refletir sobre tudo o que está acontecendo”. E tá confirmado isso da Jannah e do Lando. Horrível parte dois. O potencial desperdiçado da Jannah.

Mia: Exatamente! Na maior parte do filme, eu não sabia o que sentir, pois não havia tempo pra respirar. Alguns momentos se destacam, aqueles que trazem reflexões políticas e sociais (stormtroopers são basicamente escravos genéticos e são negros, a força deles se libertando é INCRÍVEL), mas a impressão que tenho é que esmagaram um roteiro de dois filmes em um só.

Débora: Mas mesmo assim, o filme continuar matando eles a rodo, como se não tivesse acabado de dizer isso…. Horrível. Cadê minha revolução de stormtroopers, Star Wars? Você me prometeu!

Mia: Deveriam fazer como fizeram em Rogue One e produzir um filme dando protagonismo à revolução dos stormtroopers. Seria lindo. Eles realmente erraram feio. E ainda fizeram o Finn ficar O FILME INTEIRO correndo atrás da Rey. Deixa esse guri ter protagonismo também!

Thay: Eu amaria isso um TANTO.

Ana Luíza: Parecia que eles não faziam a menor ideia do que fazer com ele?

Mia: O arco do Finn merecia muito mais. Muito mais, de fato. Eu não odeio por completo, porque não teve FINALIZAÇÃO. Mas a impressão que eu tenho é que o J.J Abrams não sabia muito bem o que fazer com ele?

Carol: POR QUE NÃO DEIXARAM ELE FALAR PRA REY QUE ELE ERA SENSÍVEL A FORÇA? Deus amado.

Thay: Eu tenho muitas questões com essa cena porque não consigo acreditar que era isso o que ele queria dizer.

Carol: No começo eu fiquei “ele vai dizer que a ama??? Pelo amor de Deus, NÃO”, mas depois eu resolvi me iludir então sei lá.

Mia: Ficou tão estranho isso! O filme inteiro dá a impressão de que ele vai se declarar pra ela e aí falaram que ele é sensível à Força. Espero que trabalhem melhor em filmes futuros.

Thay: É isso o que a Mia disse! O filme inteiro ele fica correndo atrás da Rey que ali parece que ele vai se declarar e não dizer que é sensível à Força. Tipo, trabalha esse trem direito!

Mia: Ficou inverossímil porque eles estão numa situação de provável morte e a última coisa que ele vai dizer a ela é que é sensível à Força? Não faz sentido.

Débora: E ele não querendo contar pro Poe depois o que era? O mico…

Ana Luíza: Sim, verdade! Poderiam MESMO aproveitar pra desenvolver isso melhor em filmes futuros.

Débora: Eu já já pensei tanto nesse plot do Finn que eu só sinto exaustão nesse ponto. Podiam ter lidado tão melhor com ele ser sensitivo à Força, entrelaçado isso tão bem com uma revolução stormtrooper e milhões de outras coisas. Mas aí só fizeram ele correr atrás da Rey. O exemplo de potencial desperdiçado, meu pai. E tipo, tudo bem ele correr atrás dela, é meio isso que acontece no primeiro filme, mas é de um jeito diferente, um jeito bom, então podiam ter feito muito melhor.

Carol: No primeiro filme acho que isso foi fundamental para deixar a Rey acreditar que tinha ALGUÉM por ela pela primeira vez na vida sabe. Mas daí eles desenvolvem narrativas diferentes depois, a amizade deveria CRESCER. Provavelmente os personagens vão voltar e eles vão “tentar” explorar isso. E isso me preocupa. O Adam Driver estaria disposto? Eu espero que sim, porque se não…

Thay: Pior que acho que são poucos o atores que aceitariam voltar. Oscar Isaac já tá tão exausto que ficou falando em todas as entrevistas que Poe e Finn são um casal e dane-se.

Carol: Acho que o Oscar Isaac preferia morrer do que voltar.

Ana Luíza: Mas é ótimo que pelo menos tenha alguém no elenco que esteja disposto a falar disso. E eles mereciam mais, mereciam mais desenvolvimento, mereciam poder voltar pelo menos pra fazer as coisas DIREITO. Mas acho pouco provável também.

Débora: Perguntaram para ele na press tour se ele toparia uma série no Disney+ e ele meteu um “não” sem sequer piscar duas vezes. Sensato demais.

Mia: A Daisy Ridley não está, mas o John falou que arrasta ela. O Adam Driver já declarou sentir saudade de Kylo, então acho que toparia. Mas né, acho difícil fazerem essa história continuar.

