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Troféu Valkirias de Melhores do Ano: Games

Se as coisas mudam, muitas continuam as mesmas. No começo desse ano, um pai precisou fazer um apelo à comunidade do jogo Overwatch — o nosso vencedor do ano passado —, para que sua filha de dez anos pudesse jogar sem sofrer assédios e xingamentos de outros jogadores. Há poucos dias, no decorrer da Comic Con Experience no Brasil, diversas mulheres cosplayers — muitas delas de gamesdenunciaram o machismo que sofrem no meio geek. Ser mulher e gostar de games é ter que ainda trilhar difíceis caminhos só para admitir, em meio a jogadores masculinos, que ela também joga (ou mais, produz os jogos).

Hellblade: Senua’s Sacrifice

Por Thais

É impressionante, se pararmos para pensar, que Senua’s Sacrifice teve um time de desenvolvimento de apenas 20 pessoas. De acordo com uma nota da Ninja Theory, desenvolvedora do game, no entanto, foi o melhor jogo deles até então; e, quanto a isso, não creio que exista muita gente que duvide.

É até difícil dizer qualquer coisa sobre o jogo, uma vez que gameplay definitivamente não é seu ponto principal e a história e os conteúdos certamente devem ser experienciados pelo próprio jogador. Tentaremos começar pelo básico. Hellblade: Senua’s Sacrifice narra a história de uma jovem celta que, após uma experiência traumática envolvendo guerreiros vikings e seu povo, mergulha em Helheim para tentar resgatar algo imensuravelmente importante para si mesma. Inevitavelmente, também, é necessário acrescentar que ela não estará sozinha. A protagonista Senua, e o jogador bem acomodado em seus headphones, terão que lidar com a presença constante de incontáveis vozes na cabeça da guerreira.

Como já citado, o gameplay chega a ser simples demais, com quebra-cabeças reincidentes e combate mediano. Um ponto forte nesse sentido é a interação direta que as vozes têm com as lutas: se prestar atenção, o jogador é capaz de prever as ações dos inimigos baseando-se nos gritos ouvidos através da mente da protagonista. Outro comentário interessante: aos acostumados com mini-mapas repletos de marcações de missões e colecionáveis, o título parecerá inquietante: não há absolutamente nada. Nem uma sombra de HUD (head-up display ou tela de alerta), o que definitivamente contribui para uma imersão melhor na situação “solitária” da heroína.

O ponto chave é a psicose de Senua, tratada de forma séria, chegando a pontos em que pode ser considerada perturbadora e incômoda para o jogador. Isso somado ao visual do jogo, que tem um estilo já meio “dark”, podendo mergulhar nesse sentido ainda mais em alguns pontos específicos, deixa a situação ainda mais sufocante. Também a captura de movimentos e expressões faciais contribui — e muito — para uma experiência inquietante e ainda mais atormentadora aos olhos do espectador e jogador. O estúdio teve o cuidado de fazer pesquisas, estudos, um trabalho de convivência e consultoria para abordar o assunto da forma mais fidedigna possível, tendo como resultado uma experiência única e intensa.

O título está disponível para PC (R$55,99 no Steam) e PS4 (R$91,90 na loja virtual).

Horizon Zero Dawn

Por Thais

Exclusivo do PlayStation 4, o jogo da Guerrilla Games lançado em fevereiro deste ano é sensacional em muitos níveis, como esperado de um dos indicados ao Game of The Year. Suas qualidades são muitas: desde a jogabilidade até os gráficos, sem deixar de lado o enredo e a apresentação dos personagens. Definitivamente um grande novo nome para o console da Sony.

O universo de Horizon Zero Dawn conta com a presença de um mundo pós-apocalíptico no qual a humanidade é restrita a uma vida um tanto quanto ultrapassada, de situação tribal, que luta diariamente com a ameaça de grandes seres metálicos com formas bestiais. A história tem início com a introdução de Aloy, uma órfã que foi deixada aos cuidados de um exilado da tribo Nora e cabe ao jogador trilhar o melhor caminho possível na pele da protagonista para que esta encontre todas as respostas que procura, enquanto a jovem luta para encontrar sua própria verdade nesse mundo tão caótico e primitivamente ameaçador.

