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Mulheres e terror: 8 filmes para o Dia das Bruxas

Todo ano, no mês de outubro, as pessoas se dividem em dois grupos: as que comemoram e/ou amam o Halloween, e as que acreditam que nós, brasileiros, não devemos nos apropriar de uma data comemorativa de outra cultura. Fazendo parte do primeiro grupo, uma das coisas que mais gosto são as listas de filmes de terror. Desde pequena sou fã do gênero e já gastei muitas horas com filmes de terror ruins, porém, no meio de muitos títulos questionáveis, acabei descobrindo algumas pérolas. Nos últimos anos, esta categoria começou a surpreender até quem não gostava de filmes de horror, lançando diversos filmes com protagonistas que saem das comuns final girls. Filmes onde as mulheres não são expostas a (tanta) nudez e suas personalidades começam a ter mais dimensão. Em partes, isso acontece graças à quantidade de diretoras que adentraram no gêneros nos últimos anos.

Pensando nisso, separei alguns títulos nas mais variadas categorias: filmes para aqueles que gostam de terror psicológico; aqueles que querem ver algo dirigido, escrito e atuado por mulheres; aqueles que querem uma protagonista que saia do que ainda é comum no gênero; e para aqueles que querem ver um terror clássico, entre outros. Todas as categorias têm mulheres como foco principal. Depois de tanto anos, merecemos ser retratadas no cinema por outras mulheres, com personagens que tenham personalidade e histórias que saiam do comum. Talvez nem todos os filmes abaixo sejam do seu interesse, mas peço que deem ao menos uma chance a qualquer um deles na hora de escolher um terror para assistir durante o mês. Se os filmes de terror começaram a sair do óbvio, por que nós não podemos sair também?

Uma antologia: XX (2017)

Lançado nesse ano, XX é uma antologia que conta com a participação de quatro diretoras: Roxanne Benjamin no segmento “Don’t Fall”; Karyn Kusama (Aeon Flux e Garota Infernal) no segmento “Her Only Living Son”; Jovanka Vuckovic no segmento “The Box”; e Annie Clark, mais conhecida como St. Vincent, no segmento “The Birthday Cake”. Cada uma das histórias são bem diferentes entre si, homenageando um terror mais clássico, outro completamente psicológico, também passando pelo humor obscuro. Como é de se esperar em filmes desse tipo, algumas tramas são melhores do que outras, e o segmento “The Birthday Cake” de Annie Clark, acaba se destacando como o melhor entre os quatro. Vale para assistir algo rápido, divertido e diferente, ao mesmo tempo que se prestigia a única antologia de terror somente com mulheres diretoras. Além de ser uma introdução ao que podemos esperar de Annie Clark na direção, porque já percebemos que como artista ela nunca erra.

Um terror psicológico: A Bruxa (2015)

Acredito que A Bruxa tenha sido um dos poucos filmes de terror que tenham chamado atenção do grande público nos últimos anos. Por não ter sustos óbvios nem terror grotesco, o filme é uma pedida interessante para quem gosta de tramas inteligentes e fora do comum. O filme conta a história de uma família cristã da Nova Inglaterra, em meados de 1630, que começa a suspeitar uns dos outros quando o filho recém-nascido desaparece. Baseado em histórias reais da época, o filme é terror psicológico do melhor tipo e uma ótima escolha para quem não gosta tanto assim de filmes de terror cheio de lugar comum.

Um filme clássico: Suspiria (1977)

O filme mais antigo dessa lista, Suspiria é, sem dúvidas, o filme de terror mais bonito que vocês vão assistir. As cores são de tirar o fôlego — tudo em tons de vermelho, verde, amarelo ou rosa — e milimetricamente bem construído. É como se Wes Anderson dirigisse um filme de terror com cores fortes. Dario Argento conta a história de Suzy (Jessica Harper), uma jovem que chega à Alemanha para cursar a prestigiada escola de ballet Tans Academy e sente que algo está errado com o local e com as pessoas. Usando o mesmo tipo de terror que O Bebê de Rosemary, que te deixa desconfortável e desconfiado de tudo e todos, Suspiria é definitivamente uma das escolhas mais diferentes e uma experiência surpreendente.

