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Mexeu com uma, mexeu com todas: uma reflexão sobre assédio, cultura do estupro e cultura pop

Quando li pela primeira vez a carta aberta publicada pela figurinista Susllem Tonani para denunciar o assédio sexual sofrido por ela e cometido pelo ator José Mayer, aquilo me doeu profundamente. Não só pela violência do que ela sofreu, mas porque lá estava uma mulher denunciando publicamente o assédio vivido por ela, usando seu nome e sobrenome para dar nome e sobrenome ao seu assediador no maior jornal do país. Um ato imenso de coragem tendo em vista o tipo de tratamento que mulheres vítimas de violência recebem no Brasil e também no resto do mundo, que é o pior possível. Mulheres são silenciadas, hostilizadas, desamparadas por mecanismos que deveriam protegê-las, e culpadas por crimes feitos contra elas, numa escalada bizarra de violência física, psicológica e simbólica. A agressão não acaba depois do ato, mas continua quando duvidam de sua palavra, quando relativizam sua história — “É brincadeira!”, “Não houve intimidação!”, eles dizem —, quando ela não tem a quem recorrer, quando o agressor sai impune, quando o agressor é celebrado, quando ela nem sequer tem noção de que foi vítima de uma violência, não sabe nomear aquilo que sofreu — o que ainda é o caso de tantas mulheres.

Antes de escrever a carta, Tonani denunciou o ator aos recursos humanos da Globo e falou sobre o ocorrido em todas as instâncias responsáveis na empresa, que lhe garantiu que as devidas providências seriam tomadas. Mesmo assim, ela tem consciência do mundo em que vive e do abismo de privilégio — de gênero e também de classe — que a separa de seu agressor. A história me doeu porque ela é uma mulher ciente da dimensão de seu desamparo, ela sabe o que acontece com figurinistas de 28 anos que se levantam contra atores consagrados de 67, ela sabe a diferença dos pesos e medidas das palavras e das consequências para homens e mulheres na sociedade em que vivemos.

“Dá medo, sabia? Porque a gente acha que o ator renomado, 30 e tantos papéis, garanhão da ficção com contrato assinado, vai seguir impassível, porque assim lhe permitem, produto de ouro, prata da casa. E eu, engrenagem, mulher, paga por obra, sou quem leva a fama de oportunista. E se acharem que eu dei mole? Será que vão me contratar outra vez? (…) Falo em meu nome e acuso o nome dele para que fique claro, que não haja dúvidas. Para que não seja mais fofoca. Que entendam que é abusivo, é antigo, não é brincadeira, é coronelismo, é machismo, é errado. É crime. Entendam que não irei me calar e me afastar por medo. Digo isso a ele e a todos e todas que, como ele, homem ou mulher, pensem diferente. Que entendam que não passarão. E o que o meu assédio não vai ser embrulho de peixe. Vai é embrulhar o estômago de todos vocês por muito, muito tempo.”

Aquilo me doeu porque toda vez que isso acontece com uma mulher é também comigo, é com todas as outras. Em diferentes escalas, mas é um fardo que todas conhecemos. Agora foi Su Tonani, pela mão do Zé Mayer; foi a Poliana Bagatini, grávida, agredida por Victor Chaves; é a Emilly, no Big Brother Brasil, sofrendo violência física e emocional por parte do Marcos, que está em rede nacional dando uma aula prática sobre como funciona um relacionamento abusivo, inclusive ilustrando o motivo do silêncio de tantas mulheres em situações parecidas. É a casa mais vigiada do Brasil, com câmeras por todos os cantos, espectadores atentos, mas até o fechamento deste texto nenhuma providência foi tomada por parte da produção, que colocou na mão dela — uma mulher de 20 anos, claramente sofrendo manipulação emocional, numa situação de confinamento e isolada de todos — a responsabilidade de denunciar os abusos.

