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A multidisciplinaridade de Sarah Paulson

Todo mundo possui uma figura de admiração, que funciona como um modelo a ser seguido. Isso faz parte da nossa construção de personalidade e pode ter tanto influência dos pais (principalmente na infância) como do contexto em que vivemos, crescemos e com quem passamos a conviver. De acordo com o psicólogo Alexandre Slavador, o caráter de uma pessoa é diretamente determinado pelas experiências de vida e disposição de influências, e não tê-los pode gerar consequências significativas em seu caráter. Assim, ter modelos a serem seguidos é importante para a construção do pensamento e comportamento humano — e é por isso que a mídia exerce tamanha influência a partir daquilo que é consumido.

A chamada cultura de massa, produto da indústria cultural, é constituída pela produção de conteúdos culturais com o objetivo de atingir as grandes massas seguindo a lógica do capitalismo industrial, em que se cria um sistema que determina o consumo. Tudo que pertence a cultura de massa segue um padrão pré-definido de consumo imediato, disseminados pelos meios de comunicação de massa (rádio, televisão e a internet, por exemplo), que auxiliam no processo de homogenização cultural. Dentro desse contexto, é comum que o consumidor projete e idealize não apenas os produtos midiáticos, mas aqueles que fazem parte dele. É aí que estão nossos heróis e estrelas, pessoas que simbolizam e materializam a fantasia construída por uma indústria milionária. Sarah Paulson é uma parte disso.

Nascida em Tampa, na Flórida, em 1977, a atriz foi criada em diferentes cidades dos Estados Unidos. A carreira como atriz teria início com sua mudança para Manhattan, em Nova York, quando ingressou a American Academy of Dramatic Arts e estreou nos palcos da Broadway. Sua primeira aparição na televisão, entretanto, só aconteceria em 1994, em uma participação especial na série Law and Order. Participou, também, da série Jack & Jill (1999) e Leap of Faith (2002). No cinema, atuou em filmes como Simples Como Amar (1999), Do Que as Mulheres Gostam (2000) e, mais recentemente, dos filmes 12 Anos de Escravidão (2014) e Oito Mulheres e Um Segredo (2018).

Foi em 2011, ao conhecer Ryan Murphy, que sua presença na televisão se tornaria muito mais frequente. Ao tornar-se parte do universo de American Horror Story, Sarah contabilizaria sete anos de seriado e oito personagens complexos e extremamente bem construídos por ela, além de ingressar outros projetos do showrunner, como American Crime Story, cuja interpretação da advogada Marcia Clark lhe rendeu diversas premiações. Desde o início de sua carreira, a atriz foi indicada a mais de 15 prêmios, tendo ganhado vários deles com louvor. Já na oitava temporada de American Horror Story, intitulada Apocalypse, Sarah revisita duas de suas antigas personagens — respectivamente, da primeira e da terceira temporada — em uma história de fim do mundo; atuações que fazem com que quem assiste suspenda sua descrença e entre de cabeça e coração no enredo.

Mas a atriz não fica somente à frente das câmeras. Pelo contrário, sua última atribuição profissional aconteceu no backstage: ela foi convidada pelo próprio Ryan Murphy a dirigir um dos episódios da mais recente temporada de American Horror Story, atualmente no ar. Mesmo sentindo que o desafio era grande, Sarah Paulson fez um curso para diretores iniciantes e aprendeu que, acima de tudo, sua marca e estilo devem aparecer no produto final. Em seu desafio, a agora diretora teve de retornar à Murder House, cenário da primeira temporada, e conseguir transmitir exatamente o que aquele lugar representou para a trama. Em entrevista, ela conta que assistiu novamente toda a temporada e que seu objetivo principal era reproduzir o reconhecimento visual imediato daquela etapa do seriado. “Certas regras da série se tornam claras”, disse.

Já no âmbito pessoal, Sarah Paulson é assumidamente bissexual e está em um relacionamento com a atriz Holland Taylor há três anos. O tabu de não ser nem lésbica nem heterossexual, e ainda namorar uma mulher quase trinta anos mais velha, é quebrado e transformado em amor, compreensão e parceria dentro de um relacionamento. Muito querida pelos seus colegas e competente em todas as suas habilidades profissionais, Sarah também é uma pessoa bem humorada. Em diversas participações no programa da apresentadora Ellen Degeneres, ela contou sobre suas experiências com o medo, ao lidar com uma série que tem um aura mais pesada. Mas sempre acaba levando ótimos sustos proporcionados pela apresentadora, provando que não é só porque já fez papel em uma produção do gênero que tornou-se uma pessoa mais difícil de se assustar.

Sarah é um exemplo para quem já a conhece há tempos como também para quem está agora descobrindo sua personalidade. Uma mulher forte, que assume o que é e não se limite por imposições de gênero, mas que, acima de tudo, funciona como um modelo positivo para muita gente. Para pessoas que não encontravam em quem se projetar, que não acreditavam que existia alguém que poderia ser como elas, aqui está. Com uma multidisciplinaridade sem igual, pronta para ser um exemplo em diferentes âmbitos da vida, conheça Sarah Paulson.

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