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Dramas históricos: 6 mulheres ícones e seus filmes

Um dos meus gêneros favoritos de filmes são os dramas históricos. Podem ser filmes sobre figuras reais ou um filme totalmente inventado: se for um drama histórico, estarei lá para assistir. Antes de ser fã de cinema, sou uma history geek, o que significa que passei a vida escolar absorta em aulas de História, lendo sobre eventos históricos no meu tempo livre e, claro, buscando entretenimento com esse viés, mesmo quando romanceado. Dessa maneira, e unindo o útil ao agradável, resolvi compartilhar uma lista de filmes e séries dos chamados period dramas (ou dramas de época, em tradução livre) dos quais sou fã de carteirinha, todos inspirados em mulheres reais e incríveis.

Elizabeth, 1998

Embora seja um filme cheio de aleatoriedades e discrepâncias históricas, Elizabeth foi um dos primeiros do gênero que assisti e, muito provavelmente, o filme responsável pelo meu amor eterno à Cate Blanchett, numa época em que eu nem sequer sabia o que era uma girl crush. No longa do diretor Shekhar Kapur, com roteiro de Michael Hirst (o mesmo por trás da série Vikings) acompanhamos a ascensão de Elizabeth I (Blanchett) ao trono britânico e os primeiros anos do seu reinado, que seria responsável por restaurar a glória do Império Britânico. O filme aborda, de maneira geral, as tentativas do conselho real em casar Elizabeth, além da ameaça católica que pairava ao redor da rainha, visto que ela era filha de Anna Bolena, esposa por quem Henrique VIII rompeu com a Igreja Católica e fundou a sua própria, a Igreja Anglicana.

Por que assistir? Em primeiro lugar temos Cate Blanchett interpretando uma jovem rainha impetuosa, que não tolerará que ninguém a diga como reinar; em segundo, Elizabeth é um filme muito bem elaborado, tanto em questão de roteiro quanto aspectos técnicos, com belos figurinos e castelos góticos de tirar o fôlego. O filme mostra, também, o início conturbado do reinado que, mais tarde, viria a trazer nova glória ao Império Britânico ao iniciar sua expansão, mostrando a forte determinação daquela que ficou conhecida como a Rainha Virgem, e que nunca se deixou abater pelas dificuldades em seu caminho.

Maria Antonieta, 2006

Talvez um dos filmes mais icônicos da diretora Sofia Coppola, Maria Antonieta retrata em tons pastéis e muitos doces a trajetória da desventurada arquiduquesa austríaca que saiu de seu lar ainda adolescente, para ser dada em casamento ao futuro rei da França. Maria Antonieta (Kirsten Dunst) era a filha mais jovem dos 15 herdeiros da Imperatriz Maria Teresa da Áustria e não se esperava dela nenhum futuro promissor ou casamento brilhante — tais destinos eram destinados a suas irmãs mais velhas. Por meio de uma manobra inesperada, a caçula real foi prometida em casamento ao delfim francês e se viu retirada da vida que conhecia para a tumultuada corte de Versalhes. Antonieta, sozinha e em um país desconhecido, precisa então aprender a se portar e qual é o seu papel em um cenário de intrigas e políticas sociais. 

Por que assistir? O longa de Sofia Coppola aborda os acontecimentos em Versalhes entre os anos de 1770 e 1789, iniciando com o casamento de Antonieta e Luís XVI (Jason Schwartzman), passando por todo o drama de Antonieta para se adaptar à nova corte, até a transferência da família real para Paris, já nas ondas da Revolução Francesa. Embora muito colorido e doce, a versão de Coppola para a vida de Maria Antonieta — baseada no livro de Antonia Fraser — coloca novas luzes na vida rainha consorte que foi condenada sob acusação de traição, articulação política, infidelidade e promiscuidade. Se a vida real não foi gentil com Antonieta, a versão cinematográfica de sua vida retrata de maneira gloriosa o período antes da explosão da Revolução sem, no entanto, se prender a qualquer tipo de estereótipo. Maria Antonieta foi filha, mãe, esposa e rainha e, como muitas mulheres, pagou um alto preço por sua singularidade.

