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“Pick me, choose me, love me”: 14 episódios essenciais de Grey’s Anatomy

É unânime dizer que Grey’s Anatomy há muito já se consagrou nas telinhas das terras gringas. Ao longo dos mais de treze anos de exibição, a grande criação e carro-chefe de Shonda Rhimes conquistou uma legião de fãs, que, fiéis ou já desgostosos, se apaixonaram, odiaram, sofreram e sorriram ao longo das quatorze temporadas da série. Quando criou Grey’s Anatomy, Shonda esboçou o rascunho de uma série que ela própria gostaria de assistir: uma série médica, com mulheres competindo de forma saudável entre si, com um elenco diverso e personagens multifacetados. Mal sabia ela que, uma década mais tarde, a série seria ainda, semanalmente, acompanhada por milhões. Para celebrar a montanha-russa de emoções proporcionada por Grey’s Anatomy, selecionamos 14 episódios para relembrar ou conhecer a série.

Atenção: este texto contém spoilers!

1. “A Hard Day’s Night” (S1E01)

Grey's Anatomy

Não dá pra falar de Grey’s Anatomy sem começar falando sobre o começo de tudo. No primeiro episódio do que seria uma curta temporada — apenas nove episódios, ao todo — Meredith Grey (Ellen Pompeo) e Derek Shepherd (Patrick Dempsey) se encontram em um bar, acabam tendo uma espécie de one night stand e no outro dia se encontram no hospital Seattle Grace, onde ambos trabalham, e que se torna a grande casa e principal pano de fundo de Grey’s Anatomy.

No episódio, uma nova turma de internos está começando seu aprendizado dentro do hospital-escola. Meredith faz parte desse grupo, junto a George O’Malley (T.R. Knight), Cristina Yang (Sandra Oh), Alex Karev (Justin Chambers) e Izzie Stevens (Katherine Heigl). Derek Shepherd é um médico atendente do mesmo hospital, o que deixa as coisas meio esquisitas entre Meredith e Derek em um primeiro momento. O episódio gira em torno dos cinco novos médicos tendo que cobrir um turno de 48h horas, sob os olhos e cuidados de Miranda Bailey (Chandra Wilson), residente responsável pelo grupo, que segura as rédeas tão firmemente que é apelidada de “nazi” pelos novatos. É um episódio muito charmoso e que teve uma boa recepção dos críticos na época, mais de treze anos atrás.

2. “Into You Like a Train” (S2E06)

Grey's Anatomy

O sexto episódio da segunda temporada de Grey’s Anatomy é sobre escolhas. Depois de se mostrar totalmente vulnerável ao dizer o famoso “Pick me. Choose me. Love me.”, Meredith espera para saber qual será a decisão de Derek. E o “não saber” a deixa angustiada. No meio tempo, a equipe do hospital recebe as vítimas de um grave acidente de trem e o principal caso do dia é capaz de comover qualquer um: Bonnie (Monica Keena) e Tom (Bruce A. Young), dois passageiros do trem, ficam unidos por uma barra de ferro que atravessa seus corpos, e no breve tempo que ficam juntos, criam uma espécie de amizade instantânea, uma conexão muito bonita e delicada.

No entanto, os médicos do Seattle Grace precisam tomar uma decisão: qual deles precisará morrer para que o outro possa ser salvo? Depois de vários exames, é evidente que a sobrevivência dos dois é impossível e a terrível escolha se faz necessária. Mas o peso dela é inevitável. Porque possui lesões mais graves, é Bonnie quem vem a falecer, mas não sem antes emocionar a todos. Os médicos tentam brevemente mantê-la viva, mas quando colapsa, eles sabem que não há nada a ser feito. Meredith, contudo, não a abandona: desesperada, é ela quem pergunta por que ninguém está se esforçando para salvá-la, por que não estão tentando ajudá-la, cena que serve como um paralelo para o que vive a própria Meredith, ela mesma preterida por Derek. Mas as coisas não são mais fáceis para ele, e quando revela o que Bonnie havia pedido que ele dissesse ao noivo (“ela pediu para dizer que se amor fosse suficiente, ela ainda estaria aqui”), fica claro que aquilo também serve para ele e Meredith, que amor não é a única coisa que ele precisava levar em consideração.

