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Categorias: LITERATURA

O Diálogo é silêncio, confusão e solidão

Quando peguei O Diálogo nas mãos, não sabia que expectativa criar. Não conhecia Luizza Milczanowski, a autora, mas o prefácio de Aline Bei me deixou intrigada. No fim das contas, sempre fico feliz de ler pessoas novas — nesse caso, nova é também sinônimo de jovem, dado que Luizza tem 24 anos. Vinte e quatro anos e com um romance aí, no mundo. Fica aquele sentimento de que a literatura brasileira vai continuar, já está continuando, tem muita gente começando a produzir os livros que serão os favoritos de alguém muito em breve. Me dar conta disso não é inédito, mas nunca vai deixar de ser bom.

Publicado em 2020 pela editora Penalux, O Diálogo me surpreendeu no começo da leitura com uma primeira frase que não deixa espaço para um meio-começo: dá para ver logo de cara que Luizza quer causar um impacto forte.

“Tudo começa por um longo silêncio e, após o silêncio, há um diálogo comprido comprido, que se estende no ar, bate nas paredes e torna o ambiente abafado.”

O livro conta a história de uma mulher não nomeada que acaba de receber a notícia de que um homem morreu. A morte desse homem, Leonardo C., é o ponto de partida para todas as páginas que se seguem. Todo o livro acontece em um espaço curto de tempo, mas as muitas memórias, flashbacks e divagações da protagonista alongam a narrativa e nos dão uma oportunidade de conhecê-la melhor.

As coisas não são entregues de uma vez só. Vamos descobrindo aos poucos, entendendo os sentimentos complexos e conflituosos da personagem principal diante da morte de Leonardo C. e, com suas lembranças, conhecemos as origens desses sentimentos e toda a história de uma relação que deixou marcas profundas em sua vida adulta. Ficamos sabendo que a protagonista tem uma série de problemas em casa, que conhece Leonardo C. e acaba em um relacionamento de abuso e sofrimento. Ela, uma adolescente. Ele, um homem adulto.

A notícia da morte de L.C. faz toda essa bagagem vir à tona depois de muito tempo, em um presente em que a protagonista já é uma mulher adulta, com seu próprio emprego, sua própria casa e outras vivências. Nada disso torna a morte de L.C. menos impactante. A protagonista não sabe como se sentir diante desse acontecimento, assim como não o sabia quando era jovem e estava vivendo aquela relação. Para mim, esse é justamente o ponto forte do livro: não existe uma certeza, as coisas não são óbvias para a personagem. O que a protagonista sente é uma mistura caótica. Em alguns momentos, ela fala de amor, de desejo, de gratidão. Em outros, a narrativa explora o ódio, a vergonha, a repulsa e o nojo. Luizza Milczanowski não tem medo de falar de sentimentos e não se assusta com a realidade inegável de que não existe uma única forma de sentir. Afinal, é impossível que sentimentos sejam simples em uma situação que é tão dolorosa e complexa.

“Aprende a naturalizar e a se apegar ao sofrimento como algo intrínseco a si, necessário e ideal. Passou a amar a tristeza e não consegue mais se distanciar dela. A melancolia é um conforto difícil e estranho, mas o é porque não sabe como é ser feliz. A felicidade se tornou algo desconhecido e, portanto, assustador.”

Depois que li O Diálogo fiquei com a impressão de que tinha visto um filme. Semanas depois, quando pensava na história, tinha cenas tão claras na minha cabeça que o fato de que eu nunca tinha visto aquilo beirava o inacreditável. Atribuo uma parte dessa sensação à escrita de Luizza, que é tão intensa. Outra parte só pode vir do ambiente profundamente passível de identificação. Talvez uma das melhores coisas da literatura brasileira é nos levar para cenários que conhecemos e, com esse livro, eu me transportei para lugares exatamente como ruas pelas quais já andei e casas em que já estive.

A história em si também é, infelizmente, muito próxima da realidade. É inevitável: você vai cair no pensamento que há uma infinidade cruel de meninas como a protagonista sem nome, que sofrem abuso dentro e fora de casa, que não têm um lugar seguro, que não conseguiram ter uma infância ou uma adolescência. O próprio fato de que essa menina/mulher não tem nome é um incentivo a mais para que quem lê possa imaginá-la como tantas outras. Ler sobre todos os sentimentos e problemas da personagem principal certamente traz à superfície uma porção de gatilhos, vá com cuidado.

É um livro forte que tem a intenção de ser forte. Abuso (sexual e psicológico), violência, negligência, depressão e suicídio são alguns dos temas de O Diálogo. E, inseparável de tudo isso, tem a solidão. Esse é um livro sobre solidão, uma solidão sufocante. Apesar do que o título pode nos levar a imaginar, não existe uma conversa. Ou, pelo menos, não uma conversa como tipicamente imaginamos uma conversa. A protagonista passa cada momento do livro mergulhada em uma solidão intensa, física e emocional. Tanto em suas memórias quanto no tempo presente. Inclusive quando ela está com outras pessoas. É um diálogo sem uma outra ponta, sempre foi. Mesmo quando Leonardo C. estava vivo e fazia parte da vida dela.

Mas, no fim, O Diálogo é só o começo da conversa que Luizza Milczanowski ainda vai colocar no mundo.

O exemplar foi cedido como cortesia pela autora.


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em fevereiro 22, 202217 de fevereiro de 2022
Tags: luizza milczanowski, o diálogo, penalux
Publicado por Karina Azevedo

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