Categorias: LITERATURA

Troféu Valkirias de Melhores do Ano: Literatura – Parte 1

Quando se é mulher, reivindicar a própria voz é um ato revolucionário. Quando Virginia Woolf disse que, para ser escritora, uma mulher precisa de um pouco de dinheiro e um teto todo seu, ela estava listando duas coisas aparentemente simples que, analisadas no contexto da história das mulheres, representam algo grandioso. Ter algum dinheiro para se manter e um quarto para escrever é sinônimo de uma vida vivida com autonomia o suficiente para bancar o próprio ofício e ter a liberdade de exercê-lo — coisa que muitas mulheres nunca tiveram e ainda não têm. Seja a irmã imaginária de Shakespeare fantasiada por Woolf ou as inúmeras mulheres cujo potencial é desperdiçado por conta da falta dessas duas condições básicas — que se manifestam seja na pobreza, na sociedade opressora ou num contexto de violência — o confinamento silencioso em nossa condição continua fazendo parte do nosso gênero, se manifestando com mais força para umas do que outras, mas ainda presente.

Na falta de um denominador comum que una as narrativas selecionadas aqui a partir da escolha pessoal do nosso time de colaboradoras, dá pra dizer com tranquilidade que todos os livros citados rompem com um ou vários silêncios, assim como simples o ato de estarmos aqui falando sobre eles.

A Mãe de Todas as Perguntas, Rebecca Solnit

Por Anna Vitória

“Se nossas vozes são aspectos essenciais da nossa humanidade, ser privado de voz é ser desumanizado ou excluído de sua humanidade. E a história do silêncio é central na história das mulheres.

As palavras nos unem e o silêncio nos separa, priva-nos da ajuda, da solidariedade ou da simples comunhão que a fala pode solicitar ou provocar. Certas espécies de árvores espalham sistemas subterrâneos de raízes que interligam os troncos individuais e entrelaçam as árvores num conjunto mais estável, mais difícil de ser derrubado pelo vento. As conversas e os relatos pessoais são como essas raízes.”

Quando A Mãe de Todas as Perguntas chegou nas minhas mãos em agosto deste ano, logo quando foi lançado no Brasil, as denúncias de assédio sexual contra Harvey Weinstein estavam só começando a ganhar fôlego. O movimento #MeToo ainda não tinha acontecido, Weinstein e outros nomes poderosos ainda não tinham sofrido retaliações reais por seus comportamentos e eu sequer imaginava que, em dezembro, as agora conhecidas como Quebradoras de Silêncio seriam eleitas Pessoa do Ano pela Time. No entanto, enquanto tudo isso acontecia eu só conseguia pensar nesse livro.

A Mãe de Todas as Perguntas é mais uma coletânea de ensaios da historiadora e ativista americana Rebecca Solnit, sendo “Uma Breve História do Silêncio” o principal deles, no qual a autora discorre de forma profunda e abrangente — mas com prosa acessível, livre de academicismos — a respeito do silêncio como aspecto essencial para a manutenção da opressão feminina. Esse silêncio é o que acontece quando ficamos fora da esfera pública, quando não temos agência sobre nossas histórias, quando somos caladas pela violência. E se é o silêncio que nos subjuga, é a quebra dele que nos liberta e Solnit dedica boa parte do trabalho a descrever e detalhar como o movimento feito na internet, com hashtags e histórias compartilhadas, está ajudando a mudar um pouco do cenário que vivemos — e o caso Weinstein é a maior prova disso. A luta não está ganha, mas gosto de imaginar Rebecca Solnit lendo o jornal nos últimos meses e pensando consigo: eu avisei. — Compre!

Agora e Para Sempre, Lara Jean, Jenny Han

Por Tany

“É assim que acontece? Você se apaixona e nada mais parece assustador, e a vida é apenas uma grande possibilidade?”