“Into You Like A Train” é tocante por conta do drama vivido por personagens já conhecidos, mas também — e talvez até mais — devido ao drama de pacientes que acabamos de conhecer, e aprendemos rapidamente a amar. E esse sempre foi, e continua sendo, um dos maiores trunfos de Grey’s Anatomy.

3. “It’s The End of The World” (S2E16) e “As We Know It” (S2E17)

Grey's Anatomy

Um grande plot dividido em dois episódios, que garantiram a Shonda Rimes uma indicação ao Emmy de 2006 por Melhor Roteiro em Série Dramática, a dobradinha “It’s The End of the World” e “As We Know It” é Grey’s Anatomy em sua melhor e mais genuína forma.

Apesar do preâmbulo de Meredith sobre a morte, “It’s The End of the World” começa de um jeito tão cômico (o sonho erótico cafonérrimo de George com Meredith, Cristina e Izzie no chuveiro) que temos a certeza de que será esse o tom de todo o episódio e nem podemos imaginar o quanto estamos enganados. A paramédica Hannah, interpretada por Christina Ricci, dá entrada no hospital com a mão no peito de um paciente ferido para impedir o sangramento. A esposa dele está em choque e não consegue dizer o que realmente aconteceu, então Dr. Burke (Isaiah Washington) se encaminha à sala de operação para a cirurgia. Depois de conseguir acalmar a mulher, Alex descobre o pior: há uma munição no tórax do homem deitado na maca e ela pode explodir a qualquer momento.

A ansiedade toma conta quando todos recebem “blackcode” em seus bipes; os internos não sabem do que se trata num primeiro momento, ao passo que seus residentes têm total noção do perigo. Além disso, Bailey entra em trabalho de parto, seu marido chega ao Seattle Grace após se envolver em um acidente de carro e precisa ser operado por Derek. Grey e Yang tentam acalmar Hannah, que foge apavorada, enquanto Meredith passa a correr risco de morrer, como previa desde o início. No episódio seguinte, a aflição cresce ainda mais. As pessoas podem até se esquecer dos nomes, mas todos se lembram dos “episódios da bomba”. Eles estão entre os momentos mais lembrados de Grey’s Anatomy por conta da perfeita dosagem de humor, tensão, romance e um caso médico inusitado. São tantas coisas acontecendo que fica difícil prever o próximo passo do roteiro e ficamos grudados na cadeira até o final.

4. “Losing My Religion” (S2E27)

Grey's Anatomy

Possivelmente um dos episódios mais tristes de toda a série, “Losing My Religion” foi originalmente exibido em sequência a “Deterioration of the Fight or Flight Response”, em um especial de duas horas da ABC, e dá prosseguimento aos eventos do episódio anterior, quando os internos ajudam Izzie a conseguir um coração para Denny Duquette (Jeffrey Dean Morgan), seu então interesse amoroso. Uma vez que são descobertos, eles se recusam a revelar quem fora o responsável por cortar o fio do LVAD, deixando Dr. Webber (James Pickens Jr.) sem qualquer alternativa exceto designá-los para cuidar do baile de formatura de sua sobrinha doente, Camille (Tessa Thompson), a ser realizado no próprio hospital. 

Muito acontece durante a festa, como o flashback entre Meredith e Derek, e também fora dela, como a despedida de Doc, o cachorro do casal, mas é principalmente sobre o relacionamento de Izzie e Denny que o episódio se estrutura e são eles que protagonizam o momento mais dramático. Após o sucesso do transplante, Denny pede Izzie em casamento, pedido este que ela aceita. Mas seus planos caem por terra quando um coágulo faz com que Denny tenha um derrame e inesperadamente venha à óbito; o que Izzie só descobre quando chega até seu quarto no hospital para mostrar seu vestido de baile. A notícia da morte se espalha e leva os internos até o quarto, onde encontram Izzie deitada ao lado do noivo, abraçada ao seu corpo. Ali, ela lamenta por ter demorado tanto para se vestir, por não ter estado junto a Denny no momento de sua morte, e é consolada pelos colegas, sobretudo por Alex Karev, com quem já havia se envolvido anteriormente. O acontecimento faz com que Izzie, mais tarde, admita sua culpa por cortar o fio a Dr. Webber, que a afasta do hospital, interrompendo sua carreira, embora não de maneira definitiva.