Ana Luíza: Deve ser difícil demais trabalhar numa produção dessas. Você ganha visibilidade e isso é ótimo, mas dependendo de com quem você trabalha, e porque o lucro é uma parte mais importante do que fazer BONS FILMES, você acaba se sujeitando a bastante coisa. Não me surpreende se todo mundo estiver meio que exausto a essa altura e não quiser voltar depois.

Carol: Essa é a impressão que eu tenho. Tá todo mundo exausto. Meio que Robert Pattinson depois de terminar Crepúsculo, sabe?

Thay: Robert Pattinson pós Crepúsculo é meu mood. Mas agora falando em amizades que deveriam crescer, estou até hoje esperando minhas cenas Rose e Rey.

Carol: Eu também! Eu lembro que em Os Últimos Jedi tinha uma cena onde várias mulheres da resistência estavam conversando e fazendo planos, etc. Lembro de ter pensando AGORA VAI e que as coisas iam mudar, e ia ter mulheres interagindo mais. Infelizmente, A Ascensão Skywalker destruiu esse sonho. Eu to realmente cansada de filmes que não colocam mulheres falando entre si, fazendo coisas juntas, ou simplesmente INTERAGINDO. Como na vida real.

Ana Luíza: Mas isso realmente não vai acontecer enquanto mulheres não começarem a assumir posições mais centrais nesse filme, e existe um preciosismo nessas franquias. A gente tem bons diretores e roteiristas que traçam mulheres muito complexas e sabem lidar com as relações entre elas (Noah Baumbach, estou olhando pra você), mas ainda são uma minoria.

Carol: Exatamente. Isso fica ainda mais raro quando estamos falando de blockbusters no geral.

Débora: Já que os fãs da DC querem “Snyder Cut” de Liga da Justiça, eu quero o “Rose e Rey Cut”. Se lançarem o DVD desse filme sem a versão estendida, com todas essas cenas, eu vou reclamar muito no Twitter. Mas… Gente, e a Leia, hein?

Carol: Ainda mais agridoce que o final de Ben Solo. Eu acho que ela merecia mais? COM CERTEZA. Acho que ela é a alma de Star Wars. Mas nas circunstancias, não sei o que eles poderiam ter feito…

Thay: Nossa, sim. Acho que diante as circunstâncias, eles até que se viraram bem. É muito agridoce, dói no coração. Eu tenho muitas opiniões a respeito dos outros plots, mas a morte da Leia eu não sei comentar sem querer chorar pois Carrie Fisher.

Débora: Vou falar sem filtro que eu achei uma bosta. Eu entendo toda a situação, e como deve ter sido muito difícil trabalhar como eles tiveram que trabalhar, mas sei lá. Como a Ana Luíza disse, você está ganhando MILHÕES e faz isso? O jeito que ela morreu, quando lembro só rio de nervoso. Sim, tiveram que construir o filme ao redor das cenas que tinham dela, né. E acho que isso afetou o roteiro também e talvez tenha contribuído para a bagunça que foi. Apesar de amar as interações dela com a Rey no começo e do flashback dela sendo treinada nas artes Jedi — chupem fanboys que questionaram a cena que o Rian colocou em Os Últimos Jedi dela usando a Força — acho que toda a parte dela morrendo foi meio mal executada como um todo.

Ana Luíza: Acho que a Leia é a única personagem que eu realmente entendo que eles não podiam levar muito além, fossem quais fossem os planos no início, e no final das contas acho que prefiro que ela tenha aparecido menos. O fim dela também me pareceu muito bonito e até poético; no meio de tanta bagunça, acho que ela pelo menos teve um desfecho razoável. Melhor desfecho do mundo? Nunca. Digno da Leia? Jamais. Mas paciência.

Mia: Gostaria que uma mulher assumisse a resistência no lugar da Leia, mas esse não me parece o destino da Rey. Aparentemente, Star Wars continuará desfalcado de mulheres na liderança.

Débora: Se não odiassem tanto a Rose Tico, né…

Carol: Exato. A Rey deve liderar os Jedi. As duas juntas nessa ia ser PERFEITO.

Ana Luíza: E mesmo que a Rey não estivesse interessada, podiam pelo menos deixar a Rose brilhar.