Sabe quando você lê um livro denso e busca outro livro sem compromisso para descansar a cabeça? Conheci esta obra da Jenny Han num momento em que queria algo bem bobinho para ler enquanto me preparava para a próxima leitura. O que não imaginava é que seria pega de surpresa pela história e acabaria devorando os dois primeiros livros da trilogia em duas semanas. Me apaixonei por todos os personagens. Quando o terceiro e último volume da saga foi lançado em maio no Brasil, tive que parar o que estava lendo para saber o que acontecia. Lara Jean é descendente de coreanos, vem de uma família cheia de mulheres — duas irmãs ou Song Girls para os íntimos — e mora na Virgínia junto com o pai. A história começa quando as cartas que Lara Jean escreveu para todos os meninos que amou são enviadas por engano.

Pulando para a última parte da trilogia, Lara Jean Song já está muito mais madura, com um relacionamento sério e em seu último ano de escola, totalmente focada na futura faculdade e em como será seu futuro. Em muitas tramas, nós sabemos que grande parte dos adolescentes acabam se apavorando pela formatura e surtando com toda responsabilidade que é jogada em seus ombros. Foi uma bela surpresa o último livro da trilogia e o orgulho que senti de Lara Jean por tomar decisões tão sensatas e reais. Enquanto lia, consegui pensar em diversas formas de como ele poderia seguir um caminho de clichês que já conhecemos de diversos livros e filmes adolescentes, mas não foi o caso. É muito óbvia a evolução de cada personagem durante os livros, que vai muito além de relacionamentos amorosos, focando muito em drama familiar, amizade entre irmãs, futuro e crescimento pessoal, acima de qualquer outra coisa. — Compre!

All The Lives I Want, Alana Massey

Por Sofia

“’I took a deep breath and listened to the old brag of my heart.’” I struggle to think of any line of thinking more linked to being a socialized female than to consider the declaration of simply existing to feel like a form of bragging. But that, of course, is the plight of the feeling girl: to be told again and again that her very existence is something not worth declaring.”

All the Lives I Want: Essays About My Best Friends Who Happen To Be Famous Strangers, primeiro livro da escritora Alana Massey, é uma coleção de ensaios que misturam memórias com crítica cultural, o que talvez seja minha combinação preferida de textos. Usando análises aprofundadas e inteligentes sobre Lana del Rey, Sylvia Plath, Amber Rose, entre outras celebridades que a autora admira, Massey explora questões maiores sobre gênero e fama, assim como questões mais particulares sobre suas próprias experiências. Ler All the Lives I Want é como conversar com sua melhor amiga sobre as artistas que vocês amam, com todo o entusiasmo e projeção que essas conversas envolvem. — Compre!

História da Menina Perdida, Elena Ferrante

Por Karina

“Toda relação intensa entre seres humanos é cheia de armadilhas e, caso se queira que dure, é preciso aprender a desviar-se delas. Foi o que fiz também naquela circunstância e, ao final, tive a impressão de apenas confirmar pela enésima vez quanto nossa amizade era esplêndida e tenebrosa, como tinha sido longo e complicado o sofrimento de Lila, como ele ainda durava e duraria para sempre.”

2017 foi o encerramento de um ciclo. Com o lançamento de História da Menina Perdida, último livro da tetralogia, a Série Napolitana de Elena Ferrante chegou ao fim. Neste livro, chegamos à velhice das personagens que acompanhamos desde a infância e finalmente tivemos respostas a perguntas que fizemos já no prólogo do primeiro livro da série, A Amiga Genial, lançado no Brasil em 2011. Além de ser o ano que marca o fim da série, 2017 rendeu um anúncio que promete manter a obra de Ferrante em pauta por muito tempo mais: em 2018, a tetralogia deve ser adaptada para uma série de televisão, transmitida pela HBO. Fora isso, o desejo de permanecer no anonimato de Elena Ferrante, pseudônimo adotado pela autora, não deixou de ser assunto — especialmente por conta do lançamento de Frantumaglia: Os Caminhos de Uma Escritora, livro que compila cartas, entrevistas e outros textos sobre ela.