Escrito pela própria Shonda Rhimes, o título do episódio foi escolhido porque é nele que os internos são obrigados a abrir mão de aspectos importantes em suas trajetórias — Izzie é forçada a deixar de lado seu idealismo, George renuncia o amor que sente por Meredith para assumir definitivamente seu relacionamento com Callie (Sara Ramirez), ao passo que Cristina precisa abrir mão de seu controle emocional. O luto é um aspecto importante, tão importante que todos os personagens estão vestidos com cores sóbrias durante o baile, sendo Izzie, ironicamente, a única a usar um vestido cor-de-rosa, e todos narram o episódio em algum momento, algo inédito até então — detalhes que fazem de “Losing My Religion” um episódio excepcional.

5. “Some Kind of Miracle” (S3E17)

Grey's Anatomy

Escrito por Shonda Rhimes em parceria com a roteirista Marti Noxon, “Some Kind Of Miracle” é responsável por concluir os eventos iniciados em “Walk on Water”, quando um grande acidente envolvendo uma balsa mobiliza os médicos do Seattle Grace. Durante o atendimento a um paciente, Meredith é empurrada por ele na água, de onde não consegue sair sozinha. Eventualmente, ela é encontrada por Derek, que a leva ao hospital, onde Dr. Webber, Burke, Bailey e Addison (Kate Walsh) tentam tratá-la, mas o afogamento abre espaço para que Derek questione se Meredith de fato havia se afogado ou se tinha desistido de viver — ela era uma boa nadadora, afinal.

A partir da experiência de vida e morte da protagonista, Grey’s Anatomy questiona a verdadeira natureza do acontecimento e se Meredith, de fato, quer ou não sobreviver. Personagens já falecidos, como Denny, Bonnie e Dylan Young (Kyle Chandler), a acompanham nesse processo, mas é apenas quando sua mãe, Ellis Grey (Kate Burton), a encontra e finalmente revela acreditar que a filha é uma pessoa extraordinária, é que Meredith entende que viver ainda é sua melhor alternativa. Há muito do outro lado, há muito a ser vivido — por mais “dark and twisty” que ela seja.   

O episódio também explora as reações das pessoas ao seu redor, do medo e tristeza dos seus amigos e então namorado, até a descrença dos mentores quando não conseguem trazê-la de volta. “Some Kind Of Miracle” nos presenteou com momentos realmente inesquecíveis, como quando Cristina decide entrar na sala em que Meredith está ou o monólogo de Izzie, em que ela diz saber que pessoas morrem, mas que também acredita que acreditar que sobrevivemos é o que nos faz sobreviver de fato.

6. “Now or Never” (S5E24)

Now or Never” é a segunda parte de um fim de temporada dividido em dois episódios — ou seja, foi exibido num mesmo dia e em modo episódio duplo. Como Grey’s Anatomy ficou conhecida por fazer, o final da quinta temporada é mais um com evento trágico, dramático, 100% arquitetado para colocar o telespectador em posição fetal de tanto chorar. Ou quase isso.

Entre o famoso casamento por post-it de Meredith e Derek, as falhas de memória e experiência de quase-morte de Izzie Stevens, e a chegada de um corpo desconhecido que, na verdade, mais tarde, sabemos ser o de George, o episódio se equilibra entre o muito doce e o muito amargo. “Now or Never” é responsável por começar o desfalque do grupo M.A.G.I.C. (Meredith, Alex, George, Izzie e Cristina). O episódio é bem costurado, inegavelmente, e até hoje ele ocupa o #1 no IMDb entre os episódios mais bem avaliados de toda a série.

