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Dicas valkíricas: o que ouvir no dia do rock?

Curiosidade: você sabia que o Dia Mundial do Rock, hoje, 13 de julho, é comemorado apenas no Brasil? Apesar de levar no nome o “mundial”, apenas nosso país entrou na onda deixada por Phil Collins após o festival Live Aid de 1985 e resolveu celebrar, em meados de 1990, esse gênero musical.

Embora estudiosos de música contestem a escolha arbitrária da data — muitos preferem o dia 5 julho, quando Elvis Presley gravou That’s All Right, em 1954, uma versão mais rápida de blues, e, outros ainda, 9 de fevereiro, quando a banda The Beatles se apresentou pela primeira vez em solo norte-americano em 1964 — aqui no Brasil foi o 13 de julho que ficou. E, convenhamos, não importa muito a data pois como já diria a maravilhosa Christiane Torloni, hoje é dia de rock (bebê!) e separamos alguns de nossos álbuns favoritos para te ajudar a curtir o dia. Em nossa lista você encontrará bandas com vocais femininos poderosos, letras inspiradas e muita atitude. Vem celebrar com a gente!

Jagged Little Pill (1995), Alanis Morissette

Por Thay

Jagged Little Pill é o terceiro álbum de estúdio de Alanis Morissette e, lançado em 1995, vendeu quase 33 milhões de cópias no mundo todo em uma época em que comprar os álbuns era, de fato, praticamente a única opção para quem queria ouvir suas músicas favoritas. Passaram-se 21 anos desde então, mas as letras da canadense continuam ferozes, cheias de angústias e, o melhor, completamente atuais.

Alanis, com apenas 21 anos, despejava suas frustrações e anseios em versos fortes e agressivos. Em “You Oughta Know”, seu primeiro sucesso, a cantora nos conta sobre uma traição sofrida e como é ser trocada por outra mulher. A raiva é enorme mas não direcionada a “outra” na questão, visto que Alanis deixa bem claro que o culpado era o namorado. Os versos entram em uma crescente até explodirem no refrão que todo mundo sabe cantar “Estou aqui para te lembrar da bagunça que deixou quando foi embora/ Não é justo negar que a cruz que eu carrego foi você que me deu/ Você devia saber”. Outras músicas emblemáticas desse álbum são “You Learn”, “Hand In My Pocket” e “Perfect”.

Jagged Little Pill foi indicado a nove Grammys, recebeu cinco e, inclusive, o de Álbum do Ano, fazendo com que Alanis fosse a artista mais jovem a receber o prêmio — ela só saiu desse posto depois que Taylor Swift, com 20 anos, recebeu o mesmo prêmio por seu álbum Fearless em 2008. Eu, com oito anos quando o álbum de Alanis foi lançado, nem fazia ideia do que estava acontecendo no cenário musical internacional mas, quando cheguei na adolescência, encontrei em suas músicas várias mensagens que seguiam atemporais. Em entrevista a revista Elle, a cantora revelou que só recentemente percebeu como o disco era um hino feminista — e eu só posso concordar. Além de tratar sobre os sentimentos de qualquer jovem, a cantora fala especificamente sobre ser mulher e a pressão e angústias que isso envolve em versos cheios de sentimento e refrões inspirados.

Tragic Kingdom (1995), No Doubt

Por Thay

Não é possível falar de banda com vocais femininos sem lembrar de No Doubt. Assim como no caso de Alanis, Tragic Kingdom também foi o terceiro álbum de estúdio da banda e, lançado em outubro de 1995, foi considerado um dos melhores da década, além de ter vendido mais de 16 milhões de cópias ao redor do mundo e alcançado a primeira posição no Billboard 200. Um dos singles — e uma das minhas músicas favoritas — “Just a Girl” entrou no Hot 100 e “Don’t Speak” ficou em primeiro lugar no mesmo ranking.

O curioso a respeito de toda a criação de Tragic Kingdom é que a banda passava por águas turbulentas: Eric Stefani, fundador da banda ao lado da irmã, Gwen Stefani, estava saindo para assumir um posto de animador em Os Simpsons praticamente no mesmo período em que Toni Kanal terminou seu relacionamento de oito anos com Gwen. A cantora, com muito para lidar naquele momento, refugiou-se em suas composições e criou uma das músicas mais doloridas e sinceras sobre o fim de um relacionamento, “Don’t Speak”. Em “Just a Girl”, por outro lado, Gwen canta para quem quiser ouvir sobre o quanto está cansada dos estereótipos com os quais mulheres precisam conviver em uma canção que, infelizmente, permanece atemporal. Os versos da música, embebidos em sarcasmo, fazem pouco da ideia que os homens têm de que são responsáveis por nos proteger como se fossemos coisas frágeis e fáceis de quebrar.

Graças a Tragic Kingdom, o No Doubt se transformou em uma das maiores bandas de sua geração. Misturando ska com rock e letras inspiradas, suas músicas permanecem atuais e empolgantes. Gwen Stefani se tornou um ícone não somente para as adolescente dos anos 1990, mas para mim também que, na época em que eles explodiram em sucesso, nem fazia ideia do que acontecia no mundo da música internacional. Sei que, quando finalmente me deparei com suas músicas, havia encontrado um modelo de estilo e atitude, alguém em quem eu me espelhava mesmo que não tivesse coragem (ou vontade) de platinar os cabelos ou deixá-los cor de rosa. A força de Gwen, uma mulher à frente de uma banda de rock, me fazia admirá-la e compreender que o girl power é real e muito importante.