Narrada em primeira pessoa, a tetralogia acompanha Elena Greco em sua relação complicada com Lila, sua grande amiga de infância que está desaparecida — fato que ficamos sabendo já no início do primeiro livro e que vamos entender mais a fundo apenas com História da Menina Perdida. As personagens de Ferrante são complexas e tão absolutamente reais que é difícil separar os sentimentos e, no final, é como se cada uma daquelas personagens fossem de fato pessoas reais que vivem em nosso próprio bairro e pelas quais temos sentimentos intensos e exaltados. Toda a tetralogia — especialmente neste último livro, de uma forma impactante — traz uma reflexão bem vinda de temas que foram muito discutidos ao longo do ano: a relação da mulher com a maternidade, a paternidade, os papéis de pai e mãe e o que se espera de cada um. Elena Ferrante não poupou reviravoltas e grandes acontecimentos no encerramento da série e é inevitável não encarar a leitura com gula, sem vontade de parar e ansiando por respostas. — Compre!

Para saber mais: Vulcões iminentes: as personagens limítrofes de Elena Ferrante

Histórias de Ninar para Garotas Rebeldes, Elena Favilli e Francesca Cavallo

Por Thay

“Para as garotas rebeldes de todo o mundo:
Sonhe grande
Mire distante
Lute com bravura
E, na dúvida, lembre-se:
Você está certa.”

Da falta de representatividade nas histórias para crianças nasceu o projeto de Elena Favilli e Francesca Cavallo, o Histórias de Ninar para Garotas Rebeldes 100 Fábulas Sobre Mulheres Extraordinárias. Publicado no Brasil pela V&R Editoras em formato capa dura e em páginas coloridas, o livro com mais de 200 páginas pode ser o primeiro encontro de meninas de todas as idades com mulheres incríveis, de ativistas a piratas, de advogadas a bailarinas, de arquitetas a inventoras. Histórias de Ninar Para Garotas Rebeldes veio para mostrar que meninas podem ser o que quiserem ser, se assim desejarem e trabalharem duro o bastante para isso. De maneira criativa e de fácil entendimento, as autoras contam as histórias de vida de uma série de mulheres extraordinárias como, por exemplo, Frida Kahlo, Elizabeth I, Serena Williams e Maya Gabeira — só para citar algumas. — Compre!

Para saber mais: Histórias de Ninar Para Garotas Rebeldes

Minha Vida Fora dos Trilhos, Clare Vanderpool

Por Ana Luíza

“As lembranças eram como raios de sol. Aqueciam e deixavam uma sensação agradável, mas não podiam ser retidas.”

Mais conhecida por Em Algum Lugar nas Estrelas, Minha Vida Fora dos Trilhos é o romance de estreia de Clare Vanderpool, e vai acompanhar a trajetória de Abilene Tucker, uma menina de 12 anos que chega à cidade de Manifest, no Texas, para passar as férias de verão — ou, ao menos, assim ela acredita. Eventualmente, fica claro que a estadia de Abilene na cidade reserva muitos segredos, assim como o passado de seu pai, que se cruza intimamente com a história da cidade e tantos de seus moradores, e é na tentativa de desvendar essas histórias que a jovem protagonista descobre mais sobre sua família, sobre o homem a quem chama de pai e, principalmente, sobre si mesma.

A partir das memórias de uma vidente, de recortes de jornais e de objetos perdidos e encontrados, mergulhamos no passado de um lugar constituído principalmente por imigrantes, que chegaram ali em busca de um futuro melhor, fugindo da fome ou da peste. A autora constrói um retrato bastante delicado — ainda que, muitas vezes, doloroso — sobre a vida de pessoas que, por diferentes motivos, foram obrigadas a viver longe de suas terras de origem, e como são capazes de construir algo inteiramente novo, forjar um espaço em que possam viver em paz. Na parte da edição brasileira, lê-se que Minha Vida Fora dos Trilhos conta com jovens personagens que “partem em jornadas pessoais, repletas de riscos, desafios e ensinamentos”; em síntese, aquilo que definitivamente encontraremos em suas pouco mais de 300 páginas. — Compre!