7. “Invasion” (S6E05)

Invasion” está longe de ser o suprassumo da TV gringa, mas é um episódio bem conduzido e importante na linha temporal da série e por isso aparece aqui. No quinto episódio da sexta temporada a temida fusão entre o Seattle Grace e o hospital Mercy West (o “inimigo” do primeiro) acontece. Com isso, há uma invasão de novos médicos dentro do hospital. Entre novas batalhas de ego e o início de competições nada saudáveis entre médicos novos e antigos é que o episódio vai ganhando forma.

O episódio marca, também, uma conversa muito necessária e bonita sobre religião entre Callie Torres e o pai, Carlos (Héctor Elizondo), e entre Arizona Robbins (Jessica Capshaw) e Carlos, com Arizona convencendo-o sobre o relacionamento das duas. “Invasion” também é o primeiro passo rumo a real despedida de Katherine Heigl, que interpreta Izzie Stevens, pois é neste episódio que Izzie é demitida do hospital após negligenciar um paciente. Por fim, o episódio serve para dar início ao que seria a segunda geração de Grey’s Anatomy.

8. “Sanctuary” (S6E23) e “Death of All His Friends” (S6E24)

Quando penso na dobradinha “Sanctuary” e “Death of All His Friends“, o episódio duplo que serve de final da sexta temporada da série, penso no fim (próximo) de uma longa maratona que estava fazendo com a minha irmã. A série já exibia sua sétima temporada quando eu e ela passamos da fase “em maratona” para “em dia”. E, até hoje, acredito que o final da sexta temporada seja um final que realmente promete entrega.

É o ponto final de uma história que se desenrolou por alguns episódios que antecederam o fim. Derek perde uma paciente, e o marido dessa paciente, tempos mais tarde, ressentido, decide abrir fogo dentro do hospital. A construção desses dois episódios é o da mais pura tensão. Você termina a experiência sentindo tudo até os ossos, junto ao medo de perder algum personagem querido, o medo de ver relações se desmantelarem por culpa de um homem raivoso que tem acesso fácil demais a uma arma (quase como muitos da vida real nos EUA). É um episódio que não dá ponto sem nó. Personagens fortes desabam. Personagens frágeis tomam o controle da situação. Cristina opera com uma arma na cabeça. Não há palavras para descrever como os episódios servem para demonstrar o quanto Grey’s Anatomy é o que é por conta de tudo o que já nos entregou. Só assistindo para saber.

9. “Song Beneath the Song” (S7E18)

Fãs de musicais, seja no teatro ou no cinema, não são exatamente uma maioria. Por isso, é quase um ato de coragem desafiar um público de mais de quinze milhões (média semanal na época) a comprar a ideia de um episódio que sustenta toda a sua narrativa em números musicais performados, de voz e corpo, por um grupo de atores que atuam melhor do que cantam. Contudo, por que não?

Em “Song Beneath the Song“, uma grávida Callie Torres pós um grave acidente de carro está sendo operada pelos mais renomados e queridos médicos de Seattle. Para balancear o que seria um grande episódio dramático, Grey’s Anatomy namora com o brega e coloca seus personagens cantando e interagindo por meio de números musicais — muito deles, remetendo, inclusive, à músicas que marcaram a história da série, como é o caso de “Chasing Cars“, do Snow Patrol, ou “Keep Breathing” da Ingrid Michaelson. O episódio, na época, não foi recebido com muito alvoroço, mas hoje, sete temporadas depois, se tornou um episódio emblemático da série, motivo pelo qual é imprescindível que apareça nessa lista.

10. “If/Then” (S8E13)

Apesar dos muitos plots batidos e previsíveis, dramas pastelão e romances improváveis, Grey’s Anatomy também inova em sua maneira de contar uma história, e “If/Then” faz isso com maestria. O episódio todo causa estranhamento em um primeiro momento, pois conta a história dos mesmos rostos que estamos acostumados a ver semanalmente, mas esses mesmos rostos, aqui, possuem um passado, presente e personalidade diferentes. Calculado para ser uma realidade alternativa, assistimos os médicos que conhecemos sendo ofuscados por uma chefe improvável: Ellis Grey.