Esses são os casos que conhecemos, que as pessoas estão comentando, mas não podemos esquecer das tantas outras mulheres anônimas que diariamente têm que lidar com violência e assédio dentro de casa, na rua, em seus locais de trabalho. Há pouco menos de um ano escrevi um texto sobre esse mesmo assunto motivada pelo crime da semana que havia chocado o país (o estupro coletivo sofrido por uma adolescente no Rio de Janeiro) e lá citava outros episódios recentes que haviam chamado a minha atenção, todos parecidos; mudam os personagens e os detalhes, mas a narrativa é a mesma. Conheço histórias de amigas, de mulheres da minha família, tenho as minhas próprias histórias e nos meus dias mais pessimistas penso que se uma mulher não tem uma experiência dessas na conta é só uma questão de tempo até acontecer. Nos meus dias ainda mais pessimistas, como têm sido os das últimas semanas, penso que se existe algo universal que define a experiência feminina é a vulnerabilidade a um tipo específico de violência a qual estamos sujeitas por conta da posição de poder que não ocupamos na nossa sociedade.

mexeu com uma, mexeu com todas

Depois de inicialmente negar as acusações, dizendo que Su Tonani estava confundindo ficção e realidade, Zé Mayer — provavelmente pressionado pela repercussão da campanha contra o assédio que surgiu em apoio à figurinista a partir de funcionárias da Globo para depois ganhar a internet — voltou atrás e se desculpou também através de uma carta aberta. A resposta é péssima: o ator celebra a oportunidade de repensar suas atitudes para se tornar um homem melhor (versão da vida real de um clichê narrativo antigo em que tragédias vividas por personagens femininas são usadas como escada para o desenvolvimento de personagens masculinos) e insiste na ideia que foi tudo uma brincadeira. Ele reconhece que estava errado ao tratar o que fez como brincadeira, mas o que me assusta é pensar que uma pessoa é capaz de acreditar que passar a mão na vagina de uma mulher sem o seu consentimento pode ser visto como brincadeira. E ele não é o único: foi o que várias pessoas repetiram na tentativa de justificar o gesto e defender o ator, foi como reagiram as testemunhas do assédio que riram e nada fizeram. “Grab them by the pussy!”“Pegue-as pela boceta”, em português claro — disse Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, numa gravação divulgada antes das eleições.

Nosso abismo ultrapassa fronteiras porque todos os casos citados aqui nascem de um lugar muito parecido, a cultura do estupro, que tem suas raízes em nossa sociedade machista e patriarcal, algo que transcende experiências individuais e brigas de marido e mulher, e por isso é tão mais complexa de ser derrubada. Apesar de ter usado o argumento para justificar o injustificável, Zé Mayer acerta ao mencionar a geração machista da qual é fruto e de onde se origina sua postura equivocada diante das mulheres. Só que a cultura do estupro vai muito além de uma questão geracional, porque os anos passam e as coisas não mudam, pelo menos não na velocidade como deveriam. Como há um ano estava escrevendo sobre esse mesmo assunto, num contexto tão parecido que chega a ser ridículo, peço licença para citar a mim mesma — os versos de Nayyirah Waheed falaram por mim ano passado e falam de novo agora: todas as mulheres em mim estão cansadas.

“Cultura do estupro é isso, esse conjunto de códigos sociais que estimula, legitima e banaliza o comportamento abusivo dos homens diante das mulheres — seu ápice se realiza na violação do seu corpo, mas ela é construída de outras pequenas grandes violências, como outros tipos de agressão física, o assédio sexual, a cantada nas ruas, a relativização do consentimento, a culpabilização da vítima, a romantização do abuso em músicas, filmes e novelas, as piadas machistas, as propagandas que objetificam a mulher, etc, etc, etc.”

De acordo com a conceituação feita por um grupo de estudos feministas da Universidade de Marshall, nos Estados Unidos, a cultura do estupro é reafirmada através de linguagem misógina — os principais xingamentos dizem respeito ao comportamento sexual das mulheres e perdem o sentido se aplicado a homens, como piranha, biscate, vagabunda e até mesmo o clássico filho da puta, que ofende ao xingar a mãe do sujeito, que nada tem a ver com a história —, objetificação do corpo feminino — não existe ilustração melhor para a ideia de tratar alguém como objeto do que passar a mão em uma pessoa sem o seu consentimento —, e glamourização da violência sexual, que vemos acontecer quando relacionamentos abusivos são romantizados e idealizados.