Carol: A história da Leia é triste e de quebrar o coração, mas as circunstâncias não eram das melhores. De qualquer forma, eu acho que a jornada dela em si era algo que merecia ter sido MELHOR explorada em outros longas também. Ela e a Força, o peso que ela sentia como princesa e mais tarde general, e assim vai. A covardia de mostrar que ela era sensível à Força sempre foi muita. E deixar ela treinar! Deixar ela explorar o poder, a força, entrar na mitologia como foi com o Luke.

Mia: E ELA LARGAR PELA MATERNIDADE. Típico de homem escrevendo mulher.

Ana Luíza: Não era algo pra esse momento em específico, acho, mas de fato existia muito mais sobre ela que podia ser explorado. Essa questão de estar em uma posição de poder, tanta responsabilidade sobre si, e até mesmo a relação com a maternidade, com o caminho traçado pelo filho depois.

Carol: A Leia foi IMPORTANTÍSSIMA para mim. Ainda é, demais. Acho que ela foi uma protagonista brilhante e muito nervosa, algo raro na década de 1970. Mas acho que sempre faltou aprofundamento. Algo que tive um pouco nos quadrinhos, livros dela… mas que faltou VER sabe? Eu queria isso. Todo mundo queria isso.

Ana Luíza: Sem dúvida. E ela merecia mais, não só porque a Leia fornecia isso enquanto personagem (muitas camadas, muitas nuances), mas porque a Carrie Fisher também merecia ter tido a oportunidade de explorar isso.

Thay: Sempre fico muito chateada de pensar o quanto poderíamos ter visto de Leia nos outros filmes. Do treinamento, do desenvolvimento dela. Ela merecia tanto, ela e Carrie Fisher.

Carol: O Luke sempre foi meu personagem preferido de Star Wars porque ele tem momentos que são tão LINDOS e simples e definem muito bem quem ele é. A Rey teve a mesma coisa. Mas acho que falta dar um pouco de brilho para os personagens que estão ali do lado sabe? A Leia, naquela época. O Finn agora. Etc. E isso não quer dizer que eu não ame eles. Pelo contrário. Amo demais. Mas ainda assim fico com essa sensação. O que eu quero dizer é que queria um momento da Leia como o do Luke olhando os sóis em Tatooine, ou a Rey entregando o sabre para ele no final de O Despertar da Força. Acho que em Os Últimos Jedi chegaram perto de dar isso para a Leia, mas acho que também os planos eram criar isso em A Ascensão Skywalker ou sei lá qual seria o nome do longa naquela época. Dual of the Fates?

Ana Luíza: Mas é verdade, Carol. A jornada do Luke é muito boa (estava até comentando com a Thay e com a Mia esses dias como a gente usa ela como exemplo na faculdade de cinema, porque é muito fácil visualizar os estágios da jornada do herói ali, é excelente pra quem está começando) e existem momentos preciosos demais. A Leia tem alguns momentos preciosos, mais do que o Han, inclusive, mas em uma hierarquia, sendo ela irmã do Luke, é inegável que ela não tem o mesmo destaque. E acho que o mesmo acontece com a Rey. O Ben tem mais destaque do que a Leia jamais teve, o que talvez tenha ensinado alguma coisa, mas ainda sobra muita gente ao redor e seria muito bom entender como elas se sentem num nível mais pessoal vivendo aquelas coisas todas, quais são seus conflitos particulares. Resumir o Finn a correr atrás da Rey é muito fácil quando ele tem uma história pregressa tão complexa, e o mesmo serve pra Rose.

Carol: A trajetória do Luke é realmente perfeita. Do começo até em Os Últimos Jedi quando ele tem que olhar para trás, aprender com os erros, seguir em frente. É linda, é comovente. É tudo que eu esperava e mais. Me dá até um alívio que encerraram a dele em Os Últimos Jedi e não é A Ascensão Skywalker.

Débora: Pra vocês, quais são outros pontos altos do filme?

Ana Luíza: Muito difícil falar dos pontos altos; foi um filme muito divertido de assistir, mas que gostei bem pouco. O sorriso do Ben, sem dúvida. As cenas de luta também são muito boas.

Débora: Sorriso do Ben Solo o ponto alto de A Ascensão Skywalker e ninguém que tem mais de dois neurônios é capaz de discordar.

Thay: Eu AMO a luta entre Rey e Kylo no meio dos destroços da Estrela da Morte em Kef Bir. Toda aquela água, chuva, os destroços da maior arma do Império… É uma cena maravilhosa que tem muito sentimento guardado exposto de repente. E o desfecho é excelente. Acho que essa é uma das minhas cenas de luta favoritas em A Ascensão Skywalker.