Em “If/Then“, personagens taciturnos e complexos, feito nossa grande protagonista Meredith Grey, ganham uma nova roupagem: positiva, contida, alegre. Por outro lado, personagens emotivos, vulneráveis e alegres se tornam casos perdidos que chegam ao hospital com um severo caso de overdose, como é o caso de Lexie Grey (Chyler Leigh). Além disso, os típicos casais que estamos acostumados, aqui não funcionam tão bem; outros parecem replicar o destino; e, outros são tão improváveis de acontecer na vida real (ex.: Meredith e Alex, ou Alex e April), que chega a ser esquisito assistir na vida alternativa. Num geral, não é um episódio perfeito, mas é um ótimo entretenimento.

11. “The Distance” (S11E14)

Com um elenco desfalcado, já sem Mark Sloan (Eric Dane), Lexie Grey e Cristina Yang, Grey’s Anatomy teve um sopro de ar fresco quando Amelia Shepherd (Caterina Scorsone) é jogada na rodada. Uma personagem conhecida há muito, que viveu a sua própria versão de drama Shondaland no spin-off Private Practice, a irmã de Derek Shepherd retorna à série original para se tornar uma parte do elenco fixo a partir da décima primeira temporada. Neurocirurgiã, Amelia tenta viver e sobreviver nas sombras do irmão também neurocirurgião. Em “The Distance“, os holofotes pairam sobre Amelia, que, após uma grande conferência que acontece no episódio anterior, colocará em prática o “operar o inoperável”.

No episódio, Amelia opera a Dra. Nicole Herman (Geena Davis), uma grande cirurgiã badass e grosseirona da área fetal e também mentora de Arizona Robbins. Hermann está a ensinar tudo o que sabe a Arizona antes de perder o controle de si mesma por culpa de um grande tumor cerebral. O tumor, dizem os médicos, é inoperável. Amelia Shepherd, vivaz e amante de um bom desafio, bola um plano para operar o dito tumor. “The Distance” é focado na execução desse plano. Como bom episódio de Grey’s Anatomy, o episódio envolve drama, tensão, desmaios e conversas motivacionais — e vale muito a pena.

12. “With or Without You” (S11E17)

Nesse episódio, dirigido por ninguém menos que a primeira e única Chandra Wilson (a.k.a. Dra. Miranda Bailey), Meredith Grey descobre que está em uma maré de sorte profissional. A façanha é descoberta pela residente Jo Wilson (Camilla Luddington), mas Alex Karev tenta, sem sucesso, que a informação chegue até Grey. Paralelamente, a mãe de Owen Hunt (Kevin McKidd) dá entrada no hospital e ele descobre sobre seu relacionamento com um homem muito mais novo, levantando a bandeira importante do reconhecimento da sexualidade de mulheres idosas, e de seu direito de viver suas próprias histórias de amor.

Apesar de não ser muito reconhecido, a mensagem desse episódio é muito potente e ele representa um momento crucial da construção de Meredith Grey enquanto personagem autossuficiente e independente da grande história de amor que a acompanhou desde o episódio piloto. Quando descobre sobre sua maré e a data em que ela começou, a personagem imediatamente associa os acontecimentos à partida do marido, que tinha ido trabalhar em Washington D.C. É nesse momento que ela se dá conta de que tomou a decisão certa em não abdicar das próprias aspirações em função dele, e de que ela tem de fato o potencial para ser extraordinária, como tanto desejou sua mãe. Ao mesmo tempo, ela se dá conta de que seu desejo de estar com o marido é exatamente isso — um desejo — e não uma necessidade. Nas palavras da própria: “Eu posso viver ser você. Mas eu não quero.

