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De Rey a Leia Organa: as mulheres de Star Wars: Os Últimos Jedi

Mulheres fortes não são uma novidade no universo de Star Wars. A Princesa — e General — Leia (Carrie Fisher) já quebrava os estereótipos destinados a princesas desde o Episódio IV: Uma Nova Esperança, de 1977. Depois da primeira etapa da franquia, foi a vez de Padmé Amidala (Natalie Portman) representar uma das defensoras mais ferrenhas da democracia da República e uma de suas principais líderes.

Toda a raiva, histeria e loucura que normalmente são atribuídas às mulheres por conta de sua suposta intensidade cabem aos homens em Star Wars onde Kylo, Snoke, Darth Vader e General Hux são apenas alguns exemplos. Mas, até então, o espaço quase sagrado da Ordem dos Jedi era sempre ocupado por homens: Mestre Yoda, Mestre Windu (Samuel L. Jackson), Anakin (Hayden Christensen) e Luke Skywalker (Mark Hamill) foram os Jedi de mais destaque na série. Sempre houve mulheres na Ordem Jedi, tanto no Conselho quanto em batalha, mas seus papéis nunca foram maiores do que o de coadjuvantes.

Mesmo Leia, personagem cuja Força se manifestava tanto quanto em Luke, não foi treinada para ser uma Jedi e nem houve nenhuma sugestão de que, eventualmente, ela poderia ter se tornado uma. Com a chegada do Episódio VII: O Despertar da Força, de 2015, as coisas começaram a mudar. Rey (Daisy Ridley) foi a grande promessa do episódio, finalmente confirmada no Episódio VIII: Os Últimos Jedi, de 2017: Star Wars tem uma nova cara e é o rosto de uma mulher que estampa a maioria dos pôsteres da nova trilogia.

os últimos jedi

The Last Jedi é um filme cheio de batalhas heroicas, grandes sacrifícios e personagens inesquecíveis, corajosos e com vontade de mudar o status quo — em um momento em que a Primeira Ordem aumenta sua influência exponencialmente sobre a galáxia, e a Resistência conta com poucos guerreiros que lutam pelo estabelecimento da democracia. Desses guerreiros, várias mulheres se destacam, como Paige (Ngô Thanh Vân), cujo sacrifício na primeira grande batalha do filme demonstra um grande heroísmo. Há também Rose (Kelly Marie Tran), irmã de Paige, Almirante Holdo (Laura Dern), Maz Kanata (Lupita Nyong’o) e, claro, a General Leia e Rey. Muito dos grandes momentos do filme também são protagonizados por mulheres: uma das cenas mais arrepiantes é quando a Almirante Holdo, se mostra mais heroica do que o próprio Poe Dameron (Oscar Isaac), outro personagem que passa a ter cada vez mais importância no enredo. Enquanto isso, Rose se junta a Finn (John Boyega), em uma tentativa de salvar a Resistência. Sua personagem se torna uma das mais relevantes na história e ela não só luta bravamente pela Resistência como salva a vida de Finn.

Já a breve aparição de Maz em Os Últimos Jedi faz supor que sua presença pode se tornar mais intensa no episódio subsequente da saga. A pirada continua sendo uma guru dentro da galáxia, com conhecimento suficiente para auxiliar a Resistência em sua luta. Leia, é claro, continua sendo a General mais humana da galáxia e faz lembrar o quanto Carrie Fisher conseguiu realizar um trabalho inesquecível e dar vida a uma das personagens mais incríveis do universo de Star Wars. Por fim, Rey, o último jedi, na verdade é uma mulher. E uma mulher muito forte, que conseguiu vencer Kylo Ren (Adam Driver) em todas as batalhas, seu equivalente ao lado negro da Força. Do lado da Primeira Ordem, Capitã Phasma (Gwendoline Christie), desde o Episódio VII, continua a ter destaque no exército. Forte e leal, quase indestrutível, ela é a única stormtrooper além de Finn a possuir certo destaque na saga.

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Apesar de todos os feitos dessas mulheres, é Luke quem realmente salva a Resistência. Sua presença no filme, assim como a de Leia e Han Solo (Harrison Ford) no Episódio VII, conecta o presente ao passado da galáxia e é um gesto muito bonito e respeitoso da produção manter o trio original em cena, representando o mesmos personagens depois de tanto tempo — um deleite também para os fãs.

Após Os Últimos Jedi, a única certeza que resta é que a esperança da galáxia reside, agora, em Rey, a primeira Jedi de destaque da franquia. O rol de mulheres inspiradoras de Star Wars aumentou muito e o impacto social que surge disso é inegável. Star Wars é uma das franquias do cinema mais conhecidas do mundo. Referências sobre o seu universo estão espalhadas em filmes, séries, livros e outros produtos. Darth Vader é um dos vilões mais famosos da ficção e toda essa relevância torna importantíssima a representação que a franquia faz das mulheres.

Ter Rey como o novo destaque dentro de tudo isso é, sem dúvidas, um caminho para que o cinema blockbuster construa personagens femininas cada vez mais complexas, importantes e que não sejam simplesmente uma bengala para o desenvolvimento de um personagem homem.