Débora: Essa cena é só sentimentos. O Kylo claramente só revidando aos ataques da Rey, sem de fato lutar com ela é TUDO.

Carol: Acho que o ponto mais alto do filme foi a Rey entrando em contato total com a Força. A hora que ela olha para cima, tá todo mundo morrendo e ela se concentra para encontrar a Força. Escutar a voz do Obi Wan, da Ahsoka, do Luke… Acho que foi fanservice claro, mas acho que também explorou um pouco sobre esse Place Between Worlds, que é uma das melhores coisas que Star Wars apresentou recentemente. É a Força in a nutshell. Eu amei demais, foi a parte que eu mais chorei. E claro, a luta entre o Kylo e a Rey, o que levou ao sorrisinho final. “Eu queria pegar a mão do Ben”, etc.

Thay: Eu li isso o que você escreveu e já fiquei arrepiada, essa cena é MUITO preciosa. A Rey se conectando com a Força é uma coisa linda (seria mais lindo ainda se ela fosse nobody, nunca vou esquecer).

Débora: A cena do “be with me” é uma das coisas mais lindas pra mim dessa nova trilogia. Fico triste porque nessa hora o Ben tava no poço — que merda foi essa, afinal? — e a gente nunca pode ver ele em contato, de fato, com esse lado dos Jedi. Mas isso acontecer com a Rey, uma mulher, foi tão significativo pra mim, sabe? Morri de amores e de emoção. E o C3PO pra mim tava impagável. Inventou o alívio cômico de qualidade.

Ana Luíza: Eu gosto do humor que o C3PO traz, embora não ache que seja um ponto tão alto. Mas o roteiro pega umas saídas tão fáceis e sem sentido que pelo amor. Ou você banca o que quer fazer ou não faz.

Carol: Sabe que TUDO no C3PO me irritou? Acho que porque esse filme criou VÁRIOS momentos comoventes tipo ele perdendo a memória para desfazer depois. A mesma coisa com a morte do Chewie. Isso me tirou do sério DEMAIS. Fora que narrativamente falando não fez sentido. “Ele devia estar em um transporte diferente” acho que me deixou traumatizada até hoje.

Thay: Eu dei O BERRO quando a Rey explodiu a nave. E depois não era nada daquilo. Que solução horrível essa do “transporte diferente”.

Carol: Sim, péssimo demais. Um dos momentos mais WTF se transformou em… piada.

Ana Luíza: É tipo o que acontece naquelas séries que as pessoas sempre voltam da morte e quando elas morrem de novo e de novo já não é mais significativo porque você SABE que elas vão voltar em algum momento.

Débora: Eu me senti em Game of Thrones na parte que a Daenerys esquece dos navios do Euron e perde o dragão por causa disso. Só rindo. A parte da memória, realmente, foi muito ridículo. Eu decidi que para conseguir seguir em frente preciso ignorar várias coisas desse filme pelo bem da minha sanidade. Então, igual a Rey Palpatine, eu finjo que esse momento da memória e do Chewie não passaram de uma alucinação coletiva.

Carol: Que ÓDIO disso. Aliás, Game of Thrones é um exemplo de algo que eu não consigo IGNORAR. Eu odeio o final e SÓ ODEIO. Ponto final. NÃO SALVA NADA. Agora Star Wars eu amo os personagens DEMAIS para odiar tudo sabe? Acho que sempre vai ser meu ponto fraco.

Ana Luíza: É o tipo de artifício que tem muita força — a perda da memória, a morte — porque são coisas aparentemente definitivas, são sérias. Não dá pra usar como se fosse qualquer coisa.

Thay: E quanto ao final da Rey, o que vocês acharam?

Carol: Eu acho que a mensagem não era tipo “AGORA ELA É UMA SKYWALKER” mas sim mais… agora o NOME Skywalker é algo que vai além do sangue. É um simbolo de resistência, da Força. É uma representação do lado da luz. Eu sei que muita gente odiou, mas se pensar por esse lado… acho que faz bastante sentido. E foi lindo. E eu também não acho que ela vá ficar em Tatooine, acho que ela só foi enterrar os sabres. Muita gente falou da música dessa cena “New Home”, mas eu interpretei o nome mais como se ela tivesse achado um propósito na vida, amigos, uma família e, por isso, uma “nova casa”.

