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Normal People: sobre todas as coisas que nunca foram ditas

“Ninguém pode ser completamente independente de outra pessoa, então por que não desistir de tentar, ela pensou, ir correndo na outra direção, depender de uma pessoa para tudo, e deixar que ela dependa de você também, por que não?”

Esse é um dos principais e mais marcantes trechos do livro Pessoas Normais, escrito por Sally Rooney. A obra, que é aclamada por ter um olhar íntimo, realista e extremamente romântico sobre os desencontros de Connell e Marianne durante anos de suas vidas, ganhou recentemente uma adaptação para a TV. A minissérie teve um total de 12 episódios, de apenas 30 minutos cada, e foi produzida em parceria pela plataforma de streaming Hulu com a BBC. A essência dessa obra, por sua vez, não se afasta nem um pouco do que Rooney quis explorar no seu romance e apresenta uma história sobre duas pessoas falhas, tão absortas nos seus próprios sentimentos que é difícil colocar em palavras a conexão que existe entre eles. Normal People é, principalmente, sobre todas as coisas que nunca foram ditas.

Atenção: este texto contém spoilers!

Quando a história começa, Connell (Paul Mescal) é um adolescente popular de Sligo, um pequeno condado da Irlanda. Nem ele mesmo entende por que as pessoas gostam tanto da sua amizade, sendo que passa grande parte dos seus dias apenas seguindo em frente, jogando futebol e saindo com algumas pessoas do seu círculo social. Ele não sabe o que esperar do futuro ou simplesmente não entende muito bem quais são suas qualidades ou seus defeitos. Como ele mesmo descreve, nunca sabe o que está pensando. Já Marianne (Daisy Edgar-Jones) é o total oposto. A garota é inteligente, esperta, sincera e carrega em si um forte humor sarcástico e irônico. Em uma obra adolescente comum — que não tem escolha a não ser explorar os clichês do gênero —, ela também seria considerada “a esquisita” (como de fato acontece aqui), mas se esconderia por trás das suas inseguranças e passaria despercebida. Mas não é o que acontece, claro, e apesar da personagem ter uma vulnerabilidade bem aparente para o público, ela esconde bem esse aspecto ao conduzir sua vida dentro da escola.

Os dois protagonistas se conhecem fora do ambiente escolar porque a mãe de Connell trabalha como faxineira para a família de Marianne, e logo eles desenvolvem uma pequena relação secreta. Eles se encontram todos os dias depois da aula, quando conversam e pouco a pouco criam uma intimidade sexual e pessoal, mas Connell não parece interessado em tornar público o relacionamento para o resto dos colegas. Ao invés disso, em público, ele finge que não conhece Marianne, ignorando-a e, inclusive, permitindo que seus “amigos” a provoquem e sejam maldosos com ela. Apesar de Marianne insistir que essa é uma dinâmica melhor para ambos, fica claro que ela sente na pele as dores de ser rejeitada daquela forma — ainda que, por trás de quatro paredes, ele seja uma pessoa completamente diferente. Essa dinâmica se arrasta durante os primeiros episódios da minissérie, e o resultado não poderia ser diferente: quando ele resolve convidar outra garota para sair, com objetivo de despistar o fato de que eles estão em um relacionamento, ela entende que precisa dar um basta no que está acontecendo, deixa a escola e passa a estudar em casa. Os dois não se falam mais, exceto por uma ligação de Connell, que deixa uma mensagem de voz para Marianne dizendo que a ama. Ela, no entanto, não responde.

Normal People

É importante mencionar que mesmo nesse ponto da série, a química sexual entre eles é de extrema importância para a narrativa. Se existem obras onde todas as cenas de sexo parecem gratuitas e fora de contexto, esse não é nem um pouco o caso de Normal People. As sequências, principalmente a primeira, são carregadas de uma intimidade poucas vezes vista em uma produção como essa — criando a sensação de que quem está assistindo interrompe algo completamente único e especial, como se fosse um intruso. Os seis primeiros capítulos da série são dirigidos por Lenny Abrahamson e os outros seis são assinados por Hettie MacDonald, mas é possível ver uma parceria orgânica e funcional entre os dois diretores quando se trata da essência dessas cenas (que são, devo acrescentar, muito complicadas de conduzir). Os close-ups nas expressões tanto de Connell quanto de Marianne pronunciam a sensação de intimidade tão presente na dinâmica, ao mesmo tempo que a mesma câmera não parece tímida na hora de mostrar qualquer parte do corpo nu de cada um deles. Essa mesma sensação honesta é reforçada ainda por pequenos diálogos que eles têm durante o ato sexual em si, onde riem ou simplesmente conversam sobre alguma coisa. Na primeira vez deles, Connell chega a perguntar se Marianne realmente quer seguir com o sexo e se ela se sente segura — deixando bem explícito e claro o conceito de consentimento.