No Seu Pescoço, Chimamanda Ngozie Adichie

Por Paula Maria

Você pensava que todo mundo nos Estados Unidos tinha um carro e uma arma; seus tios, tias e primos pensavam o mesmo. Logo depois de você ganhar a loteria do visto americano, eles lhe disseram: daqui a um mês, você vai ter um carro grande. Logo, uma casa grande. Mas não compre uma arma como aqueles americanos.”

No Seu Pescoço, livro de contos de Chimamanda Ngozie Adichie, foi publicado em português em julho deste ano. Com 12 contos, o livro trata das vivências de nigerianos nos Estados Unidos e de suas experiências dentro das contradições sociais também existentes na Nigéria. Com a maior parte de personagens sendo mulheres, Chimamanda constrói em cada conto uma narrativa enxuta, mas profunda o suficiente para que as leitoras e leitores consigam entender a complexidade de cada personagem. No Seu Pescoço é um livro para aprender mais sobre mulheres, sobre as muitas histórias que compõem a África e para pensar sobre o modo de vida que levamos em sociedades de capitalismo avançado. — Compre!

Para saber mais: No Seu Pescoço, no meu pescoço, nos nossos pescoços

Somos Guerreiras, Glennon Doyle Melton

Por Ana Luíza

“Mas o que diabos significa ser sexy no fim das contas? Pergunto-me se a palavra ‘sexy’ representa tudo que fez do sexo uma mentira pra mim. Sexy significava mulheres adultas agindo como se lingerie fosse tudo que quiséssemos no Dia dos Namorados, apesar de ser só um papel de embrulho para um presente que nossos maridos iam querer de volta mais tarde. Sexy era fingir não ter fome. Sexy era descolorir o cabelo, usar saltos, inclinar-se em mesas de sinuca e outras coisas desconfortáveis. Sexy era um tipo de corpo e cor de cabelo e passar a vida inteira olhando para o espelho em vez de olhar para o mundo.”

Glennon Doyle Melton podia ter o que muitos considerariam uma vida perfeita: um marido bonito e atencioso, filhos encantadores e sucesso profissional. Nada disso a impedia de ter dúvidas, no entanto, de não se sentir preenchida ou realizada. Em Somos Guerreiras, a autora compartilha sua trajetória desde o casamento, passando por alguns episódios da infância, adolescência e início da vida adulta, na tentativa de entender sua insatisfação e como alcançou a plenitude e uma vida da qual ela podia se orgulhar.

Como escreve Brené Brown ao final da edição brasileira, é muito fácil se identificar com as palavras de Glennon. Muitos dos conflitos vividos por ela partem da socialização distinta entre homens e mulheres e como isso afetam a todos de formas tão complexas. A autora mergulha em suas memórias e experiências, e caminha por lugares incertos e incômodos que revela sem pudor; não há meias palavras ao falar sobre assuntos espinhosos como distúrbios alimentares, adultério, religião, sexualidade e o vício em álcool, mas por mais doloroso que seja seu relato, Glennon jamais se permite ser pessimista. Para ela, é possível que todos possam encontrar um lugar ideal para suas necessidades e desejos. Se existir enquanto feminino às vezes parece uma tarefa árdua demais, Somos Guerreiras oferece uma luz em meio ao caos. — Compre!

Tash e Tolstói, Kathryn Ormsbee

Por Anna Vitória

“— É melhor ser honesto que feliz. Porque, mesmo que a princípio você seja feliz, uma hora ou outra vai ter que ser honesto consigo mesmo.”

Sou contra avaliar qualquer obra a partir de um critério utilitarista; acredito e defendo que a coisa mais maravilhosa a respeito da arte é que, a rigor, ela não serve pra nada — e que assim seja. Contudo, o que mais me fez gostar de Tash e Tolstói foi a sensação de terminar um livro e ter certeza que ele seria extremamente útil para um monte de pessoas. Não é à toa que Kathryn Ormsbee afirmou que escreveu o livro que gostaria (e precisava) de ter lido quando era adolescente. Tash, a protagonista, tem 17 anos e produz junto com sua melhor amiga uma websérie que viraliza de repente. Tash precisa lidar com essa repentina fama virtual enquanto termina o ensino médio e precisa tomar decisões sobre seu futuro. Ela também é assexual heterorromântica e está aprendendo a lidar com as consequências dessa identidade na sua vida e também na vida das pessoas ao seu redor.