Débora: Quer dizer, eu entendo totalmente as críticas e como também teria sido interessante ela tomar outro caminho não adotando o nome Skywalker. Mas ao meu ver a jornada dela é sobre pertencimento e família e se encontrar e acho que, no final, ela pegando o nome daqueles que foram de fato a família dela faz muito sentido e traz esse fechamento para a jornada dela. Agora sobre a cena em Tatooine, achei muito linda e simbólica, apesar de também compartilhar com as críticas, fiquei “vamos aproveitar a coisas, foi tudo uma bomba, vamos fingir que isso aqui não não tem seus contras e só curtir”.

Thay: Eu encarei como uma homenagem, e achei bonito o uso do nome Skywalker. E acho que “New Home” tem muito mais relação com a Rey ter se encontrado, descoberto quem ela é e o que fazer daqui pra frente, do que fixar residência em Tatooine.

Carol: Exatamente. Nem tudo precisa ser literal.

Débora: É isto, é exatamente isto!!! Casa não é sempre um lugar físico, né. E especialmente quando se trata da jornada do herói é quase sempre pessoas e um lugar simbólico e abstrato.

Ana Luíza: Gosto de pensar por esse lado também. Existe um peso naquele nome, e quem melhor pra carregá-lo se não a Rey? Eu gosto da sensação de continuidade que ele dá também, de como se trata de algo não literal, mas simbólico e abstrato, como a Débora bem colocou.

Mia: Eu gosto de Rey Skywalker. Ela precisava PERTENCER e claro que ela achou abrigo naquela família.

Thay: Algumas pessoas acharam brega ela dizer Skywalker, mas gente, Star Wars É brega. E amo isso. E talvez ame justamente por isso.

Carol: A internet era pura histeria depois que o filme saiu, não existia PERSPECTIVA. Eu mesma quase perdi a sanidade. Mas eu concordo total, Star Wars é brega e eu amo isso completamente. Acho que tem mensagens que não tem como não ficar BREGA e não tem problema sabe?

Débora: As pessoas surtadas ELA VAI MORAR NESSE LUGAR QUE NÃO SIGNIFICA NADA PRA ELA só porque a música tem o nome de “New Home”. Olha, às vezes, o fã merece o conteúdo raso e sem profundidade que ganha.

Ana Luíza: Pode ser brega, sim, e é uma breguice muito bem-vinda. Talvez a gente precise de mais breguice nesse mundo.

Carol: Concordo totalmente. Eu sou muito fã de coisas bregas, no geral.

Mia: Star Wars sempre foi brega e farofa. Mas acompanhar a saga é muito mais emocional do que pelo grande roteiro (que não tem). Quero só dar um adendo que A Ascensão Skywalker é Romeu e Julieta no espaço.

Débora: Eu acho que sou tão louca, que nem brega eu acho/achei? Achei foi lindo e incrível e emocionante. O pertencimento que você busca não está atrás de você, mas à frente.

Carol: Eu sou do time que não ODIOU o filme tanto assim mas estou ativamente ignorando algumas coisas porque 2019 foi um ano difícil e acho que Star Wars é algo que me traz conforto acima de tudo, sabe?

Thay: Somos duas! Eu me diverti, eu gostei, mas ignorar tem sido uma bênção.

Ana Luíza: Eu entendo. E acho que faz sentido, porque é um filme realmente divertido. Tem coisas que saíram ano passado que merecem muito mais ódio, se for pra odiar alguma coisa.

Débora: Eu não odeio. Afinal, é Star Wars e eu amo muito mesmo Rey, Finn e Poe. Mas é um sentimento de frustração e despontamento tão, mas tão grande que eu só sei ficar triste e com muita, muita raiva por tudo que podia ter sido. Apesar de sim, ter amado várias coisas sobre o filme em si — Ben Solo, estou olhando para você.

Ana Luíza: Sim. Eu disse aquilo, mas na verdade não odeio também. Não é o melhor filme do ano, mas é muito divertido, e é Star Wars. Pelo menos aqueles personagens valem a pena, mesmo que a história seja bem fraca.

Thay: É isto. Eu amo os personagens, mas não o que fizeram com eles. Poderíamos ter uma trama muito melhor, mais coerente, e que mesmo assim bebesse da nostalgia dos filmes antigos. Mas se tiver outra trilogia, estarei lá na pré-estreia pois óbvio.

Ana Luíza: É Star Wars. A gente sempre vai estar lá.


** A arte em destaque é de autoria da editora Ana Luíza. Para ver mais, clique aqui!