Outros fatores decisivos na relação deles também ficam claros logo durante o começo do relacionamento. Enquanto Connell carrega uma relação saudável com sua mãe, Marianne tem sérios problemas familiares. Seu histórico é cheio de abuso e pessoas que a tratam como lixo, como pode ser visto ao longo dos 12 episódios, mas isso tudo é um fruto muito sério da forma como seu pai abusava da mãe que, inclusive, chegou a sofrer violência doméstica. Esse mesmo comportamento pode ser visto no seu irmão, que não parece perder uma oportunidade para humilhá-la ou ofendê-la da forma mais absurda que ele consegue pensar. Ela compartilha essas histórias com Connell quando um dos colegas dele abusam fisicamente dela, e ele a leva para casa depois de passar um tempo considerável de tempo evitando-a em uma festa. É impossível não traçar um paralelo entre o comportamento de todas as pessoas ao seu redor, algo que não só é muito duro de assistir, como também revoltante.

A situação da família em que eles foram criados também é uma parte fundamental da narrativa, sendo que existem certas sutilezas que podem ser apreciadas melhor na medida em que os episódios vão amadurecendo os personagens e as situações que eles têm que enfrentar.

Mesmo com todas essas barreiras presentes, os dois parecem cada vez mais criar uma relação profunda e irreparável. Isso fica claro quando Marianne sugere que Connell vá estudar inglês, já que ele gosta de escrever e passa grande parte do seu tempo livre lendo. Algo que ele aceita sem pensar muito no assunto, como se o fato da ideia nunca ter aparecido para ele parecesse, de alguma forma, absurda. Essa parte em específico abre o caminho para a próxima fase do relacionamento entre eles.

Sexualmente falando, a dinâmica entre eles não muda quando os dois seguem para a Universidade de Trinity, em Dublin. Mas todo o resto parece sofrer bruscas diferenças. Se no colégio Marianne era considerada alguém que vivia “fora da caixinha”, alguém “esquisita”, essas mesmas características garantiram que ela se tornasse alguém que se encaixa completamente nas aulas e na vida universitária. Logo ela faz amizades, desenvolve uma vida social e um relacionamento com um dos colegas de sala de Connell (até mesmo suas roupas mostram um amadurecimento da sua parte, algo que também reforça sua mudança da adolescência para a vida adulta). Os dois protagonistas voltam a se reencontrar durante uma festa aleatória, sendo que originalmente eles concordam em manter apenas uma amizade. Algo que, mais tarde, se desenvolve mais uma vez para um relacionamento amoroso.

Dessa vez, no entanto, os dois assumem que estão saindo um com o outro. Mas a mesma barreira perpetuada pela falta de comunicação continua ali. Connell parece incapaz de tocá-la em público, algo que afeta profundamente Marianne, que tem todo um histórico complicado com a sua falta de afeto para afundá-la em insegurança (com razão), ao mesmo tempo que Conell parece enfrentar problemas financeiros sérios. Assim, quando acaba seu dinheiro e ele perde seu emprego, tem que voltar para Sligo durante o verão, ainda que pudesse ter ficado com Marianne no apartamento que ela mantém em Dublin. Mesmo com alguns desencontros pequenos, uma conversa entre eles seria capaz de resolver qualquer coisa. O que, claro, não é o que acontece.