A Jovem Rainha Victoria, 2009

Antes da série da iTV, Victoria (2016), vir a público, a história da jovem monarca britânica já havia sido contada em um filme do diretor Jean-Marc Vallée. Embora também não seja um dos filmes mais fiéis no que se refere aos fatos históricos, A Jovem Rainha Victoria continua um entretenimento divertido, principalmente pelas suas pitadas de romance. O longa aborda os turbulentos primeiros anos do reinado de Victoria (Emily Blunt), seu relacionamento com o Príncipe Albert (Rupert Friend) e em como a rainha se desprende, aos poucos, do forte domínio de sua mãe, a Duquesa de Kent (Miranda Richardson), e de Sir John Conroy (Mark Strong), o braço direito da duquesa. 

Por que assistir? O período vitoriano é um dos meus favoritos e tem início, obviamente, com a ascensão de Victoria ao trono em 1837. O filme não lida tanto com a questão política da época e sobre como Victoria precisou amadurecer para aprender a navegar em um parlamento dominado por homens mais velhos e experientes do que ela, mas aborda com delicadeza o relacionamento que a jovem rainha construiu ao lado do Príncipe Albert. A Jovem Rainha Victoria não é um dos filmes mais historicamente corretos que você vai assistir, mas pra quem adora um romance bem amarrado, personagens cativantes, cenários e figurinos belíssimos, esse é o filme certo pra você.

O Amante da Rainha, 2012

Quando a Princesa Caroline Mathilde (Alicia Vikander) foi prometida em casamento ao Rei Christian VII da Dinamarca (Mikkel Boe Følsgaard), ela teve que deixar a Inglaterra aos 15 anos de idade e se mudar para um país estrangeiro e muito diferente em matéria de costumes e cultura. Sozinha em uma corte desconhecida, Caroline precisa aprender a lidar com um novo sistema social e só dispõe de sua educação refinada como escudo. Mesmo com alguma ideia do que a esperaria em um casamento de interesses, a princesa jamais imaginou ser violentada por seu marido logo na primeira noite e ter que lidar com as explosões de fúria do rei, sempre agravadas por conta da doença mental que o acometia. Caroline precisa, ainda, lidar com a arrogância da Rainha Julianne (Trine Dyrholm), madrasta de Christian, e com os comentários maldosos daqueles que vivem no palácio. Sua situação só melhora um pouquinho quando engravida: seu dever como genitora está cumprido, ela assegurou a linhagem real e a estabilidade da corte. Mas com a chegada do médico Johann Friedrich Struensee (Mads Mikkelsen) na corte, não somente a vida de Caroline vai mudar, como a do Rei Christian e a da Dinamarca. 

Por que assistir? Começaria dizendo que um filme com Alicia Vikander e Mads Mikkelsen não pode jamais ser desperdiçado, mas vou além. Baseado em eventos históricos e no livro The Royal Physician’s Visit do autor sueco Per Olov EnqvistA Royal Affair é um filme belamente escrito, filmado e interpretado. Toda a tristeza da isolada Caroline é passada com maestria por Alicia, assim como os ideais iluministas do Struensee de Mads e a loucura do rei de Mikkel. O longa-metragem do diretor Nikolaj Arcel não deve ser recebido como um documentário do reinado do Rei Christian VII, pois oculta fatos históricos do período, mas não deve ser desmerecido por isso. O tratamento que o diretor dá ao relacionamento entre o rei, a rainha e o médico é muito delicado e gentil, demonstrando que mesmo nos mais estranhos e difíceis relacionamentos, há espaço para uma união em prol de um bem maior e o avanço de um país.

Adeus, Minha Rainha, 2012

Les Adieux à la Reine é uma outra versão para a história de Maria Antonieta, dessa vez interpretada por Diane Kruger. O filme do diretor Benoît Jacquot olha de maneira diferente para os últimos anos de vida da rainha, em meio à Revolução Francesa, principalmente pintando com cores novas o possível relacionamento amoroso que Antonieta teve com Duquesa de Gabrielle de Polignac (Virginie Ledoyen). Em Les Adieux à la Reine nossos olhos passeiam junto da leitora oficial da rainha, Sidonie Laborde (Léa Seydoux), totalmente devotada e apaixonada por Antonieta. É por meio dessa personagem fictícia e criada especialmente para o filme que acompanharemos essa versão da história que mescla fantasia e realidade, quando a família real é deixada praticamente sozinha em Versalhes depois que sua corte debanda por medo dos revoltosos, situação que é agravada com a queda da Bastilha em julho de 1789.