“A cultura do estupro atinge todas as mulheres. O estupro de uma mulher é degradação, terror e limitação para todas as mulheres. A maioria das mulheres e meninas limita seu comportamento por causa da existência do estupro. A maioria das mulheres e meninas vive com medo do estupro. Homens, em geral, não. É assim que o estupro funciona como mecanismo de poder pelo qual toda a população feminina é posta em posição de subordinação à população masculina, ainda que nem todos os homens estuprem e muitas mulheres nunca tenham sido vítimas de estupro. O ciclo do medo é o legado da cultura do estupro.” (Tradução nossa)

Nas últimas duas semanas, a história de Su Tonani repercutiu bastante na imprensa e principalmente na internet, com justa indignação e apoio à vítima, mas confesso que fui cética quanto ao que aconteceria quando sua história inevitavelmente virasse embrulho de peixe. Estou há tempo demais vendo homens em posição de poder, prestígio e fama sendo continuamente blindados por uma indústria que os protege, ignora seus crimes e cala suas vítimas enquanto promove e premia agressores. De cabeça, consigo lembrar dos nomes de Casey Affleck, acusado duas vezes de assédio sexual por duas colegas de trabalho diferentes e vencedor do último Oscar de Melhor Ator; Johnny Depp, acusado de violência doméstica por sua ex-mulher, Amber Heard, e que ganhou prêmio de Melhor Ator no People’s Choice Awards, por voto popular; Woody Allen, que há anos vem sendo acusado de abuso sexual por parte da própria filha, uma denúncia apoiada publicamente por sua ex-mulher, a também atriz e ativista Mia Farrow, ganhou em 2014 o prêmio Cecil B. de Mille pelo conjunto de sua obra, ocasião onde foi aplaudido de pé — apesar de não ter ido receber o prêmio — por seus colegas de Hollywood. Em seu canal no YouTube, Luana Piovani recordou sua história com Dado Dollabela: seis meses depois de agredir Piovani, que o denunciou publicamente, ele foi campeão d’A Fazenda graças ao voto de milhares de pessoas que o premiaram com R$2 milhões de reais. Depois de sair da prisão por esquartejar Eliza Samúdio para depois literalmente dar seu corpo de comer aos cães, o goleiro Bruno Fernandes foi recebido por fãs com pedidos de selfie e alguns até usavam máscara de cachorro. Apesar das horríveis cenas de violência psicológica que protagonizou no BBB, Marcos permaneceu na casa e eliminou sua adversária Marinalva com 77,7% dos votos.

Mais urgente do que discutir se devemos separar os artistas de suas obras, elenco aqui nomes conhecidos para refletirmos quem estamos celebrando enquanto sociedade, quais aspectos da vida das pessoas estamos deliberadamente escolhendo ignorar ou exaltar, e para onde está voltada a nossa atenção, um bem tão valioso nos últimos tempos, e quem nós consequentemente atingimos com essas escolhas. É uma questão de assumir uma posição, e impressiona o malabarismo retórico que empresas, veículos de imprensa e até mesmo as pessoas — influenciadas por anos de um mesmo discurso nocivo — recorrem para se posicionar em detrimento da verdade das mulheres. A omissão faz parte da engrenagem da violência. É por tudo isso que pensei que, apesar de sua coragem, Su Tonani seria mais uma mulher cuja história foi varrida para debaixo dos panos, e por um tempo a narrativa seguiu mesmo o protocolo já conhecido: surgida no início de março de forma anônima, no blog do Léo Dias, a denúncia só ganhou nome e sobrenome no final do mês, coincidentemente na última semana da novela A Lei do Amor, onde o ator estava no ar. Apesar da comoção gerada pela carta de Su, a emissora respondeu publicamente de forma vaga, a figurinista foi afastada e Zé Mayer negou as acusações.

A coisa mudou de figura no início da semana passada, com o nascimento da campanha Mexeu Com Uma, Mexeu Com Todas, contra o assédio sexual. Atrizes e outras funcionárias da Globo se reuniram para discutir a situação e se posicionar a favor de Su e de todas as mulheres que sofrem esse tipo de violência dentro e fora dos seus locais de trabalho. O movimento estava cheio de atrizes jovens e também nomes de peso, as famosas pratas da casa, como Glória Pires, Taís Araújo, Adriana Esteves, Patrícia Pillar. Letícia Sabatella, uma das primeiras a se manifestar antes mesmo do movimento, disse depois em entrevista que viveu um episódio parecido também com Zé Mayer, e fico pensando em como esse tipo de experiência, esse tipo de violência deve ser corriqueira num meio como aquele e quantas mulheres passaram anos sofrendo caladas ou tendo suas denúncias abafadas.