Absolute Gargage (2007), Garbage

Por Paloma

Garbage fez parte da minha adolescência pseudo-trevosa amante dos dias nublados e do lápis de olho excessivo, e nada combinava mais com isso do que “Only Happy When It Rains” e a voz maravilhosa da Shirley Manson.

Escolhi o Absolute Garbage porque foi o álbum que reuniu os “maiores sucessos” do que pode facilmente ser considerada a melhor fase da banda, lançado depois de 10 anos de carreira e um hiato, e juntava todas as músicas deles que rodavam no meu MP3 naquela época. Minhas indicações pessoais (e completamente baseadas em sentimentos e nostalgia) são: “I Think I’m Paranoid”, “Only Happy When it Rains”, “Cherry Lips”, “When I Grow Up” e “Stupid Girl”.

Midnight Boom (2008), The Kills

Por Ana Vieira

Foi no auge dos meus quinze ou dezesseis anos que eu cruzei caminho com o trabalho da banda de dois The Kills. A banda formada por Alison VV Mosshart e Jamie Hotel Hince foi o que eu classifiquei, por tempos, como o crème de la crème do meu mp3 (sim, mp3). E se você assistiu Gossip Girl como eu, é bem provável que você também tenha cruzado caminho com a banda: foi no episódio 1X14 que a música “Sour Cherry” fez parte da trilha sonora da série, e foi ainda lá que nosso lance começou.

Midnight Boom é o terceiro álbum do The Kills, e por muito tempo (até hoje, inclusive), eu quis muito ser Alison Mosshart porque que mulher, né? A vocalista e guitarrista já participou de músicas com o Placebo e faz parte da banda The Dead Weather, na qual divide palco com Jack White.

Com um som meio indie rock de garagem, as músicas que eu super indico pra vocês, baseada única e somente no meu bom gosto musical são: “U.R.A. Fever”, “Sour Cherry”, “Hook and Line” e “Cheap and Cheerful”.

Release Me (2010), The Like

Por Yuu

The Like é uma banda de rock alternativo nativa de Los Angeles que atualmente se encontra em um hiatus indefinido. Foi formada em 2001 por Z Berg, Charlotte Froom e Tennessee Thomas quando as meninas eram adolescentes, pois todas eram filhas de homens envolvidos com a indústria musical e desde cedo tiveram envolvimento com o rock clássico. Ao longo da breve carreira que durou apenas uma década, a formação da banda mudou com membros que vieram e foram. Na ocasião do lançamento de Release Me, a banda era constituída por Z, Tennesse, Laena Geronimo e Annie Monroe.

Lançado em 2010, Release Me é descrito por alguns como um álbum cujas influências inspiram o som das bandas femininas dos anos 60. Ainda que não sejam reconhecidas como inovadoras, suas músicas são ótimas de ouvir, por mesclarem a jovialidade da banda com uma percepção madura do rock. De “Wishing He Was Dead” até “When The Love Is Gone”, os temas permeiam entre relacionamentos e ingenuidade pessoal, transmitindo uma insegurança muito autoconfiante, se é que isso é uma definição. Minhas favoritas pessoais são “Release Me”, “Narcissus in a Red Dress” e “Catch Me If You Can”.

Foi com esse álbum que eu conheci o trabalho da The Like, graças à recomendação certeira de uma amiga querida. Como alguém que não tem muito conhecimento ou até gosto por rock, considero a banda uma ótima escolha para suprir a taxa do gênero na sua playlist. Com apenas 6.500 ouvintes mensais no Spotify, fico pessoalmente ofendida que a banda não seja mais conhecida mundo afora. Com um trabalho de qualidade, inteiramente feminino e poderoso, The Like poderia ser mais difundida.

Days Are Gone (2013), HAIM

Por Ana Luíza

Formada em 2006 pelas irmãs Este, Danielle e Alana Haim, HAIM é uma banda californiana de indie rock, que vem conquistando seu espaço e ganhando maior notoriedade desde o lançamento de seu primeiro álbum.

Embora o currículo das três seja bastante extenso — a três tocam juntas desde a infância, já formaram uma banda cover com os pais chamada Rockinhaim; dividiram palco com Jenny Lewis e abriram shows de Florence and the Machine e Mumford & Sons; e Este e Danielle também já fizeram parte do grupo The Valli Girls (banda que, inclusive, está presente na trilha sonora de Quatro Amigas e Um Jeans Viajante) —, foi só em 2013 que elas lançaram seu primeiro (e, até então, único) álbum de estúdio, intitulado Days Are Gone.

Com influências de gêneros como R&B, soft e pop rock, as três irmãs cantam sobre os dramas das mulheres da geração millenial, suas ambições e angústias tão específicas diante do mundo caótico em que vivem. Ao mesmo tempo, ouvir Days Are Gone é uma experiência estranhamente nostálgica, em contraste com as letras de suas canções, que conseguem unir a experiência do trio à mesma despretensão de seus cabelos longuíssimos e pouca maquiagem. Vida longa.

4 comentários

  1. Lista maravilhosa! Só não lembro de The Kills, mas vou aproveitar o vídeo no post para conhecer.
    Já que pode indicar álbum -> Queens of Noise – The Runaways.

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