Connell vai embora e deixa no ar que gostaria de ver outras pessoas. Não porque é sua vontade, mas ele simplesmente não consegue encontrar palavras (ou forças) para dizer tudo o que sente por Marianne, tudo que ele espera do relacionamento entre eles. É claro que isso acaba, mais uma vez, com a autoestima da protagonista. Enquanto ele passa o verão em Sligo beijando uma de suas ex-professoras, ela acaba se envolvendo com um dos seus amigos, o prepotente Jamie (Fionn O’Shea). Uma pessoa completamente insuportável, Jamie carrega em si os traços de um homem abusivo e repulsivo, fazendo com que Marianne se sinta culpada por absolutamente todas as suas escolhas. Alguns episódios mais tarde, quando ela chama seu parceiro e Connell para passar as férias na casa de veraneio da sua família na Itália, Jamie tem um ataque de ciúmes e eles acabam se separando. Mais uma vez, Connell é a pessoa que fica ao seu lado, oferecendo um ombro seguro e confortável, algo familiar. Ainda assim, as marcas que Jamie deixam já são mais profundas do que ela pode compreender, e isso acaba definindo seus próximos relacionamentos.

Durante a mesma viagem, os dois protagonistas também exploram a diferença de classe que existe entre eles e conversam sobre como isso afetou suas respectivas criações e, principalmente, como isso moldou a forma como  vêem o mundo. Nessa altura, ambos já ganharam uma bolsa de estudos que cobria todas as despesas na faculdade e se, para Marianne, as coisas ficaram ainda mais fáceis, para Connell a aquisição da bolsa abre uma nova e inexplorada porta. Nesse momento específico, Marianne diz que nunca se deu conta de como sua situação financeira pudesse afetar Connell durante a faculdade, como se a possibilidade de problemas financeiros nunca tivessem passado pela sua cabeça. O reconhecimento dos sentimentos que ela mostra para ele, no entanto, servem para reforçar e aprofundar ainda mais sua dinâmica.

Normal People

Os episódios a seguir são os mais complicados e dolorosos de assistir. Nessa altura da história, Marianne conseguiu uma bolsa de estudos na Suíça, onde ela passa grande parte dos seus dias estudando e em um relacionamento onde ela pede que seu parceiro aplique técnicas de sadomasoquismo nela durante o sexo — algo que foi perpetuado durante seu namoro com Jamie. Ela não parece gostar ou tirar prazer nisso, mas é como se precisasse da prática para se sentir amada e segura, porque ela só conhece uma realidade violenta. Enquanto isso, Connell segue sua rotina normal na faculdade, desenvolve uma relação saudável com outra mulher e tem que lidar com a morte de um dos seus melhores amigos da escola. Rob (Eanna Hardwicke) parece nunca ter superado a vida que levou na sua adolescência e, sem perspectivas para um futuro melhor, acaba tirando a própria vida.

O suicídio de Rob tem sérias consequências no psicológico de Connell, que não consegue mais encontrar propósito na sua vida acadêmica, no seu relacionamento ou até mesmo nas amizades que mantém. A única coisa que parece ser definitiva é seu relacionamento com Marianne, que sobrevive por meio de uma amizade honesta e sensível. É claro que os dois, mais uma vez, encontram uma espécie de âncora na dinâmica, que só passa, eventualmente, a se desenvolver outra vez para algo romântico durante uma das férias de verão, quando ambos voltam para Sligo.

Aqui existem dois fatores determinantes para criar algo que é, finalmente, mais maduro: quando Marianne pede para Connell praticar sadomasoquismo com ela, mas ele se recusa (é como se ela o estivesse testando); e quando ele vai buscá-la na casa da sua mãe quando seu irmão quebra seu nariz. Nesse momento, quando os dois vão embora juntos da cidade que não acrescenta mais nada para eles, parece que existe um novo acordo perpetuado entre os dois.

É também nessa parte que podemos aplicar o citação do começo do texto com maior profundidade. Afinal, a trajetória e relação entre eles foi, ao longo dos anos, nada mais do que um se permitindo depender do outro, sendo que o “poder” que compartilham ora está nas mãos dele, ora nas dela. Ele oferecendo segurança, ela honestidade. Todos esses momentos onde eles terminam e voltam parecem ser orgânicos por causa do jeito que o roteiro aborda o relacionamento, como se cada um desses desenvolvimentos servisse para levá-los para um lugar diferente, onde amadurecem e crescem como pessoa, ainda que nunca deixem romper a ligação entre eles. É por isso também que a série não vê necessidade de desenvolver os outros personagens além deles. Os coadjuvantes não são nada além disso, e existem alheios ao casal.