De novo: seria a violência o nosso denominador comum enquanto sexo e gênero? Naquele catártico finale de Big Little Lies, uma das cenas que mais me comoveu foi a silenciosa troca de olhares entre as personagens principais quando há o reconhecimento de um agressor. Não é preciso que Jane (Shailene Woodley) diga nada para que Madeline (Reese Whiterspoon) e Celeste (Nicole Kidman) entendam quem ela está vendo, do mesmo modo que Celeste não precisa se explicar para que todas elas saibam que a amiga está ameaçada. Não importam os pormenores: reconhecemos uma mulher ameaçada e acuada porque nos reconhecemos naquela situação — se não por experiência vivida, por um inconsciente coletivo que nos ameaça. A série é poderosa porque mostra que nossa única opção de saída é pela união, e numa mesma semana pude ver, na ficção e na vida real, mulheres se unindo para se proteger. Meus olhos se encheram de lágrimas, nos dois casos.

A campanha Mexeu Com Uma Mexeu Com Todas recebeu uma atenção inédita na televisão, ganhando destaque em programas como Mais Você, Jornal Hoje e Vídeo Show. Otaviano Costa, apresentador do último, foi suspenso depois de rir da situação de Emilly no Big Brother no mesmo dia em que a campanha foi lançada. Em nota de esclarecimento veiculada no Jornal Nacional, maior noticiário da emissora, a Globo anunciou a suspensão de José Mayer de seus próximos trabalhos. No último domingo, a revista Veja — um veículo reconhecidamente conservador e que tantas vezes tratou com desdém, deboche e descrédito pautas relacionadas aos direitos da mulher, inclusive em casos de violência — trouxe como reportagem de capa a questão do assédio sexual, num posicionamento claro a favor da verdade das mulheres.

Isso não significa que de repente nossos maiores veículos de comunicação decidiram adquirir uma consciência social e que o jogo está ganho: esses posicionamentos, como infelizmente funciona como a maioria das decisões editoriais nesses casos, têm motivações econômicas, de audiência, e pode ser que estejamos caminhando para uma realidade que não aceita mais esse tipo de omissão, cabendo às emissoras, aos jornais e às revistas se adequar ao pensamento vigente. Não é perfeito, mas é algo que eu aceito. Na minha monografia estudei a presença do movimento feminista nos meios de comunicação de massa e as mudanças do discurso em relação a ele através dos anos. Como suporte teórico, trabalhei com um simpático estudioso alemão chamado Jürgen Habermas, que descrevia como os interesses econômicos e políticos influenciam diretamente aquilo que era veiculado nesses meios de comunicação e, historicamente, a luta feminina bate sempre de frente com interesses econômicos e políticos vigentes — por isso sempre esteve à margem da esfera pública midiática. Não é preciso se identificar como feminista para combater a violência contra a mulher, mas o tema continua sendo um problema de gênero pautado pelo machismo.

Habermas descreve perfeitamente a maneira como a sociedade civil — pessoas isoladas ou instituições desvinculadas de estruturas de poder políticas e/ou econômicas — pode quebrar esse ciclo e trazer suas demandas para a discussão nos meios de comunicação, mas não vê como isso pode ser realmente possível em termos práticos. O que ele não conhecia ao escrever seus trabalhos é a internet, principalmente a internet nos moldes como a conhecemos hoje, e seu poder de amplificar vozes. Ainda que seu acesso não seja universal, ele ainda é bem maior, mais fácil e mais amplo do que um grande jornal, revista ou programa de TV jamais seria para uma pessoa comum. Mesmo as atrizes da Globo, mulheres que desfrutam de uma boa carga de privilégios sociais e econômicos, dificilmente conseguiriam alavancar a campanha por um meio que não a internet, que as permitiu chegar diretamente ao público sem o intermédio de uma grande rede influenciada pelos velhos interesses que já conhecemos.