Por que assistir? Dá pra dizer que sou um tanto obcecada com a história de Maria Antonieta, então nunca é demais procurar por outra história, outra versão dos mesmos fatos. Mesmo que a minha fonte favorita ainda seja o já citado livro de Antonia Fraser, estou sempre em busca de mais. Les Adieux à la Reine é responsável, justamente, por trazer esse viés diferente, principalmente quando abraça o rumor do relacionamento entre Antonieta e Gabrielle como verdade e nos deixa apenas imaginando como teria sido, à época, um relacionamento entre duas mulheres de poder e destaque. Na personagem de Léa Seydoux, a fiel Sidonie, temos, talvez, a real protagonista do filme: é por meio de suas impressões que nos apaixonamos por essa versão de Maria Antonieta e vemos, mesmo com pitadas de licenças poéticas, os bastidores da vida em Versalhes às portas da revolução.

Belle, 2013

Inspirado em uma história real, Belle se passa na Inglaterra do século XVIII, época em que a escravidão ainda era um comércio lucrativo no Império Britânico. Dido Elizabeth Belle (Gugu Mbatha-Raw) é uma criança mestiça, filha de uma mulher negra e um homem branco de alta patente da Marinha Britânica, e vê sua vida mudar completamente quando sua mãe falece. Ao contrário do que se possa pensar em um primeiro momento, seu pai a acolhe e a leva para casa, criando-a em meio a aristocracia. Belle fica aos cuidados de seu tio, Lord Mansfield (Tom Wilkinson), e sua esposa, Lady Mansfield (Emily Watson) e, a princípio, eles não sabem lidar muito bem com o fato de Belle ser mestiça, mas aos poucos vão cedendo à doçura e inteligência dela, passando a educá-la e criá-la quase como membro da família.

Por que assistir? Além de ser um filme inspirado em uma história real, Belle é um longa que vai além das aparências. Se você acha que Belle ficará sentada esperando ser salva por um galante moço montando em um cavalo branco, está completamente enganada. A protagonista é destemida e inteligente, e quando se dá conta do que está acontecendo no mundo fora da bela mansão em que vive com os tios, em toda a realidade do tráfico de negros, ela vai à luta e, com unhas e dentes, tenta derrubar esse sistema. O filme tem sua cota de romance, mas Belle é muito maior do que isso e não fica restrito a esse tópico: temos os dilemas de Belle ao saber de suas raízes e toda a sua luta para mudar um cenário cruel.

Mary, Rainha da Escócia, 2013

Diferente da série teen da CW, Reign, Mary, Queen of Scots trata com mais rigor histórico a vida conturbada dessa rainha singular e cuja vida foi repleta de reviravoltas e momentos difíceis. Mary (Camille Rutherford) foi coroada rainha com apenas seis dias de idade, logo após a morte de seu pai, Rei Jaime V. Por receio de que tentassem matá-la ainda bebê, a pequena Mary foi despachada para França enquanto a Escócia era governada por regentes determinados pelo conselho real. Mary se casou três vezes, teve seu trono usurpado, fugiu para a Inglaterra em busca de ajuda com sua prima, Elizabeth I, e terminou decapitada.

Por que assistir? O filme tenta retratar da maneira mais fiel possível todos os dramas, reviravoltas e demais acontecimentos da vida de Mary. Tratando-se de uma produção franco-suíça, o filme do diretor Thomas Imbach surpreende por conta do ritmo lento se comparado com as produções de Hollywood. Isso não é empecilho, no entanto, e o diretor consegue fazer um bom trabalho contando a história de vida da rainha escocesa — o longa dá a sensação de introspecção, algo que parece casar perfeitamente com a figura trágica de Mary, exaltando sua personalidade solitária e entristecida. Com relação aos aspectos técnicos, a produção enche os olhos com figurinos perfeitos, belas paisagens e castelos incríveis. 

1 comentário

  1. Façam um post sobre Reign, tem ótimas personagens femininas… (Mary, Lola, Katherine, Elizabeth, Greer, Claude…) Recomendo muito!

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