Dentre os finais de minisséries românticas, não existe um tão agridoce quanto Normal People. A cena consiste basicamente nos dois sentados no chão do novo apartamento de Marianne, conversando honestamente sobre o que o futuro lhes aguarda. Connell vai para Nova York após ganhar uma bolsa de estudos para escrever, enquanto Marianne vai seguir com a vida tranquila que ela criou em Dublin durante os últimos anos da faculdade. Eles não deixam nada combinado ou marcado, mas também não descartam se reencontrar no futuro. Não é exatamente um final tradicional para um casal que passou por tantas adversidades, mas a série sabe melhor do que deixá-los cair em uma das convenções do que deveria ser, e não do que é. Mais do que isso, o roteiro entende a ligação profunda e pouco convencional que existe entre os dois.

Normal People

Durante Before Sunset, segundo filme da trilogia criada por Richard Linklater, que acompanha um casal com o passar dos anos e em fases diferentes das suas vidas, a personagem Celine (Julie Delpy) diz que, quando você é jovem, acha que vai encontrar várias pessoas com quem você crie uma conexão real e profunda, mas que, mais tarde, percebe que isso não é necessariamente verdade. De certa forma, isso está inserido na dinâmica entre os dois protagonistas de Normal People. Mais de uma vez, Marianne diz que “não é assim com outras pessoas”. E claramente, para Connell também não é. É por isso que os dois, apesar das dificuldades, acabam retornando um para o outro, se refugiando nos braços de quem os conhece como ninguém mais no mundo.

No final, é a forma como eles foram criados e suas barreiras pessoais que os impedem de conversar e criar uma comunicação mais pertinente sobre os problemas que o relacionamento deles carrega. Por causa da relação complicada entre Marianne, o histórico de abuso de seu pai e irmão, e a incapacidade da mãe dela em agir em seu favor, existe uma barreira na forma como a protagonista lida com todos os seus relacionamentos, algo que afeta até mesmo sua dinâmica com Connell. Ele, por sua vez, não consegue expressar seus sentimentos em voz alta, algo que afeta a forma como ele dá afeto para sua parceira de forma constante, ou até publicamente, fazendo com que até mesmo ela se sinta solitária e confusa. É por isso que todos os anos que eles passam juntos, como amigos ou mais do que isso, são resumidos por todas as coisas que nunca foram ditas, e não pelo o que poderia ter sido se eles tivessem se aberto mais, explorando seus sentimentos em relação ao outro.

Normal People é uma daquelas séries que estão em perfeita harmonia, misturando todos os seus aspectos para criar uma atmosfera mais realista. Com uma história que é melancólica e dramática, até mesmo triste, existia a necessidade de captar essa característica pelas câmeras e as músicas em si. A boa notícia é que não só a trilha sonora mostra uma seleção pertinente e uma mistura boa entre o pop e o alternativo (com canções de Elliott Smith, passando por London Grammar, Frank Ocean até Carly Rae Jepsen), como também usa do clima frio e chuvoso da Irlanda para acrescentar profundidade aos personagens. Absolutamente tudo na série é como uma extensão direta do relacionamento entre Connell e Marianne.

Existe um movimento muito forte de séries (e filmes) que tentam explorar relacionamentos amorosos com todas as suas complicações e falhas de forma honesta. Love, da Netflix, por exemplo, mostra as idas e vindas de um casal comum e como eles lidam com as questões de um relacionamento na sociedade moderna. You’re the Worst é outra citação pertinente, e fala sobre duas pessoas que, apesar de estarem muito apaixonadas, não conseguem superar os próprios medos e inseguranças para fazer o relacionamento dar certo. Todas essas relações são compostas, afinal, por pessoas normais — não por uma visão hollywoodiana do mocinho galã, ou da donzela em perigo. Apesar da ideia de Normal People seguir mais ou menos pela mesma linha, seu pay-off é muito mais satisfatório. Ao contrário das duas séries citadas acima, onde o humor é o carro-chefe para dar um tom de sátira, e até meio escrachado, ainda que tivessem momentos delicados, os elementos dramáticos em Normal People são muito mais presentes, além de serem mais sensíveis, profundos e bem trabalhados. Connell e Marianne realmente são pessoas normais, sendo as falhas e os trunfos do seu relacionamento um resultado direto desse mesmo aspecto.

Nunca li o livro de Sally Rooney, mas a série faz um trabalho tão bom e definitivo que tenho medo de me aprofundar na obra e perder a visão perfeita que tive da adaptação. De quantas histórias moldadas para a TV e o cinema podemos dizer isso? O número não é grande e, só por isso, Normal People tem um grande mérito.