Os gráficos são de tirar o fôlego: todo mundo aberto é muito bem construído e rico em detalhes, o que proporciona uma ótima e interativa experiência com todo cenário e seus componentes, instigando cada vez a exploração para a obter recursos ou completar objetivos. Os personagens são únicos e característicos, principalmente nossa protagonista que conta com uma incrível história — que nem dá pra falar muito sem estragar as surpresas possíveis ao jogar — e um jeito encantador. Sua forma de ver e relacionar-se com o mundo à sua volta é muito bacana de acompanhar durante a jogatina. Outros personagens são bem legais também, uma pena que nem todos são tão bem explorados. Também é um ponto positivo que muitos deles têm histórias que se desenvolvem bastante em quests secundárias. A história pode parecer confusa no início, mas as respostas acabam aparecendo de forma mirabolante enquanto o jogador avança no universo.

A jogabilidade é interessante. Muito do jogo requer um bom posicionamento para lidar com a arma principal de Aloy, o arco, mas também é preciso que o jogador esteja atento ao dispositivo — chamado “Foco” — que a personagem carrega e suas informações importantes; não deixando de lado o potencial destrutivo de um combate corpo-a-corpo, claro, embora este não seja tão usado. Também achei um atrativo no sistema de níveis e consequentemente o desenvolvimento por meio de três árvores de habilidade e a possibilidade de criação/melhora de armas e equipamentos úteis para a jornada. Em suma, há muita coisa nova e interessante para o gênero.

O jogo está disponível por R$149,90 na loja virtual do PlayStation e o preço da mídia física pode variar conforme a loja.

Life is Strange: Before the Storm

Por Ana Vieira

Foi em 2015 que a produtora Square Enix e os desenvolvedores Dontnod Entertainment lançaram o que seria uma das grandes sensações daquele ano: o jogo de adventure de múltipla escolhas, Life is Strange. Com a recepção favorável, em 2016 a Deck Nine começou a desenvolver o game Life is Strange: Before the Storm, que serviria como prequel do game original. No dia 31 de agosto desse ano foi lançado o primeiro episódio da nova série, que contará com três capítulos no total — o último com estreia prevista para a próxima quarta-feira, dia 20.

Em Before the Storm conhecemos a nossa já adorada Chloe Price antes dos eventos ocorridos em Life is Strange. De personalidade mais doce e ingênua, ainda sem seu característico cabelo azul mas igualmente encrenqueira, assistimos, escolhemos e estreitamos laços com Rachel Amber, a garota da vez. Diferente do jogo original, aqui não existe a habilidade de viagem no tempo, mas é possível visualizar, sem demora, o melhor de LiS em tudo de Before the Storm: a sensibilidade, a calmaria, a possibilidade de explorar e, principalmente, a trilha sonora impecável. Nesse quesito, é necessário estender os agradecimentos e reconhecimentos à banda inglesa Daughter, que foi responsável pelo soundtrack do jogo e soube captar a aura do game. Além disso, na nova trilogia possuímos alguns recursos novos, como a habilidade de ter discussões que são verdadeiras batalhas e a possibilidade de deixar sua marca (grafites) por Arcadia Bay.

Ainda não sabemos onde a jornada de Chloe e Rachel irá desaguar — daqui a alguns dias saberemos e voltaremos para contar para você —, porém é possível perceber que ainda há muito para acontecer nesse jogo que já marcou, positivamente, o 2017 de muita gente. O jogo custa entre R$45,00 a R$60,00 e está disponível para PC, Xbox One e Playstation 4.