Não sou mais adolescente e também não me encaixo no espectro da assexualidade, mas fiquei encantada com a forma didática e acolhedora com que Ormsbee conduz o tema, sem deixar que isso defina a personagem ou a história, mas seja apenas mais um aspecto de sua identidade e da trama. A missão de Tash ao longo do livro é ser honesta consigo e com os outros, encarando de frente a própria vida e lidando com seus sentimentos. Já a missão da autora, cumprida com louvor, é validar a experiência e os sentimentos de sua personagem, e consequentemente de todos que se identificam com ela de alguma forma, pessoas que já se sentiram diferente dos outros e encontraram na internet uma casa, se perguntando frequentemente se isso é real. Tash (e Tolstói) garante que sim. — Compre!

Para saber mais: Tash e Tolstói: uma honestidade aterrorilhosa; Kathryn Ormsbee fala sobre assexualidade, internet e Anne Karienina

The Beauty of Darkness, Mary E. Pearson

Por Thay

“Você é forte, mais forte do que sua dor, mais forte do que seu pesar, mais forte do que eles. E eu me forço a ficar de pé de novo”.

O livro que conta o final da jornada de Lia, a princesa também conhecida por Arabella Celestine Idris Jezelia, não poderia ser outro que não o intenso The Beauty of Darkness, publicado no primeiro semestre do ano pela DarkSide Books. O fechamento da trilogia Crônicas de Amor e Ódio, escrita por Mary E. Pearson, coloca sua protagonista com o destino dos reinos de Morrighan, Dalbreck e Venda nas mãos, e em jogo não está apenas a vida de Lia, mas de todos aqueles com quem ela se importa, além dos moradores dos respectivos reinos. Além disso, ainda estão na balança os sentimentos da princesa, do príncipe e do assassino, aqueles três personagens encantadores que acompanhamos desde The Kiss of Deception. A escrita de Mary E. Pearson é deliciosa de acompanhar, e seus personagens ganham vida diante de nossos olhos, seja Lia, a intrépida princesa que decidiu não ser apenas uma donzela em perigo, ou por todos os outros personagens que fizeram parte dessa história inesquecível. — Compre!

Para saber mais: As Crônicas de Amor e Ódio: a jornada de Lia

Um Útero é do Tamanho de Um Punho, Angélica Freitas

Por Paloma

Um útero é do tamanho de um punho

“uma mulher incomoda
é interditada
levada para o depósito
das mulheres que incomodam”

Um Útero é do Tamanho de Um Punho, livro de poemas da escritora gaúcha Angélica Freitas, foi originalmente publicado em 2012 pela editora Cosac Naify, e esse ano foi re-lançado pela Companhia das Letras. Por meio de versos ácidos, cômicos e extremamente verdadeiros, a autora passa para o papel diversas facetas sutis e nem tão sutis das experiências que vivemos como mulheres na sociedade, e todas as imposições e expectativas socialmente construídas a respeito de todos os aspectos das nossas vidas — da aparência ao comportamento, passando pela sexualidade. A autora consegue transmitir de forma muito tocante e envolvente a confusão e o conflito que é ser mulher e lésbica no mundo atual, unindo o aspecto coletivo dessas ao individual das suas próprias experiências durante a vida. O livro é especialmente desconcertante por trazer esses aspectos que são comuns a todas nós lado a lado com acontecimentos muito pessoais e íntimos da autora — ao mesmo tempo que nos sentimos retratadas ali, sentimos em parte como se estivéssemos espiando pelo buraco da fechadura a vida de outra pessoa. — Compre!

Para saber mais: Um útero é do tamanho do quê? A poesia de Angélica Freitas