6 comentários

  1. Eu assisti a série e só depois li o livro. Me apaixonei tanto que quis ler também a versão literária. As duas são muito boas e extremamente fieis; a diferença é que na série conseguimos ver mais nuances dos personagens, principalmente da Marianne, que na minha opinião conseguiu ter sua personalidade mais bem explorada!

  2. Opa, obg pelo testo. Assiti a série e gostei bastante. Que outras séries semelhantes a essa vibe/pegada vc poderia me sugerir???
    Abraço!

  3. Excelente análise! Eu terminei a série em dois dias, fiquei viciada! Cheguei a ela procurando por um romance para assistir, e encontrei muito mais. Fico muito frustrada quando eles não estão juntos, mas como está escrito no texto, a conexão que eles têm um com o outro é muito profunda. Então isso me dá um alívio porque eu sei que não importe o que aconteça na próxima temporada, um vai fazer parte da vida do outro de alguma forma. Os personagens são bem próximos da realidade, mas também reconheço que há uma dramatização em algumas situações por se tratar de uma obra ficcional. Acredito que se essa história fosse real eles teriam conseguido ultrapassar a barreira na comunicação, que só foi sendo rompida para o final da temporada, há muito tempo. Afinal se ambos se amam, por que não tornar o relacionamento algo mais simples e ficar juntos de vez? Mas aí não seria Normal People; agridoce é o que define não só o último episódio mas a série toda. Torço muito para que eles fiquem juntos, envelhaçam, tenham netos e tudo mais ahahha. Espero muito que a Marianne pare de se desvalorizar (me incomoda todas as vezes que ela diz que ele poderia fazer qualquer coisa com ela) e que o Connel abra mais o que sente. Por último, a Lorraine é uma mãe (e sogra) maravilhosa, que bom que ela existe na vida dos dois.

  4. A série realmente é muito boa, e é nítido a evolução dos personagens ao longo da série. Porém a evolução mesmo só se dá (para o Cornell por exemplo) depois do evento trágico com o Rob, em que ele passa a ir para a terapia (amém?) e consegue começar a desmembrar seus sentimentos e os porquês deles. Agora a Marianne não fica tão evidente a evolução, ela passou por relacionamentos abusivos, por situações com a família dela, com os colegas de escola, mas ela parece ser a mesma garota indefesa e insegura, e ela se apoia no Cornell por busca de suporte, apoio, ao invés de buscar nela mesma essa característica. Sinto que ela depende dele para reafirmar seu valor, para entender sua preciosidade e pra tomar boas atitudes. Mesmo que tenhamos 1,2,3 pessoas assim em nossa vida, é apenas em nos mesmos que devemos se fundamentar, se apoiar. Vejo também que o amor da Marianne é mais romântico (não sei, talvez pela questão dela ter que ir nas mãos dos outros pra se sentir amada, segura), enquanto o do Cornell é mais amigável, uma pessoa que o entende, e que o ajuda, e que ele ama com pureza (mas essa não é a base para o amor?). Acho que a Marianne depende dele em alguns aspectos, e cobra ele também. Ela tem uma devoção muito grande, quase que infantil por ele, e ela quer isso em retorno, nos episódios iniciais, da pra ver que ele tem o tempo dele, e isso é algo que precisamos saber respeitar em relacionamentos, seja em amizade ou não.

    Estou terminando o último episódio, mas precisei vir falar e ver a opinião de outras pessoas, porque nenhum amigo meu assistiu a série (ainda hahaha)

  5. Olá, ótimo artigo! Eu entrei em contato com esta história primeiramente através de um trailer que muito me instigou a ponto de me fazer buscar a série. A identificação com os personagens e a trama me arrebataram de tal forma, me apaixonei por cada aspecto, fui capaz de sorrir e chorar como se tudo aquilo fosse meu, de certa forma é. Quando descobri que a série foi inspirada por um livro eu imediatamente fui atrás e o adquiri, confesso que ambos são tão igualmente excepcionais que fica até difícil decidir qual é a melhor experiência! Acho que ambos se completam e como a série veio depois, cabe ressaltar que em nada deixa a desejar e a carga referencial é enorme ao ponto de você ser capaz de conectar cada momento da história. Não deixe de conferir o livro, pois é incrível demais!

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