The Legend of Zelda: Breath of the Wild

Por Thais

Geralmente, The Legend of Zelda dispensa apresentações, porém, Breath of the Wild me parece muito diferente dos jogos anteriores da série e ao mesmo tempo traz consigo aspectos inovadores até mesmo para outros títulos de mundo aberto disponíveis no mercado; o que requer, talvez, um pouco mais de cuidado ao iniciar o texto.

Tudo começa quando Link acorda numa espécie de templo, sem roupas, sem lembranças, sem nada. Completamente sozinho. Ele adquire um tablet chamado Sheikah Slate, que interage com uma peça específica no cenário e aí pronto, começa o jogo e você pode comandar o personagem livremente. Se você já jogou algum jogo da série antes, pode ter sentido a falta de algo, certo? Pois é, não tem introdução, tutorial, nada. O jogador é solto. E isso é incrível. Senti como se o jogador e o protagonista estivessem na mesma situação: meio perdidos num mundo completamente diferente. Foi uma excelente jogada, em minha opinião.

A partir daí você pode explorar o espaço inicial, aprender o básico dos comandos praticamente sozinho e sair para explorar o mundo aberto. E quando digo aberto, é outra questão interessante: não há nenhuma marcação no mapa, cutscene logo ao sair do tempo… é questão de ir jogando e descobrindo tudo na marra mesmo, em sintonia com Link. Mas não há motivos para pânico ou se sentir perdido: não é tão complicado assim quanto parece só narrando, e logo o jogador já está familiarizado com essa questão toda de liberdade. Não vai demorar pra se sentir em casa nessa Hyrule tão vasta.

O jogo também conta com outros sistemas legais pra complementar esse ponto da jogabilidade: é possível escalar praticamente todos os montes do jogo, há a possibilidade de trocar a roupa do personagem para se adequar a condições climáticas adversas, também é possível cozinhar algumas receitas e utilizar os itens encontrados ao longo da jogatina para criar outras ferramentas que possam vir a ser úteis na jornada. E também é bom prestar atenção na durabilidade das armas, que agora tem um uso limitado, o que instiga o jogador a pensar em estratégias além de ir pra cima de tudo sem preocupação alguma.

Como sempre, a trilha sonora não deixa a desejar. Versões atualizadas de grandes marcos de efeitos sonoros e uma música cativante complementam toda a beleza do cenário muito bem trabalhado e rico em detalhes. A atmosfera do jogo é aconchegante como um todo: o jogador vai se sentir em casa tão logo deixar-se tocar por tudo que o jogo tem a oferecer.

The Legend of Zelda: Breath of the Wild tem versão pra Wii U (que tem alguns problemas de compatibilidade aqui e ali, mas ainda roda) e Nintendo Switch. Os preços das duas versões estavam por volta de R$200 convertidos até o fechamento deste texto.

Little Nightmares

Por Thais

Pra quem gosta de Puzzles e jogos de terror, Little Nightmares é um prato cheio. Aqui, o jogador assume o papel de Six, uma pequena garotinha de capa de chuva amarela que precisa sair de um navio… obscuro.

O jogo é silencioso no sentido de não haver diálogos que guiem o rumo da história, mas como todo bom jogo de terror, a atmosfera grotesca e perturbadora está presente do início ao fim. A partir do momento que Six se encontra com os tripulantes do navio, todos absurda e assustadoramente maiores que ela, seus puzzles passam a ser desafiadores e instigantes. Isso é um dos melhores pontos do game: enquanto Six parece minúscula perto de todo resto do cenário e personagens, o jogador tem a impressão de igual pequenez e fragilidade diante dos desafios que lá estão propostos para a protagonista.

Já que tocamos no ponto de “tamanho”, é uma pena que Little Nightmares seja um jogo tão curto: a média de tempo para finalizá-lo é de três a cinco horas. Mas definitivamente vale a pena para os amantes do gênero e também para quem quer experimentar algo com um clima mais aterrorizante.

O jogo está disponível para PlayStation 4, Xbox One e PC (Steam) por cerca de R$80.

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