Um filme de terror jovem: It Follows (2014)

Jay (Maika Monroe) é uma menina de dezenove anos que, após sair com um cara, começa a ter a sensação de que algo/alguém está sempre a um passo atrás dela. A fotografia de It Follows é linda e acaba indo mais para o lado do suspense do que do terror em si, misturando a tensão com algumas tramas que lembram os filmes colegiais americanos. O final é bem interessante, e digno de uma discussão. Há uma nova safra de terror tem filmes que você realmente pode se apaixonar e assistir sempre, It Follows faz parte dela.

Um filme para quem tem estômago forte: In My Skin (2002)

In My Skin, com título original de Dans ma Peau, é um filme dirigido, escrito e estrelado por Marina de Van. Marina interpreta Ether, uma mulher que se machuca na festa de uma amiga fazendo uma ferida muito maior do que imaginou. Ether acaba indo ao médico para tratar o machucado, mas acaba obcecada pela ferida não a deixando cicatrizar e saindo no meio do trabalho para mexer nela, consequentemente, abrindo-a cada vez mais. A sensação a deixa obcecada, impedindo de fazer qualquer outra coisa que não seja agredir o próprio corpo. O filme é explícito, com cenas grotescas e bem fortes que te fazem compreender por que Marina precisou fazer tudo sozinha. O filme é, no entanto, uma análise muito interessante do domínio que uma mulher tem sobre seu corpo.

Um filme sobre magia: The Love Witch (2016)

Não seria Halloween se não falássemos de um filme que envolve bruxaria, magia e poções. Talvez o único filme que realmente não seja um terror dessa lista, mas um dos mais diferentes, The Love Witch é um filme singular. Dirigido por Anna Biller, o filme conta a história de Elaine (Samantha Robinson), uma linda bruxa que está determinada a achar um homem que a ame. Em seu apartamento, ela faz poções e feitiços para seduzir os homens que a interessam e acaba deixando um rastro de vítimas apaixonadas e assassinadas. Apesar da sinopse, The Love Witch é um filme leve, engraçado e com críticas ao patriarcado.

Um filme de terror infantil: The Babadook (2014)

Desde que foi lançado, o sucesso de The Babadook foi crescendo rapidamente, virando um fenômeno com direito a ser considerado um ícone gay. Este filme australiano, dirigido por Jennifer Kent, conta a história de uma mãe solteira, ainda em luto pela perda do marido, que precisa lidar com seu filho quando ele começa a acreditar ter um monstro na casa vindo diretamente de um livro. Por mais que não seja um filme que amo, a maioria das pessoas que o assistiu tem um grande carinho por ele. Não é sempre que encontramos um vilão que te faz ter medo e ao mesmo tempo simpatizar com ele.

Um filme que você precisa assistir: Raw (2016)

Vocês com certeza já devem ter ouvido falar de Raw. Sucesso mundial, esse pequeno filme francês pegou todo mundo desprevenido e fez as pessoas se apaixonarem por ele — ou o odiarem fortemente. Na família de Justine (Garance Marillier) todos são veterinários e vegetarianos. Aos 16, Justine está pronta para o seu primeiro ano na faculdade de veterinária quando, no trote, é forçada a comer um pedaço de carne crua pela primeira vez em sua vida. Depois disso, surgem consequências inesperadas à medida que seu verdadeiro eu começa a se formar. O filme tem cenas fortes, mas nada explícito ou tão pesado — não recomendo assistir comendo, mas para uma noite com os amigos é uma escolha perfeita.

Felizmente, existem muitos outros títulos que poderia recomendar para vocês e acredito que nessa época do ano que vem teremos mais títulos ainda para selecionar. Alguns anos atrás, esse texto seria bem menor ou muito difícil de se fazer, mas tenho uma visão positiva em que, mesmo tardiamente, e a passos de formiga, estamos evoluindo e mulheres estão deixando sua marca no cinema de diversas formas e, principalmente, em diversos gêneros.

2 comentários

    1. Que bom que você gostou das dicas, Ana! Tem muito mais de onde essas vieram, hahaha
      Depois me fala quais você assistiu e qual foi seu preferido. 🙂

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