Nos textos que publicaram em suas redes sociais, muitas atrizes citaram a necessidade de construção de um “novo normal”, ou seja, uma cultura em que esse tipo de comportamento não seja banalizado, não seja relativizado, e seja tratado com a seriedade que merece. Não basta que Zé Mayer peça desculpas e seja suspenso: se desculpas fossem suficientes, a Justiça, essa com letra maiúscula, dos tribunais, não precisaria existir. Assédio é crime e como crime deve ser tratado, seja o criminoso um homem comum ou um ator da Globo. Teoricamente, é trabalho da justiça tratá-los como homens comuns responsáveis por seus erros.

De novo, cultura são os códigos sociais que compartilhamos enquanto sociedade, algo que está em constante mutação, algo que está intimamente relacionado aos contextos geográficos, temporais e históricos. Nossa cultura influencia nosso comportamento, mas temos o poder de mudar a nossa cultura. Não é fácil: como já repeti diversas vezes aqui, é uma engrenagem complexa que coloca entre um homem e uma mulher uma estrutura social inteirinha que está há séculos construída a partir da ideia da inferioridade da mulher diante do homem e que por isso nos sujeita a degradações de ordens diversas. Para cada avanço, vivemos retrocessos: a mesma emissora que puniu publicamente um agressor, não tomou responsabilidade pela violência que Emilly vem sofrendo dentro da casa do Big Brother. De acordo com as regras do programa, Marcos, o agressor, deveria ter sido expulso, como aconteceu com outra participante por muito menos, mas a produção decidiu mantê-lo na casa uma vez que a vítima não fez uma denúncia formal — uma posição amparada pela crescente audiência do programa, as expressivas votações nos paredões, o posicionamento dos patrocinadores que, com dinheiro, apoiam o que está acontecendo na casa.

Marcos foi endossado pelo público porque é apoiado por uma enorme base de fãs da própria Emilly, um público majoritariamente adolescente que shippa o casal sem enxergar violência naquilo que acontece entre os dois. Ainda há uma imensa dificuldade em identificar a agressão psicológica como forma de violência tão nociva quanto a física porque vivemos uma cultura que constrói narrativas em que comportamentos assim são tratados de forma idealizada, romantizada. A cultura pop, formada por filmes, séries e programas de TV, é responsável pela formação do nosso imaginário através da construção alternativa de realidade que influencia diretamente como vemos nossa realidade concreta, aquilo que acreditamos ser normal. As coisas estão mudando, mas não muito, não o suficiente, e por isso continuamos aqui.

Como disse, somos responsáveis enquanto audiência que consome e enquanto pessoas que produzem conteúdo. Felizmente estamos em posição de escolher para onde voltar nossa atenção, sobre o que falamos, quem exaltamos, qual verdade escolhemos, a qual assunto nos dedicamos. E embora seja exaustivo, física e psicologicamente exaustivo estar aqui de novo falando sobre isso, é o que podemos fazer. Mexeu com uma, mexeu com todas, mexeu com a gente e estamos nos mexendo da forma como podemos. Olhe ao seu redor e se mexa também para ajudar as mulheres que estão do seu lado. Nossas mãos estão estendidas para que o que nos una seja a força, e quem sabe um dia a liberdade, mas não o medo, não mais.

“Que nada nos limite, que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que a liberdade seja nossa própria substância, já que viver é ser livre. Porque alguém disse e eu concordo que o tempo cura, que a mágoa passa, que decepção não mata. E que a vida sempre, sempre continua.” — Simone de Beauvoir

2 comentários

  1. Parabéns Anna Vitória pelo texto muito bem escrito. Não fiquemos caladas, nem olhemos para o lado para caso como esses. Infelizmente a nossa sociedade ainda tem que evoluir muitooo para que possamos ser vistas com o devido respeito.

  2. ola Meninas dia 02 /08/2017 estarei em uma audiência publica pois a quase dois anos atras um cara numa champanheria do Rio passou a mao na minha bunda e eu denunciei. Sofri várias agressões morais pe deboche do tipo saiu de casa pra por a carne pra jogo porque então gata…se nao bastasse a ultima foi a oficial de justiça ao saber que eu estava grávida me diz vc tem interesse em continuar…ora pois tenho sim meu filho e um
    menino e quero passar pra ele outros costumes nao esses. Fica o convite a vcs para entrar em contato e comparecer na audiencia pública.

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