13. “1-800-799-7233” (S14E09)

Desde que se tornou uma interna no hospital, Jo Wilson teve, e ainda tem, muitas dificuldades em conquistar os fãs de Grey’s Anatomy. Um tanto quanto insípida, Jo tenta crescer na história, mas parece só ganhar a antipatia de boa parte do público. Ironicamente, é um episódio derivado de uma história pessoal dela que o melhor episódio da última temporada se sustenta. Passado todo o drama que envolve a personagem entre as temporadas 12 e 13, ficamos sabendo o porquê de Jo se recusar a aceitar o pedido de casamento do agora queridinho Alex Karev: na realidade não se chama Jo Wilson e está se escondendo do antigo marido abusivo, o famoso e renomado Paul Stadler (Matthew Morrisson).

O episódio todo é uma aula sobre relacionamentos abusivos e violência doméstica. Paul aparece no hospital, com a nova noiva, querendo o divórcio de Jo. Ele é charmoso, tem pose, é educado. Trata todos bem, se insere no meio em que Jo trabalha, e, aos poucos, tenta descreditá-la, busca convencer os outros do desequilíbrio e da loucura da ex-companheira. Para a surpresa dele, não dá certo. Jo é apoiada firmemente por Meredith e Arizona, e, a duros modos, apesar do medo, da tensão, encontra forças pra alertar Jenny (Bethany Joy Lenz) — a nova noiva — sobre os perigos de se envolver com Paul. “1-800-799-7233” é o número para vítimas de violência doméstica nos EUA. O nome do episódio se adequou ao número correspondente da linha em cada país onde o programa é transmitido. É um episódio muito denso, pesado, e extremamente bem conduzido.

14. “Personal Jesus” (S14E10)

Grey's Anatomy

Acompanhar uma série como Grey’s Anatomy, que já tem mais de uma década de exibição e quatorze longas temporadas, significa assistir os muitos altos e, principalmente, os muitos baixos de uma história que parece nunca acabar. Por esse motivo, quando, no auge de sua décima quarta temporada, a série entrega dois episódios seguidos que relembram o porquê de ainda acompanhamos Grey’s Anatomy, é impossível fazer vista grossa. “Personal Jesus“, décimo episódio da última temporada faz isso. O episódio é narrado sob a visão da personagem April Kepner (Sarah Drew), que ao longo de nove temporadas cresceu nas telas e no coração dos telespectadores. April é conhecida por sua fé inabalável, por acreditar fervorosamente em Deus e em tudo o que é justo.

No episódio, contudo, dois casos dão ensejo a uma epifania contrária em Kepner. Um deles, do menino Eric (Kai Chamar Williams), garoto jovem e negro que é baleado enquanto tentava entrar na própria casa. É uma trama e tanto, que fala muito sobre a violência policial nos EUA. O outro caso envolve uma mulher grávida com complicações no pós-parto, que, apesar dos esforços da equipe médica, vem a falecer. A mulher em questão é casada com Matthew (Justin Bruening), o mesmo Matthew que Kepner deixou no altar anos antes. O episódio é interessante porque coloca tudo o que Kepner acredita sob outra ótica, o que gera o início do que seria uma grande crise de fé da personagem — e um plot interessantíssimo, diga-se de passagem. É um grande episódio para uma grande personagem, e por isso merece aparecer na lista.

Texto escrito em parceria por Ana C., Ana Luíza, Paloma e Taryne Zottino.


** A arte do texto é de autoria da editora Ana Vieira.

5 comentários

  1. Amei as colocações de vc,só acho que poderiam incluir o EP da queda do avião ,que pra mim conta com um divisor de águas já que muitos desse episódio não vivem um drama o qual fazem mudar de vida.Mas fora isso foram perfeitos nas explicações e sentimentos inclusos … rsrsr já assisti repetidas 3 vezes(toda a série) e estou na quarta já na 12 temporada.

  2. Acredito que faltou o episódio da queda do avião (8×24)
    É o episódio onde Meredith e atacada por um paciente (12×9) esse episódio traz muitas coisas a tona.

    1. Ótimo post! Não acompanho regularmente a série, mas sempre assisto uma ou outra (ok, várias) história(s). Pra mim, um dos episódios mais marcantes é o 11×11, no qual April e Jackson tem que tomar uma decisão (sem spoilers hehe). Muito cuidadoso e profundo, entretanto entendo que nem todos o veem como essencial

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